Capítulo 5 – O Primeiro Teste

 

 

O sol mal tinha iluminado os céus de Konoha e a Haruno já estava de pé. Uma mistura de ansiedade e nervosismo fizeram com que ela  mal pregasse os olhos naquela noite. E se fizesse tudo errado? E se Sasuke-sama dissesse que não prestava para ser uma acompanhante? E se ele a despedisse?

Eram tantas perguntas rondando sua mente que a noite anterior pareceu durar dias. Durante boa parte das horas,  ficou admirando o vestido que usaria naquela mesma noite. O tecido estava pendurado perfeitamente no cabide  e abaixo dele, suas mais novas sandálias encontravam-se lado a lado apenas esperando para serem calçadas.

Sakura perdeu a conta de quantas vezes levantou-se da cama, virou para ambos os lados e tentou deitar de todas as posições possíveis e imagináveis, mas nada fazia-a pegar no sono e agora, sentada na poltrona de cor creme do quarto, começava a sentir o cansaço tomando conta de si.

- Sakura?! – uma voz abafada e doce chamou-a do outro lado da porta do quarto.

- Pode entrar, Chyo. – resmungou.

A governanta abriu a porta, encontrando a Haruno jogada na poltrona.

- O que houve com você?! – perguntou com as mãos na cintura.

- Não consegui dormir, Chyo. E se eu não conseguir?!

- Acalme-se, querida. Não precisa ficar nervosa com tão pouco. Você se sairá melhor do que imagina... – sorriu.

Por mais que Sakura duvidasse de sua própria capacidade, as palavras de Chyo a fizeram se acalmar um pouco a ponto ddar-lhe um sorriso sincero.

- Agora se arrume porque vamos sair! – Chyo viu os olhos verdes da moça a sua frente ficarem arregalados. – Você precisa ir fazer as unhas e o cabelo, querida.

- E-eu?

- É claro, Sakura-chan. – e estendendo a mão para ela, piscou de forma divertida. – Vamos...

- Você vai comigo, não vai? – ela mordeu o lábio nervosa, vendo Chyo menear um sim. – Ainda bem.

 

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Depois de fazer seu desejum, Sakura esperou Chyo dar as devidas ordens enquanto ficava ausente para acompanhar Sakura ao salão de beleza.

Assim que tudo foi devidamente direcionado, a governanta pediu que o motorista da família os levasse, já que Sasuke não se encontrava em casa. Em poucos minutos, as duas já se encontravam em frente ao Konoha Hair Style que, segundo Chyo, era o melhor salão de Konoha.

O estabelecimento tinha dois andares, sendo o primeiro pintado de branco e segundo totalmente espelhado, proporcionando a visão de seu interior onde cabeleireiros corriam de um lado para o outro e mulheres esperavam em frente aos espelhos.

Receosa, Sakura foi praticamente puxada para o hall do salão, onde uma mulher loira devidamente arrumada estava sentada atrás de uma balcão escuro.

- Bem vindas, em que posso ser útil?! - sorriu para as duas.

- Haruno Sakura, onze horas. – Chyo tomou a frente.

A mulher demorou alguns segundos para encontrar o nome, mas assim que o fez assentiu e as acompanhou ao interior do salão.

- Aguardem só um minuto... – pediu gentilmente. – Você já será atendida, Sakura-sama!

Envergonhada ela sentou-se sendo seguida por Chyo.

- Sama?! – sussurrou para a governanta. – Isso é estranho, Chyo...

Ela precisou se conter para não rir da simplicidade de Sakura. Se fosse outra pessoa, estaria se gabando por determinadas coisas como o sufixo “sama”.

- Chyo, o que eu vou fazer aqui exatamente?! – perguntou.

- Vai fazer o cabelo, as unhas, sobrancelha, depilação e a maquiagem.

- Não são coisas demais, Chyo?! – Sakura olhou-a aflita. Nunca teve tantas regalias e muito menos tinha dinheiro  para uma “sessão de beleza” como aquela. – Tudo isso vai custar uma fortuna e-

- E você não tem que se preocupar com isso... – interrompeu-a folheando uma revista.

Sakura apenas encolheu-se na cadeira estofada do lugar e olhou para os próprios pés. Não que não estivesse gostando, mas o fato de sua vaidade seguir o seu bolso, a fez com que não priorizasse esse tipo de coisa.

