Entre Fogo e Gelo escrita por Nc Earnshaw


Capítulo 18
Não somos um casal




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Capítulo 17

por N.C Earnshaw

 

WENDY ASSISTIU A REPORTAGEM com os braços cruzados e uma ruga de preocupação no rosto. Os desaparecimentos em Seattle, uma cidade tão próxima a Forks, estava deixando a sua família de cabelos em pé.

“Seattle está em completo estado de pânico. Hoje, mais pessoas desapareceram sem deixar rastro, e corpos destruídos foram encontrados nas redondezas da cidade. As investigações já estão ocorrendo, e as possibilidades parecem ser muitas. Desde um serial killer a solta ou até mesmo uma gangue. A polícia está em alerta e pede à população para manter calma e evitar sair de casa à noite. Dyanna Blake, diretamente das ruas de”.

Carlisle desligou a TV assim que a repórter começou a se despedir. A mente de Wendy trabalhava nas possibilidades, e seu coração apertava com as conclusões que estava obtendo. Vidas humanas estavam sendo perdidas. Se, de fato, fosse um vampiro, muitas mais delas iriam morrer. A sede de sangue era incontrolável, e completamente diferente dos Cullen, esses vampiros não veriam essas vidas como algo precioso. Eram apenas necessários para cessar a queimação insuportável de suas gargantas.

Em um tempo perfeito, Bella e Edward entraram na sala, e deram de cara com os vampiros — que tinham expressões aflitas nos rostos. Durante os anos após o leitor de mentes encontrar sua companheira, a vida da família era colocada em risco todos os anos e de diversas maneiras. Juntando a ameaça de Victoria e a do estranho que invadiu a casa de Bella no meio da noite — ao qual eles não tinham qualquer pista sobre o que queria ou ao menos quem deveria ser, era justificável pensarem que aquilo tudo também tinha a ver com eles. 

Pelo nervosismo que a humana demonstrava mordendo o lábio inferior, Wendy deduziu que eles também tinham ouvido as notícias. 

— Parece que a situação piorou — declarou Carlisle com uma ruga se formando entre as suas sobrancelhas. — Não tenho mais dúvidas de que seja alguém do nosso tipo. Pela indiscrição, recém-criados. 

— Logo essa situação vai cair nos ouvidos dos Volturi. E se eles forem até Seattle para acabar com esse problema… — Jasper tinha uma expressão séria no rosto, e Wendy desconfiava que a mente dele já criava milhares de estratégias sem parar; era típico do major priorizar a segurança da família. Ela lançou um sorrisinho orgulhoso na direção dele. Ao contrário do que ele mesmo pensava, o Hale tinha um coração gigante.

— Eles vão vir até aqui. — Wendy se perguntava se Edward chegava a ensaiar suas sentenças dramáticas.

Ela escondeu um risinho assim que ele conseguiu a reação esperada de Bella. Aqueles dois pareciam odiar aquela situação, mas ela apostava que aproveitavam o drama mais que o normal.

A Cullen revirou os olhos. A vampira admirava a veia teatral do seu irmão mais velho — por mais que ele insistisse que aquele cargo era de Rosalie. Ele conseguia transformar qualquer situação em uma grande e trágica peça de Shakespeare. O relacionamento dele com a humana era a maior prova disso.

— E vão ver que ainda sou humana! — O desespero de Bella chegava a ser comovente. Procurando por um apoio, agarrou o braço do namorado e colou seu corpo ao dele. — Vamos ter que adiantar nossos planos. Não podemos esperar até depois da formatura, é muito arriscado…

— Ei — chamou o vampiro de cabelos acobreados. Ele levantou o queixo da Swan com um dedo, e fitou os olhos dela com intensidade. — Não vamos adiantar nada. Não vou tirar mais isso de você. 

— Edward, você não está entendendo — discutiu a garota, gesticulando com as mãos. — Se os Volturi virem que eu ainda sou humana…

O rosto de Edward se contorceu em sofrimento. 

— Não vai chegar a esse ponto. — Carlisle interrompeu para ajudar o filho. A garantia do patriarca dos Cullen não pareceu surtir efeito em Bella, mas ajudou a apaziguar a situação. A humana não abriu a boca para retrucar. — Vamos agir antes disso. 

— Parece que vamos ter que ir à Seattle. — Emmett pulou do sofá com animação, flexionando os músculos como se estivesse se preparando para uma briga. Ele sempre era o alívio cômico nas vezes que o clima ficava tenso, e Wendy o adorava. 

 Ela riu e deu um tapinha no ombro dele. 

— Calma aí, garotão — caçoou a caçula. — Economize essa energia toda para quando chegarmos lá. 

— Esses vampiros não foram criados por acaso. — O foco de Jasper era admirável. — São muitos para causar todo esse estrago... E parecem estar sendo liderados por alguém. 

