A Marca da Borboleta escrita por JiyuNoSakura


Capítulo 1
2044, 19 de setembro. 11:00 às 16:00


Notas iniciais do capítulo

OI POVO BUNITO DESSE FANDOM.
Sou nova no fandom Miraculous e é a minha primeira fanfic. É a minha queridinha, estou trabalhando com muito sangue e amor.
Me digam o que acham, quero saber o que pensam.
Boa leitura ♥



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Foi a primeira vez que Plagg quis ser outro kwami.

Outro tipo de poder, outra natureza. Talvez um parecido com Wayzz. Esse com certeza! A capacidade de criar um escudo quase impenetrável viria muito a calhar. Qualquer coisa viria, na verdade. Pelo menos com o poder da proteção ele poderia ter evitado o aconteceu.

Com bilhões de anos de vida, Plagg nunca se sentiu tão inútil.

Tudo aconteceu muito rápido e ao mesmo tempo muito lentamente.

Em um momento, ele estava com Adrien no carro. Estavam sozinhos e tocava música no rádio. O portador de seu miraculous estava dirigindo de volta para casa, depois de uma longa manhã de aulas na universidade onde ele lecionava. Ele parecia feliz, com uma aura tranquila ao seu redor. Tinha um quê de satisfação no olhar do loiro depois de uma manhã de aulas. O ultraje! Plagg nunca ia entender, nem mesmo depois de vinte anos de parceria, como seu portador gostava de ficar na escola.

Na verdade, ele entendia, sim. Mas era mais divertido e fácil fingir que não.

O kwami também estava feliz. Tinha acabado de comer uma roda inteira de camembert. Nunca esteve tão satisfeito; o cheiro delicioso do queijo ainda nos arredores. Era um cheiro que ele nunca enjoaria. Um cheiro que até Adrien se acostumara ou no mínimo, parara de reclamar. E embora Plagg sentisse falta das cutucadas dele sobre o cheiro, também se sentia satisfeito pelo loiro finalmente aceitá-lo.

Não era como se o kwami estivesse pedindo para ele comer!

Ainda bem que ele não comia.

E então, do nada, sem que eles estavam se quer esperando, um carro atravessou o sinal vermelho e cortou o cruzamento da rua em direção aos dois. Se Plagg não estivesse prestando atenção, ele teria perdido tudo que aconteceu: o ruído alto do motor em alta velocidade, a expressão de choque e horror no rosto de Adrien com os olhos verdes arregalados, a frente do outro carro acertando em cheio a porta do motorista, o barulho feio da batida seguido pelo alarme e buzina soando freneticamente.

Silêncio se instalou. O cheiro de camembert se misturando ao de motor queimado.

Ele estava estático; os grandes olhos verdes arregalados e o corpinho tremendo.

Plagg olhou para o outro carro. Ali ele avistou o motorista maluco com um sorriso sádico desenhado nos lábios, seu corpo lentamente desaparecendo. Havia um brilho prateado ao seu redor e ele tinha os olhos fixados nele e em Adrien. Não parecia nem um pouco assustado pela visão do kwami flutuante pequeno e negro, um ser que para os humanos não existe.

Bom, ele não teria capacidade de lidar com o sujeito, mesmo que ele estivesse os observando do mundo dos invisíveis. O vilão já tinha conseguido o que queria, afinal. Era isso!, o kwami deixaria para depois. Melhor: deixaria para Ladybug fazer o quebra-pau!

Havia uma urgência maior no momento.

Plagg se voltou para um Adrien desacordado.

Santo queijo!

O que ele poderia fazer?

O loiro estava com os olhos fechados, machucados em seu rosto, sangue na camiseta. Estava preso entre o banco e a lataria amassada da porta, incapaz de sair por conta própria. Parecia um pouco tonto, meio desacordado, provavelmente percebendo as coisas incoerentemente devido à batida. O kwami não precisava de um diploma de Medicina para saber que no mínimo o braço estava quebrado. “Adrien”, ele o chamou, a voz trêmula denunciando seu desespero, “Adrien, acorda! Não dorme, não”.

O que ele poderia fazer?

Plagg sentia uma dor no corpo, como se ele tivesse sido esmagado junto com Adrien.

Então, ele ouviu vozes e se escondeu na nuca de seu portador. Os motoristas e pedestres ao redor começaram a se aproximar. Ninguém poderia vê-lo ou ouvi-lo. Dali ele escutou as conversas; pessoas que assistiram ao acidente contando a história horrorizados, outras com celulares tirando fotos e filmando, umas ligando para a emergência do hospital (Graças! Pessoas com cérebro!) e ainda outras reconhecendo que o famoso Adrien Agreste havia sofrido um acidente e ligando para a imprensa. Plagg sabia que em minutos todos os jornais estariam ali para cobrir a história, mas ao menos a ambulância também estaria e, principalmente, Marinette.

