Great Expectations escrita por isa, Jones


Capítulo 12
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Desculpem a demora pra postar. Infelizmente o alto teor alcoólico na minha corrente sanguínea me impediu de fazer isso ontem. E a ressaca me impede de responder comentários, mas prometo que tudo isso será resolvido em breve. Hoje, diferente das últimas semanas, teremos um capítulo só porque estamos ficando com pouquinho material reserva, mas semana que vem é provável que voltem as dobradinhas! :)

Um beijo e bom domingo. Não se esqueçam de beber água!



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O inferno devia ser bem parecido com aquilo, Sirius pensou, não pela primeira vez, quando a reunião de pais finalmente terminou. Ele esperou que a multidão de responsáveis com cenhos franzidos se arrastasse para fora primeiro, antes de ousar levantar da poltrona. Apesar do tédio e de alguns olhares tortos com os quais já estava habituado, o que importava era que Harry ia bem, embora alguns professores começassem a se preocupar com o tempo que os treinos estavam tomando do garoto.

Black estava ruminando uma forma de abordar o assunto com o afilhado, então foi de maneira distraída que acenou em despedida primeiro para os Granger, mas também para Molly Weasley, que ele conhecia de vista.

Era estranho ser pai. Ele assistia a todos os treinos de Harry religiosamente, morria de orgulho do menino independente da qualidade do jogo e agora, o que parecia um imenso campo de alegria era também a fonte de uma preocupação. Ele tinha medo de que, na empolgação, tivesse negligenciado Harry ou ignorado sinais de estafa mental no garoto. Ele só tinha quinze anos, no fim das contas, e...

— Sr. Black? - a voz calorosa que o tirou dos próprios devaneios vinha da professora de literatura, a senhorita McKinnon.

Há muitas luas atrás, quando ele não sabia nem seu nome nem sua função no corpo docente de Hogwarts, Sirius simplesmente a apelidara de "garota do fusquinha amarelo", alguém que ele gostava de ver passar quando esperava Harry no estacionamento às sextas.

— Só Sirius, por favor. - pediu, levantando-se finalmente.

Ela olhou para os lados, talvez desconfortável com a interação não premeditada.

— Eu só queria checar se estava tudo bem. Você parecia... Consternado. - além disso, ela também precisava trancar a porta do mini auditório, mas era educada demais para dizer isso de maneira mais explicita.

— Ah sim... Sim. - murmurou. - Receio que essa seja minha cara constante agora.  - ele preferiu não encará-la. Já tinha lhe dedicado uma lista extensa e pecaminosa de pensamentos impróprios antes de saber que ela era a professora preferida de seu adolescente.

— Há algo que eu possa fazer por você?

Sirius quase abriu o seu sorriso torto e dúbio de flerte, mas parou há tempo, suspirando.

— Não. – suspirou, dirigindo-se a saída. – Você realmente acha que Harry é um bom garoto, certo? Ele realmente está indo bem? – achou que já que estavam ali, não custava nada conferir uma segunda vez.

Marlene McKinnon sorriu genuinamente.

— Sim, eu acho. Não faz parte da minha lista de atividades docentes iludir pais e responsáveis, Sr. Black. – ela o tranquilizou, mas Sirius pensou que não se importaria se ela o iludisse um pouco sobre Harry ou qualquer outra coisa.

— Sirius. – ele insistiu e Marlene encolheu os ombros, mantendo-se em silêncio. Black gostou desse pequeno traço de negação. Dessa vez, não deu para segurar o sorriso torto. – Bom... De todo modo, obrigado. Tenha um bom dia, srta. McKinnon.

— Desejo o mesmo. – ela disse, acenando com a cabeça em despedida. Só quando se viu sozinha, Marlene se permitiu suspirar e menear a cabeça, tentando calar internamente a sua versão adolescente fã de The Marauders que parecia muito agitada e emocionada naquele momento.

*

Harry gostaria de dizer que andava distraído pelo futebol e as novas responsabilidades que adquirira no meio esportivo. Em parte, esse era mesmo o problema, uma vez que não estava acostumado a conciliar duas coisas e Hogwarts já não era um lugar simples.

Mas o que parecia realmente lhe preocupar era o modo como todas as meninas olhavam para ele, menos a que ele gostaria que olhasse: Cho Chang. Isso vinha o distraindo cada vez mais, uma vez que não era fácil vê-la o tempo inteiro fosse nos corredores da escola ou na área de treino comum após as aulas e não se perguntar como seria beijá-la ou tirar aqueles fios lisos e pesados de seu rosto.

— Você deveria chamá-la para sair. - Ron sugeriu de boca cheia, na cantina após o treino. - Hoje você quase levou uma bolada na cara porque não tirava os olhos dela.

