Great Expectations escrita por isa, Jones


Capítulo 13
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Demorou, mas saiu. Peço desculpa pela demora, gente. Hoje, mais uma vez, só vamos disponibilizar umzinho :( oremos pra que semana que vem tenha dobradinha né?
Esperamos que vocês gostem, beijo!



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Neville Longbottom estava com os ombros tensos por conta da última partida de Dungeons & Dragons. A aventura original que ele vinha desenvolvendo estava tomando algumas proporções que ele não havia premeditado. Os jogadores estavam temerosos por seus personagens e Neville estava preocupado com possíveis dissenções no grupo. Era complicado ser um mestre de RPG, era ainda mais complicado ser um rapaz com poucas habilidades sociais num grupo com mais de três pessoas.

Quando ele havia lançado seu plano, ainda no ano anterior, Longbottom havia contado com o apoio de Ron e Simas, mais por caridade do que por interesse. No entanto, desde que o segundo ano começou, muita gente demonstrou vontade em participar. A irmã de Ron, Gina, trouxe uma garota da corvinal com ela, Luna Lovegood, e Hannah Abbott, contra todas as possibilidades, decidira se juntar ao time.

Havia também Ernest McMillan e Terry Boot. Hogwarts nunca havia tido um time de jogadores de tabuleiro com personalidades e interesses tão distintos: a única coisa que todos eles tinham em comum, além do apreço por suas campanhas e aventuras em Dungeons & Dragons, era o fato de que todos estudavam e moravam na escola durante o período letivo de atividades.

 - Você está com uma cara de quem faria bom uso de um chocolate quente. – Gina disse, sorrindo para Longbottom. Por alguma razão que ela não conseguia explicar, desde que o vira pela primeira vez, tinha decidido que ele parecia um ótimo candidato a melhor amigo: era discreto, nerd, tinha fobia de muita gente, enfim, exatamente o seu oposto. Aquilo parecia o jeito certo de manter o equilíbrio do universo.

Neville até pensou em discordar da amiga; só queria ficar um tempo sozinho, mas como sempre, ela parecia ter razão. Longbottom podia muito bem postergar seus planos de solitude por uns minutinhos.

— Três Cafés? – perguntou, quando Luna os alcançou.

— Sempre! – as meninas disseram em uníssono.

A lanchonete era um ponto de encontro em comum para todos os grupos de amigos que estudavam em Hogwarts, em grande parte por conta de sua localização, mas os doces, quitutes e salgados que Andromeda Tonks produzia para o seu estabelecimento também mereciam créditos.

Era um negócio familiar e próspero. A medida que Hogwarts expandia em reconhecimento, mais alunos chegavam e consequentemente mais retorno a lanchonete também tinha. Nos últimos anos, Andromeda havia recebido muitas propostas de venda do ponto local e havia negado a todas.

Manter o estabelecimento era manter e honrar a memória de seu falecido marido, Edward, que havia idealizado tudo aquilo. E porque sabia e concordava com a mãe nisso que Nymphadora Tonks, a única filha do casal, vinha adiando há anos qualquer preferência profissional a fim de auxiliar no negócio.

Nos últimos tempos, no entanto, era difícil não sentir como se ela estivesse presa ali. Aquele dia, em especial, ela havia atingido uma nova camada de apatia interior e estava até mesmo escutando a conversa de seus clientes para não dormir em cima do balcão. 

— ...Você só tem que ser você mesmo. – a menina que tinha o cabelo muito claro e uma voz melodiosa parecia aconselhar um rapaz muito aflito e encurvado enquanto a ruiva, embora tivesse olhos bondosos para os amigos, tinha uma perna nervosa de quem provavelmente não aguentava mais o assunto.

— Eu estava sendo bom em ser eu mesmo até ela decidir se juntar a nós. – Neville murmurou, tomando um pouco de chocolate para se acalmar. – É difícil me concentrar em ser um mestre quando a princesa prometida está sentada bem diante de mim e...

— Sabe o que mais é difícil? – a ruiva suspirou, encostando a cabeça no ombro do amigo. – Ter batalhado arduamente para encontrar dezesseis garotas promissoras... Bom, quase todas, pelo menos, e o treinador se recusar a assumir o nosso time por não ter tempo. – ela rosnou, cerrando os punhos.

— Isso não é difícil, você sabe né? E na verdade é uma sorte não treinar com Adrian. – Neville rebateu, o que era raro. – Você já fez todo o trabalho duro, como você mesma disse. Hogwarts só precisa contratar uma pessoa nova para treinar vocês.

— Ele tem um ponto. O treinador Adrian tem uma aura meio estranha. – Luna anuiu. – E seria muito legal se vocês tivessem uma treinadora.

Tonks franziu o cenho, e como não era do seu feitio pensar muito antes de falar, correu com os patins até a mesa deles, parando de uma maneira graciosa.

— Desculpe, mas vocês estão sugerindo que em breve haverá em Hogwarts uma possibilidade de emprego?