- Me desculpe, Chyo... – sussurrou olhando-a de esgueira. A senhora parou de ler a revista e fitou-a. – Só que... preciso de tempo para me acostumar com tudo isso.

- Eu entendo, mas existem coisas nas quais você não precisa se preocupar. E essa é uma delas... – Chyo viu-s menear um sim com a cabeça e sorrir. – Nesse momento, precisa apenas se concentrar em se sair bem no jantar, está bem?!

- Uhum. – ela concordou um pouco mais animada.

Não demorou mais que dez minutos para que Sakura sumisse das vistas de Chyo para finalmente começar sua “transformação”.

 

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 Foram exaustivas 5 horas no Konoha Hair Style. Chegara ao salão refinado por volta de dez e quarenta da manhã e Sakura tinha hora marcada as onze.

Pouco antes desse horário, já se encontrava deitada em uma sala menor que a recepção e o salão principal, com uma morena simpática que seria sua depiladora. Ela tentava a todo custo distraí-la enquanto  puxava o papel com cera quente das pernas da Haruno, que cravava as unhas na maca de dor. Era isso ou gritar como uma louca a cada puxada da morena.

No final dos vinte minutos de tortura, Sakura encontrava-se com as pernas lisas e sobrancelhas feitas impecavelmente.   Sentada em meio a secadores, escovas e cabeleireiros que lhe tratavam como uma rainha.  Enquanto duas cabeleireiras escovavam suas grandes madeixas rosadas, duas manicures concentravam-se em fazer as unhas das mãos e dos pés.

Perto de todo o sofrimento que passara a minutos atrás, o fato de algumas cutículas arderem ou  a cabeleireira, ora ou outra, puxar um pouco demais os cabelos , não eram nada e como Chyo mesmo disse: seria por uma boa causa.

 

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Já eram quase seis horas da tarde quando a cabeleireira que arrumara o cabelo da Haruno virou-a para que ela visse o resultado de horas sentada. 

- Está curiosa?! – a moça perguntou atrás de Sakura com as mãos nos ombros dela.

- Muito!

- Então vou virá-la para o espelho para ver o que acha de si mesma. – avisou-a. – Espero que goste do resultado.

Pouco a pouco, Sakura viu o cenário ao redor de si girar e deparou-se com o espelho.

- Kami... – sussurrou ao ver-se refletida.

Os olhos estavam delineados com um lápis preto forte e rímel, destacando os grandes orbes esverdeados dela. A sombra preta em cima dos olhos fazia seus olhos reluzirem em contraste com a pele devidamente maquiada e as maçãs do rosto destacadas com o blush rosado.

Os cabelos rosados estavam sedosos e presos perfeitamente a um coque firme.

- Você está linda! – Sakura viu o reflexo da cabeleireira  atrás de si enquanto sorria.

- Obrigada.

Sakura levantou-se e despediu-se de cada uma das mulheres que lhe haviam estado com ela durante as horas. Estava grata por tudo, não só pela transformação como também pelo tratamento.

Por pouco, ela não se perdeu para voltar a recepção. Por sorte, seus olhos encontraram a silhueta de Chyo sentada em uma das cadeiras do hall, lendo distraída uma revista.

- Estou pronta, Chyo. – ela anunciou nas costas da governanta.

Ao ver a Haruno tão bela, Chyo não teve palavras para elogiá-la. Era engraçado ver como uma simples maquiagem e um penteado diferente transformavam uma pessoa. 

- Não me olhe assim, Chyo-san. – Sakura encolheu os ombros envergonhada e pegou a governanta pelo braço.

- Você está maravilhosa, Sakura-chan! Não...  está mais que isso... – Chyo terminou de pagar à recepcionista o dinheiro correspondente aos cuidados de beleza da Haruno e seguiu juntamente com ela para o carro. – E precisamos correr, porque já estamos atrasadas!

Sakura apenas mordeu o lábio com força. Problemas eram o que ela menos queria ter com Sasuke.

 

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As horas passaram voando desde que Sakura e Chyo chegaram na mansão Uchiha.  Sempre tomando cuidado com o cabelo e com a maquiagem, e claro, com a ajuda da governanta, ela pôde vestir-se em pouco mais de uma hora.