— Até parece que ela ia querer sair comigo. - Harry riu com o nariz. - Você lembra do fiasco do baile ano passado.

— Ano passado ela estava com Cedrico Diggory. - o amigo encolheu os ombros. - Agora que ela levou um pé na bunda e você é popular...

— Ela e Cedrico não estão mais juntos? - os olhos verdes de Harry se acenderam e ele tomou o restante de sua Pepsi em um só gole.

— Você não estava sabendo? - Ronald encheu a mão de salgadinhos de batata. - Ele foi para uma faculdade chique do outro lado do oceano e disse que o lance da longa distância não ia funcionar para ele. Ela ficou devastada.

— Como você sabe de tudo isso?

— Ah, ela contou para Kate que contou para Angelina que contou para Fred que contou para George que contou para Gina que contou para Hermione que contou para mim. - Ron deu de ombros. - Por isso achei que você já soubesse.

Por um momento Harry ficou confuso com a relação de todas aquelas pessoas e o telefone sem fio da fofoca de Hogwarts, rindo e sacudindo a cabeça antes de se concentrar na verdadeira questão:

— Você acha que eu deveria chamá-la para um café em Hogsmeade? - Harry perguntou ansioso alisando os bolsos da calça de tactel com o emblema da Grifinória. - Esse fim de semana vocês vão poder sair da escola, não é?

— Uhum. - ele estava com a boca cheia novamente. - Você quer que eu pergunte a Hermione para ela perguntar a Gina que vai perguntar para...

— Ok. Não. - Harry riu conseguindo pegar algumas batatas antes que Ron as devorassem por completo.

— Você que sabe. – o ruivo deu de ombros novamente. - Aliás, ali está ela.

Harry acenou para Cho de longe e ela retribuiu, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha. Sem pensar duas vezes levantou-se com coragem e andou até ela se perguntando como puxaria assunto com a única pessoa que dominava seus pensamentos há mais tempo do que era seguro.

— Ei, Cho. - o rapaz ainda estava com a camisa de mangas do treino de futebol e por isso deu meio passo para trás com medo de não estar com o cheiro agradável. Deveria ter pensado em falar com ela no dia seguinte.

— Ah, oi Harry. - ela sorriu para ele, acenando para os amigos para que continuassem andando. - Tudo certo?

— Ah, sim. Tudo. E você?

— Tudo na paz. - ela colocou os polegares nos bolsos dos shorts jeans.

— Eu, hum... - ele se esforçou para encontrar uma desculpa para ter se levantado do banco. - Minha amiga Gina falou com você sobre o time de futebol?

— Ela é sua amiga? - Cho fechou o zíper de seu casaco de lona colorido.

— Ela é a irmãzinha do meu melhor amigo. - Harry deu de ombros.

— Ela parece ter uma super queda por você. - Cho disse com os olhos presos nos olhos verdes dele. - Todas as meninas da escola parecem ter.

— Todas? - Harry coçou o cabelo envergonhado. - É impressão sua.

— Entendi. - Cho riu, encostando em seu ombro. - Não precisa ficar tão tenso, eu estava apenas brincando.

— Ah. - ele soltou a respiração rindo. - Escute, eu fiquei sabendo que vocês vão poder sair esse fim de semana e queria saber se...

— Se? - ela perguntou com expectativa.

— Se você gostaria de tomar um café comigo em Hogsmeade no sábado. - Harry disse de uma vez com os olhos quase fechados. - Se você não estiver ocupada ou algo assim...

— Eu acho que não estarei ocupada no sábado. - ela sorriu e encostou os lábios na bochecha dele. - Nos vemos lá?

— S-s-sim! - ele disse com as maçãs do rosto coradas mal conseguindo conter a empolgação. - Às três?

— O-o-ok. - ela brincou e beijou a outra bochecha, se despedindo e sorrindo enquanto Harry a assistia todo bobo, desfilando ao encontro de seus amigos.

*

Quando o treino de futebol acabou, Lilá estava apenas uma pilha de nervos. Munida de roupas de ginástica e uma tiara que colocava os cabelos volumosos para trás sem perder o espírito solto e indomável de grifinória, Brown estava pronta para mostrar as piruetas que praticara quando ninguém estava olhando.

— Eu nem sabia que ela tinha roupas de lycra. - Parvati murmurou para Hannah da parte mais alta das arquibancadas. - Eu espero que ela não passe vergonha.

— Você já a viu dançando ou fazendo esses mortais e cambalhotas que essas meninas fazem? - Hannah perguntou nervosa.