— Acha que estão criando um exército? — Edward passou um braço sobre os ombros de Bella, como se a ameaça estivesse ali naquele instante e ele tentasse protegê-la. 

Jasper assentiu. 

— De recém-criados? — A humana arregalou os olhos. — Qual a diferença de um recém-criado para qualquer um de vocês?

Wendy sorriu de lado. Para alguém que estava tão determinada a se tornar um deles, Bella pareceu bastante leiga. 

— É quando a nossa sede está no ápice — explicou Jasper sombriamente. — Recém-criados são indisciplinados e cruéis, não pensam em mais nada a não ser em sangue. Podem destruir cidades sem sequer sentir remorso, ou sem se esforçarem muito. 

— E esse exército está vindo pra cá? — A respiração de Bella ficou pesada. O coração dela acelerou, e Wendy conseguiu enxergar as gotículas de suor que começaram a umedecer suas mãos. 

— Somos o clã mais próximo daqui. — Parecia impossível, entretanto, Edward conseguiu ficar com o semblante ainda mais soturno. — Mas quem será que está por trás de tudo isso?

— Isso não importa agora — rebateu Carlisle. — Não podemos permitir que os Volturi venham até aqui. 

— Isso não é uma possibilidade. — Wendy cerrou os punhos. — Não é somente a Bella que está em risco. 

Edward deu uma risada sarcástica ao ler os pensamentos da irmã, ganhando olhares confusos de todos. 

— Você sabe que estou falando a verdade — grunhiu ela, irritada. — Se qualquer um dos Volturi sequer farejar um dos lobos…

Bella a olhou com horror. 

— Eles não são filhos da lua, Wendy. — Edward revirou os olhos, achando um exagero. — Os Volturi não tem motivo para atacá-los. Não precisamos nos preocupar com isso. A Bella…

— A Bella, o quê, Edward? É mais importante do que o Paul? — gritou a vampira, irada. 

— Claro que não. — Carlisle se ergueu para tentar apaziguar os ânimos. — Os dois são pessoas importantes para vocês, são da família. E protegemos a família, não é? 

Wendy fuzilou Edward com o olhar. Como queria quebrar a cara dele em mil pedaços… 

 Ela respirou fundo para recuperar o controle — um costume humano que nunca conseguiu tirar de si mesma. E quase obteve êxito. 

— A Wendy tem razão — ajudou Jasper, ainda sentado no sofá. — Os Volturi caçaram lobisomens por séculos. Mesmo que os Quileutes sejam diferentes dos filhos da lua, Caius não vai querer saber, vai exterminá-los em dois tempos. 

— Mais um motivo para acabarmos com tudo isso de vez. —  Era esquisito o quanto Emmett parecia se divertir com toda a situação.

— Eu também coloquei os lobos em risco? — indagou Bella com uma expressão culpada. Se fosse algumas horas antes, a vampira a consolaria e diria que nada daquilo era culpa dela. Mas, naquele momento, sentiu uma onda de nojo. Mais uma vez Isabella Swan queria fazer tudo ser sobre ela. — O Jacob?

— Amor, não. — Edward se virou para olhar profundamente na íris castanha da Swan. — É apenas uma teoria. Não sabemos ao certo se os Volturi reagiriam dessa forma, então não precisa se preocupar.

— Não precisa se preocupar? — sibilou Wendy, ultrajada. — Não é uma teoria, Edward. É uma certeza! O Paul…

— Você e o Paul nem estão juntos. — Cortou Edward bruscamente. 

Ela abriu a boca em choque. Era verdade. Paul e ela não estavam juntos. Talvez nunca estivessem. Isso com certeza a magoava de várias formas, e a deixava num estado de melancolia que ela tentava ignorar há tempos. Wendy sempre havia desejado um amor intenso, no entanto, a única coisa que havia encontrado era amizade. Ela aceitava que talvez não fosse uma dessas pessoas destinadas ao amor. Talvez o que tinha com Paul fosse suficiente. Sabia que sentia uma coisa especial por ele. E eram amigos, afinal. Tinha que bastar.

— Wen, me desculpa. — O vampiro implorou ao ver o rosto magoado de Wendy. — Eu sinto muito, passei de todos os limites. 

Ela assentiu, aceitando as desculpas do irmão. Não adiantaria em nada brigar com um membro da família. Não quando ele tinha falado uma verdade. Além disso, sabia que ele estava numa pilha de nervos com Victoria, o estranho que invadiu a casa de Bella e agora, aquilo. Então relevou. 

— Você tem razão, Edward. Paul e eu não somos um casal. Nem acho que um dia vamos ser. — Sua voz soou amargurada até para ela. Todos eles tinham os olhos fixos nela, surpresos com a situação. — Mas nós somos amigos, e gosto cada vez mais dele. Ele é importante pra mim e eu espero que vocês ignorem o fato de que ele é nosso inimigo mortal e apenas aceitem que o Paul vai estar presente nas nossas vidas a partir de agora. 

