Alvorecer escrita por Mermaid Queen


Capítulo 3
Lobos


Notas iniciais do capítulo

desculpa a demora, meio cheia com a faculdade hehe



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Eu estava me sentindo bastante ridícula depois de ter chorado abraçada com Bella. Mas pelo menos ninguém vira. E não é como se eu alguma vez fosse admitir em voz alta que eu tinha gostado um pouquinho dela.

Quando voltei para o quarto, Emmett estava assistindo à televisão. Não dei muita atenção para o filme, até ele bufar.

— O que foi, amor? – perguntei distraidamente, olhando para o meu próprio reflexo no espelho. Alisei o cabelo com os dedos.

— Dá pra acreditar que os humanos acham que a gente fica invisível no espelho? – disse ele, colocando-se sentado na cama.

Parecia meio indignado, mas ainda achava graça. Pela gritaria que vinha da televisão, ele devia estar assistindo um daqueles filmes meio duvidosos. Revirei os olhos e sorri para os gostos de Emmett, que às vezes se confundiam com os de um garoto de 17 anos.

— Ué, eles também acham que a gente dorme em caixões – argumentei, erguendo a sobrancelha. — E no fim, a gente nem dorme.

Emmett se levantou e puxou a minha cintura.

— É, mas a gente tem uma cama…

Eu sorri quando me aproximei para beijá-lo, segurando pelo pescoço.

— Vamos usá-la, então – sussurrei por entre os lábios dele.


Tive que convencer Carlisle a me ajudar com a papelada de adoção. Primeiro porque era uma droga, e segundo porque ele entendia de documentação e humanos melhor que eu. Talvez mais pelo primeiro motivo.

Emmett estava preenchendo também. Afinal, ele era o pai.

Pai. Que palavra gostosa de se falar.

Segurei a mão dele, que ele estava usando para escrever. Emmett ergueu os olhos divertidos para mim, querendo saber o que eu estava pensando.

— Dá para acreditar? – falei, desenhando distraidamente com o dedo nas costas da mão dele. – Que você vai ser pai?

Emmett ergueu a mão e acariciou minha bochecha com os dedos.

— Acho que eu só acredito vendo – murmurou ele, com um sorriso travesso. – Mas acho que eu vou dar uma surra de pai no Edward. Eu só não daria uma surra de pai no Jasper.

Contive uma gargalhada.

— Por que não no Jasper?

— Já viu como ele e Alice lidam com crianças? – perguntou ele. – Todas as crianças se apaixonam pelo Jasper imediatamente. Ele é um ímã de criança. Um mel de criança.

O sorriso se espalhou pelo meu rosto.

— Já parou para pensar que o Jasper está trapaceando, amor? Que ele literalmente manipula as emoções de todo mundo ao redor?

Emmett apertou os olhos para mim enquanto a compreensão se espalhava pelo rosto dele.

— Aquele safado! – exclamou, rindo. –Jasper vai acabar sendo o preferido sempre, desse jeito. Não vou deixar ele mexer com o meu filho!

— Ou filha – lembrei.

— É, ou filha – ele se corrigiu, sorrindo para mim. – Do Edward não vai dar para fugir. Precisamos obrigar Alice a nos contar qualquer coisa que ela veja, se for fazer mal para o bebê. Acha que vamos ter que aprender a cozinhar?

Observei enquanto Emmett desatava a falar, distraído com as novas possibilidades para o futuro. Era tão apaixonante vê-lo falar daquela forma. Um ursão totalmente assustador por fora e um futuro pai babão por dentro. Ele já se imaginava pai e nem percebia.

— O que será que ela vai achar da Renesmee? Será que vão ser amigas? Ou amigos?

— Já pensou se eles se tornam um casal? Quando o nosso bebê crescer? – devaneei, pensativa. Fui logo interrompida.

— Nem pensar. Nessie é muito velha para ela. Ou ele. Droga, quero saber logo.

Sufoquei outra risada.

— Não fale da nossa filha e “droga” na mesma frase. Ela vai aprender os seus palavrões.

— Você fala mais palavrão que eu! – replicou ele, puxando-me para um meio abraço, meio lutinha, meio cócegas. Se vampiros pudessem sentir cócegas.

— E o Jacob? O que será que a matilha vai dizer? Talvez nós tenhamos problemas com isso.

Comprimi os lábios. Ele tinha razão. Mas eu não ia deixar aquilo me impedir.

— Se aquele… cachorro ficar entre mim e o meu bebê… Eu arranco aquele rabo dele e enfio no…

— Eu adoro quando você é durona – disse Emmett, com o rosto apoiado nas mãos.


Nossa papelada foi aprovada alguns dias depois. Optei por não escolher a criança, porque não parecia certo. Só aguardei até que eu fosse chamada à agência de adoção.

Dizem que vampiros têm paciência inesgotável. A minha se esgotou bem rápido.

Nesse meio tempo, Carlisle achou que seria uma boa ideia contar aos quileutes idiotas sobre a minha decisão.

— A Rosalie o quê? – gritou Jacob, bem alto, na sala da minha casa.

Trinquei os dentes.

— Você não pode fazer isso – disse ele, apontando o dedo na minha cara. — Vocês querem acabar com a vida de mais uma pessoa? Como acabaram com a vida de Bella?

Jacob nunca ia superar aquela merda, e estava claro. Pelo menos Bella não estava ali para entrar na discussão e eu vivenciar a coisa mais chata e sem fim da minha vida eterna.

— Não chegue tão perto de mim – ameacei. – Não sou um hidrante.

