Girl Crush escrita por suenacomoyo


Capítulo 10
O show




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— Então quer dizer que a minha namorada e a garota que me odeia agora são uma dupla de sucesso no karaokê? - León falava com o braço em volta dos ombros de Ludmila. Estávamos todos andando juntos saindo do salão principal.

 

— Que perigo hein Vargas! - André falou aos risos e dando um tapa no ombro do melhor amigo.

 

— E você acha que eu vou fazer oque, palhaço? - eu ri. Nós paramos no centro do Studio.

 

— Vai falar mal de mim pra ela pelas minhas costas. - León respondeu em tom de brincadeira.

 

— Mas eu não preciso falar pelas costas, eu falo na sua cara mesmo. - eu fiz cara de deboche.

 

— Ooooh! - Napo e André gritaram em unissono implicando com o amigo e em seguida começaram a cantar "turn down for what".

 

— Meu Deus. - Ludmila gargalhava. — Vocês são um belo de um morde e assopra. - ela prosseguiu.

 

— Mais morde que assopra. - eu e León falamos juntos e nos surpreendemos, logo começamos a rir e fizemos um high five.

 

— Mas porque você sempre diz que a Naty te odeia, Lion?

 

— Sei lá, pergunta pra ela! - León me apontou.

 

— Ai León, não se faça de santo. - revirei os olhos.

 

— Eles costumam brigar muito, prima, é por isso. Você que restaurou a paz nessa banda e desde que você chegou eles só brigaram de verdade... no dia que você chegou. - Napo respondeu rindo.

 

— Pelo menos a Ludmila tá servindo pra botar juízo na cabeça desse manézão. - eu falei.

 

— Você tá vendo né, amor? De graça, nem falei nada. - León falou olhando pra Ludmila.

 

— Ai Lion, agora você não falou mas você é bem implicante com ela sim que eu vejo.

 

— Ih fodeu. - André falou aos risos.

 

— Tá vendo, Natália? Botou minha namorada contra mim. Era disso que eu tava falando. - ele me deu um empurrão de leve enquanto ria.

 

— Eu não tenho nada a ver com isso, ela chegou nessa conclusão sozinha. - eu o empurrei de volta também aos risos.

 

— Bora crianças! Quem tem aula comigo agora? - o professor Beto chegou gritando nos dando um susto. Assim seguimos eu, León e Napo para a sala de instrumentos com o professor. Ludmila e André tinham aula de dança naquele horário e ficaram a esperar pelo professor Gregório.

 

A manhã passou e depois do último horário das turmas da manhã, o diretor Pablo e o dono do Studio, Antônio, chamaram todos os alunos para o salão principal pois tinham um comunicado a fazer.

 

— Esse fim de semana teremos um evento especial aqui no Studio 21. - Antônio começou.

 

— Vocês devem saber que daqui do Studio saiu uma banda de sucesso. - Pablo continuou.

 

— E essa banda agora está envolvida em projetos para ajudar abrigos de animais. - Antonio prosseguiu.

 

— Vamos realizar um showcase dos Rock Bones aqui no Studio! - Pablo falou com um enorme sorriso estampado em seu rosto. Os alunos começaram a tagarelar. Pablo pediu gentilmente por silêncio e continuou a falar:

 

— A entrada para o evento será 1 quilo de ração para cães ou gatos e será fechado para os alunos do Studio. Os meninos da banda estão muito contentes de retornar a onde tudo começou.

 

Pablo e Antônio continuaram a tirar dúvidas dos alunos sobre o evento. Depois que dispensaram os alunos pude ver Ludmila surgindo da multidão e vindo em minha direção.

 

— Natália, os Rock Bones, Natáliaaaa! - Ludmila me chacoalhou.

 

— Eu sei Ludmilaaaa! - eu dei alguns pulinhos de alegria.

 

— Você ama eles tanto quanto eu, não ama? -no rosto da loira estava estampada a euforia e no meu também.

 

— Meu Deus, sim! - eu respondi de forma muito empolgada.

 

— Vamos chegar cedo pra poder ficar bem na frente? A gente aproveita e passa mais um tempinho juntas! - ela segurava as próprias mãos perto do rosto.

 

— É... talvez seja uma boa. - eu gostei da parte de chegar cedo pra ficar num bom lugar, mas não tinha certeza sobre essa parte de passar mais tempo com a namorada do cara que eu gosto.

