Amor Perfeito XIV - Versão Arthur escrita por Lola


Capítulo 18
Clima de Velório


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥
* foto do capítulo representa quarto que irá ser mencionado (Kevin).
* perdão se houver erros.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/789213/chapter/18

Kevin Narrando

Enquanto Rafael limpava meu rosto Alice fazia sanduíches e nesse momento ria. Olhei pra ela sem entender.

— Você sempre apanha do Arthur. – ela falou e riu mais ainda.

— Nossa, que engraçado! Quero ver você rir quando ele terminar com você.

— Tá pronto. – ela trouxe o prato se sentando á mesa ao nosso lado. – Só não está tão gostoso quanto o do Murilo.

— Tem que falar dele. – tentei revirar os olhos, o que foi difícil já que Rafael estava quase tampando meus olhos com aquela gaze.

— Eu vi o carinha lá... – ela me olhou com cuidado.

— Como ele é? – perguntei abaixando o tom de voz como se fosse mudar a importância da pergunta.

— Ah... Branquinho, magro e parece alto... Tem o cabelo liso com corte de lado baixinho. Os olhos acham que eram verdes, mas eram escuros e não claros como os seus. Os traços dele eram bem bonitos, acho que é de se esperar né? Pela etnia dele. Mas... Pra ser sincera e sem puxar seu saco, você é muito mais bonito. Você tem um charme peculiar. Só não sei se por dentro ele é mais bonito que você... Talvez ele faça Murilo se sentir bem.

— Sim. Ele é o melhor para ele agora. E o melhor pra mim é um loiro dos olhos azuis que tá sempre na minha cama. – olhei pra Rafael que fingiu que eu não estava falando dele.

— Isso tá ficando sério. – ela comentou abismada.

— Sério? Tá ficando é muito divertido!

— O sempre dele foi só uma vez tá Alice? – Rafael me rebateu.

— Você vai dormir no quarto de hóspedes hoje hein? – ele não respondeu nada e Alice riu.

— Vocês dois estão parecendo namorados. – vi que ele ficou vermelho. Alice começou a mexer em seu celular. – Já enviei o áudio a Soph, ela não viu, deve estar dormindo, espero que veja ao acordar.

— Eu te levo cedo pra casa. Assim não vai dar problema com sua mãe.

— Até agora não estou acreditando que vou dormir na sua casa. Muito inédito.

— Tranca a porta. O meu pai tem a mania de sair abrindo as portas dos quartos igual o psicopata que ele é.

— Não me faça ter mais medo dele que já tenho.

— Relaxa. – falei e ri.

Após subirmos e eu acomodar Alice no quarto que ela iria dormir, fui para o meu com Rafael.

— Posso saber com quem está conversando tão concentrado e há essa hora?

— Kemeron. – continuei digitando. – Estive falando com ele durante a noite. Até mandei uma foto minha e de Alice jogando sinuca. – sorri. – Estou o tratando como namorado.

— Que sorte a dele. – levantei os meus olhos o olhando. – Ue, porque obviamente é isso que ele quer.

— Será que é só ele? – voltei a atenção ao aparelho.

— Se você continuar sério segurando esse celular com as duas mãos desse jeito te fazendo parecer mais sexy que já é eu vou acabar indo te chupar enquanto você fala com o seu namorado. – fiquei olhando pra ele.

— Você usa o sexo para esconder os seus sentimentos. – conclui e voltei a minha atenção a conversa com Kemy.

— Virou analista agora? – joguei o celular no armário.

— Vou tomar um banho rápido tá? – ele balançou a cabeça se deitando na cama. Quando voltei me deitei ao seu lado.

— Ele não dorme? Está tão tarde.

— Estava trabalhando. Ele é cinco anos mais velho que a gente, tem mais responsabilidade e se tratando de Kemeron tem muito mais responsabilidades.

— Você se apaixonou por ele né? – nos olhamos.

— Muito. Houve uma época que eu faria tudo por ele.

— Mas o Murilo você amou? Qual foi a diferença?

— A diferença que com Kemeron era só incerteza e com Murilo eu tinha muita confiança. Acreditava que por ser amor bastava.

— Como você acha que vai ser quando você o ver no natal?

— Como você acha? – o olhei atento.

— Você provavelmente vai dar em cima dele com o seu jeito Kevin de ser e ele... Bom, eu sinceramente tenho medo disso nem chegar a acontecer por Murilo dar uma crise antes.

— Por que ele daria uma crise?