*

Harry James Potter estava nervoso. Como não poderia estar? Era o primeiro encontro de toda a sua vida e ele não sabia o que fazer. Obviamente pediu conselho aos seus amigos, mas Ron se provou um completo inútil uma vez que nunca tinha saído com uma garota ou até mesmo beijado uma. Dean, que estava conquistando uma certa fama entre as garotas do primeiro ano falou que geralmente ele não precisava fazer muita coisa: as garotas mandavam uns bilhetes e eles se encontravam em corredores vazios. Harry nem mesmo perguntou para Simas.

A única ajuda decente que recebeu foi a de Hermione que apenas insistiu que ele fosse gentil e sutil, dizendo coisas como "toque a mão dela de maneira gentil, preste atenção no que ela diz, não faça piadas de mal gosto e seja um bom rapaz".

Ainda assim, sentado no café de decoração duvidosa e rosa até demais, se perguntou se seria o suficiente apenas ser um bom rapaz. Se ele deveria ter pensado em levá-la algum lugar diferente ou algum lugar mais especial. A verdade era que as opções em Hogsmeade eram poucas e o shopping estaria cheio de colegas invasivos e inconvenientes.

Quando ela chegou, Harry quase derrubou tudo da mesa apertada para se levantar. Lá estava Cho, atravessando a porta com seus cabelos negros e lisos balançando com o vento. Diferente de todas as vezes que a vira com roupas esportivas, ela usava um conjunto de mini blusa e saia da mesma estampa, com meias até os joelhos e botas de cano curto. Harry mal percebera que tinha prendido a respiração.

— Minha nossa. - balbuciou para si mesmo, enquanto ela entrava sorridente pela cafeteria e acenava para os conhecidos que ali estavam em seus próprios encontros românticos.

— Espero que eu não tenha me atrasado muito. - Cho Chang sorriu para Harry, que apenas negou avidamente com a cabeça. - Você sabe que pode me dizer a verdade.

— Não notei. - ele mentiu, analisando o menu nervosamente e arrancando uma risada de sua acompanhante.

Lembrou-se do conselho de Hermione: ser gentil e atento, então tirou os olhos do menu e olhou para o rosto dela, de bochechas rosadas e gloss nos lábios. A forma que ela tamborilava os dedos sobre a mesa mostrava que ela estava tão nervosa quanto ele.

— Você está muito bonita. - ele sorriu, sendo completamente sincero.

— Quer dizer que eu não sou bonita nos outros dias da semana? - ela semicerrou os olhos e viu Harry engolir em seco. Não conseguindo se segurar soltou uma sonora risada. - Estou só brincando com você, Harry. Ajuda a aliviar a tensão, você sabe.

— Ah, então você também está tensa? - Harry ergueu a sobrancelha.

— Não. - ela disse rápido e depois emendou. - Um pouco na verdade. É o meu primeiro encontro desde...

— Diggory. - ele murmurou com uma careta.

— Não deve ser uma boa ideia falar de ex-namorados em um primeiro encontro. - ela murmurou sem graça. - É só que... Bem. Deixa para lá.

— Não, o que foi? - Harry tentou ser uma pessoa gentil mais uma vez.

— Ele era um bom amigo. - ela encolheu os ombros e começou a rir. - E ele fazia uma coisa muito engraçada de criar rimas com as palavras do menu.

— Ah. - Potter murmurou apoiando a cabeça numa das mãos. - Acho que não é um dos talentos que eu possuo.

— Eu estava te entediando aqui com histórias do meu ex. - Cho mordeu o lábio inferior. - Sinto muito.

— Tudo bem. - Harry sorriu tímido, encolhendo os ombros. - Você quer pedir alguma coisa?

— Eu sempre peço os biscoitos, Cedrico dizia que eram as únicas coisas verdadeiramente comestíveis aqui desse lugar, além dos chás... ai meu Deus. Tô fazendo de novo. - ela apertou os olhos numa careta. - Eu prometo não tocar mais nesse assunto.

— Vamos pedir então. - Harry tentou manter o tom de voz tranquilo, sabendo que aquele não estava sendo o encontro ideal. Mas também, o que poderia fazer? - Você entrou no time de futebol, não é? Como está sendo?

— Gin disse que eu até tenho talento, só preciso de treino. - ela sorriu, jogando os cabelos para trás. - Eu corro rápido e tal, mas nunca tive a prática do futebol. Então está sendo divertido.

— Gina é uma boa capitã, não é? - Harry sorriu com admiração. – Em pensar no quanto ela lutou para conseguir esse time...

— Sim, ela é determinada. - Chang disse. - E uma verdadeira mandona.

— Ah, isso com certeza. - ele murmurou ainda admirado. - Ela tem o jeito Weasley de ficar toda vermelha com aquele monte de sardas enquanto grita.

— É até bonitinho. - Cho disse de maneira casual, quase displicente. - Ela é bem bonita, inclusive.

— Você acha? - ele fez uma careta como se nunca tivesse pensado nisso. Mentiroso. - Nunca reparei.