— Claro que sim, querida — confirmou Carlisle, envolvendo-a num abraço paternal. 

   ☀

Wendy e Emmett se empurraram para ver quem chegaria mais rápido no andar de baixo. Eles ouviram seu irmão praguejar, enquanto contava para Carlisle a situação que estava a mão de Bella. Curiosos, lançaram-se pela escada, competindo à cotoveladas quem seria o primeiro a ver a nova façanha da Swan. 

— Uou, Bella. — Wendy sentiu a surpresa tomá-la assim que viu a mão da humana sendo enfaixada por Carlisle. — O que você aprontou dessa vez? 

— Tentando assobiar e chupar cana ao mesmo tempo, Bella? — intrometeu-se Emmett, passando na frente. 

Wendy fuzilou as costas dele ao perceber que ele tinha a encoberto por completo. 

A garota riu. Somente aqueles dois conseguiam fazê-la rir quando encontrava-se tão triste e irritada.

— Dei um soco em um lobisomem. — Ela balançou a mão que o patriarca da família tinha acabado de enfaixar com um ar pomposo.

— Espero que não tenha sido o rosto do meu lobisomem que você tenha socado — sondou Wendy, risonha. Sabia que Paul arranjava brigas com facilidade. Ela mesma se conteve várias vezes para não amassar aquele rostinho bonito. Então, se Bella dissesse que o socou, não se surpreenderia. 

A Swan revirou os olhos. 

— Dessa vez, não. 

A vampira semicerrou os olhos, interessada. 

— Como assim, dessa vez não? Você já socou o Paul? — inquiriu a Cullen, fingindo estar furiosa. Com a discussão que tiveram no dia anterior sobre a proteção dos lobos, e a maneira que ela defendeu o Lahote com unhas e dentes, era de se esperar que Bella ficasse assustada com sua reação, já que estava agindo de um jeito diferente. 

A humana arregalou os olhos, temerosa. E Wendy, sem aguentar mais, gargalhou, fazendo a outra relaxar ao ouvir sua risada.

— Não precisa se preocupar, Bells. Aquele ali bem que merece uns socos. 

— Foi no Jacob. — Ela fez uma careta ao revelar

— Uh! Está forte — zombou Emmett, cruzando os braços musculosos. — Quero ver se vai ser durona desse jeito quando se transformar. 

— Vou ser forte o bastante para derrotar você. — Ela amarrou a cara para encarar o vampiro nos olhos.

Edward, que só observava a cena, não conseguiu conter o riso ao ver a animação brilhando nos olhos da sua namorada. 

— Eu aposto no Emmett — gritou Wendy, animada. Emmett ergueu uma das mãos para um high five. E ela pulou para conseguir alcançá-la, enquanto ele zombava da sua cara por ser mais alto.

A animação do grupo murchou ao ver Rosalie subindo as escadas pisando fundo. O som dos passos dela ecoaram pela por toda a casa. Os cachos dourados pulavam ao redor de sua cabeça, deixando a imagem ainda mais desconcertante. O rosto perfeito da mulher — que mais parecia um anjo, estava se contorcendo em fúria.

— Vou falar com ela. — Bella seguiu a loira como se estivesse pronta para uma missão nas trincheiras da morte.

— Isso vai dar mal — sussurrou Emmett, assustado. Sua esposa não escondia o antagonismo que sentia pela Swan, e só Deus sabia o que ela faria com aquela humana frágil e indefesa quando estivessem sozinhas. 

— Por favor. — Edward bufou com desdém.

— Então, Edwin. — Wendy se aproximou do irmão lentamente, ignorando o que eles tanto falavam. — O que o Jacob fez para ganhar um soco? 

— É, cara. Ele deve ter feito uma boa pra deixar a Bella irritada — auxiliou Emmett, apoiando-se na mesa. “Se o namorado obsessivo não está preocupado, quem sou para estar? Minha ursinha vai sair ilesa de qualquer forma”, pensou o vampiro grandalhão. 

— Vão insistir até que eu conte, não é? — Ele revirou os olhos. 

— Pode apostar — concordaram eles em uníssono. Depois disso, olharam-se surpresos e caíram na risada. 

— Vocês são dois palhaços — alfinetou Edward, observando a cena. 

— Tá legal, tá legal. — Wendy voltou a se focar. — O que o Jacob fez?

— Beijou Bella à força — disse ele à contragosto, olhando para o nada, e sabendo em seu íntimo que os gêmeos terroristas não iam deixá-lo em paz. — E ela quebrou a mão socando a cara dele. 

— Não! Tá brincando? — Seu primeiro pensamento foi se Paul estava sabendo daquela fofoca. — Mas que idiota!

— Se quiser ajuda pra acabar com ele… — ofereceu-se Emmett, flexionando os músculos.

Edward encarou ambos com descrença por alguns segundos, e se retirou da sala após isso, resmungando o quanto não aguentava mais aquela dupla de patetas.

 


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