 

Passamos a semana toda ansiosas pelo dia do show e combinando tudo que tinha que ser combinado. Napo iria mais cedo conosco. André e León iriam mais tarde pois não faziam questão de ficar na frente. Napo também não, porém ele queria nos fazer companhia e eu também o pedi muito para que não me deixasse sozinha com sua prima.

 

O showcase começaria as oito da noite, ficamos na fila desde as quatro da tarde e já tinham algumas pessoas na nossa frente, mas nada de se desesperar, até porque como foi dito, seria uma apresentação apenas para os alunos do Studio e nem todos compareceriam. Durante a espera na fila nós conversamos bastante, fizemos um lanchinho, algumas pessoas da fila pediram pra gente cantar Dile Que Si, nós cantamos e apesar de soar bem diferente com Ludmila e sem León e André as pessoas pareceram gostar e cantaram junto. Logo depois começamos todos a cantar músicas dos Rock Bones e eu me esguelei como se não houvesse amanhã com Mi Perdición.

 

— Nem preciso perguntar se essa é sua favorita né? - disse Ludmila.

 

— Pois é. - eu ri. — Mi Perdición é tudo pra mim. Fora a letra que sou eu todinha sonhando e me iludindo com os crushes.

 

— Hmm crushes... - Ludmila sorriu de canto de boca enquanto esfregava o queixo. — Conta mais.

 

— Ué não tem mais pra contar. - eu olhei para Napo e começamos a rir. Ludmila fez cara de confusa. — Ludmi, eu nunca fui correspondida. A história acaba aí. Não tem mais.

 

— Ah não acredito! Você é tão linda Natália, como ninguém nunca se interessou por você? Ou se interessou e você não sabe. - Ludmila falou indignada. Eu fiquei meio boba por ela dizer que me acha linda.

 

— Pra não dizer nunca, uma vez a minha amiga Francesca deu uma festa que rolou aquele joguinho de verdade ou consequência. E bom, tirando eu, que não bebo, tava todo mundo mais do que bêbado. - Ludmila permanecia atenta na minha história enquanto Napo, que já sabia, apenas comia alguns biscoitos e sorria. — Mas um amigo da Fran que eu achava uma gracinha e sempre foi um doce comigo, o Maxi, me desafiou a beijar ele. Eu falei que só faria isso se ele me pagasse algum álbum de um artista que eu gosto. O garoto mais pra lá do que pra cá, aceitou a proposta e foi assim que eu perdi o bv... e isso deve ter sei lá, um ano. Sim, demorei pra caralho.

 

— Minha nossa senhora! - Ludmila gargalhava com a mão tapando a boca.

 

— E foi horrível. Eu não tinha a menor ideia do que eu tava fazendo. Fiquei morrendo de medo dele me zoar pros outros porque obviamente foi ruim pra ele também. Tanto que ele nunca quis repetir. - eu ri. — Mas pelo menos eu consegui um CD do Hoobastank. - fiz um biquinho e o sinal de paz com os dedos.

 

— Eu falei pra Naty que ela devia ter investido no Maxi. - disse Napo rindo.

 

— Mané investir, o garoto tava bêbado! - eu respondi dando um tapa no braço do loirinho.

 

— Mas ele já tava todo chegado em você antes de ficar bêbado.

 

— Ele só tava sendo amigável, Napo!

 

— Amigável hm... sei.

 

— Ele nunca mais me procurou, garoto, eu hein! Fora que de qualquer forma eu gostava mesmo... - quase falei "León" na frente da namorada dele, meu coração até acelerou. — De outra pessoa né! - deu tempo de corrigir sem que ela percebesse.

 

— E eu? Meu primeiro beijo foi quando eu era bem novinha, devia ter uns 13 mais ou menos, mas com um cara bem babaca. - Ludmila contou enquanto pegava alguns biscoitos pra comer.

 

— Oque ele fez? - perguntei curiosa.

 

— Ah, ele era bem mais velho, já estava no último ano do ensino médio e bom, depois de um tempo eu percebi que esse rapaz era daqueles que as garotas da idade dele não davam a mínima pra ele, por isso ele tentava com as novinhas. Hoje eu o acho nojento! Mas na época eu era apaixonada e inocente. A magia acabou quando ele começou a me fazer ciúmes de propósito com uma garota e depois descobri que ele me traiu com ela. - a loira falava mexendo nos cabelos com um ar de que aquilo não a machucava mais.

