Girl Crush escrita por suenacomoyo


Capítulo 11
Casarão dos Ferro




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Acordei no domingo sentindo minhas energias renovadas, apesar do corpo um pouco dolorido e da voz rouca, por conta do show da noite anterior. No decorrer do dia fiquei muito pensativa sobre Ludmila, em como eu vivi com ela um dos melhores dias da minha vida, em como graças a ela eu cantei em cima de um palco duas vezes em tão pouco tempo e trabalhei essa minha insegurança. Em como ela tem se esforçado pra criar um laço entre a gente. Eu sinto que é inútil continuar a tentar evita-la. Estava crescendo algo em mim, algo por Ludmila, mais do que apenas inveja.

 

 

xXx

 

 

Aproximadamente um mês se passou desde o ocorrido. Eu falava sobre ter cantado com os Rock Bones para todas as pessoas que eu tinha a oportunidade. Entre aulas no Studio, gravação de covers e apresentações da On Beat em eventos, tive algumas oportunidades de sair com a loira mais vezes, todas as vezes por insistência da mesma. No fim das contas eu já gostava dela, de ter sua amizade, de jogar conversa fora e ver que temos pensamentos tão parecidos apesar de aparências e personalidades tão diferentes. Pude também perceber o quanto Ludmila era o Sol da nossa banda. Mesmo nos piores dias a garota dava um jeitinho de deixar tudo melhor. Ludmila Ferro não era apenas linda, carismática, talentosa e estilosa, era também uma pessoa muito boa de coração, um anjo... e o nosso Sol.

 

Estava eu no intervalo com Napo e André na arquibancada de tijolos, conversando sobre qual música poderia ser nosso próximo cover pro youtube. Até que pudemos avistar o casal ludeon vindo em nossa direção.

 

— Galera, galera! - Ludmila se aproximou falando alto em um tom bem empolgado. — Essa semana minha mãe faz aniversário e ela tava querendo comemorar de uma forma mais simples, só os familiares mais próximos. E ela acabou de me mandar mensagem me pedindo pra convidar a banda pra passar o fim de semana lá em casa. E claro, dar uma palinha na festa. Ela quer muito conhecer vocês! - a garota sorria de orelha a orelha. Todo mundo pareceu gostar muito da ideia. — E ela disse que se toparmos tocar na festa, ela vai pagar a gente. 

 

— Finalmente vou conhecer a sogrinha. - León falou abraçando a namorada por trás.

 

— Então temos que fazer bonito hein! - disse André.

 

Eu temia ter que presenciar cenas melosas de León com a família de sua namorada. Era pra MINHA mãe ser a sogrinha dele! Ao mesmo tempo que eu não achava uma boa ideia participar disso por questões do coração, eu também achava que seria legal viajar pra outra cidade e conhecer o grande casarão em que Ludmila já viveu com seus pais. Talvez fosse ser divertido. E eu duvido que os primos Ferro sequer me permitiriam recusar esse convite. Mas eu ainda teria uma tarefa difícil em convencer meus pais a deixarem seu bebezinho viajar sem eles para uma cidade distante. Eu nunca viajei pra longe sem eles, mas isso nunca foi um problema pra mim já que sou bem caseira.

 

Ao longo da semana fomos planejando tudo. Consegui convencer meus pais com a ajuda da banda. Sexta feira após nossa aula no Studio 21 iríamos todos almoçar no Restó Bar e de lá, iríamos seguir viajem.

 

O dia chegou e estávamos todos muito empolgados. Tivemos um almoço delicioso no restaurante dos Cauviglia. Francesca lamentou por não ter sido convidada, mas Ludmila garantiu que haveria uma próxima vez e que as coisas tinham que ser aos poucos. Após um tempo de descanso fomos todos rumo a van de André, a mesma van que usávamos quando precisávamos transportar nossos instrumentos, afinal, estávamos mesmo os levando para tocar na festa. Acomodamos os instrumentos e nossas malas de forma que pudéssemos ficar confortáveis. Eu fui quem levou mais coisas, inclusive meu coelhinho de pelúcia, que eu não podia dormir sem e que iria agarradinho comigo por todo o passeio. Eu, Napo e Ludmila ficamos nos bancos de trás. León fez companhia para André na frente. Poucos minutos na estrada e começamos a fazer bagunça cantando "ô motorista, pode correr, a banda On Beat não tem medo de morrer". André, que era o motorista, quando a gritaria diminuiu pediu respeito ao motorista que tinha sim medo de morrer, todos caíram na risada. Um tempo depois, colocamos pra tocar um CD que Napo havia montado com músicas variadas que nós gostávamos. Quando começou a tocar Counting Stars do One Republic, León aumentou o volume e absolutamente todos nós cantamos acompanhando a canção, é uma das minhas músicas favoritas da vida, e foi tão gostosinha a sensação de viajar com essa música e com todos cantando juntos e se divertindo. Ludmila inclusive gravou um pequeno vídeo de parte da nossa cantoria. Estava sendo uma viajem realmente muito agradável. Eu valorizo demais momentos como esse.