- Está maravilhosa, Sakura! – concluiu a senhora ao vê-la definitivamente pronta. – O vestido, as sandálias, o cabeço... Kami, você vai ser o centro das atenções.

- Obrigada, Chyo.  Só espero fazer tudo certo...

- Vamos, precisamos descer. Logo Sasuke-san estará pronto! – Chyo avisou já na porta do quarto de Sakura. 

- Já estou indo, Chyo.

Vendo a governanta assentir e retirar-se do quarto, Sakura deu uma última olhada no espelho e não reconheceu-se. Não sabia que atrás de uma moça tão simples e normal, como se julgava, poderia existir uma mulher linda como a refletida no espelho.

Suspirando ela retirou-se do quarto e caminhou pelo corredor concentrando-se em andar como Chyo havia lhe ensinado dias atrás e deduziu que melhorara muito. Já não era tão difícil manter-se sobre os saltos agulha.

 

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Terminando de arrumar o laço da gravata vermelha, Sasuke virou-se a procura do paletó de cor escura, que era a última peça que faltava do seu traje. 

Estava sem vontade de ir ao tal jantar beneficente, mas pelo menos seria um bom teste para a garota. Haveriam poucas pessoas, a imprensa não estaria lá e seriam apenas algumas horas. Horas suficientes para ver o empenho e a inteligência que Chyo tanto elogiara.

Ajeitou o paletó nos ombros e fechou os botões do mesmo. Estava pronto.

Sasuke desceu as escadas despreocupado e logo encontrava-se no andar debaixo. Avistou Sakura e Chyo conversando animadas próximas da janela. A Haruno estava de costas para o Uchiha e Chyo assim que o viu, acenou.

- Sasuke-sama já está pronto... – ela comentou para a rosada, que virou-se imediatamente.

Ela encarou o homem parado em frente às enormes escadarias da mansão trajando um terno preto, com sapatos da mesma cor que pareciam ser  novos e os cabelos permaneciam arrepiados, como de propósito.

Sakura precisou de muito controle para não deixar sua boca abrir com a visão do patrão arrumado.  

- Boa noite, Sasuke-sama. – balbuciou sem encará-lo.

- Boa noite. – respondeu-a.

 Involuntariamente estreitou os olhos para confirmar que a visão da mulher pouco distante de si era a mesma mal educada e sem qualquer atrativo aos seus olhos.

- Vocês já vão?! – perguntou-lhes.

- Ela já está pronta!? – Chyo concordou com um aceno de cabeça. – Acho melhor irmos. Quanto mais cedo formos, mas cedo voltamos.

Lançando um olhar não muito amigável para Sakura, Sasuke retirou-se e ela olhou para Chyo com as sobrancelhas levantadas. 

- Vai dar tudo certo, Sakura. – afirmou a governanta.

Com um sorriso nervoso, ela seguiu o mesmo caminho que ele. Seu “teste” estava apenas começando.

 

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Demoraram pouco mais de cinqüenta minutos para chegar ao jantar beneficente.

O carro parou em frente a uma casa enorme com portões pretos e um jardim devidamente cuidado com uma placa branca  escrito  “Konoha’s Orphanage” em letras pretas.

-  É um orfanato. – Sasuke disse depois de ver a expressão de dúvida no rosto da Haruno.

- Ah, sim. – concordou sem graça.

- Antes de entrarmos, temos algumas coisas a acertar... – vendo que Sakura não fizera qualquer objeção, ele continuou. – Tente ser o mais discreta possível e faça uso de tudo o que Chyo lhe ensinou!

- Sim, Sasuke-sama.

- E não me chame de Sasuke-sama na frente deles. – ela confirmou com um aceno de cabeça. – Será um jantar rápido, nada muito demorado.

Logo eles já estavam estacionando em uma das vagas do estacionamento do local. Como ele tinha dito, não haviam muitos carros ali.

 

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O interior do salão do orfanato era todo branco, com uma mesa de jantar extensa impecavelmente colocada exatamente no centro. Havia uma enorme escultura de gelo em um Buffet ao lado esquerdo da mesa, decorada com frutas e um enorme recipiente com um líquido rosa.

Como Sasuke havia dito, não haviam muitas pessoas. Apenas alguns casais conversavam animados em uma pequena roda e alguns empregados transitavam ora ou outra através de uma porta.

