Assassin's Creed: Elementary escrita por BadWolf


Capítulo 12
Sob Nova Direção




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            Jacob Frye estava no topo do Banco da Inglaterra. O vento agitava suas roupas. Era noite, hora perfeita para agir. Estava parado ali há duas horas, de onde o Assassino não tirava os olhos da porta de um afamado restaurante da City. Mrs. Stapleton estava lá, como o Assassino já sondara com alguns funcionários do local, jantando ostras, regadas com o melhor champanhe da casa. Tudo bancado com o árduo trabalho de suas prostitutas rudemente exploradas e maltratadas nos bordéis da cidade.

            Seu amigo Harry estava ali, próximo. Recostado a um poste, parecia fumar desinteressadamente um cigarro, mas também estava vigiando a mulher, que redobrara a segurança quando os Rooks tomaram o primeiro bordel – que pertencia a ela, assim como metade dos bordéis da cidade. Desde que assumiram o novo “negócio”, alguns atentados aos Rooks aconteceram, mas nada de maior gravidade. No entanto, Jacob sentia que precisava cortar imediatamente o mal pela raiz. Os Rooks não estavam em condições financeiras de perder dinheiro por represálias dela. E a urgência por dinheiro também tornava necessário conquistar mais e mais bordéis.

            Finalmente, Jacob viu a mulher saindo dali. Visivelmente bêbada, mas capaz de andar sem ajuda. Ela tinha um guarda-costas pessoal, chamado Stuart Nichols, um dos poucos Blighters que conseguiram escapar da mão pesada dos Frye. Como o mesmo abandonou os Blighters antes do navio afundar para embarcar em um negócio privado, Jacob deu-lhe pouca atenção. Mas agora, seus caminhos se cruzavam novamente. E tudo indicava que não haveria volta.

            O plano era simples e perfeito, recapitulava Jacob. Entrar na casa, matar os seguranças e matar Mrs. Stapleton, e  assim o caminho para vários bordéis da cidade estaria livre para controle dos Rooks. Pronto. Àquela altura, os Rooks já deram conta da primeira e segunda parte facilmente. No entanto, restava a mulher e seus seguranças pessoais, que Jacob tinha consciência de que eram os melhores e que apresentariam mais problema. Este Jacob queria cuidar pessoalmente.

            O cabriolé partiu, cercado por duas carruagens repletas de marginais. Jacob os seguia a uma distância segura, escalando os telhados da cidade pela noite escura e densa de Londres, encurtando distâncias com seus saltos e sua manopla. Estava tão alto que as luzes dos postes não conseguiam alcança-lo.

A mulher não morava muito longe dali, ele percebeu. Os veículos pararam instantaneamente na frente de sua casa, um belíssimo casarão com um jardim, um luxo em se tratando de Londres. Não havia ninguém para abrir o portão, até aparecer um guarda.

—Er... Boa noite, minha senhora.

—Por que demorou tanto, seu preguiçoso? Acaso estava dormindo?

—Er... Não, senhora. – disse o homem, trêmulo. Escondido no telhado vizinho, Jacob se enfureceu, ao notar que o guarda estava com o nariz quebrado. Os Rooks não deveriam fazer nada com o guarda, mas estava claro que ele estava assustado porque tomou uma bela surra e ouviu umas boas ameaças de morte durante a invasão, decerto.

—Espere... O que é isso no seu nariz? Sangue?

—E-E-E-u bati na porta. Desculpe, minha senhora. Sou um completo desastrado.

O grandalhão Stuart Nichols riu do modo atrapalhado do criado de Mrs. Stapleton. A risada dele pareceu tranquilizar Stapleton de que não havia nada de errado ali.

—Vê se toma mais cuidado, Richard. Da próxima vez que for relaxado com seu serviço, eu te coloco no olho da rua. Candidatos ao seu emprego não faltarão. – ameaçou a mulher, enquanto o pobre empregado saía do caminho para que as carruagens adentrassem.

—Parece que você é que vai mudar de patrão, Richard. – brincou Jacob, enquanto saltava com destreza do telhado para a casa de Stapleton. Ele notou que algumas janelas foram deixadas abertas propositalmente pelos Rooks, para facilitar a entrada do Assassino, acostumado a dispensar portas. Antes de entrar, Jacob viu Mrs. Stapleton caminhar apenas acompanhada de seu fiel capanga Stuart Nichols. Para surpresa do Assassino, o capanga deu uma bela apalpada na mulher, que deixou escapar apenas uma risadinha cúmplice.

—Hum... Então, é mais do que uma relação estritamente profissional. – pensou Jacob, começando a encher-se de idéias. Antes de prosseguir e adentrar à casa, Jacob decidiu que deveria matar logo os quatro guardas que acompanharam Stapleton no restaurante. Uma tarefa que se mostrou mais complicada do que ele previra.

