A Marca da Borboleta escrita por JiyuNoSakura


Capítulo 2
2044, 19 de Setembro. 16:00


Notas iniciais do capítulo

VOLTEEEEEEI.
Como estão, pessoas?
Mais um capítulo para vocês. Espero que gostem. Estamos indo a caminho do desvelamento dos vilões que ameaçam nossos heróis e entendendo o que faz nossos Emma, Plagg e Bunnix viajarem de volta ao passado.
Quero agradecer IMENSAMENTE às visualizações do capítulo anterior. Mesmo sendo fantasminhas, me faz sentir que vocês se interessam e estão gostando da história.
Boa leitura ♥



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Todos voltaram o olhar para o local de onde vinha o som. Emma foi a primeira a se aproximar do médico que vinha trazer notícias de seu pai, sendo seguida por Adam. O rapaz tinha uma expressão preocupada no rosto e parecia segurar a mão de Emma como um suporte tanto para ela quanto para ele. Marinette, por sua vez, só ergueu a cabeça do ombro de Luka, ainda incerta sobre sua capacidade de se manter em pé por conta própria.

“Somos nós”, a filha mais velha se pronunciou. Estava impaciente. Tinha que saber sobre seu pai. Tinha que ouvir que ele estava bem e que logo poderia receber visitas. “Eu sou a filha e aquela é esposa dele”, complementou apontando para si e logo depois para Marinette, “Os outros são amigos da nossa família”.

O médico assentiu uma vez retirando a máscara que usava. “Muito bem”, começou clareando a garganta, a pose de profissionalismo evidente, “Precisamos levar monsieur Agreste para a cirurgia. Foi difícil, quase quatro horas de operação. Houve perfuração do pulmão por uma das costelas e o braço e perna esquerdos quebrados. No entanto, conseguimos contornar os danos e a cirurgia foi um sucesso”.

Emma soltou a respiração que nem sabia que estava segurando. Ela queria gritar! O pai dela estava bem. Bem! Marinette, por sua vez, recomeçou a chorar, mas dessa vez havia um sorriso genuíno desenhado nos lábios dela. Aos poucos as duas foram envolvidas por Luka, Alix e Adam, além de um Hugo adormecido nos braços da tia e uma Tikki escondida. Os três tinham a óbvia expressão de alívio quase tatuada em seus rostos, o relaxamento que a notícia trazia se espalhando.

Abraços em grupo: a especialidade da família.

Clareando a garganta de novo, o médico continuou: “Monsieur Agreste está em observação, no momento. Ficará adormecido por mais algumas horas devido à anestesia. Acredito que seja um bom momento para todos vocês irem para suas casas descansar. Contataremos quando vocês puderem visitá-lo”.

“Okay. Tudo bem. Muito obrigada”, Alix foi quem se pronunciou enviando um olhar de firmeza pro médico.

O profissional assentiu novamente com a cabeça e saiu da sala de espera, pela mesma porta que entrou. Alix voltou sua atenção para Marinette. “Vamos, madame Agreste, está há horas aqui, aposto. Precisa tomar um banho e descansar. Deixamos Hugo na casa dos seus pais no caminho”.

“Sim, levamos vocês”, Luka confirmou.

 

No carro, o celular de Marinette começou a tocar. Ela estava sentada no banco do passageiro, Luka dirigindo para a casa dos seus pais. Adam, Emma e Alix com Hugo nos braços nos bancos de trás. Tikki estava presente, já que presenças desconhecidas não existiam mais no local e era seguro para ela se mostrar. As duas olharam o nome de Rena Rouge no visor do aparelho e trocaram um olhar preocupado.

Se Alya estava ligando, e ainda mais no celular de seu alter ego!, ela tinha notícias da missão de reconhecimento para a qual Marinette a tinha enviado com Kagami. O objetivo era localizar o causador do acidente de Adrien; um vilão que, de acordo com Plagg, tinha capacidade de causar mais estrago por Paris. Cada informação que a portadora do miraculous da raposa tinha seria relevante para a compreensão do que realmente havia acontecido.

Sass e Fluff saíram de seus postos ao lado de seus portadores para se aproximaram da mulher, já sabendo do que se tratava. Luka continuou prestando atenção na rua e no tráfego, sem se interessar no movimento de seu kwami e Alix estava muito engajada na conversa baixa com Emma e Adam para perceber.