Os dois andaram lado  a lado até próximo da roda e viram um loiro interromper a conversa e acenar para eles.

- Boa noite. – Sasuke e Sakura disseram ao mesmo tempo.

- Boa noite. – os outros responderam.

- E aí, Teme. Não vai nos apresentar a sua namorada?! – Naruto alfinetou o amigo que estreitou os olhos.

Sasuke pigarreou.

- Haruno Sakura. – o Uchiha apontou para a garota ao seu lado e depois voltou-se rapidamente para ela. – Esse é Uzumaki Naruto. – Apontou para o loiro vestido com um terno de cor creme e camisa branca. Em resposta, Sakura sorriu discretamente. – Uzumaki Hinata, esposa de Naruto. – dessa vez, ele voltou-se para uma morena vestida com um vestido roxo escuro elegante. – Yamanaka Ino. – apontou para a loira usando um vestido vermelho chamativo, que sorriu simpática para a rosada. – Sabaku No Gaara. – um ruivo vestido com um terno preto.

- Prazer. – Sakura sorriu levemente.

Era uma situação desconfortável ir a um lugar desses, com pessoas que pareciam tão refinadas e educadas e tendo que pensar em suas palavras e atos para não arriscar perder seu emprego.

- E onde se conheceram?! – dessa vez Ino se manifestou curiosa. – Nunca a vi antes em nosso meio, Sakura.

A Haruno sentiu seu sangue sair de seu corpo. Nem havia pensado nisso e sentiu os olhares analíticos sobre si, olhou para Sasuke.

- Em uma viagem, Ino. – respondeu ele naturalmente, como se já tivesse pensado na resposta.

- Que lindo! – a loira exclamou com ar sonhador e quando Sakura menos esperou, sentiu ser puxada pela mão. – Venha, Sakura. Vamos deixar os homens conversando e nos conhecer melhor, certo Hinata?!

- Claro. Vamos, Sakura-san... – sorriu a morena.

Assim que perceberam as mulheres se distanciarem, Gaara anunciou que iria conversar com o dono do orfanato, deixando o Uzumaki e o Uchiha sozinhos.

- É ela?! – Naruto perguntou surpreso.

- É.

- E você disse que ela era normal?! – perguntou indignado. – Teme, você só pode estar cego...

- Menos, Dobe. – grunhiu o moreno. – Só espero que ela não estrague tudo.

Naruto estreitou os olhos com o comentário do amigo.

- Quem vai estragar o quê!? – a voz de Gaara fez-se presente nas costas de Naruto.

Sasuke imediatamente estreitou os olhos para o amigo e fitou o ruivo que juntava-se a eles.

- Nada... – os dois responderam automaticamente.

- O que o dono do orfanato disse?

- Antes do jantar haverá um leilão de alguns móveis caros que foram doados para a instituição, como Naruto havia falado. Espero que não demore muito. – Gaara resmungou ajeitando o relógio de pulso. – Ei Sasuke, você arrumou uma bela namora hein?! Não sei como você conseguiu arrumar esse avião sendo desse jeito.

- Você não é o único, Gaara! – Naruto grunhiu lançando um olhar reprovador para o amigo.

Seria uma longa noite para o Uchiha.

 

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Enquanto isso no jardim do orfanato, Sakura, Hinata e Ino conversavam animadamente.

Pelos poucos minutos com as duas, Sakura pôde notar que eram diferentes tanto no modo de agir como no modo de pensar. Hinata era mais reservada, discreta e envergonhada que Ino.

- Você tem uma sorte, Sakura! – os olhos da Yamanaka reluziram.

- Desculpe. Como assim?! – perguntou-a sem graça.

Incrédula, Ino olhou para a Hyuuga que parecia não entender o comentário da amiga.

- Quando eu digo que você tem sorte estou me referindo ao Sasuke-kun. – ela respondeu com voz irônica. – Mulheres matariam para ficar ao lado dele.

- Também não é para tanto! – resmungou a Hyuuga. – Não se pode acreditar em tudo o que a Ino-chan diz, Sakura-san.

Em resposta a Haruno sorriu para Hinata.

Um dos garçons surgiu no jardim com uma bandeja contendo algumas taças de espumante e ofereceu a elas.  

