Regras de Sangue escrita por Moriah


Capítulo 4
Regra Número Três: Você cita sua carta suicida favorita.


Notas iniciais do capítulo

Perdoem a demora, errei. Mais de 10 dias porque o pc deu pau, pensem numa pessoa desesperada KKKK.
Espero que gostem, sinto se decepcionei vocês.



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Regra Número Três

Você cita sua carta suicida favorita 

 

Eu sentei em uma cadeira velha no meio da igreja e recebi um tipo de benção, em tantas línguas que podiam bem ser maldições.  Desejei poder pular essa etapa porque estava ficando enjoada outra vez, não só pela nova insígnia, mas pela falsidade no ambiente. Eles me oferecem e agora me desejam sorte?

Poderia estar indo direto para o castelo e seria melhor que toda essa embromação, isso com certeza era uma tortura psicológica das boas. Lembro-me de pensar que ao fim o nó no meu estômago seria desfeito e tudo ocorreria bem, mas eu só estava me esforçando para ser bastante otimista. O nó no estômago foi substituído por um caroço enorme na garganta, que não era desfeito por nada, nem a brisa, nem o vento de tempestade, nem a quase chuva... nada desfazia.

Sandy segurava minha mão enquanto contornávamos a igreja. Atrás havia um poço, um banco velho e minha família. Desejei mais que tudo desligar essa parte tão pessoal, tão definitiva. Tão adeus. Havia um guarda escondido mais atrás, pois muitos foram designados após o ataque as duas selecionadas. O cocheiro fumava, mas se distanciou no instante em que passei. Sabia que estava quase chegando na hora.

Eu olhei para as mãos de Sandy nas minhas, era nova e suas mãos eram calejadas e de unhas curtas — mostrando um nervosismo precoce para a idade. Eu soube ali que agora jamais poderia protegê-la outra vez. Seu cabelo escuro estava escorrido, como sempre preferia deixar, dividido em duas tranças para trás dos ombros.  Eram nossos últimos momentos em família e agora eu via como éramos tão despedaçados. Cecily estava ali, Raymond segurava sua mão. Foram os primeiros a me abraçar, Raymond beijou minha testa — ele se tornou, superando muitas expectativas, a única figura masculina na nossa família, ainda assim agora mais do que nunca os Howard eram apenas mulheres solitárias. Pensar nisso me deixava sem ar.

Sandy não soltou minha mão, nem mesmo quando Cecily começou a chorar e me abraçou.

— São os hormônios, eu acredito em você, são os hormônios... — e ria, e chorava, e fungava, e me apertava contra si. Eu nunca a amei tanto. — Você precisa me prometer que vai aparecer quando ele nascer, está me entendendo Astrea?

Eu sorri, sabia o que ela estava fazendo me impondo uma divida para que voltasse mais tarde quitá-la. Papai havia nos ensinado aquilo, “quem tem honra não morre devendo algo”, mas era inevitável pensar que... bem, ele tinha... ah, você entende, ele ainda devia um lote de coisas.

— Ele só tem você e Sandy como tia, e Sandy é uma bela mão de vaca desde... Bem, desde sempre. Sobra apenas você para paparicar meu filho com as carezas que ele merece.

— Uau, você é uma interesseira Cecily — fingi ficar boquiaberta. — Ao menos poderá dizer ao meu sobrinho que eu apareci na TV, quem mais pode dizer isso nesta cidade?

Cecily bufou.

— Certo, poderá dizer a ele que eu o amo muito também, mas só depois de explicar minha fama.

Ceci sorriu e me abraçou outra vez, mais forte, seu barrigão entre nós.

— Você já é uma mãe deslumbrante, Ceci, e meu sobrinho é o mais afortunado de todos os seres por ter você e Ray.

Cecily sempre fora o lado feminino de nossa casa, planejando cada canto para que, mesmo em um lugar como Dimer, tudo fosse quente e hospitaleiro como Molly merecia. Depois que papai se foi com Max, ela transformou-se no braço direito de mamãe e parecia improvável que conhecesse qualquer pessoa da sua idade estando sempre bordando junto com uma velha trancafiada em casa. Fora uma surpresa quando os Lewis mudaram-se para a casa à frente. Eu jamais a vi tão feliz como quando se casaram, e jamais a vi tão triste como hoje. Nem mesmo papai foi capaz de quebrá-las tanto.