Marinette atendeu o telefone; os três kwamis se acumulando ao lado de sua orelha para ouvir o que Alya tinha a dizer. Emma, por sua vez, notou a movimentação estranha.  Aproveitando que a conversa estava sendo sustentada mais por Alix e Adam do que por ela, ela também tentou se aproximar do banco da frente para ouvir, curiosa. O que eles estavam tramando se reunindo desse jeito?!

“Hey, Alya. O que você tem pra mim?”, a mulher disse ouvindo ruídos de altos de rodovias movimentadas e dos uivos dos ventos pelo celular. Deduziu instantaneamente que ela estava em um plano acima, nos telhados.

“Ladybug!”, a voz dela soou com urgência. Marinette franziu o cenho. Na hora ela confirmou que Alya ainda estava como Rena Rouge e que provavelmente tinha companhia desconhecida nos arredores, além de Kagami. Não havia outra explicação para o uso do nome do seu alter ego. Mas como, se ela estava nos telhados? “A missão de reconhecimento foi bem, mas temos que agir. Preciso que você venha até aqui”, ela continuou.

“Eu vou. Mas o que você descobriu?”, Marinette insistiu.

“Descobrir o que?”, Emma sussurrou chamando a atenção de Adam. Ao lado, Alix estava mais focada em Hugo do que no jovem para percebê-lo mudando de atitude.

“O que você está fazendo, Agreste?”, ele rebateu também em tom baixo observando a futura-quase-próxima namorada praticamente com os ouvidos colados no banco da frente.

Ela só olhou para ele, afobada demais com a conversa para responder, mesmo só conseguindo ter acesso às respostas de sua mãe.

“Eu não sei muito bem o que te dizer. Tenho medo de ele estar aqui nos vigiando”, Rena disse em um tom cauteloso. Ela soltou um suspiro e passou a sussurrar: “O vilão tem superpoderes, Ladybug. Ele pode aparecer e desaparecer quando quiser. Está invadindo as lojas e casas há mais de cinco minutos, provocando terror nas pessoas, mas não machucou ninguém”.

Os kwamis se entreolharam, tensão se formando entre os três. Eles tinham certeza que superpoderes só poderiam ser dados àqueles que tinham posse de miraculous. Não sabiam de nenhuma outra forma que os humanos usariam para alterar suas capacidades e habilidades, mais do que a natureza os permitia sem ajuda. E os miraculous estavam perfeitamente seguros com seus portadores e na Miracle Box, dentro do cofre na casa de Marinette e Adrien. Em teoria, era impossível que pessoas com superpoderes recomeçassem a assolar Paris.

“Estranho! O que ele quer com isso?”, ela deu voz às preocupações dos kwamis e às dela, “E... superpoderes? Rena, como isso é possível? Não temos um supervilão há anos...”

Emma congelou em sua posição de espiã. Supervilões? Que supervilões?! Luka e Alix começaram a prestar atenção na conversa, não tão assustados, mas receosos. Adam, por sua vez, não sabia como reagir, o porquê dos comportamentos estranhos da jovem ao seu lado ficando claro.

“E achamos que estávamos aposentando, garota!”, a ruiva comentou com ironia pelo celular, “Não sabemos bem qual é a dele, na real. Do vilão. É como se ele não tivesse um objetivo ou como... se ele estivesse esperando algo acontecer”.

“Como se ele estivesse esperando por alguém”, a morena disse a outra opção quase com pesar, “Como nós”.

Marinette olhou para as pessoas que estavam no carro junto com ela. Todos estavam tensos e aterrorizados, Luka sendo o único a se movimentar, decidindo por estacionar o carro em um local seguro mais próximo. Havia claramente um novo supervilão e ao que tudo indicava, ele os estava ameaçando. Questionamentos e mais questionamentos se apontavam nos rostos à medida em que eles se olhavam, mas nenhum ousou falar. Para os mais jovens, aquilo tudo era novidade, mas para os adultos, era o início de mais um estado de alerta e preocupação.

Rena Rouge também estava muda na ligação.

“Estou indo. Me manda a localização pelo celular da Ladybug”, Marinette quebrou o silêncio dando as instruções. A heroína concordou do outro lado da linha, desligando logo após.

