Quebrada escrita por MarcosFLuder


Capítulo 6
Um plano desesperado


Notas iniciais do capítulo

Capítulo 6 postado. Veremos como a Daisy irá escapar da tortura, porque é claro que ela vai, não vou fazer suspense bobo aqui. Nesse capítulo teremos algumas referências à segunda temporada, além de fechar um ciclo na história, com um novo ciclo sendo aberto no próximo capítulo, onde também será apresentado aquele que será o vilão principal da fanfic. Aproveitem a leitura.



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Daisy acordou gritando, ainda amarrada na cadeira, seu rosto bem machucado, e dores por todo o corpo. Foi então que duas vozes conhecidas se fizeram ouvir.

 

— Está tudo bem, Skye – era a voz de Coulson, enquanto a desamarrava da cadeira – estamos aqui, estamos aqui.

 

— Você está salva agora – era May quem falou dessa vez.

 

— Vocês vieram, vocês vieram – Daisy dizia isso entre lágrimas.

 

— É claro que viemos – a voz de Coulson soava como um calmante para ela – nós sempre iremos cuidar de você, Skye.

 

— Meu nome é Daisy, senhor – ela responde – pensei que você já... espera.

 

— O que foi Skye? – a pergunta de May deixa Daisy ainda mais desconfiada.

 

— Por que estão me chamando assim? Vocês sabem que o meu nome é... oh meu deus! – ela finalmente percebe – vocês não estão aqui, não é? – antes que algo mais fosse dito, Daisy sente a água sendo jogada em seu rosto, acordando de vez. Estava novamente com o homem que a vinha torturando.

 

— Hora de acordar senhorita Johnson – ele diz.

 

Ninguém virá salvá-la, muito menos Coulson ou May. Ela sabia disso agora. A questão é saber se esta constatação devia ser o sinal para ela perder toda a esperança. Seria esse o momento de que seu torturador estava falando? Aquele ponto em que a pessoa acaba quebrando? Foi então que Daisy lembrou, já passara por isso antes. Ela já se sentira sem esperança, já havia quebrado diante de uma realidade que não conseguia enfrentar, de uma saída que não conseguia ver. Foi quando procurou Hive e ajoelhou-se perante ele, pedindo que a levasse de volta para a felicidade perdida, para o momento em que seu vazio finalmente voltaria a ser preenchido. Mas aquele era um caminho que não tinha mais volta. Lash cuidara disso. O que fora retirado dela não poderia mais ser recolocado.

Ter percebido isso fora um duro golpe, mais ainda ver que Hive pouco se importava com o que esse fato significava para ela. Uma mistura de vergonha e raiva tomou conta de Daisy naquele instante. Ela atacou Hive com todo o ódio que conseguiu reunir. Não queria só matá-lo, queria que ele sofresse. Queria para ele a dor que estava sentindo, nem que isso custasse a sua vida; e poderia ter custado, não fosse por Lincoln se sacrificar no seu lugar. Lembrar-se disso dói mais que qualquer tortura que sofrera na última hora. É uma dor que ela não vê chance de um dia passar. Ao mesmo tempo, naquele momento ao menos, é uma lembrança libertadora.

A jovem inumana já esteve quebrada uma vez, mas agora, olhando direto para o seu torturador, ela jura que nunca mais quebrará de novo. Daisy prefere morrer, prefere suportar toda a dor que vier, antes disso acontecer outra vez. Ela recorreu mais uma vez aos ensinamentos de May. Esvaziar a mente, focar no seu objetivo. O objetivo era escapar, encontrar uma maneira de sair da situação em que se encontrava. Sua mente retomou a lembrança de uma lição de sua antiga OS, certamente a sua lição mais aterrorizante. Algo que na época a deixou apavorada, mas que agora, ela vê como a sua única chance de escapar.

 

SEDE DA S.H.I.E.L.D.

7° MÊS

 

Skye viu quando May colocou em si mesma as algemas. As duas estavam sozinhas naquela sala, um silêncio, que somada à luz fraca, tornava o local meio assustador. Ela não entendia ainda o que sua Oficial Superior pretendia com aquilo.

 

— Como é possível eu me libertar dessas algemas – May lhe perguntou.

 

— Com a chave que está em cima da mesa – ela responde, sabendo que seu sarcasmo não será bem recebido.

 

— Responda a pergunta direito – o olhar de May não deixava dúvida que Skye tinha um desafio diante de si.

 

— Eu não sei – é tudo o que ela diz.