Sandy soltou minha mão quando outra mais calejada foi colocada em meu ombro esquerdo. Eu sabia o que não esperar, ainda assim Sirius sempre fora parecido com papai e ao me virar meu coração chamuscou um pouco mais ao não ver Lazzarus Howard.

— Oi, As — ele bagunçou meu cabelo, como quando éramos menores. Suas covinhas apareceram e ele ria enquanto eu o abraçava. Eu queria parar tudo neste instante. Oito meses desde que eu não o via e agora estava caminhando para a morte.

 — De todas as confusões que podia ter nos metido As... — Sirius assobiou — eu não sei como vamos sair dessa sem alguns arranhões.

Ele sorriu outra vez, como quando jogávamos dentro da floresta, como quando roubávamos na feira. Como se os Jogos fossem passar e não deixar nada além de alguns xingões para trás. E eu quase o amei por isso.  

— O que faz aqui? — perguntei, meio atordoada. Mamãe sorria ao fundo, abraçando Sandy.

— Achei que Chrys houvesse avisado... — sorriu acanhado. — Eu não podia não vê-la antes de partir.

— Achei que estaria por lá — o estudei.

— Eu vou, mas lá... bem, você é uma selecionada. Eu devo chamar de senhora e obrigá-la a obedecer horários, regras e etc. — Deu-me então uma careta. — Isso não parece muito como a gente faz as coisas — ele mostra o espaço entre nós, a tensão.

— Acho que é fácil esquecer como fazemos qualquer coisa após oito meses — dei de ombros. Eu não devia estar o atacando, não numa noite como aquela.

Ele suspirou, rendendo-se.

— Você tem razão.

— Eu estou feliz — dizemos juntos e então rimos. — Estou feliz por você estar aqui, você irá me acompanhar?

— Eu estou feliz por estar aqui, As. E mesmo que eu precise matar seu guarda e esconder o corpo, com certeza irei com vocês. Não posso ficar — outra careta, de ambos.

Mal havia chegado e nem mesmo poderia dar consolo para as mulheres que ficavam para trás? Não parecia o Sirius que fez promessa sobre promessa para nosso pai. Não era mais uma criança prometendo coisas que não podia ou pretendia cumprir.

— Fique com elas — digo. Não era um pedido.

— Eu não-

— Sirius — ralhei. O resto da família ajudava Cecily a encontrar uma banco velho para sentar-se e não se dava conta da discussão crescendo — elas precisam de nós, elas...

— Mamãe sabe se virar melhor do que nós dois juntos, As.

— Mas ela não precisa — céus, eu queria dar-lhe um soco bem dado. — Sua namorada pode esperar.

Sirius congelou, colocando as mãos nos bolsos.

— É um belo anel — sinalizo para sua mão direita, porque era realmente um belo anel que poderia ter passado despercebido em qualquer mão feminina, mas havia redemoinhos demais nele para serem deixados de lado, redemoinhos sempre foram uma especialidade dos Howard. — Fique e conte a história para mamãe essa noite, ao jantar. Traga-a e apresente-a antes de partir. Aja como alguém que ainda pertence a nós.

Sirius não diz nada, estava tão frio que sua respiração podia ser vista no ar entre nós. Sirius parecia exausto.

— Mamãe gostou dela — eu disse, por fim.

Ele não pode responder nada mais, pois Sandy me puxava para si e ele foi dar atenção a mamãe e Cecily.

— Eu não queria ter que soltá-la — ela murmurou. — Eu não sei como me despedir do jeito certo, eu posso ficar com a sua cama agora?

— Não mexa nas fotos — emendei, após concordar.

Ficamos em silêncio com os mindinhos entrelaçados.

— Eu espero que você não mude — ela me sorriu fracamente. Isso queria dizer que acreditava no meu potencial de sobreviver, e o que mais a perturbava era que eu mudasse. Que fosse tirada delas de todas as formas também.