Ele ficou aliviado quando sentiu os ombros de Adrien se movimentarem. “Ei, ei”, sussurrou ao pé da orelha do loiro, “Não se move, vai ficar pior”.

“Plagg”, o portador chamou, o tom de voz baixo e fraco.

O kwami se agarrou à gola da camiseta do homem. “Ei, guri”, sussurrou em um tom de voz tão ameno e tão não-ele, “Está tudo bem. Tudo vai ficar de boa. A ambulância já está a caminho”.

Adrien chamou o nome dele de novo, e falou com dificuldade: “Presta atenção! Pega o anel... e... vai atrás da... da Marinette”. Plagg se manteve parado, sem reação, concentrado nas palavras do amigo. “Conta pra ela sobre o acidente, sobre o vilão”, continuou no mesmo fio de voz fraco e baixo, “Eu sei... que você o viu. Ela tem que saber. E você tem que... proteger... o miraculous”.

Quando ele falou, a voz saiu esganiçada: “Adrien, eu não quero ir! Muito tempo de voo. Tem pessoas na rua... Eu odeio isso, você sabe!”

Verdade seja dita: ele não queria deixar Adrien sozinho. Não queria dar as costas e perder mais um gato. Mas ele não diria em voz alta. Plagg era muitas coisas, mas emotivo não era uma delas.

“Plagg”, o portador retomou respirando fundo e tentando criar uma sequência lógica com as palavras, “Pegue o anel e o proteja. É o meu dever... e o seu”.

O kwami apertou o tecido da camiseta dele nas patas, tentando conter as lágrimas nos grandes olhos verdes. Foda-se! Que seja manteiga derretida mesmo. “Santo queijo, Adrien! O que eu vou... eu vou dizer a ela? Deixa eu ficar aqui com você”, sussurrou.

“Anda... logo, Plagg”, o portador disse antes de desmaiar.

“Adrien! Adrien!”, ele o chamou, a voz subindo alguns tons na medida do desespero.

Lindo! Ele tinha esse poder da má sorte!

O som da ambulância ecoou pelas ruas se sobressaindo nos ruídos de conversas das pessoas em volta. Isso fez Plagg se afastar do homem desacordado. Ele vai ficar bem! O garoto não passou por tanta merda para morrer agora. Ele não tem essa má sorte! Ele flutuou em direção à mão onde estava o miraculous e o preencheu com magia o suficiente para ativá-lo e retirá-lo sem ele próprio desaparecer.

Antes de lhe dar as costas, o kwami olhou Adrien mais uma vez. Os paramédicos que acabaram de chegar estavam se aproximando. Ele ouviu um deles ligar para os bombeiros, pois eles não conseguiriam retirar o acidentado dos destroços sem cortar a porta de metal do carro. Ele viu também uma maca, um respiradouro, equipamentos de imobilização... Okay! Não é como se eles fossem deixar Adrien Agreste morrer.

Então, apertou as patas no anel e voou o mais rápido que pôde na direção de sua casa. Marinette tinha que ser informada o quanto antes. Ele sabia que ela ficaria no mínimo desesperada ao receber a notícia, porém não era como se ele pudesse fazer algo a respeito.

Ela saberia o que fazer. Ela sempre sabia o que fazer.

 

 

Emma adentrou a recepção do hospital na correria. Peito apertado, choro entalado na garganta. Desorientada. Parecia que ela ia explodir. Sua visão parecia turva. Via de longe as pessoas ao seu redor, a maioria delas assustadas com seu comportamento; algumas outras saindo de sua frente; um terceiro grupo pedindo a ela que se acalmasse. No fim, só as ignorou. Não conseguia se concentrar em rostos nem em coisas que as caracterizassem, as imagens passando rapidamente como flashes. Elas não eram importantes.

Seu único foco eram as manchetes de jornal que se repetiam na cabeça.

Seu pai, acidentado.

Seu pai, preso nos destroços do carro.

E a mensagem de sua mãe, pedindo que ela fosse até o hospital. Nada mais, nem menos. Foi algo tão vago, tão superficial. Emma odiava a agonia, a espera pela informação. E odiava quando sua mãe escolhia dar as notícias cara a cara ao invés de soltar logo a bomba. Embora soubesse bem o porquê de ela o fazer: evitar que mais um da família sofresse um acidente.