Tikki, Sass e Fluff se afastaram da orelha de Marinette flutuando até um nível de altura onde podiam olhar as pessoas normalmente. De todos os presentes, eles eram os que mais pareciam tensos.

“Sinto como se estivéssemos todos no meio de uma avalanche”, Alix disse.

“E sem pranchas de snowboard”, Emma complementou, seus olhos verde claros arregalados e incrédulos.

Adam se esticou para a frente e colocou a mão no braço de Marinette, trocando olhares preocupados com seu pai no ato. Ela olhou para o jovem fazendo-o olhar para ela logo após. “O que fazemos, tia Mari?”, perguntou.

Ela franziu o cenho apertando seu celular na mão. “Eu... eu... não sei bem”, disse se sentindo meio tonta.

Afastando seu próprio estupor, Tikki flutuou até sua portadora, determinação nos grandes olhos azuis escuros. “Marinette, eu sei que é muita coisa, mas respira fundo. Você pode pensar em algo!”, disse tentando lhe passar segurança.

Marinette assentiu, fechando os olhos e respirando por alguns segundos. “Eu sei que tenho que me juntar à Rena Rouge e Ryuko”, afirmou.

“Você precisa do Viperion e da Bunnix?”, Luka perguntou.

“Não, não. Acho que nós três damos conta do recado”, Marinette afirmou, dessa vez com maior confiança.

“Ótimo. Eu e Alix levamos Hugo, Emma e Adam para sua casa e ficamos de stand by, caso você precise de nós ou que o hospital ligue”, o moreno continuou, os olhos azuis concentrados e tranquilos.

Marinette sorriu em resposta, grata pela calma em meio à tempestade que ele era.

“Definitivamente um plano com o qual podemos trabalhar”, Sass aprovou, sibilos produzidos de sua língua bifurcada.

“E... podemos nos reunir depois para discutir as informações que tivermos. Duas mentes, ou muitas como é o caso, pensam melhor do que uma”, Alix sugeriu, “Ficaremos com os ouvidos colados no celular, bug”.

Todos concordaram, o clima dentro do carro mais animado e esperançoso. Emma foi a única, no entanto, que ainda parecia paralisada, os olhos verde-claros espantados, desde a menção da palavra “supervilão”. Antes que Marinette saísse, ela agarrou braço da mãe do banco de trás. Medo e angústia estampavam o rosto da menina. “Mamãe”, ela a chamou encarando os olhos da mulher, “Toma cuidado, sim? Eu-eu não... ér...”.

Ela sentiu sua mão sendo tocada e envolvida pela de Adam. Ele compreendia a profundidade de seus sentimentos, o tamanho do amor que ela sentia por sua família. Ele estava sempre ali para ir ao seu resgate.

Os demais decidiram por esperar, tentando dar privacidade ao momento familiar.

Exceto Fluff que, com a quantidade de energia que tinha e a ansiedade da onisciência temporal, utilizava o espaço dentro do carro como um parque de diversões.

Marinette sorriu, entendendo o que sua filha queria dizer. Ela não queria que mais um membro da família se acidentasse também. Não queria que ambos os seus pais parassem no hospital. “Não se preocupe, eu volto são e salva para vocês...”, disse com um tom macio na voz.

Ela passou a mão em uma das bochechas dela transmitindo conforto e cuidado. Emma fechou os olhos alguns segundos, curtindo o carinho. “E, ah, eu tenho algo para você, pequena”, completou retirando a mão e vasculhando sua bolsa por um momento.

Quando se voltou para a filha novamente, havia uma pequena caixa em suas mãos. Ela era vermelha com círculos pretos desenhados, quadrada com seus lados levemente arredondados. Emma sabia que era uma das variações da Miracle Box para guardar miraculous individualmente. Ela assistiu sua mãe entregar caixinhas como essas permanentemente a todos os membros do atual esquadrão de heróis ao longo dos anos. E naquele momento, ela estava entregando uma a ela.

Santo queijo! Isso estava acontecendo mesmo?

Emma sinceramente não tinha ideia de como reagir ou do que pensar.

“Aqui”, Marinette disse ao colocar a caixa nas mãos da filha, “Eu tenho certeza que ele gostaria de ficar com você durante esse tempo e também tenho certeza que seu pai a teria escolhido para cuidar dele”.