 

— Então preste atenção. Isso pode salvar a sua vida um dia – ela vê May abaixando as mãos lentamente, posicionando o polegar por baixo. É um rápido movimento e depois o barulho do osso quebrado.

 

— Ficou louca, May – ela grita, enquanto ouve sua OS gemendo forte, ao mesmo tempo em que a mão com o polegar quebrado se livra da algema.

 

— Libere a outra mão – May estende o braço para Skye, esta pegando a chave na mesa e liberando a mão que ainda estava com a algema.

 

— Você tem que ir para enfermaria – Skye diz, a algema com ela agora.

 

— Depois – May ainda geme de dor, embora mantenha a determinação em seu rosto – é a sua vez agora.

 

— Você não pode estar falando sério – Skye olha para ela com incredulidade.

 

— Isso pode salvar a sua vida um dia, Skye – May está quase gritando agora – faça isso ou esqueça a ideia de ser uma agente de campo.

 

TEMPO PRESENTE

 

Um plano desesperado surge em sua mente, após ela abrir os olhos, a lembrança com May sendo deixada de lado. Daisy fixou o seu olhar para o homem diante dela. Ele era um profissional. Era apenas um sujeito que fazia o seu trabalho, sem qualquer envolvimento pessoal. O homem diante dela só tinha um único interesse: fazê-la falar. Não havia da parte dele, qualquer prazer com o seu sofrimento. Também não era alguém suscetível a uma aproximação. Ela teria de encontrar um meio que lhe permitisse ganhar o tempo que precisava. O tempo que fosse necessário para calcular se a ideia desesperada que surgiu em sua cabeça era realmente viável, e então executá-la.

 

— O que... o que vai acontecer comigo... se eu disser o que você quer saber? – ela continuava olhando diretamente para ele, mantendo a calma, esvaziando a mente, reparando principalmente quando o viu tirar as luvas que usara, enquanto arrancava o seu dente.

 

— Eu não posso lhe oferecer garantia nenhuma de que sairá viva daqui, senhorita Johnson – disse o homem que a torturava – o máximo que posso lhe prometer é uma morte rápida.

 

A jovem inumana ainda pondera se sua ideia pode dar certo. As possibilidades não são muito animadoras, mas é o seu único tiro. Suas mãos estão bem amarradas, não há como se soltar que não da forma como May lhe ensinara. Será doloroso, mas nada perto da dor que vem suportando desde que a tortura começou. Essa dor será preferível, à ideia de ceder. O seu olhar se mantém diretamente voltado para ele, atraindo-o para si, torcendo para que não perceba o que ela faz com o polegar de sua mão direita. O homem continua olhando para Daisy, certamente acreditando que ela estava a ponto de ceder.

 

— Então senhorita Johnson, o que tem a me dizer?

 

A ex-agente da S.H.I.E.L.D. respira profundamente antes de balançar a cabeça de modo positivo para o homem que a torturava. Este sorri, aproximando-se mais dela. Daisy mantém o olhar voltado para ele, enquanto posiciona o seu polegar do jeito que May lhe ensinara. Ela o torce até quebrá-lo. A sua esperança é que seu torturador esteja tão concentrado no que acha que Daisy irá dizer, que não consiga ouvir o barulho do osso partido. A jovem inumana se esforça para conter o gemido de dor. Tudo parece que está em câmera lenta, até que ela vê a desconfiança no olhar dele, mas a percepção vem tarde demais. Daisy consegue livrar a sua mão das amarras. Num movimento rápido, usa essa mesma mão para agarrar a parte de trás da cabeça dele. Usando seus poderes, a jovem inumana força o rosto de seu torturador de encontro ao seu pescoço, mais precisamente, de encontro à coleira presa nele.

A corrente elétrica passa pelo corpo de Daisy como uma onda. Ela o sente chacoalhar. Seus gritos de dor se misturando aos do seu torturador. Mesmo assim, continua usando seus poderes para forçar o rosto dele contra a coleira. O cheiro de carne queimada chega até suas narinas, impregnando-as. Sangue de seu torturador começa a sair dos olhos, nariz e boca. É sangue aos borbotões, inundando o pescoço, colo e as roupas de Daisy. Os gritos dele ecoam em seus ouvidos, enquanto ela sente a corrente elétrica passando por seu corpo. A jovem inumana não tem a menor ideia de como ainda está viva, mas segue usando seus poderes, mantendo o seu torturador preso a ela.

