Lover. escrita por Jones


Capítulo 3
i think he knows. - Draco e Astoria


Notas iniciais do capítulo

Música do capítulo: https://youtu.be/2d1wKn-oJnA



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We can follow the sparks, I'll drive. 

Em mais um daqueles eventos high society que eu sou obrigada a frequentar pelos meus pais desde a adolescência, eu o vi pela primeira vez. 

Não é verdade. Eu já tinha o visto umas dezenas de vezes: cabelo platinado, aparência cadavérica, feições antipáticas de tédio e o nariz mais em pé impossível, porém isso fora há anos. Era fácil se destacar naquela multidão de sorrisos pérfidos, plásticas e risadas igualmente falsas. Seus olhos cinzentos e cheios de dor eram reais.

Os Malfoy tinham sumido por um tempo desses eventos, na verdade, boa parte de uma sociedade que escolheu um lado perdedor e não bancavam os isentões como os Greengrass, sumiu. Não posso culpá-los... Eu também teria vergonha de ser seguidora de um genocida eugenista com pretensões nazistas. 

E esse é o tipo de tópico que meus pais pedem para eu evitar... Eles me acham um pouco, como eu posso dizer, insolente.

"Por que você não toma notas do comportamento de Daphne, Astoria? Ela sim se comporta como uma dama condizente ao nosso sobrenome!"

Porque eu não sou uma puxa-saco caçadora de maridos duas caras como ela. Simples. E como se ser uma dama fosse prioridade no século XXI.

Enfim, era a primeira vez que eu o via, sabe? Ele estava alto, um tanto mais forte - mesmo sendo magro, seu rosto tinha cor e ele tinha um daqueles sorrisos presunçosos no rosto. Devo dizer que era um belo exemplar de homem, não meu tipo, mas atraente. Obviamente o nariz continuava lá no alto, mas como o nariz de quem sabe que consegue e sabe o que quer e não mais o nariz de filho de papai que ele sempre ostentou.

Eu acho que ele sabe que eu estou encarando-o com um certo tesão. Mesmo que isso não seja elegante de minha parte, mas as mãos dele em volta daquele copo gelado estavam me dando literais arrepios. Do tipo bom. 

Eu queria conhecer aquele corpo todo. Queria conhecer todos os pedaços, como se fosse meu. 

— Draco Malfoy – Estendeu a mão, sentando-se ao meu lado no bar. – Eu sinto que te conheço de algum lugar. 

— Essa é uma das cantadas mais manjadas do século. – Sorri da maneira mais sedutora que eu consegui, o que não era lá grande coisa. Girei os olhos. – Mas como esse circo de horrores é evento obrigatório na agenda de todo ser esnobe de Londres, não duvido. 

— E isso te faz uma de nós, esnobes? – Me perguntou erguendo a sobrancelha de maneira desafiadora. 

— Por nascença! – Falei no meu tom mais ultrajado e ri de maneira irônica. – Se eu estou aqui é porque eu mereci. 

— Apenas pessoas com uma lista de pecados do tamanho do Alcorão merecem estar aqui. – Draco encolheu os ombros.

— É o seu caso? – Tomei o copo de sua mão e dei um gole. – Caralho, isso é forte.

— Cada um escolhe como pagar seus pecados. – Ele riu para a minha cara de tosse e eu ruborizei na minha tentativa falha de sedução. – Qual o seu caso? 

— Eu geralmente me afasto uns 100 metros dos meus pais para encher a cara em paz, fingir que sou menos decepcionante para eles e atrair rapazes atraentes. – Encolhi os ombros também. – Está dando certo? 

— Se seus pais forem os Greengrass, não. - Ele sorriu acima dos meus ombros e acenou a distância. Eu girei os olhos, porque obviamente eles não me deixariam em paz e então ele sussurrou - Se eu for um rapaz atraente, está dando mil por cento certo. 