 

Depois de tanta farra e alguns lanchinhos, tivemos um momento de calmaria. Ficamos um bom tempo em silêncio. Enquanto André se mantinha atento na estrada, Napo jogava no celular e eu apenas curtia as músicas que agora estavam baixinhas, enquanto olhava pelas janelas. León estava quieto porém ainda acordado, Ludmila dormia sentada bem ao meu lado. A loira acordou suavemente sem dizer uma palavra, apenas se virou de lado, agarrou meu braço e apoiou sua cabeça em meu ombro. Ela parecia tão confortável daquele jeito, era minha própria bela adormecida, apenas a deixei como estava e logo eu mesma também caí no sono.

 

Chegamos na casa dos pais de Ludmila por volta das 18:30. De cara já nos encantamos com a entrada que era muito bonita. Passando pelo portão, a direita havia um pequeno jardim e duas redes numa varanda. Seguindo reto o caminho era direto para a garagem, que era como na lateral da casa. Paramos o carro na mesma e os pais da garota vieram nos receber, ambos muito simpáticos e receptivos, deram um abraço em cada um de nós mas certamente o mais apertado foi na filha, que sentiam saudades. Cada um pegou sua mala e seguimos Sr. e Sra. Ferro. Passsando pela garagem tínhamos os fundos da casa que era a parte mais impressionante. Era um espaço realmente muito grande, havia um bela piscina, uma área com mesas de sinuca, totó, tamancobol e ping pong, uma área com churrasqueira e forno a lenha, tinha também algumas árvores e balanços nos troncos das mesmas. Ficamos todos boquiabertos e logo nos chamaram para entrar e guardar nossas coisas. A parte de dentro da casa não era menos impressionante, a mãe de Ludmila foi nos mostrando tudo, cada cômodo tinha um ar diferente, alguns mais modernos, outros com ar de realeza, alguns bem coloridos, outros mais sóbrios, eu adoraria morar nesse lugar.

 

Chegamos ao quarto de visitas, onde dormiriamos eu, Napo e André. O quarto tinha uma cama de casal e uma treliche uma do lado da outra, de frente pras camas ainda havia um bom espaço para colchonetes se fosse preciso. Havia uma pequena televisão na parede e uma arara para roupas em um canto. O chão tinha um piso que imitava madeira e as paredes tinham um papel de parede que me lembrava muito uma casinha de bonecas antiga, era realmente muito aconchegante.

 

Deixamos nossas coisas lá e fomos conhecer o quarto de Ludmila, onde ela dormiria com León, para minha infelicidade. Não era de se chocar que o quarto da loira tinha paredes cor de rosa, essa era sua cor favorita, parecia uma casa da Barbie, num bom sentido, pois era um quarto realmente bonito. Ela tinha uma cama de casal, daquelas que tem um compartimento em baixo para guardar roupas de cama. Tinha prateleiras cheias de bichos de pelúcia e outros brinquedos e enfeites, nisso ela parecia comigo. Ela nos mostrou seu famigerado closet, que se mantinha cheio apesar da garota ter levado muitas coisas para seu atual lar. No fim do mesmo, havia uma porta que dava para o banheiro que tinha piso e paredes todos azuis clarinho.

 

Em seguida voltamos a garagem para pegarmos nossos instrumentos, Sr. Ferro nos instruiu a deixa-los na área da churrasqueira e assim fizemos. Depois disso finalmente fui tomar um banho que eu tanto queria. Além do banheiro no quarto de Ludmila, tinha um no quarto dos pais e um para as visitas. Ludmila foi se banhar no do quarto dos pais e deixou os outros dois a nossa disposição. Peguei minhas roupas e fui para o banheiro de visitas que era todo preto, achei chique. A mãe da minha colega de banda me mandou pegar toalhas no armário e nossa, que toalhas macias e pesadas, dava vontade de me cobrir com elas. O tempo estava levemente frio então decidi tomar o banho quente. Liguei o chuveiro e ah, que ducha maravilhosa, a água batia em minhas costas como se fizesse uma massagem relaxante, tudo que eu precisava depois de horas de viagem sentada naquela van, eu não tinha sequer vontade de sair do banho, podia até dormir ali.