— Sei. - ela semicerrou os olhos e sorriu mais uma vez. - Não é porque você gosta de mim que você de repente perdeu a visão, você sabe.

Os dois ficaram em silêncio se encarando. Harry não sabia ao certo o que dizer: não confessaria no meio de um encontro com a garota dos seus sonhos que achava outra garota bonita. Mas também não parecia certo mentir. Sem contar que Cho Chang disse ou não disse que Harry gostava dela?

— Quer dizer, você gosta de mim, não é? - ela perguntou olhando para os dedos de suas mãos. - Você olha como se gostasse.

— Eu... - Harry respirou fundo. - Gosto. Muito.

— Por que? - ela perguntou com as sobrancelhas erguidas.

— Sério? - ele riu nervoso. - Porque você é inteligente, divertida e...

— E?

— Linda. - Harry encolheu os ombros, envergonhado. - E você...

— Se eu gosto de você? - Cho mordeu o lábio inferior mais uma vez. - Acho que sim, quer dizer, eu gosto de estar com você. Você é uma pessoa legal.

Harry pensou se deveria nutrir alguma esperança ou não. Quer dizer, ela disse que ele era uma pessoa legal e que ela "achava" que gostava dele. Seriam essas as descrições de uma amizade platônica?

— Entendi. - ele disse simplesmente com um sorriso fraco no rosto.

Comeram seus biscoitos trocando amenidades e rindo de algumas coisas que tinham acontecido na escola nas últimas semanas. Tomaram seus chás e comentaram sobre a vida e talvez planos para o futuro, onde gostariam de estudar e o quê. No fundo Harry sabia que Cho diria que queria estudar do outro lado do oceano, como um certo ex namorado dela que era Pre-Med. Harry tentou ignorar a informação sem sucesso, dizendo que ficaria ali pela Inglaterra mesmo, mas não sabia exatamente o que fazer.

— Você ainda tem dois anos para descobrir. - ela encolheu os ombros.

— Você não tem medo que você vá para a mesma faculdade que Diggory e ele já esteja com outra garota? - Harry perguntou sem pensar.

— Acho que não tinha pensado nisso. - toda a alegria de seu rosto desapareceu, fazendo Harry franzir o cenho de preocupação.

— Sinto muito. Eu não queria... - ele começou a se desculpar e ela lhe lançou um sorriso fraco.

— Não, eu estava fazendo de novo. - ela falou tristemente.

— O que você acha de darmos uma volta? - Harry tentou salvar alguma coisa daquele encontro, pagando a conta.

— É uma boa. - ela sorriu.

Eles saíram juntos da cafeteria. Envergonhado ele estendeu o dedo mindinho disfarçadamente na direção da mão dela, até tocá-la. Para sua surpresa, ela retribuiu enlaçando o dedo mínimo ao dele. Ele sorriu, enquanto eles andavam juntos pelas ruas de Hogsmeade.

— Por mais que a gente tenha desviado do foco no nosso primeiro encontro... - ela começou, parando de repente na esquina para encará-lo no fundo dos olhos verdes. - Eu me diverti hoje.

— Eu também. - Harry sorriu, surpreso.

Ele tinha apenas alguns centímetros a mais que ela, o que fazia com que seus olhos estivessem praticamente alinhados e que seus lábios se aproximassem de maneira orgânica e natural. Foi com doçura que trocaram um primeiro beijo. Harry sentiu um frisson de sentimentos, nunca admitiria que esperava os fogos de artifício que todos falavam sobre, mas ainda assim era bom. Sentiu o arrepio na coluna e o estômago ficar mais leve, era como a realização de um desejo que tinha feito há um bom tempo.

Até sentir parte de seu rosto molhada. Primento ele pensou que talvez estivesse emocionado demais por ter dado um primeiro beijo significativo e estava passando vergonha. Entretanto, perceberia se estivesse chorando, certo?

— Cho. Está tudo bem? - Harry separou-se dos lábios da garota com relutância, mas também preocupação. - Eu fiz alguma coisa errada?

— Não. Não. - ela apressou em colocar as mãos no peito dele, se desculpando. - Você fez tudo certo.

— Então por quê...?

— Ah, porque eu sou uma bagunça. Me desculpe. - ela olhou para os pés. - Acho que foi apenas o momento, me desculpe.

— Não precisa pedir desculpas. - ele colocou as mãos nos bolsos.

— Eu gostaria de repetir a experiência, se estiver tudo bem para você. - ela murmurou sorrindo envergonhada.

— Eu estou disposto. - ele sorriu.

— Claro que está. - ela girou os olhos e encostou os lábios nos dele novamente. - Acho que podemos começar a nos ver com mais frequência, o que você acha?

— Eu gosto da ideia. - Harry murmurou, ainda que confuso com o beijo com lágrimas, um encontro cujo assunto principal foi o ex-namorado e a incerteza dos sentimentos dela em relação a ele.

Porém, quem disse que primeiros encontros eram fáceis? Achou que seria uma boa ideia perguntar sobre essas coisas para Hermione depois.


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