Eu não sabia ao certo o que dizer, Sandy sempre fora quem eu tentara proteger sobre todos os outros. Ela não precisaria manter uma casa tão precária como Molly, não precisava ir lutar outras guerras como desculpa para se afastar de Dimer que facilmente a sufocaria assim como Sirius, não precisava desligar-se da sociedade como Cecily fizera cedo demais, jamais precisaria caçar como eu todos os dias fazia, mas quando eu entrasse na carruagem todos saberiam que eu havia fracassado com ela.

— Sei que as coisas não vão ficar bem como antes, sei que isso machuca você — as lágrimas subitamente subiram seus olhos escuros e eu me senti totalmente desarmada. — eu entendo. Você sempre será o meu maior exemplo e nada nunca irá afetar o que você é para mim. Não mude, eu quero saber que me inspiro em alguém que continua a mesma sob todas as perspectivas.

Eu não poderia prometê-la coisas do tipo e ela sabia. O silêncio após suas palavras foi curto e confortável.

— Eu fui um saco com você — comentei, depois de um tempo de reflexão.

Nós começamos a rir.

— Nós fomos uma droga — ela concordou, rindo. — Você mandava eu fazer absolutamente tudo por você.

— É verdade. Era meu dever como irmã mais velha — limpei as lágrimas nos cantos dos olhos. Suspirei sentindo o peso de tanto fracasso em meus ombros: — Eu não gosto de como todos parecem agir como se eu fosse boa demais para passar por uma coisa dessas — ri secamente. — eu sou uma bela bosta, Sandy.

— Todos nós somos — ela murmurou, cansada.

— Cibele — sussurrei, alisando seus cabelos. Filha da terra e do céu. Eu gostaria de saber o porquê. Porque nós éramos vendavais, mas ela ainda assim era filha do céu e da terra.

— Não me chame assim.

— É um belo nome.

— Eu sei — suspirou. O cocheiro assobiou, aparecendo na lateral da igreja, sinaliza algo para Sirius. — Acho que é a vez de mamãe agora.

— A culpa é sua se o príncipe me achar horrível com esses olhos inchados de choro — mostrei-lhe a língua, e ela ri ao se afastar. 

Parecia que um caminhão havia passado por cima de todos.

— Do que tanto vocês duas riam? — mamãe se aproximou. Era sua vez de me dar tchau. Adeus. Enfim.

— Estávamos imaginando tudo o que faríamos com nosso sobrinho quando Ceci e Ray não estivessem por perto.

Molly sorriu. Não caía mais em meus truques, eles eram velhos demais para ela, afinal meu mestre fora papai, o homem que casou com ela há vinte e nove anos atrás.

Ela começou seu discurso como todos os outros começaram, mas mentiu ainda melhor do que os outros: porque mães mentem o tempo todo. É como uma regra de como ser mãe. Mentem para fazer com que a gente se sinta melhor, lembrei-me automaticamente da sua velha mentira sobre não gostar de chocolate porque é mais fácil dividir uma barra entre quatro pessoas (seus filhos) — quando ela simplesmente amava chocolate. O coração de Molly era expert em amores partindo, também, e eu desde pequena decorava o mosaico em que a vida transformara seu coração. Quantos dos pedaços vinham da aquisição do papel de pai sobre o seu de mãe? Quantos vinham do Sumiço de Leaf? E da partida de Sirius?  Molly sacrificara mais que o seu dever como mãe a cobrava e eu gostaria que todos que a conhecessem soubessem disso. É por isso que eu escrevo estas palavras, porque mesmo que meu nome seja riscado da história, eu tive a mãe mais poderosa, forte e amável que alguém poderia ter. Molly Howard sempre fora uma inspiração, ela se doara e se doera em tudo sem medo. Sem hesitação.  

Olhei para ela desejando gravar cada pedacinho da sua face enquanto seus olhos buscavam os meus. Os anos haviam deixado sua marca em seu rosto, tão cansada sempre. Com olhos exaustos.

— Você é linda — eu sorria. — Gostaria de me parecer mais com você.

— Você parece com seu pai, eu gosto disso — ela afagava meu cabelo, me puxando para seu ombro. Já era menor que eu. — Gosto de você assim, pois sonhei com você assim, Tea.