Jacob não queria que a luta envolvesse armas de fogo, por isso procurou ser rápido. Deu um Assassinato Aéreo em dois guardas, deixando-os permanentemente fora de combate. Os outros dois restantes imediatamente detectaram sua presença. O Assassino atirou seu Khukri com destreza em um deles, acertando-o fatalmente entre os olhos. Sem tempo de recuperar sua arma, o Assassino partiu para cima do capanga restante contando apenas com os punhos. O homem, que tinha quase seu tamanho, era ágil e se esquivou de alguns de seus golpes. Tomando o braço de Jacob, ele desferiu um soco certeiro no queixo do Assassino, atordoando-o a ponto de fazê-lo cambalear.

Voltando a si, Jacob viu que o sujeito sacou um revólver, sob um sorriso vitorioso. Mas antes que o Assassino pudesse reagir, um estalo se ouviu, fazendo o homem cair desmaiado. Era Harry, que havia partido uma vassoura na cabeça do capanga.

—Você me deve umas três cervejas depois dessa. – avisou Harry, estendendo a mão para levantar Jacob do chão. Tirando a poeira do corpo, Jacob viu que sua tarefa já estava concluída, restando apenas a cafetina e seu amante grandalhão para cuidar. Arrancou seu Khukri do crânio do bandido caído sobre o chão e seguiu para a casa, acompanhado de seu amigo Harry.

Jacob encontrou alguns Rooks no corredor, fumando e conversando em cochichos.

—Fala, chefe. – disse um, estalando os dedos.

—Tudo pronto para descer a lâmina nela. – brincou um bruto.

—Podem deixar isso comigo. Aliás, fiquem atentos, rapazes. – pediu Jacob, enquanto descia as escadas, acompanhado de Harry. Ao notar seu amigo ao seu lado, Jacob tentou detê-lo de prosseguir com ele.

—Você não precisa me acompanhar.

—Como é? Acabei de salvar sua bunda, seu ingrato! – questionou Harry.

—A partir desse ponto é arriscado, Harry. Stuart Nichols é um veterano dos Blighters, a finada gangue rival dos Rooks. É um sujeito perigoso e com sede de vingança. É melhor que fique por aqui. Por favor. – pediu o Assassino.

Harry bufou.

—Tá certo. Vai sozinho, então. Mas você vai me dever mais uma cerveja por isso.

Jacob continuou a caminhar pela suntuosa casa de Stapleton. Ouviu o gramofone a tocar uma música clássica, bem ao fundo. Caminhando cuidadosamente, Jacob alcançou a porta que dava até a biblioteca, onde ele viu os dois alvos se aproximando. Quando com a mão na maçaneta, Jacob sentiu que algo foi arremessado contra si. Por centímetros, um vaso não acertou seu rosto, estilhaçando com força na parede. Apesar da escuridão no cômodo, Jacob sentiu um vulto a correr contra si, dando-lhe um encontrão que o arremessou com força contra a parede. A julgar pela força, era o grandalhão Stuart Nichols.

—Querendo acabar mais uma vez com o meu ganha-pão, Frye? – bradou o grandalhão, bufando como um touro indomável.

—Isso e mais um pouco. – disse Jacob, se levantando e empunhando seu Khukri. O capanga não parecia assustado em ter de enfrentar o Assassino, partindo para o ataque mais uma vez. Jacob se desviou, deixando um considerável corte no braço de Nichols, que urrou de dor. Entretanto, para total pasmo e ojeriza de Jacob, o homem lambeu o próprio braço, de onde jorrava um filete de sangue.

—Sangue não me assusta. – reergueu-se Nichols, que tirou do bolso uma espécie de bastão, de um metal que Jacob jamais vira em sua vida. A curiosidade do Assassino precisou ser adiada, pois no mesmo instante ambos partiram mais uma vez para uma luta, tão intensa quanto mortal. Nichols usava seu bastão para bloquear os golpes de Jacob, e para surpresa do Assassino, com admirável destreza. Uma pena que Nichols tenha dado meia-volta durante a guerra de gangues e recusado o convite de se unir aos Rooks. Agora, um bom oponente pereceria em suas mãos.

Arfando de cansaço, por não conseguir acertar um golpe sequer, Jacob procurou conversar.

—Você é movido por dinheiro, não por uma causa. Junte-se a mim e sua vida será poupada. – pediu o Assassino. Nichols riu.

—Me oferecendo um emprego porque sabe que não pode me derrotar?

—Não. Estou te oferecendo uma chance porque você teria mais utilidades a mim vivo do que sendo um cadáver.

—Você fala demais.

