Assassin's Creed: Elementary escrita por BadWolf


Capítulo 1
Prólogo




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/789506/chapter/1

            Uma Conspiração. Bem debaixo de nossos olhos.

            Assisti, no último ano, a cidade de Londres atravessar uma transformação profunda e ao mesmo tempo sutil. Uma transformação que não poupou vielas e becos da cidade e nem os grandes salões e escritórios de companhias que dominam Londres. Jornais escancaravam notícias na primeira página a respeito de mortes repentinas de figuras importantes e em notas de rodapé insignificantes a escalada de crime e violência na cidade. Iludidos. Não faziam idéia de que tais fatos estão alinhados, unidos por uma fina e tênue linha construída por duas organizações que há séculos lutam por dominação – ou a falta dela, dependendo do ponto de vista.

            Meu interesse pelos Templários advém de minha infância, em Yorkshire. Meu tio Nathaniel possuía uma vasta biblioteca em sua casa, que me privava de horas de tédio quando passava férias por lá. Historiador de profissão, meu tio tinha profunda paixão pela História Medieval, especialmente a que envolvesse a Igreja Católica. Portanto, não é de se estranhar que houvesse tantos livros sobre a famosa Ordem dos Cavaleiros Templários. Havia livros sobre seus principais feitos, seus personagens mais emblemáticos, como Robert De Sable, sua importância nas Cruzadas, bem como sua perseguição e destruição pela Igreja Católica. Ler tamanhas maravilhas e grandezas sobre este grupo me fez duvidar que eles fossem completamente exterminados, como tão veementemente diziam os livros de História.

Havia também um livro em sua estante, abandonado e um tanto empoeirado, que tratava sobre a Ordem dos Assassinos. Certo dia, perguntei a ele o porquê de seu esquecimento. “Uma ordem de depravados, fanáticos muçulmanos que sequer vale a pena a leitura”, ele disse, num rompante claro de seus preconceitos religiosos. Em meus dias de menino, deixei o ocorrido para lá. Só hoje, já adulto, vejo o tamanho de minha negligência.

Mais tarde, em minha juventude, procurei meu tio Nathaniel para saber mais a respeito daquele livro. Meu tio, cuja mente já começava a lhe pregar peças, contou-me que dificilmente eu acharia aquela edição, até mesmo na melhor biblioteca da Inglaterra. Tinha sido presente de um amigo francês, que o pedira para jamais se desfazer do livro, ou mesmo mostra-lo a alguém. Era um homem chamado Françoise Dorian, ou algo assim. Não vou contar mais a respeito do que ele me contara sobre esse Dorian, pois não tenho certeza se meu tio Nathaniel estava mesmo contando a história correta, mas posso dizer que tal sujeito deveria ser singular, pois meu tio era um homem difícil de impressionar. Na verdade, qualquer pessoa de minha família é difícil de impressionar, inclusive eu.

Quando recebi o livro das mãos de meu tio, eu já era um jovem de dezessete anos, prestes a entrar na Universidade de Oxford, rezando para que os cinco anos de meu bacharelado em Direito passassem logo e não fossem dos mais penosos, pois estava muito desejoso em seguir com minha vida, caminhar com os meus próprios pés. Minha mente se rebela perante à estagnação. Cresci sabendo que não passaria o resto dos meus dias vestindo uma toga de juiz ou levando uma vida burocrática de advogado, como meu pai tanto desejava. E quando eu recebi este livro de suas mãos, eu já estava com fortes suspeitas sobre uma espécie de Guerra Secreta que sutilmente rodeava nossa História.

Revolução Francesa, Independência dos Estados Unidos, mesmo a Renascença. Relatos históricos destes eventos, desacreditados pela crítica e esquecidos pelo grande público, muitos ditos por sensacionalistas, narram a efetiva participação de uma ou mais pessoas que nada tinham em comum senão uma indumentária singular: um capuz. Pessoas que aparecem em momentos-chaves de nossa História, realizando feitos sem pedir nada em troca. Pessoas que sabem que serão esquecidas, e mesmo assim permanecem em uma espécie de “Cruzada Secreta”, a lutar cada qual por suas crenças, afetando o mundo e o tornando, assim, o que conhecemos hoje.