A conversa com recepcionistas e enfermeiros foi um breu; ela não estava com paciência para amenidades e formalidades. Deu as informações no automático. Muita papelada depois, finalmente foi guiada por um dos funcionários até uma das pessoas que verdadeiramente queria ver naquele momento.

Quando passou pelas portas da sala de espera, avistou Marinette com Hugo nos braços.

O enfermeiro disse uma ou duas palavras que ela não ouviu. Deixada sozinha por ele, ela caminhou até a mulher com urgência. Sua mãe estava acariciando as costas do menino de quatro anos, seu irmão adormecido no colo dela. O rosto dele estava sereno, alheio ao inferno do lado de fora do seu sono. Ao lado dele, estava um corpinho vermelho que podia ser visto de relance entre ele e Marinette, Tikki escondida nas roupas de sua portadora e transmitindo conforto do jeito que podia. Ela não conseguia ver o rosto de sua mãe.

Com a mão no ombro livre, ela fez Marinette olhá-la. E com a troca de olhares, ambas começaram a chorar. Emma não aguentou. Tinha certeza que sua mãe estava se fazendo de durona e de forte, especialmente por seu irmão, e que uma hora ela ia quebrar. A filha estava feliz que elas quebraram juntas. Elas se abraçaram e compartilharam o choro desesperado e muito necessitado. A sorte que tinham de Hugo ter um sono pesado!

Com o rosto no ombro de sua mãe, Emma sentia que não ia mais explodir. O peito continuava apertado e ainda era insuportável, mas ela conseguia ser forte mais um pouco. Ela conseguiria fazer perguntas para sua mãe e esperar os médicos darem notícias do seu pai. No meio do inferno, ela conseguiria sobreviver.

Os quatro ficaram ali abraçados por um tempo longo; ela não prestou atenção no correr dos minutos ou horas.

“Desculpa que você teve que saber pelos jornais”, Marinette quem quebrou o silêncio. A voz dela estava baixa e trêmula; sua mão livre fazendo carinho no cabelo da filha, como ela fazia sempre que Emma estava triste ou tinha um pesadelo, um milhão de anos atrás.

Ela pensou no quanto sua mãe era boba; lá estava ela pensando em Emma quando ela própria não conseguia se manter em pé sem suporte. Era tão Marinette fazer isso. E ela amava Marinette tanto. E a entendia muito; afinal, era a pessoa favorita delas no mundo que estava naquele leito de hospital.

“De boa, mãe”, ela respondeu em um sussurro seguido de um suspiro, “É o papai. Eu provavelmente surtaria antes de chegar aqui”.

A mãe conseguiu soltar uma risadinha abafada, em meio a fungadas.

Mais alguns segundos de silêncio se passaram.

“Louis ainda está na escola?”, Emma perguntou se lembrando de repente do irmão do meio, depois de um pouco do desespero ter passado e ela conseguir pensar com mais clareza. Culpou o abraço da mãe por isso! Operava milagres esses braços quentinhos.

“Não”, Marinette respondeu, “Pedi pro Nino buscá-lo e levá-lo pra casa dos meus pais”.

Emma assentiu com a cabeça, ainda encostada no ombro da mãe e ainda sentindo as carícias dela. Seu irmão respirava calmamente perto das duas, Tikki ainda ao lado dele no ombro. “E a tia Alya?”, adicionou. Tinha certeza de que todos os amigos dos seus pais sabiam do acidente e estavam a caminho do hospital. Eles conseguiam ser essa família! E ela amava cada um deles por serem esses fodas.

“Ela está... ocupada, agora. Mas logo ela virá pra cá”.

“Ela vai”, Emma afirmou tentando passar confiança, “Todos eles estarão aqui, você vai ver!”

Marinette abriu um sorriso e apertou a filha mais contra seu corpo com seu braço livre. “Obrigada, pequena”, ela disse e Emma sentiu as lágrimas dela molhando sua bochecha, “A-acho que eu não conseguiria... manejar as coisas sem seu abraço de urso!”.

A jovem sentiu seus próprios olhos marejarem mais uma vez. “Ah, mamãe”, disse fechando os olhos e aproveitando o calor do abraço, “Eu estou feliz de estar contigo também!”.

Quando ela os abriu de novo, avistou um enfermeiro fechando a porta da sala de visitas e tio Luka, tia Alix e Adam caminhando até elas. Uma animação subiu dentro de Emma. Parecia calma por fora, mas no fundo do seu ser, ela sabia que os olhos dela estavam brilhando. Por só dois segundos, ela conseguiu esquecer do pai acidentado e da dor que a destruía de dentro pra fora. Só sentia alegria pela chegada deles.