Daisy sabe que não pode continuar por muito mais tempo. Em poucos segundos acabará desmaiando por conta do choque, o que estragaria tudo. Ela para de usar seus poderes, sentindo as correntes elétricas se dispersarem. Ao largar a cabeça do homem que a torturara, vê horrorizada que o rosto dele tornou-se uma horrenda máscara disforme. O corpo caiu de lado, estatelado no chão. Não há tempo para alívio ou comemoração. Mesmo sentindo-se incrivelmente fraca, precisa tirar forças, sabe-se lá de onde, para livrar a outra mão das amarras, depois fazer o mesmo com os pés. O barulho de passos pode ser ouvido do lado de fora e ela pega a arma na cintura do horripilante cadáver aos seus pés.

 

— Tomara que seja só um, tomara que seja só um – é quase uma oração da parte dela, pois mal consegue manter o revolver seguro em suas mãos. Um homem entra correndo e ela atira, pelo menos quatro vezes. Um tiro acerta a parede, outro atingindo a porta, apenas dois tiros acertam o homem em que ela mira, um no ombro, e o último, certeiro na cabeça.

 

Ela faz o seu melhor para se mover, sabendo que precisa contar com a sorte para não encontrar mais alguém, pois está sem a menor condição de lutar. Cada passo que dá é uma dor enorme que sente. Daisy vê um corredor à sua frente, e elabora um plano imediato. A jovem inumana precisa escolher uma direção para ir, e o faz imediatamente. Lutar para escapar no seu estado atual é perda de tempo. Ela precisa descansar minimamente, precisa de um lugar para se esconder. O corredor que percorre dá para uma porta onde vê escrito: “Sala de máquinas”, e decide que é a sua melhor chance. É um lugar bem grande, mas não está vazio. Daisy se esgueira até um local escuro, e que oferece um bom esconderijo. Ela se encosta junto à parede, se encolhendo o máximo que pode. Tudo o que precisa agora é permanecer escondida pelo maior tempo possível.

 

*********************************

 

O soldado que queria matar Daisy olha com um ar de desprezo para o cadáver do homem que vinha lhe dando ordens. Junto a ele estão os outros dois soldados aprimorados.

 

— Devíamos ter matado aquela inumana imunda quando tivemos a chance – ele disse; o olhar de desprezo ainda voltado para o cadáver.

 

— Nós tínhamos ordens, Cameron – disse outro soldado.

 

— Que se danem as ordens – um terceiro soldado falou – vamos encontrar a vagabunda e matá-la – os três homens olham um para o outro, dando aquele típico sorriso de concordância. Os três se injetam com o soro que todos possuem. O efeito é imediato, uma sensação de força e euforia toma conta deles, quando saem juntos para caçar Daisy.

 

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Ela ainda se mantinha encolhida naquele canto escuro, parecendo uma garotinha escondida no armário, após fazer algo reprovável. Daisy tem uma distante lembrança de sua infância no orfanato onde fora criada, ganhando um súbito desejo de retornar àquele lugar que detestava, junto às freiras que sempre considerava assustadoras. Essa vontade dura apenas alguns segundos, pois a lembrança de outra figura, que também podia ser assustadora quando queria, surge em sua mente. Mais uma vez as lições de May se fazem presentes nesse momento difícil. “Controle é tudo, Skye. De mente e de corpo”, a voz dela soando daquele jeito rígido em seus pensamentos. Daisy está muito assustada, mas a simples lembrança da voz de May tem um efeito calmante sobre ela. A jovem inumana fecha os olhos, busca controlar sua respiração, acalmar seus batimentos cardíacos. “No campo, você precisa manter o controle. Seja qual for a situação”. As palavras de sua OS continuam reverberando em seus pensamentos, sua mente vazia agora, unicamente voltada para a situação em que se encontrava.

Daisy sabia que logo a encontrariam. Ela precisa decidir o que fazer quando isso acontecesse. Era bem provável que os demais soldados aprimorados que a capturaram quisessem vingança pelos dois colegas seus que matara. A jovem inumana sabia que não tinha condições de lutar contra eles na situação em que se encontrava. Mesmo contra soldados comuns e bem treinados, Daisy sabia que teria enorme dificuldade de lutar. As pessoas que via, do local onde se escondeu, não pareciam ser soldados, mas era em número suficiente para fazer o alarme soar antes que pudesse derrubar todos. Em verdade, nem isso a jovem inumana tinha certeza de que poderia fazer, dado o seu lamentável estado. Estava muito claro para ela que um confronto físico direto era a pior solução possível. Usar seus poderes ainda era a melhor possibilidade, mas não poderia ser qualquer uso. Daisy teria de fazer isso no que seria um tiro único, mas como?