- Estou com sede. – resmungou a loira, tomando um dos copos nas mãos.  – Peguem, meninas...

- Não, obrigada. – Sakura dispensou a bebida educadamente e Hinata fez o mesmo.

As duas ganharam um olhar de reprovação de Ino.

- Meu organismo não tolera álcool... – Hinata comentou sem graça, arrancando risadas de Ino e de Sakura.

- E como o Sasuke-kun te trata, Sakura?! Ele é romântico?

- É... Apesar de ser bem ocupado. – Sakura respondeu com a voz falha.

- Sasuke-san ficou algum tempo sozinho depois que a Suky-san faleceu. – Hinata comentou. – O Naruto-kun ficou bem preocupado com ele, porque sua rotina se baseava em ir trabalhar e ficar em casa.

- Pelo menos ele foi viajar e encontrou a Sakura, não é?! – Ino sorriu bebericando outro gole de champagne.

Sakura sorriu em resposta. Não sabia até quando aquela farsa seria sustentada.

Algumas pessoas começavam a chegar no orfanato. Segundo Ino, a maioria dos homens ali eram donos ou chefes de grandes empresas que ajudavam que o orfanato não fechasse. 

- Quantas crianças moram aqui? – a Haruno perguntou curiosa. Era estranho não ter visto nenhuma até agora.

- Cerca de 190 crianças, Sakura-san. – Hinata respondeu. – Esse jantar é justamente para arrecadar fundos para o orfanato. Esse prédio é um tanto antigo e todos os meses os donos precisam reformá-lo para manter a segurança das crianças... por isso, sempre precisam de um orçamento reserva.

- Entendo.  E as crianças?!

- Segundo Gaara, eles alugaram uma casa mais ou menos como essa e hospedaram as crianças por essa noite. – Ino respondeu. – Mas não entendo o porque de não comprarem uma casa mais espaçosa e mais nova...

Sakura não deixava de concordar com Ino. A casa apesar de grande parecia não ser tão nova, apesar de bem conservada.

- Na verdade o dono herdou essa casa e para ele tem um valor sentimental.  Além disso, as crianças já são acostumadas com essa casa...

A rosada viu mais algumas pessoas chegarem devido a visão privilegiada do jardim.

- Acho melhor entrarmos... – ela comentou.

- Tem razão. Acho que ficamos mais de uma hora aqui...

 

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Durante quase duas horas Sakura e Sasuke, acompanhados dos amigos, assistiram o leilão que arrecadaria fundos para a instituição.

Cômodas, cadeiras, mesas e guarda-roupas  de madeira rústica foram alguns dos diversos objetos que foram leiloados ali. Sakura ficava cada vez mais impressionada com todas aquelas novidades em sua vida, não só pelo fato de nunca ter visto móveis tão lindos como aqueles expostos, como o preço que aquelas pessoas pagavam pelos mesmos.

Ino e Hinata estavam sentadas na fileira da frente onde um pequeno palco tinha sido montado de forma improvisada. Seus respectivos companheiros as acompanhavam e algumas vezes viravam-se para Sasuke para dizer alguma coisa.

“- Agora senhoras e senhores, uma belíssima poltrona de couro de búfalo na cor negra, doada pela Akatsuki Corporation. Vamos começar com um lance de três mil dólares?!”

- Pensei que o Itachi viria, Teme... - Novamente, Naruto voltou-se para trás. Aquela poltrona foi uma doação justamente do sócio da empresa e irmão de Sasuke, Itachi.

- Hum. – murmurou  seco.

Sakura olhou de esgueira para o moreno ao seu lado. Ele parecia que estava sendo obrigado a estar ali e não fazia questão de tentar demonstrar estar confortável com ela.

Assustou-se quando Sasuke levantou a placa em suas mãos.

- Treze mil dólares. – ele disse com a voz firme.

Involuntariamente Sakura arregalou os olhos. Não acreditava na coragem dele em pagar aquele valor em dinheiro em uma simples poltrona. Chegava a ser ridículo.

- Treze mil para Uchiha Sasuke. – o apresentador do leilão anunciou, procurando com os olhos alguém que imitasse o mesmo gesto dele e desse um valor maior ao objeto. – Eu ouvi treze mil e quinhentos?!– Ninguém se pronunciou. – Então, a poltrona de couro de búfalo é vendida para Uchiha Sasuke no valor de treze mil dólares. Parabéns, Uchiha-san.