Eu notei como ele apertou os punhos, mas não é como se eu me sentisse ameaçada.

— Jacob, eu nunca transformaria… isso nunca aconteceria. Você sabe muito bem disso. Sempre me opus à transformação da Bella. Isso é ridículo.

— Você se opôs, e mesmo assim aconteceu – retrucou ele. – E ela quase morreu.

— Bom, desse erro você não pode me acusar. Deixe essa acusação para o senhor garanhão e todo problema pessoal que você tem com isso. De qualquer forma, nós já conversamos, eu e Emmett. Vamos deixar a criança viver a vida dela.

— E os problemas de vampiros de vocês? – insistiu ele.

Encolhi os ombros.

— Não vamos interferir e pronto. Se os outros precisarem se mudar, nós ficamos. Eles pensam que nós temos 21 anos agora, no máximo 22. Podemos ficar aqui até nosso filho se formar. E depois disso, ele trilha o próprio caminho. Ou ela. Não vai mais precisar de nós.

Finalmente, Jacob pareceu considerar. Baixou os olhos e andou de um lado para o outro. Emmett olhou para mim com expectativa e eu só franzi a testa de volta, na dúvida.

— E o que você disse sobre isso, Carlisle? – perguntou ele de repente, de forma quase acusatória.

Carlisle ergueu as sobrancelhas, surpreso que estivessem pedindo a opinião dele.

— Bom, Jacob, parece bastante sensato para mim. Rosalie foi uma das primeiras vampiras da minha… família – pensei que ele considerou usar a palavra “clã”, mas fiquei feliz pela escolha. – Ela nunca experimentou sangue humano na vida, e é formada em enfermagem e está entrando na graduação de medicina para me auxiliar.

— Aonde quer chegar? – perguntou Jacob, desconfiado.

— Quero dizer que ela é a vampira mais controlada dessa casa, depois de mim. É claro que eu confiaria um bebê a ela. Quanto aos outros, estão todos tolerantes o suficiente. Bella nunca esteve sob perigo na nossa família.

Revirei os olhos. Tudo para Jacob era sobre Bella, e lá estávamos todos nós tentando nos explicar para o lobo estúpido.

Jacob ficou em silêncio por alguns minutos, e aquela demora toda me fez querer jogar o sofá nele.

— Está bem, Rosalie – disse ele, por fim. Soltei o ar que eu devia estar prendendo por meia hora (literalmente). – Mas que fique claro que eu estou fazendo isso porque confio em Carlisle. E nem confio tanto assim, então é melhor vocês não abusarem.

Eu não tinha realmente pensado muito sobre o que Jacob poderia fazer se não aceitasse a minha decisão, mas pensar que ele poderia fazer algo me assustava. E era um novo tipo de medo, porque eu não temia por mim. Eu poderia fazer picadinho de Jacob, se quisesse – e ainda não tinha desistido totalmente da ideia.

Temi como mãe.

Depois de Bella finalmente tirar o cachorro dela da sala, eu voltei a ter um pouco de paz. Estava muito ansiosa para a ligação do orfanato, e talvez tenha passado umas doze horas ao lado do telefone.

Essa coisa do tempo é um pouco esquisita para nós. Torna os dias muito tediosos, porque você não pode simplesmente dormir se quiser que oito horas passem voando. Mas também não temos essa necessidade louca dos humanos de ficar nos mexendo.

Isso eu nunca vou entender. Eles simplesmente não param quietos. Será que vou me irritar porque meu filho não para quieto? Talvez seja uma característica que eu vou passar a gostar, se ele ficar bonitinho enquanto se mexe.

Renesmee estava achando graça naquilo.

— Você vai ficar aí para sempre, tia Rosie?

Depende do sentido de “para sempre” que você usou. Mas é claro que eu não diria aquilo.

— Não, querida. Só até o…

— Eu atendo! – anunciou Alice, entrando no cômodo com os passos de bailarina.

Olhei para ela antes de entender, e em seguida o telefone tocou. Tentei ser rápida, mas Alice já estava esperando por isso e chegou ao telefone antes que Renesmee piscasse os olhos.

— Sim, é da casa dos Cullen – disse Alice alegremente. – Ah, claro! A senhora Cullen está bem aqui.

Ela piscou para mim com animação antes de me passar o telefone.

Atendi, e nem notei minha voz trêmula.

Ouvi os detalhes com atenção. A secretaria me repassou algumas informações e instruções. A visita estava marcada para o dia seguinte, pela manhã. Nós deveríamos levar uma roupa para uma criança de sete meses de vida, ter uma cadeirinha no carro…

Alice ouvia tudo tremendo de empolgação. Repassava tudo para Renesmee, que sorria de orelha a orelha.

Quando finalmente desliguei o telefone, mordi o lábio e fui atrás de Emmett. Contei tudo a ele, e saímos para comprar algumas roupas. Não havia quarto nenhum para bebê ainda, porque ainda não fazíamos ideia de como seria. Era a primeira vez que me informavam sobre a idade do bebê

Emmett estava claramente se divertindo na loja de roupas para bebês. Eu tentava acompanhá-lo, mas estava um pouco sensível.

— O que você acha de amarelo? – perguntou ele, erguendo um macacão.

— Que tal azul? – sugeri, apontando para outro.

— Nah – ele fez uma careta. – Todos os bebês vestem azul ou rosa,

Encolhi os ombros, concordando.

— Verde? – sugeri, em dúvida.

Emmett me abraçou e deixou um beijo na minha testa.

— Verde é perfeito.


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Notas finais do capítulo

deixem sugestões para o nome do bebê nos comentários hahaha to aceitando



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