Ela sabia que precisava usar tudo o que aprendera em seu treinamento como agente da S.H.I.E.L.D. Precisava analisar o local onde estava, o que poderia usar a seu favor. Foi o que ela fez, ao olhar em volta, tentar encontrar algo que lhe fosse útil. Era uma sala de máquinas, o local que garantia as condições de vida na estrutura onde se encontrava. Era dali que saia o controle de ar, de água e eletricidade. Havia muita energia circulando. A questão é saber como usar isso a seu favor quando a hora chegasse. A jovem inumana tinha que decidir rápido, antes que fosse descoberta. Precisava ter uma saída para quando os que vinham atrás dela a descobrissem. Eles iriam matá-la se Daisy não encontrasse uma maneira de se defender.

Esvaziar a mente e focar no único objetivo. Foi exatamente o que fez, levando-a a refletir sobre tudo o que a trouxe até esse instante. Ela se lembra de tudo o que passou, desde o momento apavorante em que foi exposta ao obelisco, este revelando a sua natureza inumana. De como o medo inicial se transformou na enorme confiança que passou a ter em seus poderes. Daisy se lembra da euforia que passou a sentir, ao acreditar que seria capaz de enfrentar qualquer coisa com eles. O tempo com Hive, no entanto, ensinou-lhe a dura lição de que poderia estar errada. Sempre será possível encontrar alguém mais poderoso, alguém que poderia torná-la incapaz de se defender, alguém que fosse capaz de subjugá-la.

Esse alguém acabou sendo o próprio Hive. Ela pagou um preço alto pela sua confiança, um preço que ainda estava pagando. No entanto, houve também o outro lado. Durante o tempo em que esteve com Hive, este a incentivou o máximo, a usar todo o potencial de seus poderes. E foi o que ela fez, descobrindo em si, um potencial ainda inexplorado. A intenção de Hive em nada era generosa. Ele queria esses poderes a seu serviço, e certamente os tinha. Justamente por conta disso, ela foi incentivada a não ter pudor em testar os seus limites, fazer coisas que não imaginava ser capaz antes, unicamente pelo fato de nunca ter pensando em tentar.

Daisy deixou de lado todas as lembranças ruins daquele tempo, focando sua mente apenas no que lhe era necessário naquele momento. Ela fixou seu olhar no imenso aparelho que viu, num canto oposto de onde estava escondida. Aquela máquina certamente controlava toda a estrutura do lugar. Era uma boa distância, todo o cuidado se fazia necessário para não ser vista. A jovem inumana focou sua mente nesse único objetivo, nada mais. Menos de 1 minuto se passou e uma grande apreensão tomara conta do lugar, quando alarmes soaram, indicando que algo estava interferindo no funcionamento do aparelho. Tão rápido como começou, a interferência parou. Daisy viu a mistura de alívio e confusão entre as pessoas no lugar. Ela tratou de se encolher de novo. Agora era esperar o momento em que teria de usar o seu poder com ainda mais força, contra aquela máquina.

 

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Daisy acordou de repente, numa mistura de pânico e desorientação. Ainda estava toda encolhida num canto escuro, como se fosse uma garotinha assustada. Ela tentava imaginar quanto tempo cochilara quando o barulho de passos cadenciados se fez ouvir. No instante seguinte, toda a movimentação do lugar cessou. A jovem inumana sabia quem eles eram sem nem precisar olhar. As vozes furiosas, os modos intimidadores, tudo lembrava um grupo de homens acostumados a trazer medo às outras pessoas. Daisy não poderia perder tempo agora, tratando de se preparar. A hora tão temida chegara afinal.

 

— Esse é o melhor lugar para ela se esconder – a voz estava ligeiramente distante, mas Daisy conseguia ouvir bem – se espalhem e vamos achá-la.

 

Ela sabia que tinha chegado a hora de agir. Seu olhar estava agora fixado no aparelho, usando seu poder para interferir nele. Os alarmes soaram de novo, uma nova correria se instalou. Não havia tempo a perder e ela tratou de levar adiante o que pretendia, mesmo sabendo que acabaria se revelando ao fazê-lo. Daisy se ergueu, apontando seus braços em direção ao aparelho, que passou a fazer um imenso barulho. A partir daí, tudo parecia ser em câmera lenta. Mesmo concentrada como estava, foi possível notar quando um dos soldados deu o alerta da sua presença. Armas foram apontadas em sua direção, mas antes que tiros fossem disparados, uma enorme explosão atingiu a todos no lugar.