— Não sei, já a vi fazer estrelinhas, isso conta? - ela replicou com as mãos nos bolsos para não roê-las.

Odiava ter que admitir que não deixaria de torcer pela amiga mesmo detestando as escolhas que ela fazia. Virar uma dessas garotas de pompom era uma escolha no mínimo errada, na opinião de Patil.

— O que estamos vendo? - Padma se aproximou da irmã, segurando seu livro de lógica e aritmética básica.

— Lilá nos envergonhando. - Parvati colocou a mão na testa.

— Você não sabe disso ainda. - Hannah girou os olhos e acenou para Lilá de longe.

— E o que você tá fazendo aqui? - Parvati perguntou um pouco ríspida demais.

— O carro que te busca é o mesmo que me leva. - Padma sorriu irônica. - Sem contar que Lilá consegue dar um salto mortal para trás.

— Como você sabe disso? - a irmã perguntou perplexa.

— Ela costumava acordar mais cedo que você nas férias. - deu de ombros. - Todo mundo acorda mais cedo que você, de qualquer forma.

— Haha. - Parvati olhou para frente quando houve o anúncio do primeiro teste, o de dança.

De longe ouvia a veterana de grifinória, Allison Barnes, gritando com seu megafone:

— Se você não consegue fazer isso. - pausa para uma moça mexendo os pés ritmadamente ao som This Is How We Do It do Montell Jordan. - Pode dar a meia volta.

As garotas assistiram enquanto algumas desistiram e outras - incluindo Lila Brown, a copiaram perfeitamente.

— Talvez ela tenha talento. - Hannah sorriu, descruzando os braços. - Vai, Lilá!

Brown sorriu de longe mais energizada pela presença das amigas, mesmo que Parvati estivesse com aquela cara. Até Padma sorria - puxa, talvez Lilá tivesse nascido para isso.

— Ok, ok. - Allison Barnes pegou seu megafone novamente. - Vamos facilitar um pouco agora, pompons?

Fiona Belmont trouxe um carrinho com pompons que distribuiu para as garotas presentes. Eram brancos e sem brilho.

— Vocês vão receber os pompons sagrados, com as nossas cores, quando se tornarem algumas de nós. - Barnes disse olhando para os rostos interrogativos das garotas. - Quando eu ter certeza que o espírito estudantil habita em vocês... Vamos lá, mostrem seus gritos.

Parvati tentou não bocejar ao ver aquelas meninas sacudindo pompons e levantando suas pernas de maneira desnecessária. Padma pelo menos parecia estar se divertindo com aquilo. Cada vez que alguém levava um tombo ou que os dedos de entusiasmo pareciam falsos demais ela gargalhava, o que fez Parvati se questionar por vezes se era realmente a gêmea má.

— Lilá Brown. - Allison estava claramente entediada quando a chamou, mas Lilá pareceu não se importar com um sorriso gigante no rosto e os pompons em riste, pronta para atacar.

Nosso time é a Grifinória. Nosso time é a Grifinória! Nosso time é a Grifi-N-Ó-R-IA! Quando começamos, só paramos com a vitória! Vaaaaamooos Grifinória!— Lilá girou com os pompons agitados, fazendo uma sequência de saltos muito artísticos no final, dignos de uma competição de ginástica. - Você pode ser bom em basquetebol. Pode até ser bom na corrida. Mas quando o assunto é futebol... 

— Pode parar. - Barnes disse.

Padma nunca admitiria, mas até ela estava tensa – mesmo acreditando que a classe das líderes de torcida era a pior de todas de todo ensino médio. Parvati estava apertando a mão de Hannah, que apenas sorria, já que nunca tinha duvidado que no fim das contas Parvati estava torcendo por Lilá e também porque de longe a amiga tinha sido melhor que todas as outras.

— Garotas. - Allison disse em seu megafone olhando para todas as meninas de pompom branco com um sorriso maldoso e apontando para Lilá. - Era isso aqui que eu estava esperando! Se você é menos que isso, dê o fora, sempre tem o ano que vem. Fi, traga os pompons oficiais, Brown, bem vinda ao time.

As meninas do alto da arquibancada taparam os ouvidos para o gritinho estridente de alegria de Lilá, que ergueu a perna até a cabeça numa pose e postura de bailarina e sorriu radiante, sendo abraçada por todas as garotas e rapazes com moletons de torcida da Grifinória.

— É. - Parvati murmurou para si mesma sabendo que agora estava em um território desconhecido acerca de sua amizade de anos com Lilá. - Que bom que ela não passou vergonha.

Até mesmo Padma sorriu para o semblante arrogante da irmã, vendo a verdade em seus olhos: era o fim de uma era.


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