Emma se desvencilhou do abraço deixando um Hugo intacto em seu sono, mostrou os visitantes à mãe e foi ao encontro do trio, que continha dois de seus tios favoritos e seu quase-futuro-próximo namorado.

“Luka! Alix!”, Marinette abriu um sorriso genuíno, “Obrigada por terem vindo. E trouxeram Adam também!”.

Os dois se aproximaram dela e a cumprimentou com os costumeiros dois beijos na bochecha. “É. Ele quis vir e dar suporte. Ama o tio Adrien”, Luka começou com seu ar tranquilo que sempre tinha o efeito de acalmar Marinette. Ao lado dele, Alix assentiu com a cabeça, abrindo um sorriso travesso. “Mas acho que mais do que o tio Adrien, ele quis ver Emma”. E como que para confirmar, Luka olhou em direção dos dois jovens chamando a atenção para a cena: Adam abraçando Emma e lhe dizendo palavras de conforto.

“É, eles conseguem ser muito fofos. Seu filho é uma das melhores pessoas para dar suporte à Emma”, a mulher afirmou suspirando ao final, “Ela precisa mesmo”.

Marinette acreditava mesmo nisso. Sabia que seus filhos estavam contando com ela e indiretamente, seu marido também, porém ela não conseguia esconder de si mesma o quão exausta e abalada ela estava. Estava no hospital desde o momento em que Plagg apareceu em casa na hora do almoço e já fazem cinco horas. Desde então, nada de médicos. Quando ela avistou Luka, Alix e especialmente Adam passarem pela porta da sala de visitas, foi como se um peso grande fosse retirado de suas costas. Era um alívio e uma alegria que pessoas tão importantes em sua vida a ajudassem a segurar a barra com seus filhos.

E pelo jeito que Luka a estava encarando nesse exato momento, aquele olhar dele de “te conheço e você não me engana”, ele sabia de tudo isso.

“Como você, madame Eu-Carrego-O-Mundo-Nas-Costas”, ele se pronunciou, confirmando as deduções dela, “Como você está?”.

Alix cruzou os braços, arqueando uma sobrancelha. “Você esqueceu o madame Sou-Eu-Que-Tenho-Que-Reconfortar-Todo-Mundo!”, complementou.

Luka concordou com um aceno de cabeça.

Marinette soltou outro suspiro. Claro que ela tinha que ter essa conversa com esses dois!

“Cansada. Incomodada. Essa espera acaba comigo”, disse ajeitando Hugo no colo e acariciando as costas dele. Ela tentou respirar fundo, mas não conseguiu. A situação a estava deixando nervosa demais. “Tudo que eu posso fazer é torcer para ele estar fora de perigo, que possa se recuperar... É só... Eu nunca pensei... Digo, ele é o Chat Noir... Ele já sofreu tanta coisa... Tanta pancada... E nunca aconteceu nada! E, eu-eu... só nunca pensei... que ele pudesse... que eu... que Emma... digo, que eu estaria aqui”, e parou quando percebeu que não estava dizendo coisa com coisa.

A sorte é que Alix e Luka já sabiam como Marinette ficava murmurante e incoerente quando ficava nervosa.

Luka assentiu. “É, isso é difícil... Acho que nenhum de nós pensou que justo Adrien parasse no hospital. Ele é duro na queda! E parece que não tem muito o que a gente possa fazer”, comentou.

“Não!”, ela concordou sentindo-se exausta, “E eu... eu tenho medo do pior, sabe... Eu... Gente...”.

No entanto, mais enrolação de palavras não estava nos planos da amiga.

Com um movimento rápido, Alix entrou no campo de visão dela. Seus olhos queimavam com determinação. Ela não deixaria a heroína da sorte cair no desespero. “Ei, sacode esse pessimismo! É barra, está pesado, mas Adrien vai sair dessa, bug. Não tolero desesperança de você!”, afirmou, “Ele vai passar mais uns dias no hospital e vocês vão pra casa. Daqui a alguns meses, essa situação vai ser só uma lembrança”.

A súbita mudança de clima e ritmo fez Marinette encarar Alix confusa por segundos.