TeaPapai me chamava de Tea.

— Eu queria ser como você.

Molly se afastou o suficiente para beijar minha testa, nas pontas de seus pés, e pegar minhas mãos, respiramos profundamente.

— Acredite, meu bem, você é melhor.

Nós ficamos nos encarando, até que ela desviou seu olhar para a lua sobre nós. Estava chorando.

— Olhe para mim, mãe — pedi.

— Astrea — ela murmurou, voltando os olhos para mim. Havia o brilho de mil estrelas refletidas nas lágrimas que segurava. Havia vendavais no esforço que fazia para não chorar. Levei minha mão aos seus cachos, colocando um deles atrás da orelha.

— Está tudo bem, mãe.

— Astrea, eu... — ela pausou engolindo em seco o primeiro soluço. — Eu queria poder salvar você.

Seus olhos traziam arrependimento, desolação, uma mistura de coisas destrutivas e amargas. Eu jamais me esqueceria desse olhar.

 — Mãe, não-

— Eu me sinto péssima — me interrompeu, agitada. — porque você pode vencer, Tea. Pode sim. E isso deveria ser meu maior alívio, mas... isso me apavora — ela leva os dedos gelados para baixo da manga da minha camiseta, tocando uma insígnia velha. — Eu tenho ainda mais medo que vença.

— Mãe, se eu vencer estarei segura. Ninguém machucará uma rainha  — Eu não acreditava muito bem nisso, mas tomei sua mão para confortá-la e a apertei contra meu coração. —, ficarei bem.

— Eles não querem uma vencedora, Astrea.

Querem uma rainha. Eu sabia bem. Qualquer mulher serviria, como uma peça facilmente substituível sempre.

— Tome cuidado — mamãe pediu. Doeu em mim seu desespero.

— Eu tentarei com todas as minhas forças resolver tudo isso, mãe, para todos nós — mas não havia o que resolver e se houvesse eu não saberia como, não para nós: uma família de mulheres abandonadas, pobres e estranhas para seu povo. Nem tudo pode ser consertado, as coisas são assim, sempre foram, sempre serão.

Ela apertava minhas mãos tentando segurar a nova leva de lágrimas.

— Não me espere em casa — limpei suas lágrimas —, não me espere para o almoço, para o café, para o jantar. Me espere para descansar, mãe. — Seu corpo tremeu enquanto um soluço velho e bem guardado foi liberado dela, segurei seu rosto enquanto ela tentava virar-se de costas. — Eu sei que você deu tudo o que tinha, tudo Senhora Molly. Obrigada por esse amor, por esse coração e por essa vida, nenhuma mãe faria tanto — sorri — e se houvesse alguém capaz de me salvar, seria você. 

Então ela desabou e eu a abracei, a cada soluço eu era inundada por mais lembranças: de papai saindo com Max, de mamãe abatida por um bom tempo, de Sandy chorando quase todas as noites, de Cecily quase rejeitando seu casamento por nossa família, de Sirius indo embora. Eu nunca havia compreendido muito bem como alguém transforma uma carta de suicido em uma carta de amor profundo, mas aqui estava eu citando Virginia Wolf para mamãe. E era verdade. Agora entendia.

Será isso que mortos fazem? Citam suas cartas de suicídio favoritas?

♔ ♕ ♚ ♛

— Com sua licença, minha mãe, Astrea precisa partir agora, o cocheiro não conseguirá ganhar tempo na estrada se não forem agora — Sirius diz, batendo uma continência quase imperceptível ao nos interromper.

“Forem”. Eu não pude segurar o olhar inquisitivo que ele apenas ignorou.

As fossas chegaram depois dos sons das patas e ronronados. Vinham jogando-se umas contra as outras, como uma família costumava fazer.

— Nossa! — soltei surpresa. — Acbor está imenso.

Ele bocejou, parecia ouvir esse tipo de coisa o tempo todo. Eu não fazia ideia que os animais também passavam por treinamentos, mas Acbor estava quase do tamanho de um potro e sua pelagem parecia bem cuidada, apesar de ter cicatrizes em sua cabeça e cauda.