Ambos voltaram a lutar novamente. A conversa de Jacob pareceu ter dado mais ânimo e confiança à Nichols, pois seus golpes tornaram-se mais rápidos. Rápidos e negligentes, pois não demorou muito para que Jacob finalmente o acertasse no pescoço, rasgando-o completamente e fazendo o brutamontes cair no chão, gorgolejando em sangue.

—Eu tentei. – disse Jacob, ao perceber que Nichols estava realmente morto agora. O bastão ainda estava nas mãos do patife.

—Ao vencedor, os espólios. – disse, guardando o bastão em sua jaqueta. Surpreendeu-se ao ver que o objeto conseguia se contrair, ficando pequenino ao poder de um clique. Ao apertar o bastão, Jacob o viu brilhar ainda mais intensamente. O brilho o fez perceber, então, que aquele belíssimo bastão era muito mais do que uma arma extravagante. Havia também desenhado nele uma série de símbolos que ele só encontrara em um lugar: gravado no Manto do Éden. Seria este bastão uma espécie de Peça do Éden? E se sim, como foi parar nas mãos de gente como Mrs. Stapleton?

O que quer que fosse, Jacob sentia que não deveria deixa-lo ali. Muito menos consigo, pois ele não era a tolo a ponto de não reconhecer que era um ignorante a respeito das Peças do Éden, que ele chamava carinhosamente de “quinquilharias”. O melhor a fazer seria entregar esse bastão para sua irmã, Evie. Ele já imaginava a Assassina analisando o objeto com afinco e o dissecando como se fosse um sapo.

Mas o bastão misterioso não parecia lá ser muito desejoso em esperar uma análise de Evie. Subitamente, o objeto voltou a brilhar nas mãos de Jacob. Desta vez, mais intensamente, quase cegando Jacob com sua luz.

Uma imagem holográfica se desenhou diante de seus olhos.

Era um homem. Um pouco mais baixo que si, usando roupas antiquadas, decerto do século passado. Tinha o cabelo longo, amarrado em um rabo-de-cavalo, usava óculos e barba. Mas o que mais chamou a atenção de Jacob não foram suas características físicas, ou o esquisito chapéu tricórnio que ele utilizava, mas o símbolo dos Assassinos em sua fivela e no broche de sua gravata.

Qualquer um que beber da Fonte do Esquecimento será esquecido. Descobri isso da pior maneira possível. Eu bebi daquelas águas amaldiçoadas. Provei de seu sabor, sem saber que estava provando de minha desgraça. Todos me esqueceram. A Irmandade não sabe quem eu sou, alunos e professores da Universidade não me reconhecem, minha esposa e filho me olham da mesma maneira que um estranho... E tudo que fiz, exatamente tudo, foi subitamente apagado da História. Meus dois livros se tornaram páginas em branco. Meu nome foi apagado de todos os lugares. Tenho cá minhas dúvidas se estou mesmo lidando com um Artefato do Éden, ou com algo muito além de nossa compreensão do que os Precursores. Por isso, tomei minha decisão de destruir a Fonte. Hoje, este poço maldito será destruído.

A curiosa visão imediatamente se dissolveu diante dos olhos de Jacob. Embora não fosse um afinco estudioso dos Artefatos do Éden, Jacob sabia que ela havia terminado, simplesmente. Toda a fala do homem lhe pareceu estranha demais. Fonte do Esquecimento? Que porcaria toda seria essa?

Eu deveria contar a Evie, ele pensou.

“Não. Ela vai querer saber como eu consegui esse bastão. E engenhosa como é, irá averiguar qualquer história que eu contar. Não. Melhor não. Se Evie descobrir sobre os bordéis, ela não aceitará, e não posso abrir mão dessa receita agora. Não vejo porquê me preocupar com essa tal Fonte do Esquecimento. Esse homem disse que a destruiu, e possivelmente fez isso mesmo. Há assuntos mais importantes a tratar do que mais uma quinquilharia que já deve estar destruída a uma altura dessas. ”

Jacob analisou mais uma vez o bastão. Dúvida tomava seus pensamentos.

“Eu deveria lança-lo no Tâmisa. Seria o fim dos meus problemas.”

Um grito de horror despertou Jacob de sua dúvida quanto ao que fazer com aquela Peça do Éden. Logo ele recordou-se que sua missão ainda não havia sido concluída, pois diante de si estava uma trêmula Mrs. Stapleton, apreensiva ao ver seu amante morto aos seus pés. O Assassino suspirou, guardando o bastão. Caminhou para ela, usando seu olhar mais intimidante.

—Podemos negociar... – foram suas últimas palavras, antes de ter sua garganta cortada pela lâmina oculta do Assassino.


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Notas finais do capítulo

JACOB, MAS QUE IDEIA É ESSA??
Gente, alguém para esse rapaz, por favor...
Tomara que ele não faça nenhuma besteira com essa Peça do Éden...

Até o próximo capítulo!!



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