4 de junho de 1998, 1:15 da manhã

Salão comunal da Grifinória

Hoje foi bom, tão bom que eu lembrei de escrever, depois de séculos. 

Hoje foi o último dia de “aula”, o que quer dizer que amanhã todo mundo tem que voltar para casa, porque haverá uma força tarefa de bruxos capacitados para reconstruir o castelo. Vovó parou de me azucrinar. Ela entendeu que não adianta ficar insistindo – só demorou dezessete anos para ela aceitar isso. 

Mas, então, sobre hoje. Nós nos reunimos na Sala Precisa uma última vez, a Armada… o que restou dela, quero dizer. Harry parece outra pessoa. Ao mesmo tempo mais triste e mais leve, é difícil explicar. Hermione diz que ele vai ficar bem, só precisa de tempo, então eu sugeri a ele começar um diário também. 

Depois nós ficamos bebendo cerveja trouxa, que alguém levou (é horrível), e ficamos falando sobre o que queremos daqui em diante. Acho que foi a primeira vez que qualquer um de nós se atreveu a falar do futuro, nesse último ano. Acho que ninguém achava que ia sobreviver para ver o verão seguinte. 

Colocamos as fotos de Fred, Colin e Lilá do lado das que já estavam lá, no espelho. Brindamos a eles com a cerveja trouxa. Teve um monte de lágrimas. Prometemos que íamos honrar os nossos amigos fazendo o nosso melhor dali pra frente. Gina disse que achava que a sala ia ficar lá, aparecer sempre que um de nós ou outro estudante precisasse dela para se rebelar de alguma coisa. E acho que vai mesmo. 

Gina vai voltar para Hogwarts ano que vem. Luna também. Harry e Rony disseram que não querem… eu não tinha pensado na possibilidade de não voltar. Mas, Hogwarts nunca mais vai ser a mesma pra mim, depois desse ano. Fiquei pensando e acho que não dá pra voltar e ter aulas de novo, como se nada tivesse acontecido. Como se Harry não tivesse destruído Voldemort no Salão Principal. Como se os nossos amigos não tivessem morrido nos corredores, como se comensais da morte não tivessem torturado a gente e feito da nossa vida um inferno. 

Eu acho que não vou voltar, é isso.