As poucas pessoas presentes bateram palmas pela mais nova posse do moreno e logo voltaram-se de volta ao palco onde um quadro seria leiloado.

- Eu já volto. – ele murmurou levantando-se em seguida.

 

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O leilão já tinha acabado há alguns minutos e Sasuke não havia voltado. Sakura pensou seriamente em procurá-lo, já que o apresentador do leilão avisou que o jantar seria servido, mas preferiu não fazê-lo.

- Vamos, Sakura! – Ino tocou-lhe o ombro.

Ao voltar-se para trás, viu os dois casais a esperando.

- E o Sasuke-san?! – a Hyuuga perguntou vendo que ela estava sozinha e um pouco perdida.

- N-não sei... – respondeu envergonhada. Não deixou de notar a cara de poucos amigos que Naruto fez  quando ela respondeu.

- Que indelicadeza deixar a nova namorada e sair sem dizer aonde vai! – Ino exclamou irritada. – Venha conosco, Sakura.

Mesmo a contra gosto e relutante, ela seguiu os quatro até onde o jantar estava prestes a ser servido. Seu teste começaria no minuto em que sentasse naquela mesa e precisava lembrar de absolutamente tudo que Chyo havia lhe ensinado.

Assim que sentou-se reparou nos objetos a sua frente. Um guardanapo dourado dobrado em forma de triangulo sobre um prato raso de cor branca, duas taças de cristal vazias, três garfos de formatos diferentes colocados do lado esquerdo do prato e três facas colocadas ao lado direito do mesmo, além da colher que estava na parte superior do prato.

“Postura ao se sentar!” Sakura ajeitou-se quando as palavras de Chyo vieram-lhe  na mente.

“Coloque o guardanapo no colo.” Tentando controlar o tremor das mãos, pegou o guardanapo em mãos e desdobrou-o delicadamente pousando o pedaço de pano no lugar onde Chyo tinha lhe ensinado.

“Os cotovelos não devem ficar na mesa.”

Ela viu Sasuke sentar-se ao seu lado e desviou o olhar dele.

Sasuke percebeu que Sakura já tinha se arrumado para a refeição. O guardanapo no colo e a postura estavam mais que perfeitas, o que surpreendeu-o.

Um garçom aproximou-se dela com uma garrafa de vinho nas mãos e perguntou com gestos se ela desejava que despejasse o líquido numa das taças.

- Não, obrigada. – dispensou a oferta com um sorriso doce.

O jantar começava a ser servido. Cada garçom com uma bandeja na mão aproximou-se da mesa e colocou um prato com sopa de coloração amarela em frente a cada convidado ali.

“Se é uma sopa, usarei uma colher.” Deduziu rindo internamente de si mesma.

Cada movimento dela era milimetricamente observado por Sasuke. Estava impressionado com a naturalidade que ela apresentava ao realizar suas ações.

Olhava para todos os outros, sorria discretamente para suas novas “amigas” e até mesmo para os garçons que aproximavam-se para retirar os pratos vazios... sorria e olhava para todos, menos para ele.

E era aquilo que o irritava.

 

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Havia terminado. Finalmente o jantar tinha acabado e ela estava  jogada na cama de casal do seu quarto. Os pés descalços ainda latejavam por ficar tanto tempo com o salto agulha, mas estava pensativa.

Nem havia visto Chyo desde que chegara e era isso que pensava em fazer agora.

Saiu do quarto rapidamente e desceu as escadas ainda usando o vestido que vestia no jantar. Precisava agradecer a Chyo por tudo.

Atravessou a sala em passos silenciosos e rumou para a cozinha, onde a porta estava aberta e a luz acesa. 

- Chyo?! – ela chamou, mas encontrou somente Myia, a senhora cozinheira. – Myia-san... – ela sorriu. – Você viu a Chyo-san?!

- Ela foi falar com o Sasuke-san. – Respondeu limpando as mãos em um pano, depositando-o no balcão logo em seguida.  

- Ah... posso esperar ela aqui?!

Myia apenas assentiu e mostrou uma das banquetas que ficavam no balcão.

Sem pestanejar ela entrou e acomodou-se ali mesmo.

