Lumus escrita por Ly Anne Black


Capítulo 4
Medo de Fadas




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Regulus morria de medo de fadas mordentes. O que não seria grande problema, se Grimmauld Place não estivesse infestada delas. Não importava quantas desfadificações Walburga contratasse, as danadinhas achavam frestas inalcançáveis nas entranhas da casa velha e colocavam seus ovos fora do alcance. Três luas mais tarde, lá estavam as coisinhas peludas de novo, mordendo quem se atravesse a andar pela casa à noite com os tornozelos de fora. 

Sirius logo aprendera que, se precisasse convencer Regulus ou se ele estivesse lhe azucrinando, tudo que precisava fazer era acumular um punhado das fadinhas de dentes afiados em um pote e mantê-las ao alcance. Por muitos anos isso funcionou, mas quando Regulus fez sete anos ele descobriu que havia um lugar na casa que nem as fadinhas, nem Sirius podiam alcançar; o armário de mantimentos da cozinha, fortemente guardado por Monstro. 

Sirius nunca entendera a amizade insólita entre o seu irmão e o elfo, mas nunca se atrevera a contar aos pais que quando Regulus sumia, é porque estava enfiado no armário de Monstro. O que Cygnus faria com a sua vara da disciplina se descobrisse que o filho caçula estava se associando com os elfos da casa, Sirius não queria imaginar. 

O armário ainda estava lá. Era menor do que Sirius se lembrava, e embora soubesse que era o caminho para encontrar Regulus, não achou que caberia ali dentro. 

Mas coube. Vantagens de estar morto, talvez? No fundo do armário empoeirado, fedendo a trapos de elfo-doméstico, encontrou Regulus. Sete anos de idade, magrelo e flexível, dobrado sobre as pernas, as mãos abraçando os joelhos. O rosto, sempre pálido por falta de exposição ao sol, lhe encarou em retorno. Os olhos, a cópia exata dos de Sirius, escuros e brilhantes, arregalados. 

— Sirius — ele disse, a voz trêmula, os nós dos dedos brancos, o corpo trêmulo. — Eu estou com tanto medo. Não deixe elas me pegarem. 

— Você sabe que está seguro — Sirius disse, confuso. — As fadas mordentes não podem te alcançar aqui. 

Ele sacudiu a cabeça com veemência e então era Regulus, dezenove anos, estatura ainda magra e flexível, os mesmos olhos brilhantes, o cabelo mais comprido, o braço irremediavelmente marcado, a caveira e a cobra reluzindo na pele pálida. Uma mão segurava a varinha, a outra tinha um corte profundo na palma, ainda pingando sangue. 

— Não as fadas — ele sussurrou. — As criaturas. Sirius, não deixe elas me pegarem. Não deixe elas me levarem, por favor, Sirius. 

Sirius olhou, e já não era um armário mas uma caverna. Estavam numa pequena ilha de pedra, ao seu redor um lago escuro, interminável. As criaturas vinham por ele, pelo seu irmãozinho, as suas mãos ossudas e mortas estendidas, querendo levá-lo para o fundo do lago com elas. 


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