— Você tá brincando né? – ele balançou a cabeça inconformado. – Não dá pra esquecer a intensidade do que vocês viveram. Eu que estava de fora notei. E você vai mexer com o emocional dele.

— Vou? Você acha mesmo? Você parou no tempo? As atitudes dele hoje não mostram que eu irei mexer com ele, nada. E te respondendo... Eu não sei como vai ser, mas vou agir de forma mais fria possível. Na verdade eu acho que nem vou estar aqui.

— Por quê? – ele me olhou curioso.

— Vou ir pra capital passar o natal com a família da minha mãe.

— Vai fugir? – ele riu. – Nunca imaginei você fazendo isso.

— Melhor ser covarde que mexer nessa história. Agora dá pra pararmos com esse assunto?

— Vamos dormir, você deve estar cansado de tanto apanhar. – ele riu me fazendo revirar os olhos. – Ei, sua cintura tá vermelha demais, mas Arthur mirou apenas em seu rosto.

— Eu havia apanhado antes. – ele ficou atônito.

— Como assim?

— Um cara achou que eu havia dado em cima do namorado dele.

— E é mentira?

— Sim, é mentira.

— Eu duvido muito. – ele me olhou e sorriu. – Você tem esse jeitinho de olhar que seduz qualquer pessoa.

— Mas daí a achar que estou dando em cima é uma distância longa.

— Aquele dia que a gente fumou no abrigo, você deu em cima de mim?

— Maldita hora que eu prometi não mentir pra você. – falei e ri. – Dei. Mas eu não estava interessado. E não era nada com você, era só... Murilo. E talvez se eu não tivesse tão magoado com ele aquele dia que você chegou a gente não tinha nem ficado.

— Você ainda não se interessa.

— Não é isso. É que eu dificilmente fico alguém sem estar envolvido.

— E por que continua ficando comigo então? Distração? Já tem o Kemeron.

 - Eu estou envolvido. – o olhei. – Você ainda não percebeu? – ele ficou em silêncio. – Por que esse nó na garganta?

— Você me disse que não tem muito a dar e agora diz que está envolvido.

— Não tenho. Mas eu te dou tudo o que eu posso, você é importante pra mim Rafael.

— Ainda não sei o motivo de estar fazendo isso e mesmo sendo a primeira vez não é estranho e eu me sinto tão bem ao seu lado. Gosto muito disso... Funciona, sabe? – sorri, concordando. – Não vamos deixar ter um fim... Não vamos estragar com dramas, pode ser?

— Claro. E por mais que eu brinque que você está apaixonado eu sei que não está. É por que eu gosto de te irritar.

— É engraçado... Não é só uma amizade, também não é só sexo, nem é um romance... Mas não é um caso, por causa do vínculo que criamos. Que confuso né? – dei uma risada.

— Você ainda não aprendeu que nem tudo precisa de definição? Sério mesmo?

— Não, só aprendi que você é chato pra caralho. Vai lá, apaga a luz. – ele me empurrou. – Hoje é a sua vez.

— Eu estou todo machucado, você não tem dó de mim não?

— Tenho, por isso não te ataquei. – dei uma risada. – Anda Kevin. – levantei e tranquei a porta e apaguei a luz.

— Kevin. – ele me chamou antes de dormirmos.

— Não, eu não vou dormir agarrado a você, esquece.

— Não é isso seu imbecil. Quero perguntar uma coisa.

— Pergunta logo Rafael, estou com sono. E daqui a pouco tenho que levantar.

— Por que tem um quadro de uma mulher nua em seu quarto?

— Minha mãe que escolheu. Ela achou que seria a minha cara por causa das tatuagens.

— Ah. Seria melhor se fosse um homem. Não seria?

— Boa noite Rafael. – ele deu uma risada e calou a boca. Acordei três horas depois e levei Alice até a casa dela. Ela já havia ligado para a mãe e avisado que estava indo, quando chegamos o carro do pai dela estava lá.

— Entra comigo. – ela me olhou assustada.

— Alice o Rafael tá dormindo lá em casa, eu tenho que voltar rápido antes que o meu pai o veja e sabe-se lá do que ele é capaz.

— Eu estou com pressentimento ruim.

— Tá bom. – assim que entramos o pai dela nos olhou.

— Encontrei com o Kevin e ele me deu carona antes que eu chamasse Arthur. – ele a cortou.

— Isso já deu problema no passado. Mas espero que esteja tudo resolvido... Preciso ser breve, tenho aula daqui a pouco.

— Aceita um café Kevin? – a mãe dela me ofereceu me impressionando. Eu deveria falar com o coração mais vezes.