— Ele se mete em muitas brigas com o resto do exército — Sirius diz, encerrando o assunto. Isso queria dizer que Sirius andava se metendo em brigas na Guarda Azul?

Abaixei-me para ficar na altura de Acbor e o abracei assim que se aproximou. Ele recostou a cabeça em meu ombro rapidamente antes de lamber minha orelha.

— Também estive com saudades garotão, Dalva tem andando muito solitária — virei-me para Sirius: — Sky ainda parece frágil demais para caçar, eu não sei se ela não é mesmo anã.

Sky regurgitou, irritada. Estavam todas as fossas Howard lá, divididas entre se despedir de Dalva ou matar a saudade de Acbor.

— Não havia visto Dalva antes, ela parece bem mais... madura? — Sirius cruzou os braços, permitindo-se observar a cena das fossas.

— Rabugenta, com certeza — mamãe concordou. Revirei os olhos, mas meu coração se apertava.

O endurecimento de Dalva era evidente perante as outras, até Acbon olhava com certo cuidado para ela. Freja, a fossa de Cecily, com pelos brilhantes e rabo sempre erguido de modo antinatural — a fim de não sujar-se — parecia respeitar Dalva e esquecer-se que era a mais velha no grupo, depois do único macho, até mesmo Sky parava de bobear-se perante um olhar de Dalva.

— Eu acho que a transformei em uma espécie de general — sussurrei.

Mamãe entendia. Sirius quase.

— Vocês ainda tem... aqueles problemas de comunicação? — Sirius estava com pena. Acbor olhava para Dalva com pena. Não devíamos ser as pedras que éramos, afinal.

Assenti com a cabeça, eu não gostava de conversar sobre isso: minhas complicações com Dalva. Vivemos dezessete anos longe uma da outra, algumas coisas pareciam recentes demais entre nós, mas eu odiava ver tudo como falhas.

— As coisas melhoram — mamãe disse. Eu sabia que estava pensando em Max, mesmo que não falasse nela há muito tempo, Sirius também notou, pois logo a culpa voltou aos seus olhos e soube que ele não partiria tão cedo. Mais um abandono seria demais para Molly Howard, não importasse o tamanho do Iceberg que dizia existir em seu peito. 

O pastor alemão de Ray latiu para o cocheiro quando ele apareceu outra vez, ainda mais irritado.

— Eu já sei — digo indo em sua direção. — Ray, não deixe Ceci escolher o nome, por favor, ela tem o péssimo gosto de nosso pai, Cibele Theresa é a prova viva disso.

Entre protestos e risadas Dalva roçou as orelhas na minha perna esquerda. Estávamos partindo, então.

— As — Sirius chamou, antes que eu voltasse para a frente da igreja, onde a carruagem motorizada me esperava. — Eu gostaria de poder falar durante a viagem, eu... eu sinto muito, mas acredito que pode vencer. Preparamos você relativamente bem para tudo isso.

Ele estava errado, mas eu sorri. Fui preparada para achar alimento e sempre encontrar o caminho de casa. Para esconder as insígnias e manter as transformações de Dalva desconhecidas por todos, para me esconder de todos, mas me esconder não era uma alternativa agora e Deus, eu precisava mesmo disso.

— Qual é o conselho de hoje então, senhor? — bati uma continência.

— Não morra. A não ser que seja estritamente necessário.

Sorrimos. Eu gostaria de dizer que voltaria, mas mordi a língua.

Olhei para trás até que a cidade tivesse sumido e não houvesse mais luzes além das da estrada e da carruagem, e mesmo aí, continuei olhando para trás. Eu não queria me esquecer de nada. 

“Tudo o que te faz hesitar você deve guardar em seu coração, Tea. Eles dizem que esse é seu ponto fraco, mas é daí que você pode tirar as últimas forças. Quando tudo estiver perdido, lembre-se de tudo que faz seu coração apertar nas partidas e terá mais segundos para tentar voltar a vê-las.”. Papai considerava a frieza e esquecimento tipos de maldições imperdoáveis. 


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Notas finais do capítulo

Eh isto, para mais ataques rebeldes, mistério e agitação esperem o próximo capitulo hehehe c:



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