 

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Uma fumaça escura tomava conta de tudo, tornando a visão quase impossível. Ela tossia, sentia-se tonta, um zumbido machucando seus ouvidos. Uma cacofonia de vozes soavam distantes, misturadas ao zumbido que a atormentava. Daisy levantou-se, ainda que com muita dificuldade. Ela tinha calculado a distância de onde estava para a porta e seguiu em frente, confiando na sua precisão. O que não esperava era tropeçar num corpo no meio do caminho e cair. Ao se virar, acaba por se dar conta que seu pé fora agarrado por um dos soldados aprimorados, este com um enorme pedaço de metal enterrado em sua barriga. A jovem inumana acerta uma série de fortes chutes na placa de metal, enterrando-a ainda mais dentro do soldado, que morre diante dela. Daisy trata de livrar o seu pé da mão morta dele.

 

— Ai está você – a voz atrás dela tem um tom de extrema raiva. A jovem inumana se vira e dá de cara com outro dos soldados aprimorados – Cameron tinha razão, devíamos ter matado você sua vadia inumana – ele está bastante machucado, mas não o suficiente para impedi-lo de sacar um punhal – vou te matar como se mata uma porca – ele avança sobre ela. Daisy instintivamente recua, o que a faz encostar-se no corpo do outro soldado. Sua mão toca em algo, trata-se de uma granada, que é jogada na direção do homem que quer matá-la.

 

A jovem inumana vê a explosão jogar o seu inimigo longe e tenta se levantar. Ela ainda está confusa, mas consegue ver a porta de saída, pois algumas pessoas estão correndo na direção dela. Daisy faz o mesmo. O caos é grande no lugar. Ela segue com um grupo, esperando se perder no meio deles. O avanço é contido com a chegada de um novo grupo de soldados. As tatuagens em suas mãos indicando que eram os Watchdogs. A jovem inumana se dá conta de que foi reconhecida. Armas são apontadas em sua direção e ela evita reagir. Os Watchdogs fazem as demais pessoas irem embora, enquanto mantém Daisy sob a mira de suas armas. Tudo o que lhe resta esperar é que os inocentes saiam da linha de fogo para agir. Seus planos, no entanto, acabam não saindo como o esperado.

 

— Ela é nossa, caiam fora vocês – é a voz de um dos soldados aprimorados.

 

— Podem fazer o que quiseram com essa vadia inumana – disse o outro sujeito, provável líder dos soldados que renderam Daisy – mas só depois que ela disser onde escondeu o nosso dinheiro.

 

— Caiam fora enquanto podem “cachorrinhos” – agora foi o outro dos soldados aprimorados, o mesmo em que Daisy jogou a granada. Ele estava bem ferido, mas se mantinha em pé.

 

Daisy sabia que em qualquer dos lados, a sua situação era péssima. Os soldados aprimorados queriam matá-la de imediato. Já os Watchdogs, por sua vez, queriam que ela voltasse a ser torturada, para revelar onde escondera o dinheiro destinado às atividades deles. Só depois disso é que ela poderia morrer. Ela viu quando as armas dos Watchdogs deixaram de ser apontadas para ela, voltando-se para os soldados aprimorados. Era a sua chance. A jovem inumana se abaixou rápido e usou o seu poder, criando uma onda de choque que derrubou todos. Daisy tratou de correr para a primeira saída que viu. Era um calculo arriscado, mais um num dia cheio deles. Os soldados aprimorados tentariam matá-la, mas ela contava que tivessem que lidar com os Watchdogs primeiro. Com sorte se matariam uns aos outros. A jovem inumana não esperou para saber se o seu plano deu certo. Tudo o que ouviu, enquanto se afastava o mais rápido que podia, era o som de tiros, de lutas, e os gritos de morte.