Pouco a pouco, ela assentiu, franzindo o cenho. A lembrança do risco maior ajudando-a a concentrar, assim como as palavras de Alix. “Para todo problema existe uma solução, sim, é verdade”, disse sorrindo fracamente. Logo depois, ela abaixou o tom de voz olhando seriamente nos rostos dos dois amigos. Eles instantaneamente souberam que algo estava errado: “Mas o ponto é que... não é só Adrien em risco. Existe mais nesse acidente. Não aconteceu do nada. Vamos conversar melhor depois, quando o médico vir e falar que meu marido está fora de perigo. Mas para adiantar, esse acidente foi planejado, gente”.

Silêncio.

Os rostos de Luka e Alix espelharam a seriedade do de Marinette. Essa informação abria um novo leque de opções de coisas acontecendo por baixo dos panos assim como um rol gigantesco de questionamentos. Eles se entreolharam, um sentimento em comum: essas perguntas pareciam tão assustadoras só de pensar sobre elas, que nenhum deles ousou dar-lhes voz. A estrada para as respostas delas seria longa.

“Okay. Conversamos depois, bug”, Alix falou primeiro assentindo com a cabeça e colocando as mãos na cintura.

Luka concordou cruzando os braços, o cenho ainda franzido em concentração.

A tensão continuou pairando no ar, no entanto.

“E esse garotão”, Alix falou novamente maneando a cabeça para um Hugo adormecido. “Pensei que era para ele e Louis ficarem na casa dos seus pais”.

Marinette voltou seu olhar para a criança em seus braços, deixando transparecer seu cansaço em um sorriso fraco. “Sim. Era. Tempo verbal correto!”, explicou, “Mas esse gatinho aqui não quis ficar. E chorou tanto aqui comigo que tive de colocá-lo pra dormir. Os familiares de outros pacientes não merecem ficar ouvindo choro de menino nessas horas”.

“Típico do Hugo”, Luka disse soltando uma risada baixa, “Ele te adora, Marinette”.

Ela respondeu com um sorriso; o clima aos poucos se tornando descontraído. O propósito de Alix era, de fato, mudar de assunto e proteger os assuntos deles de ouvidos a quem não estavam destinados. Sucesso!

“Ô vontade que você deve ter tido de dar uma erva-de-gato pra ele”, Alix disse com um sorriso travesso.

Eles começaram uma onda de risadas da piada idiota, talvez justamente pela falta de humor no trocadilho. Sem uma resposta instantânea de Marinette, no entanto, os dois perceberam o detalhe: a pessoa que geralmente solta algumas dessas é aquela que está no leito do hospital.

Foi o momento que o nervosismo de Marinette explodiu. Mas ao invés de murmúrios desconexos, vieram as lágrimas. Ela estava com tanto medo, tanta incerteza pairando, tomando de conta. Não conseguia aguentar mais!

“Isso é muito algo que o Adrien diria”, ela sussurrou.

“Sim. Claramente mais um de seus trocadilhos sem graça”, a amiga comentou de volta.

Luka se aproximou e passou os dedões nas bochechas de Marinette, limpando as lágrimas que caíam. “Está tudo bem. Pode chorar. Faz bem!”, disse suavemente, “No fim, ele vai sair dessa e vai voltar a fazer as mesmas piadas idiotas”.

Marinette soltou uma risada baixa, assentindo com a cabeça. Alix, por sua vez, voltou-se para Hugo. “Me dá o gatinho”, pediu à amiga com um sorriso, “Vamos compartilhar os turnos de travesseiro”.

Uma vez que Hugo estava nos braços de Alix, ainda no décimo-quinto sono e alheio a tudo que estava acontecendo, Luka se moveu para abraçar Marinette. Passando a mão pelos cabelos negro-azulados, tentou transmitir-lhe todo o conforto que um amigo poderia nesses momentos. Tikki, ainda enrolada na blusa de sua portadora, fez o mesmo dizendo com sua voz fina e em tom baixo palavras otimistas e empáticas.

Marinette não poderia estar mais grata pela presença dos seus amigos e de sua kwami, por Adam ter vindo também dar suporte para Emma. Ela se agarrou à calma e aura serena de Luka e à descontração e confiança de Alix como se fosse seu último fio de vida, sabendo que o apoio deles a ajudaria a se recompor e estar pronta para lutar de novo. Sobre Tikki, nem havia como ela esquecer a lealdade e companheirismo de todos esses anos sendo transmitidos por simples gestos. Porém, no momento, ela poderia só chorar e sofrer pelo que aconteceu com seu marido.

Os três ficaram abraçados até as lágrimas se secarem mais uma vez.

Não levou tanto tempo.

“Familiares de monsieur Adrien Agreste?”, uma voz desconhecida soou na sala de espera junto com o ruído de uma porta se fechando.


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