Me senti com dezessete anos de novo. Sério. Toda hormonal, quente, com calor. Cruzei as pernas, desconfortável, e tentei me recompor. "Você é muito melhor que isso, Astoria."

— Então você sempre soube quem eu sou? – Sorri, me inclinando em sua direção. - Isso acaba com todo o mistério.

— Seus pais estão nos encarando desde que me sentei aqui... – Draco retribuiu meu sorriso. – Me pergunto se faço parte da noção de decepção deles ou alguma outra coisa. 

— Provavelmente eles acreditam que você está falando com a filha errada. – Tomei um gole da bebida dele novamente. – É, continua forte. 

— Se a certa é a Daphne, estou bem. Obrigado. – Fez uma careta. – Sem ofensas. 

— Nenhuma! – Ri e bebi mais um gole. - Melhora com o tempo. O que não é o caso da Daphne.

— Você quer que eu peça um só para você? – Ergueu a sobrancelha novamente. 

— Por que? – Ergui uma das minhas em resposta. – Não gosta de dividir?

— Não é um conceito muito difundido no clã Malfoy. – Cruzou os braços e se recostou na cadeira. – Apesar de ser um tanto sensual seus lábios encostando onde os meus já encostaram. 

— Talvez a gente possa tirar o copo dessa equação. – Mordi o lábio inferior. 

— Você está me deixando um tanto... – Ele apertou os lábios e respirou fundo. – Agitado. 

— Eu acho que eu gosto disso. – Sorri enquanto disfarçadamente ele colocava uma das mãos na minha coxa. Arrepios. 

— Eu tenho certeza que você gosta disso. – Seus lábios se curvaram num sorriso realmente presunçoso. 

Ficamos nos olhando pelo que pareceu uma eternidade, eu me perguntando quem ia pegar o carro primeiro. Até que saí do transe do maior tesão da minha vida com ele tirando a mão rapidamente da parte superior da minha coxa. 

— Draco Malfoy, espero que nossa caçula não esteja o importunando – Minha querida mãe disse. – Às vezes ela pode ser... Incisiva.

— De modo algum, Sra. Greengrass. – Draco segurou seu copo com força enquanto eu tentava não fuzilar minha mãe com os olhos. – Descobrimos que temos vários interesses em comum. 

Ah, sim. O interesse mútuo de vermos nossos corpos nus em diversos lugares. Sim, ele sabia que quando a gente ficasse finalmente sozinhos eu me sentiria em casa e ele ia querer e muito que eu ficasse. Se é que você me entende.

— Sim, Astoria é inteligente até demais! – Minha mãe sabia me elogiar me alfinetando. O melhor tipo de elogio... Era uma qualidade que poucos dominavam tão bem. – Espero que ela esteja sendo perfeitamente educada e não falando sobre política e economia e outras coisas entediantes.

— Sim, ela está sendo perfeita. – Malfoy sorriu. – Apesar de eu querer sim saber suas opiniões acerca de assuntos variados.

— Querida mãe, o senhor Malfoy e eu estamos bem. Obrigada pela preocupação. – Sorri falsamente. – Eu me pergunto por onde anda Daphne, na última vez que a vi, ela estava segurando uma garrafa de champanhe e bem próxima de Oliver Duncan.

Oliver Duncan era um novo rico, minha mãe não gosta de novos ricos. Novos ricos não tem classe, ela vive dizendo.

Contragosto ela começou a procurar Daphne pela multidão, provavelmente dividida entre sair dali mesmo querendo me afastar a força do pretendente que seria perfeito para Daphne ou salvar esta de um embaraço para a família.. 

Não é como se minha mãe me odiasse, ela só prefere Daphne e está tudo bem. Nós nunca concordamos, eu não tenho a mínima vontade de me dedicar a ser a filha perfeita e Daphne adora o posto. Funciona para todos. 

— Enfim. – Tentei afastar quaisquer resquícios da presença de minha mãe. – Onde estávamos? 