- Como foi no jantar?!

- Acho que fui bem... – murmurou. – Mas Sasuke-sama pareceu bem irritado na volta para a mansão. Ele não falou uma palavra...

- Sasuke-san não é uma má pessoa, Sakura-chan. Muito pelo contrário... - Myia retirou  o avental e colocou num gancho próximo a pia. – Eu vi vocês saindo e devo dizer que você estava linda!

- Ah Myia, é bondade sua. – comentou envergonhada. – Além disso, fiquei quase meio dia naquele salão de beleza. – riu.

Elas ouviram passos e logo em seguida viram Chyo entrou cozinha a dentro.

- O que está fazendo aqui, Sakura?! Pensei que já estivesse dormindo.

- Estava conversando com a Myia-san sobre hoje.

Chyo também aproximou-se do balcão e sentou-se ao lado da Haruno. Logo em seguida, Myia fez o mesmo.

- Acabei de conversar com o Sasuke-sama... – Chyo franziu o cenho enquanto via os grandes olhos verdes de Sakura arregalados. – Ele me contou como foi o jantar.

Sakura sentiu seu corpo inteiro tremer.

- E-e então..?!

- Ele disse que você agiu com uma naturalidade inacreditável. – concluiu com um sorriso doce. – Não conversei muito com ele, mas pareceu-me satisfeito o suficiente para pedir que eu continue com as aulas.

- De verdade?! – perguntou atônita vendo Chyo fazer um sim com a cabeça. – Kami... eu... consegui! – Levou as mãos a boca, tentando conter o grito que queria soltar diante da notícia.

Feliz não era exatamente a palavra para dizer o que estava sentindo. Agora mais do que nunca se esforçaria nas aulas que Chyo lhe daria.

- Agora acalme-se... – ordenou Chyo vendo a Haruno remexer-se na banqueta que estava sentada. – E nos conte como foi o jantar!

- Oh, foi lindo! Tudo era tão lindo e segundo Ino todos os que estavam ali eram pessoas importantes. – as duas concordaram com um aceno, dando a permissão para Sakura prosseguir.

Tanto Chyo quanto Myia estavam debruçadas sobre a bancada de mármore escuro, ouvindo atentamente cada detalhe da noite que Sakura tivera. O modo como ela contava arrancava risadas das duas senhoras.

Sasuke havia acabado de sair do escritório quando ouviu as três mulheres conversando. Estava exausto e iria para seu quarto dormir, quando ouviu Chyo perguntar algo sobre ele.

Prontamente, ele interessou-se e, sorrateiro, ficou próximo da porta da cozinha.

- Ele comprou uma poltrona de couro por treze mil! – ela exclamou e Sasuke notou uma indignação na voz dela. – Imagina... treze mil dólares é muito dinheiro! Eu não daria nem um centavo por aquela coisa velha...

- Tsc... – Sasuke sorriu de canto e pelo som que ecoou na cozinha deduziu que as duas empregadas estavam se divertindo com a Haruno.

- Eu até pensei que eu tinha estragado tudo porque depois que ele comprou, sumiu... – ela deu uma pausa para suspirar.  - Eu fiquei com tanto medo de esquecer alguma coisa e decepcioná-lo...

- Ele pareceu gostar de como agiu, Sakura-chan...

Chyo tinha razão, ele tinha gostado de como Sakura havia se portado diante de seus amigos. Parecia uma verdadeira dama que estava acostumada com luxo e elegância. Mal sabiam que estavam diante de uma pessoa que jamais havia ido a esses tipos de evento.

- Ele disse que nos conhecemos numa viagem... – sussurrou alto o suficiente para Sasuke ouvir. – Acho que ficou com vergonha de dizer que eu era uma caipira que estava sendo paga para acompanhá-lo.

Ou os ouvidos de Sasuke estavam o enganando, ou o tom de voz dela soou triste.  Não soube o porque, mas aquela conversa já estava o incomodando. Tudo parecia conspirar para que ele sentisse pena da Haruno. Chyo o repreendera por deixá-la sozinha naquele dia em que foram comprar o vestido e Naruto dava-lhe olhares e indiretas furiosas de como ele deve tratar as pessoas.

Ela poderia ser muito aplicada, mas daria sérias dores de cabeça para ele.

 

 

Continua...