A jovem assentiu lentamente com a cabeça, ainda perdida. Ela abriu a caixa acendendo no exato momento uma luz forte e verde clara, quase a cegando. Quando ela conseguiu enxergar direito, avistou um kwami negro simbolizando um gato, os grandes olhos inteiramente verdes se abrindo e a expressão sonolenta.

“Plagg?”, ela perguntou à sua mãe, o estupor desaparecido. Seu rosto e sua voz transmitiam surpresa, alegria e incredulidade, “Eu posso ficar com o Plagg?”.

O kwami a olhou. Tinha um sorriso de canto ostentado. Estava satisfeito, pela primeira vez no curso das últimas sete horas. E nem havia camembert ou qualquer tipo de queijo envolvidos! Marinette estava tão certa. Ele não pensaria em uma portadora melhor, nesse tempo provisório. Por Brie!, conhecia Emma desde o dia em que ela nasceu. Eles eram tão próximos.

“Esse é o seu dia de sorte, minette. Quem melhor para tomar conta de você?”, ele se pronunciou, as patas cruzadas no corpo e o tom arrogante, como esperado dele, “Devo dizer, Marinette, essa foi a melhor decisão que você tomou o dia todo!”

“É, é, Plagg. Sei bem”, a mulher revirou os olhos. Tikki, ao lado dela, espelhou o gesto.

Emma soltou uma risada, a história dos anos juntos os envolvendo. “Bom e velho Plagg!”, comentou abrindo um sorriso de canto.

A jovem e o kwami se olharam de modo cúmplice, jogando Marinette para escanteio na conversa. Assim como os outros no carro, que passaram a se engajar em atividades provisórias, ela não se importou, se dispondo a só observar, especialmente Plagg.

Sabia bem que ele parecia de boa, agindo como o mesmo ser debochado e indiferente de sempre, mas no fundo também sabia que os acontecimentos de mais cedo o afetaram bem mais do que ele admitiria ou se quer deixaria transparecer. Tikki, Sass e Fluff, que o conheciam há muito mais tempo, pensavam o mesmo, se preocupando com o estado emocional do kwami da destruição, que nunca parecia se abalar. De todos os kwamis, ele foi o que mais passou por situações de perda ou acidente de seus portadores ao longo dos milênios, afinal.

“Óbvio que você está feliz, minette. Sou eu!”, ela ouviu Plagg continuar, “Para comemorar, até deixo nós pedirmos uma pizza de quatro queijos. Não é tão refinado como meu querido camembert, mas faço o sacrifício... por você!”

“Isso vindo de você, Plagg, é o auge!”, sua filha abriu um sorriso de canto travesso.

E os dois continuaram a conversar.

“Sabe que ele tem razão?”, Luka ao seu lado comentou baixinho, “Deixar Emma cuidar do anel foi uma excelente ideia”. Junto a ele estava Sass, mastigando lentamente metade de um ovo cozido.

“Assino embaixo”, Alix disse logo depois, estando próxima dos dois o suficiente para acompanhar seus sussurros, “Vai mantê-la focada em algo além do pai, sem deixar o pai totalmente de lado”.

Marinette assentiu com a cabeça, um sorriso nos lábios. “Eu só não quero que ela precise usá-lo”, revelou, o cenho agora franzido. No momento, observou sua filha muito contente entrar nas zoeiras do kwami que basicamente ajudou ela e Adrien a cria-la. Ao lado dela, de intrometido na cena, estava Adam mexendo no celular com uma mão enquanto a outra fazia carinho no joelho de Emma. O sorriso voltou ao seu rosto.

“Sim”, Alix suspirou passando a mão nos cabelos de Hugo que ainda estava em seus braços, “Isso poderia arrastá-la para alguns perigos!”.

Marinette olhou para seu celular. Tinha que se transformar em Ladybug e ir ao encontro de Rena Rouge e Ryuko. Não poderia perder mais nenhum segundo e deixar as duas esperando, mesmo que o vilão fosse aparentemente inofensivo. “Okay, okay. Eu realmente preciso ir”, disse olhando Luka e Alix, “Todos seguindo o plano, prestem atenção em seus celulares e me liguem se precisarem”. Os dois assentiram com a cabeça.