— Não, obrigado.

— Diz Vinicius o que é tão importante.

— Vocês querem que eu saia? – perguntei um pouco desconcertado.

— Não. – ele respondeu e olhou para as duas. – Ontem eu me encontrei com o melhor psiquiatra de Alela. Maísa conseguiu um jantar com ele pra mim. Ele viu o laudo de Murilo e disse que os medicamentos certamente vão ser trocados já que as crises não estão se espaçando. E falou também que ele pode vim a ter ataques de pânico que são bem parecidos com essas crises e desenvolver alguns outros problemas sérios, como depressão, transtorno obsessivo compulsivo e transtorno bipolar. Ele não me pareceu muito confiante, segundo ele a agitação e bom humor do Murilo não são sinais positivos. Enfim... Foi um jantar longo e doloroso. Meu objetivo era só dar continuidade ao tratamento dele aqui, mas eu ouvi coisas horríveis. Tudo porque ao contar a primeira crise dele do abrigo ele disse que foi agressiva demais para um retorno do problema, geralmente é gradual e não dessa forma. – ele encarou a esposa. – Estou em dúvida se eu vou trazê-lo de volta. Ele disse que seria arriscado por causa do nervosismo que vai gerar a ele ao ser tão contrariado.

— Mas a gente não pode fazer tudo o que ele quer Vinicius.

— Se for para ele não piorar nós podemos sim Raíssa. Você imagina o inferno que é viver assim? Por que eu sim. – lembrei-me do transtorno que ele tinha.

— Então deixa que ele venha no natal. Já estou conformada. Mas acho que devemos conversar com outro médico, talvez esse seja pessimista demais.

— Ou realista. – ele respirou fundo. – Bom... Eu só quis deixar tudo claro, porque eu acho que nesse momento vocês duas tem que ter a ciência que se ele se afasta tanto talvez seja porque ele não esteja conseguindo lidar nem com ele mesmo... Não peguem tão pesado. Principalmente você Raíssa, para de derramar os seus dramas em cima do garoto.

— Sabe por que você faz tudo por ele? – ela perguntou quando ele virou as costas.

— Porque eu não fiz no passado. E eu me culpo todos os dias.

— Você sempre preferiu o Arthur. Tratava-o como filho. Novidade: ele não é o seu filho. E agora o filho verdadeiro precisa de você porque nunca te teve.

— Admiro o Arthur, mas nunca substitui o Murilo por ele. Eu amo o nosso filho Raíssa! É um absurdo você dizer isso.

— Ah não, vocês vão começar esse inferno.

— Estou indo. – ele beijou a filha e saiu andando, chegando até a mim que estava perto da porta. – Faça companhia a elas. – ele pediu bem baixo. Assenti disfarçadamente.

— Pode ir. – Alice falou me olhando assim que o pai saiu.

— Aonde? – sentei no sofá e coloquei os pés na mesinha de centro. – Vou tomar café aqui, minha ex sogra vai fazer alguma coisa gostosa pra eu comer. Ela finge que não, mas ela me ama. – fingi cochichar com Alice e Raíssa deu uma risada. – Não tô brincando, pode ir pra cozinha. Não é porque seu filho não está aqui que você não vai preparar uma mesa de café. – olhei Alice. – Nunca entendi como Murilo é magro comendo daquele jeito... – voltei a olhar a mãe dela. – Eu to com fome.

— Tá bom, tá bom. – ela foi pra cozinha.

— Obrigada. – Alice disse percebendo o que eu estava fazendo.

— Essas nuances de comportamento... Entre bom e mau ainda vão me deixar louco, sabia?

— Pelo que vi ontem e a forma como está provocando Arthur... Acho que você só fica bom com o que é relacionado a Murilo.

— O que é bem irônico porque é justamente por causa do desprezo dele que eu decidi voltar ao meu comportamento antigo.

— Você ouviu o meu pai, talvez exista alguma justificativa no problema que ele tem... Eu não sei.

— Ele tá com outro Alice.

— Mas não é nada sério. Ele deve estar carente, só isso.

— Você mesmo disse que ele parece fazer bem a ele... Deixa isso pra lá. Só quero estar com você e sua mãe agora e divertir as duas depois de ouvirem tanta coisa ruim.

— Ele vai ficar bem, não vai? – nos olhamos.

— Lógico que vai. – sorri.