 

— Que filho da puta! - me revoltei.

 

— Mas aí que vem o plot twist! - a garota ergueu a cabeça e levantou o dedo indicador. — A menina que ele me traiu era mais ou menos da minha idade, se sentiu culpada e quis ser minha amiga... daí um belo dia a gente se pegou. O cara ficou indignado quando soube. - ela riu. — E foi aí eu percebi que talvez eu não fosse hetero.

 

— Uau, por essa eu não tava esperando mesmo. - falei surpresa.

 

— Mas depois disso eu demorei uns anos pra namorar ou ficar com alguém de novo. Eu percebi que eu era muito nova e muito ingênua e não queria nada com ninguém. Foquei nos estudos, inclusive comecei as aulas de violão. Só lá pro meio do ensino médio que eu comecei a ir pra umas festinhas, dar uns beijinhos, arrumei uma namoradinha. - ela abriu um sorrisinho sapeca. — E com ela sim, posso dizer que tivemos uma linda história, passamos juntas por toda a fase da alto aceitação e também enfrentamos a aceitação e não aceitação de amigos e familiares... hoje ainda somos boas amigas, não teve nenhum motivo específico para nosso término, sempre foi um relacionamento saudável, só durou oque tinha pra durar, a magia acabou um dia e tá tudo bem.

 

— Que bonito você falar dessa forma. - eu sorri sem mostrar os dentes. — É daqueles casos em que você diz, não é porque terminamos que o povo pode dizer que não deu certo, é claro que deu certo, deu certo enquanto durou e foi lindo!

 

— Exatamente! - ela sorriu pra mim de forma serena.

 

— Ai, eu to só escutando aqui e amando ver vocês duas sendo amiguinhas. - disse Napo com um sorrisinho no rosto apertando nossas bochechas.

 

Algum tempo se passou até que finalmente pudemos entrar. A apresentação seria no palco do salão principal. Não demorou muito e os Rock Bones chegaram, levando todos a loucura, muitos gritos, assobios e aplausos por todo o salão. Eu fiquei tão emocionada que até chorei. Ludmila achou fofo.

 

Mais ou menos na metade do show os garotos da banda deram uma pequena pausa. Logo que voltaram anunciaram que iriam escolher duas pessoas da plateia pra cantar com eles no palco a música InvenciblesEu e Ludmila nos olhamos e entramos em surto com a possibilidade. Estávamos na terceira fileira mais próxima do palco. Seria fácil de verem a gente.

 

— Vocês duas! Vocês de roxo e vermelho aqui na frente. - disse o vocalista Peter no microfone. Eu estava de blusa vermelha. Ludmila vestia um macaquinho roxo. Não podia ser coincidência. Nós nos viramos e olhamos para Peter que estava nos apontando. Ele confirmou que éramos nós mesmas as escolhidas. Nos viramos uma pra outra novamente e começamos a gritar.

 

— Venham! Podem subir! - ele nos chamou de novo.

 

— Napo, pelo amor de Deus, GRAVA ISSO!!!! - eu pedi para meu amigo baixinho antes de sair e ele logo pegou seu celular no bolso.

 

Subimos no palco e logo veio um staff nos dar microfones. Nos posicionamos uma de cada lado do vocalista. A música começou a rolar. De início apenas Peter cantou, até que Ludmila tomou coragem e cantou junto.

 

"Hoy todo puede pasar

Todo lo que te imaginas"

 

Logo eu, apesar de muito nervosa, tomei coragem para acompanha-los no refrão.

 

"Si estas aqui, cerca de mi

Todos los sueños se vuelven realidad

Si estas aqui, cerca de mi

Podemos imaginar

Que somos invencibles"

 

Aquilo parecia tão surreal. Mas tentei me concentrar ao máximo pra cantar direitinho. Ludmila já estava bem mais solta e a vontade, eu já podia imaginar os Rock Bones se encantando com seu talento e carisma e a convidando para uma colaboração. Os meninos da banda as vezes nos olhavam sorrindo durante a canção. Em algumas frases nos deixavam cantar sozinhas. Foi uma experiência mágica. No final, sem nem mesmo a gente pedir, os membros vieram nos dar um abraço. Eu fiquei muito, muito feliz. Voltamos pra plateia e passamos o resto do show desacreditadas que aquilo havia realmente acontecido. Esse com certeza foi o dia mais icônico da minha vida.


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