E saiu do carro, deixando seus filhos seguros com dois de seus melhores amigos e correndo em direção ao beco mais próximo.

 

Rena Rouge mantinha seus olhos cravados na movimentação cheia de espanto, terror e incerteza dos civis ao nível da rua. Do baixo telhado onde estava com Ryuko, atrás de uma das chaminés, tinha uma visão clara do caos sendo instaurado pelo novo vilão e das estratégias que ele aparentemente utilizava para assolar as pessoas.

Visão clara, na verdade, era eufemismo; porque elas não podiam vê-lo.

Tudo sobre esse vilão ainda era obscuro. O aparente superpoder que ele possuía se concentrava na capacidade de se tornar visível e invisível pelas pessoas, sem a limitação de ter de se tornar visível e concreto para tocá-las. Como Rena e Ryuko deduziram isso? Pela crescente desordem e falta de explicação para as coisas que aconteciam com os civis. Fala-se de vitrines de lojas sendo quebradas sem uma pessoa de fato as quebrando; civis caindo no chão em posições que claramente foram derrubadas por alguém que nunca esteve lá; carros sendo arrombados e alarmes de segurança soando sem que algo acontecesse para que fossem acionados... sem mencionar os hidrantes sendo corrompidos.

Acontecimentos como esses ocorreram de diferentes maneiras há pelo menos quinze minutos. O alívio? Nenhum civil gravemente ferido. Na verdade, pareciam haver meros arranhões. Nenhum sinal de acidente, só a grande extensão de engarrafamento devido à tentativa vã dos bombeiros e policiais de deterem os hidrantes.

Parecia que o objetivo do vilão invisível era instaurar o caos. O puro caos. E os heróis e civis que aguentassem as consequências.

No entanto, havia a versão de Plagg sobre o acidente do Adrien. Onde o mesmo vilão deixou-se ser visto por ambos, como se quisesse que soubessem quem ele é e que foi ele quem causou diretamente o acidente.

Observando a falta de vítimas durante todo o seu ataque, parecia que Adrien era seu alvo fatal desde o início. O que Marinette disse no telefone cinco minutos antes casou perfeitamente com esse raciocínio: todo o caos desse momento era uma forma de chamar a atenção, um tipo de espera macabro por algo ou alguém. Por eles: os heróis. Porém, o que Adrien tinha a ver com isso?

Tudo isso foi o que Rena Rouge e Ryuko haviam conseguido decifrar até o momento, enquanto esperavam Ladybug honrar seus péssimos hábitos como civil: a enrolação e o atraso.

No fundo, como Alya e Kagami, elas sabiam que de Marinette não poderia ser cobrado tanto na atual conjuntura, visto que seu marido estava acidentado no hospital e ela havia sido forçada a deixar seus sentimentos de lado e se transformar em seu alter ego. Para as duas, não estava sendo fácil da mesma maneira; Adrien também era uma pessoa importante para elas. No entanto, elas usavam uma máscara enquanto heroínas por uma razão: Paris não poderia saber que Rena Rouge e Ryuko estavam sofrendo pelo acidente de Adrien e muito menos que Chat Noir se encontrava no momento em recuperação.

Não tiveram que esperar mais por Ladybug, no entanto. Logo ouviram o barulho suave da heroína aterrissando no mesmo telhado que elas. Quando se viraram para recebê-la, perceberam-na ofegante e ansiosa, parecendo mesmo ter feito um esforço grande para apertar o passo e encontrá-las. Se o macacão e o casaquinho nas cores preto e vermelho com bolinhas pudessem ser marcados com suor e sujeira, com certeza o estariam.

Rena Rouge cruzou os braços encarando Ladybug, o cenho franzido junto com sua máscara alaranjada. “Amiga, quarenta e três anos na cara e ainda se atrasando?”, reclamou, “Já era para você ter aprendido algo sobre menos enrolação e mais pontualidade!”.

Ryuko deu uma leve risada, sua expressão sempre muito séria se suavizando. “E você esperava que ela mudasse?”, perguntou, “Eu já perdi as esperanças há muito tempo”.

“Meninas, não temos tempo pra isso”, Ladybug as cortou se aproximando e se agachando do mesmo jeito que elas, seus olhos concentrados na rua abaixo, “Depois eu explico. Pelo visto, teremos muito o que conversar depois de batalhar esse vilão”.