— Posso deitar em seu ombro ou é muito pra você? – ri com a pergunta dela. – Sim, pensar em você daquele jeito me faz ter que te perguntar esse tipo de coisa. – puxei seu corpo e fiz carinho em seu cabelo. Vi que ela estava chorando.

— Não faz isso. Ele vai ficar bem Alice.

— Fiquei tão magoada com o afastamento dele e em momento algum pensei...

— Você não tem como saber o que Murilo sente ou passa. Para de fazer o que o Arthur faz o tempo todo.

— Quando ele me ligar de novo eu vou... – a cortei.

— Você vai trata-lo normalmente. Murilo morreria se percebesse que estão sentindo pena dele ou o tratando diferente.

— É verdade. – ela limpou o rosto. – Você o conhece tão bem né? Nem parece que namoraram apenas pouco mais de um mês.

— Éramos amigos. Talvez eu já o amasse sem saber que amava.  

— Ainda quero que vocês dois fiquem juntos. – ela suspirou. – Acho que vai ser a única chance de ser meu cunhado. – a mãe dela nos chamou e depois que comi fui para casa.

A noite recebi uma mensagem de Rafael pedindo que eu fosse até a casa dos meus avós. Ao chegar vi que Alice estava no sofá com uma mochila que parecia bem cheia e outra mochila que era da escola com seus materiais.

— Vou preparar um chá pra você Alice. – Isadora disse se levantando.

— Ravi vai com os seus pais até o aeroporto. Você vai querer ir com eles Alice? – Luna perguntou e ninguém mais dizia nada. Procurei Arthur ou Rafael com os olhos e não achei.

— Não. – ela respondeu e colocou os pés em cima do sofá abraçando as pernas. Peguei meu celular para mandar mensagem para Rafael quando o vi descer com meu irmão. Fui até eles.

— O que aconteceu? – olhei o loiro.

— Não sabemos direito. Eu te chamei antes dela chegar, você demorou.

— O que vocês sabem?

— Vinicius e Raíssa estão indo pra Paris e Alice vai ficar aqui.

— Mas por que ela está desse jeito?

— Você está se fazendo de sonso né? – Arthur perguntou me encarando bastante nervoso, não sei se comigo ou com a situação. – Você sabe muito bem. – criei coragem e fui até ela.

— Ele foi hospitalizado de novo. – ela falou mantendo os olhos fixos no chão. – Meu pai... Ele não decidiria ir até lá atoa. E eu percebi tudo. Não sei se Murilo... – ela começou a chorar. – tentei me aproximar e ela me empurrou. – Ele pode nem estar vivo e a última coisa que eu fiz foi xinga-lo por me acordar. – olhei e vi que Arthur estava abraçado a Otávia que havia descido com Yuri. Apontei para Alice e ele fez sinal negativo. Fui até ele mais nervoso do que eu queria.

— Que merda você tem na cabeça? Ela precisa de você agora!

— Ela não quer me deixar chegar perto. Ela ameaça gritar... Não vou forçar.

— Foda-se. Vai lá e a abraça assim mesmo. Até ela se acalmar. No fim ela vai te agradecer por ter insistido.

— Se eu estivesse bem com você até iria querer saber como você está, mas como não estou eu nem quero saber.

— Vai lá. – usei o tom de voz mais autoritário imaginável. Ele foi mesmo me olhando feio.

— Como você... – Rafael começou a perguntar e parou. – Está?

— Só quero sair daqui e desse clima de velório.

— Mas já parou pra pensar que podemos mesmo ter um velório em breve? – Otávia perguntou e eu a encarei.

— Aquele filho da puta não iria morrer antes de ouvir tudo que eu tenho engasgado dentro de mim. Não existe essa possibilidade. – respondi e sai com Rafael atrás.

— Você sabe dirigir não sabe? – perguntei o olhando. Ele respondeu positivamente. – Então só anda. – entramos no carro. Era incrível que ele sabia que nesse momento eu precisava de silêncio e que nada que ele dissesse iria prender a minha atenção. O melhor era me deixar absorto em meus pensamentos que podiam ser nada mais que fantasias, já que agora eu não tinha a mínima noção da legítima realidade.

"Como você pode puxar a tomada e me deixar morto?"

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Tirando o início e o fim esse capítulo foi extremamente repetitivo e peço perdão por isso. Às vezes a história faz um looping. Mas a boa notícia é que o próximo é bem inédito! Como amanhã tenho consulta e outros compromissos eu imagino que eu devo vim bem tarde, mas venho, até de madrugada eu deixo o post aí rs
Até amanhã ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Amor Perfeito XIV - Versão Arthur" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.