 

Ao sair do banho voltei direto para o quarto de visitas. Napo já estava de banho tomado. André estava a esperar sua vez.

 

— Demorou hein. - disse André, que estava sentado na cama de casal.

 

— Vai lá tomar banho também e você vai entender o porque. Que chuveiro dos deuses! - eu falei olhando para cima com os braços apontados também para cima.

 

— O do quarto da Lud também! Eu falei pra ele! - disse Napo penteando o cabelo.

 

— Tô indo então, minha vez! - o baterista falou rindo enquanto bateu em minhas costas com uma camiseta.

 

— Meu Deus, Napo, que casa linda! - eu falei me sentando na cama de casal e separando a roupa suja.

 

— Não é menina? - ele sorriu de canto de boca com carinha de nostalgia. — Tinha uns bons anos que eu não vinha aqui.

 

— Vem cá e foi porque mesmo que seus pais não vieram? - perguntei.

 

— Meu pai não se dá bem com os pais da Ludmila, não mais. - o baixinho entortou a boca com carinha de tristeza. — Você sabe, meu pai, irmão da mãe da Lud, é todo aquele machão conservador. Meus tios são o oposto dele, já tentaram muito botar juízo na cabeça dele mas de nada adiantou. Minha mãe queria muito vir comemorar o aniversário da cunhada, mesmo que sem meu pai, mas não fez isso por medo de um problema maior. Meus tios entendem o lado dela. Eu não vejo a hora de ver minha mãe livre dele, sabe? Desde que eu me assumi eu só ganho desprezo do meu pai e ele também não é bom pra ela... - vi os olhos de Napo ficarem marejados, ele respirou fundo. — Mas não vamos estender esse assunto né? Estamos aqui pra nos divertir.

 

— Tudo bem. Vamos mudar de assunto então. - me levantei da cama e dei um abraço no meu amigo. Depois nos sentamos na cama novamente e continuamos a conversar.

 

— Então... lembrei de uma coisa agora que eu tinha me esquecido. - disse Napo enquanto mechia em sua mochila procurando algo.

 

— Diga. - eu respondi. O garoto pegou seu celular e abriu uma foto. Uma foto do momento em que eu e Ludmila dormimos no carro.

 

— Não creio! - eu peguei o celular da mão dele e fiquei observando a imagem, abrindo um sorriso bobo.

 

— Eu achei vocês extremamente fofas. Não resisti, precisei registrar isso. - o baixinho falou com uma voz meiga.

 

— Oque é ludeon perto de natmila não é mesmo? - eu falei aos risos.

 

— Olha mas já tem até nome de shipp? León tem que ficar de olho. - Napo falou com um olhar malicioso.

 

— Não nesse sentido né, rato! - eu o dei um empurrãozinho de leve.

 

— Como seria o nosso? Napoty? Natypo? Que merda hein. - ele fez cara de desgosto.

 

— Que tal nana? É fofo vai! - eu respondi.

 

— É... meio pombo mas não acho que vamos conseguir algo melhor que isso. - ele falou aos risos.

 

— Queria ir mostrar essa foto pra Ludmila agora, porém medo de chegar lá e interromper alguma coisa, se é que me entende.

 

— Ai Naty, não fica pensando nisso! Hora de mudar de assunto de novo! E aí, gosta de pão? - o garoto falou brincando e eu ri.

 

— Ai Napo, só tu. - falei apertando as bochechas do meu amigo.

 

Algum tempo depois, na hora da janta, os pais de Ludmila nos chamaram para a sala de jantar, para fazermos a refeição todos juntos e conversarmos um pouquinho. A própria Sra. Ferro preparou um delicioso caldo de inhame com gorgonzola e alho e algumas torradas para acompanhar. O clima estava ótimo para um caldinho e seria uma refeição leve, já que no dia seguinte, na festa, comeriamos um churrasco caprichado. Eles perguntaram várias coisas sobre a banda, sobre o namoro de sua filha com León e essa parte especificamente me deixava bem desconfortável, perguntaram se mais algum de nós namorava e a resposta de todos foi não. Falaram de como Napo não mudava nada com o tempo e continuava parecendo ter 16 anos, os primos Ferro recordaram alguns momentos de sua infância... é, foi uma noite bem legal.


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