As duas heroínas assentiram com a cabeça. Ryuko, porém, estava agoniada por saber notícias de Adrien e atualizações sobre seu estado no hospital. “Como ele está?”, ela perguntou, titubeante, um estado de espírito nada parecido com Ryuko.

Ladybug soube exatamente de quem ela estava falando. Sua expressão concentrada e séria deu lugar a um sorriso genuíno de puro contentamento. Ela olhou a parceira nos olhos. “Ele está bem”, respondeu, “Fora de perigo”.

Ryuko também abriu um sorriso, esse espelhando o da heroína da sorte. Ela sentiu seus olhos marejarem, as palavras de sua amiga de longa data adentrando seu coração e lhe dando leveza. Seu melhor amigo estava fora de perigo depois de passar por um acidente que poderia muito bem ter lhe tirado a vida. Ela estava mais do que contente, ela estava experienciando uma sensação de estar no céu.

A heroína agora estava pronta para fazer o causador do acidente passar pelo inferno.

Rena Rouge, quieta em seu canto, passava por sua própria onda de emoções. “Menina, que alívio. Pra você, pros gatinhos, pra todos nós”, ela comentou soltando um suspiro, “Não podemos perde-lo...”.

Ladybug confirmou com a cabeça. Seu semblante estava sério novamente. “Agora, o que está acontecendo?”, perguntou.

Ryuko respirou fundo, buscando estabilização em seu estado emocional. Logo depois começou a inteirar a heroína das informações sobre os vilões e todas as conclusões que ela e Rena Rouge haviam chegado sobre a investigação. Ladybug ouvia em silêncio, vez ou outra fazendo perguntas em busca de maior compreensão da situação. Quando a discussão enfim terminou, ela voltou sua atenção para a rua onde o vilão invisível ainda instaurava o caos. A diferença do cenário perante o de vinte minutos atrás era a quantidade de parisienses no local e o número de patrimônios públicos danificados, agora com poucos civis e muito estrago.

“Eu não acho que haja muito planejamento do que possamos fazer”, Rena se pronunciou, “Ele é invisível. Não é como se pudéssemos prever seus movimentos”.

Ladybug arqueou uma sobrancelha, uma ideia se formando em sua cabeça. “Concordo”, disse, “Mas ainda temos uma pista: ele pode estar tentando chamar a atenção dos heróis, tentando fazer com que nós apareçamos”.

Os olhos de Ryuko se arregalaram pela compreensão. “Então, vamos fazer com que apareçamos”, deduziu, “Sem aparecer. Com as ilusões da Rena Rouge”.

“Exatamente”, Ladybug confirmou, determinação reluzindo em seus olhos, “E se estivermos erradas, de qualquer jeito é um bom plano para distraí-lo, descobrir onde ele está e de algum modo torna-lo visível”.

Rena Rouge e Ryuko emitiram sons de acordo. As três, então, construíram uma estratégia rápida que envolvesse as ilusões e movimentação de Ladybug e Ryuko pelos telhados. O objetivo era cobrirem um maior campo para observarem de ângulos diversos as reações do vilão frente às falsas heroínas. Elas pegaram os eletrônicos de escuta de suas respectivas armas, encaixaram em seus ouvidos e começaram a colocar o plano em prática.

Assim que Ryuko e Ladybug se afastaram do telhado, uma para a esquerda e a outra para a direita, pôde-se ouvir o som que saía da flauta de Rena Rouge.


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Notas finais do capítulo

Glossário:
Kagami é o nome da Kyoko na versão francesa e americana.
Minette significa “gatinha” em francês.
Miracle Box é a caixa que contém os miraculous.
Brie é um tipo de queijo francês, assim como camembert.

ETA QUE A COISA PARECE ESTAR ESQUENTANDO.
Feliz pelo nosso Adrien estar bem. Logo logo ele aparecerá para nós.
Emma e Plagg unidos. Ninguém para esses dois.
E nossa Mari aguentando firme.
Eu tenho o 3º e o 4º prontos, porém quero escrever o 5º para postar o próximo. Quero ter um intervalo bom entre os capítulos para não deixar essa fanfic por conta de postagem somente. Quando eu escrever um, eu posto o anterior, okay?
BEIJOS E ATÉ A PRÓXIMA.



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