Apenas com o livro de meu tio pude entender quem são estes estranhos de veste singular, denominados “Assassinos”. Quando terminei de lê-lo, após exatas vinte e duas horas de intensa e ininterrupta leitura, eu senti que havia, finalmente, encontrado a peça do quebra-cabeça que faltava à minha teoria.

            O aumento da criminalidade, o surgimento inesperado e avassalador de uma gangue chamada Rooks, a morte de personalidades do mundo dos Negócios, da Ciência e da Política. Tudo está conectado a esta guerra secreta que a Ordem dos Assassinos e a Ordem dos Templários travam aqui em Londres, bem debaixo de nossos narizes.

            Hora de intitulá-los.

            Jacob Frye.

Não há como caminhar no submundo londrino – especialmente o dominado pelos Rooks – e não ouvir este nome. Um rapaz de idade próxima a minha, que veio sabe-se de lá de onde, e que com uma ascendência impressionante tornou-se líder da gangue que, atualmente, domina a cidade de Londres. Ele também já construiu uma fama a si nos ringues clandestinos e principais rachas de cavalo da cidade, o que chamou minha atenção, especialmente por ter no boxe um de meus esportes preferidos. Ouvi dizer que luta bem, tem uma mira mortal e é pouco preocupado com discrição. Mal faz idéia ele de que tal desleixo só torna meu trabalho de estuda-lo ainda mais fácil.

            Henry Green.

Pouco a dizer dele. Um indiano, que provavelmente usa sua loja em Whitechapel como fachada para suas atividades Assassinas. Andou visitando com invejável frequência – ao menos para mim – a Biblioteca Nacional. Dito por um homem simples, calmo e estudioso. Possui uma rede de “amigos”, que mais vejo como informantes, nos quatro cantos da cidade. Ainda não tenho certeza se ele é o líder do grupo.

            E por último, ela.

            Digo “ela” porque sinto que há um toque feminino em suas ações, um toque que não vejo nos padrões de Jacob Frye e Henry Green. A Mulher. Se não tenho certeza sobre seu nome, é graças à sua discrição, que de fato faz jus a todos os preceitos dessa Ordem dos Assassinos. O que essa mulher tem de sutil e discreta, ela tem de mortífera. A cada catástrofe a cair na cidade, ela estava à espreita, para evitar um colapso, seja financeiro, político ou social. Tudo com o seu toque feminino, sutil e perigoso. É esta mulher que tem provocado o meu fascínio, e sobretudo despertado a minha curiosidade, que agora vejo estar a tomar o melhor de mim e me deixar prestes a cometer uma loucura. Uma loucura que sei que pode colocar tudo que obtive até o momento a perder, mas sobretudo uma loucura que vale a pena enfrentar.

            Sei que os Assassinos dominam Londres agora. Honestamente, pouco vi de melhor na cidade desde então. Os crimes continuam, a exploração dos trabalhadores continua, as casas de ópio permanecem mais cheias do que nunca, a prostituição está em larga escala... Talvez eu esteja sendo exigente, ou mesmo ingênuo demais, em presumir que a vitória deles sobre os Templários traria algum benefício à sociedade. Ou talvez, eu esteja arranhando essa história apenas pela superfície, sem estar ciente de tudo que estava em jogo no confronto entre Assassinos e Templários por Londres.

O que importa é que hoje eu sei de tudo. Tornei-me um dos poucos, talvez o único cidadão, a saber desta conspiração a permear a nossa História. Mas saber o que sei não se faz o bastante para mim. Eu quero entender.

            Acho que está na hora de sair das sombras.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Assassin's Creed: Elementary" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.