— Tirando o copo da equação. – Ele me lançou uma piscadela. – Mas acho que podemos tirar essa festa da equação também. 

— Hmmm. – Fingi ponderar e apertei meus lábios vermelhos. – O que mais você quer tirar dessa equação? 

— Você é bem direta mesmo sendo evasiva. – Me disse causando arrepios ao segurar minha mão.

— Eu tenho várias habilidades especiais. – Eu ri, toda aquela tensão sexual mal disfarçada de flerte era divertida e ele também parecia gostar. – Quer que eu te mostre uma? 

— Aqui na frente de todos? – Ele riu, chegando mais perto. 

— Eu estava falando de assobiar com os dentes. – Mordi o lábio inferior. – Do que você estava falando, pervertido? 

— De você tentando me... – Ele respirou fundo ruborizado e sorriu. – Desestabilizar. 

Ele chegou ainda mais perto. 

— Eu também tenho algumas habilidades especiais para te mostrar. – Sussurrou na minha orelha tocando os lábios no meu pescoço enquanto o indicador descia suavemente nas minhas costas descobertas 

Eu tenho certeza que aquele era o sorriso mais presunçoso que já surgiu na face da terra. Ele viu o leve tremelique e os desníveis da minha pele sensível. Seus olhos encaravam meu decote e o que seu pequeno truque provocou nele.

Eu quero ver o que tem embaixo de toda essa atitude, de todas essas roupas. De tudo. 

Eu quero. Eu o quero bastante. 

E eu não preciso dizer, eu acho que ele sabe. 

— Eu dirijo. - Falei, pegando meu casaco. Se meus pais estivessem por perto perguntariam o que as pessoas diriam ao me ver sair daquele evento com Draco Malfoy. Ah, mas eu não ligava nem um pouco. Lidaria com as consequências depois.

Ele não disse nada, só pegou o próprio casaco e me segurou pela mão, me conduzindo até a saída enquanto todos cochichavam. Malfoy podia não ser o nome mais prestigioso do local após os acontecimentos de anos atrás, mas era com certeza o mais tradicional e o mais rico, e seu poder de escolha era claro nas regras do patriarcado.

O que aquelas pessoas não sabiam era que eu, Astoria Greengrass tinha o escolhido e não por ele ser um Malfoy, porque eu não dou a mínima, mas porque era ele que meu corpo queria. Então, foda-se o patriarcado. 

Ele tinha aquela cara de garoto mau que eu gosto em um homem, e enquanto esperava o valet trazer o carro parecíamos dois arquitetos desenhando mil planos do que faríamos aquela noite. Ele estava tão ansioso quanto eu. 

Assim que o carro chegou ele me entregou as chaves. E só na saída do estacionamento eu sussurrei no escuro: 

— Para onde iremos? 

— Eu acho que você sabe. – Ele disse com um sorriso lírico e olhos tão azuis cinzentos que brilhavam na escuridão. Sua mão estava de novo na minha coxa, mais uma vez eu estava arrepiada e com o coração disparado e pulando batidas na 16° avenida. 

— Se continuarmos assim, não chegaremos em uma cama. – Falei enquanto dirigia para meu apartamento. 

— A gente chega. – Ele sorriu e subiu mais a mão na minha coxa nua pela fenda do vestido vermelho – Só não sei se sairemos dela. 

Os Greengrass sempre dizem que uma boa dama nunca espera e nunca descreve suas intimidades. Resolvi – finalmente – seguir os conselhos dos Greengrass e sendo uma boa dama, terminar a história com: eu acho que você sabe o que aconteceu. 

E de fato: a dificuldade foi sair da cama, mas ninguém nunca disse que não poderíamos voltar para ela quantas vezes e por quanto tempo quiséssemos. E eu disse que lidaria com as consequências depois... Só não sabia que seria para o resto da vida e como uma Malfoy.

Entretanto, essa é outra história.


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Notas finais do capítulo

Beijos ♥