 

************************************

 

Os minutos se passaram, com ela ainda circulando por aqueles corredores que pareciam idênticos, sem mostrar qualquer sinal de onde estaria uma saída. Daisy já não corria mais. Em verdade, nem sabia como ainda conseguia ficar em pé. Sua visão estava turva agora, mal conseguindo distinguir por onde estava indo. Sentia-se tonta, esgotada, respirando com muita dificuldade. As dores em seu corpo tão intensas que estava a ponto de desmaiar. Tratou de encostar-se a uma parede. Era uma tentativa desesperada de ganhar algum fôlego. O som de passos cadenciados lhe indicou que o perigo se aproximava, mas a visão turva a impedia de ver quem era. Essa dúvida não durou muito, pois sentiu seu cabelo sendo agarrado com força, enquanto era atirada contra a outra parede. Um golpe muito forte nas costas a fez gritar de dor, sendo jogada violentamente no chão logo a seguir.

 

— Nós éramos cinco e agora só eu sobrei – gritava o homem que a agredia com novos socos, sem que ela mal consiga reagir – tudo por sua causa, vadia.

 

Daisy já não tinha mais forças. Ela tinha dado o melhor de si sem quebrar. Não entregou seus amigos, não cedeu à desesperança. Lutou do jeito que pôde. Se tivesse que morrer agora, morreria feliz por ter sido nos seus termos, sem jamais trair aqueles que amava, sem ceder. Não sentia mais os golpes que levava, mas em sua visão turva, notou alguém caindo do seu lado, sangue espirrando sobre ela. Mal conseguia distinguir quem era. Estava com uma grande dificuldade em respirar, sua boca cheia de sangue, um medo terrível de se afogar nele. Sentiu novamente o toque de alguém no seu corpo, mas era um toque suave desta vez. Duas figuras surgiram no meio de sua visão nublada, eram um homem e uma mulher. Seriam eles? Ela não queria ter esperanças. Ainda assim, as imagens de Coulson e May surgiram diante dela, fazendo-a sorrir em meio a uma dor horrível que sentia.

 

— Vocês vieram, vocês vieram – foi só o que ela conseguiu dizer, antes de desmaiar.

 

**********************************

 

Daisy acordou com um sacolejo. Ela tinha um aparelho respiratório em sua boca e soro sendo aplicado em sua veia. Estava deitada, logo se dando conta de que era uma aeronave, do mesmo tipo que o Zephyr 1. A jovem inumana tentou olhar em volta, mas o esforço para se levantar provocou-lhe uma dor enorme. Duas figuras se aproximaram dela, mais uma vez eram um homem e uma mulher, mas não as pessoas que esperava.

 

— Está tudo bem agente Johnson – a voz grave do homem diante dela tenta tranquilizá-la.

 

— Você está a salvo agora, não precisa se preocupar – Daisy conhecia a mulher que se dirigia a ela, embora só a tivesse visto uma vez.

 

— O que vocês... o que...

 

— As respostas virão, não se preocupe – disse o homem, Daisy só o viu uma vez também, mas era impossível não reconhecê-lo, ao notar o tapa-olho – agora você precisa descansar e se recuperar, agente Johnson.

 

— Eu não sou mais uma agente da S.H.I.E.L.D., senhor – ela responde.

 

— Eu duvido que o Coulson pense assim – foi a resposta que ela ouviu – e com certeza você não rompeu totalmente os seus laços com a S.H.I.E.L.D., pelo menos não com o Coulson e a agente May.

 

— Você murmurou os nomes deles várias vezes enquanto a trazíamos – disse Maria Hill – até me chamou de May algumas vezes.

 

— Me desculpe.

 

— Está tudo bem – Maria Hill sorria para Daisy – com certeza tem coisas piores na minha vida do que ser confundida com Melinda May.

 

— O mesmo digo eu, em relação ao Coulson – Nick Fury sorria também para Daisy – descanse agente Johnson – o antigo diretor da S.H.I.E.L.D. toca de leve o ombro dela, mas logo sentiu que o gesto a deixou tensa, deixando de fazê-lo – assim que chegarmos ao nosso destino e você tiver se recuperado, nós lhe explicaremos tudo.

 

— Tudo o que, senhor? – Daisy sente-se confusa.

 

— Tudo sobre a ajuda que esperamos da sua parte, é claro – Nick Fury respondeu.

 

— De que ajuda o senhor está falando? – Daisy sente-se sonolenta enquanto pergunta.

 

— Estou falando da ajuda que você nos prestará, agente Johnson. A ajuda que precisamos para evitar uma verdadeira catástrofe – foi o que ela ouviu antes de cair no sono.


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Notas finais do capítulo

Capítulo postado, como prometido. Espero que quem leu tenha gostado. O capítulo 7 está programado para ser postado no próximo domingo. Aguardem.