Amor Perfeito XIV escrita por Lola


Capítulo 7
Cada vez pior


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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"Acredite, não estou tão bem quanto pareço."

Alice Narrando

Encontrei Arthur bem mal, fazia muito tempo que eu não o via daquele jeito e não era para ele estar assim. Era o momento em que ele devia estar mais feliz.

— Ainda bem que te encontrei. – ele me abraçou tão apertado que eu comecei a ficar preocupada.

— Arthur o que aconteceu? – tentei fazê-lo se afastar, mas ele não deixou. Então esperei que ele se acalmasse.

— Meu pai é um monstro! – ele falou e respirou fundo. – Quero esquecer que ele existe. – não sabia nem o que dizer.

— Vamos ficar deitados juntinhos? Acho que você precisa de carinho agora. – ele sorriu e selou nossos lábios. – Arthur! – olhei para os lados.

— Já disse que quero contar pra todo mundo.

— Agora não. Vem. – o levei para o meu dormitório e ficamos o resto dia matando a saudade e acho que consegui fazê-lo esquecer seja o que for que aquele idiota do pai dele fez ou disse.

— Parece inacreditável pra você também? – ele questionou enquanto fazia carinho em meu rosto.

— Ainda estou processando essa reconciliação. – admiti e sorri.

— Seu irmão. – ele disse parecendo estranhar ao ver a ligação em seu celular. – Ele nunca me liga, estranho. - ele se sentou e atendeu.

“Oi priminho.”— só ouvir a voz de Murilo eu já ficava triste.

— Deve ter um bom motivo para você me ligar. – Arthur disse dando um sorriso bem travesso.

“Não posso sentir saudades? Queria contar como foi meu dia. Hoje eu conheci alguns dos pontos turísticos, você sabia que tem muitos lugares que não pode tirar fotos? Isso me deixou indignado.”

— Você não é bom em disfarçar as coisas Murilo. – ele quase riu. – Sei que você o desbloqueou hoje.

“O que tem? Ele é meu primo, não podia deixa-lo bloqueado o resto da vida. Ainda vou ter que vê-lo, não vou? Além disso, como Alice disse que ele está voltando a ser o que era antes imaginei que ele não iria pedir para voltar e eu estava certo.”

— Ele... – eu não ia dizer que Kevin voltaria para o tal ex namorado. Isso até poderia ser bom e servir de alerta para Murilo, mas também poderia acabar com tudo de uma só vez. – Ficou bem balançado quando viu que você havia feito isso.

“Ele ainda conversa com você?”

— Ah... Às vezes. Mas eu sei que ele não quer ser daquele jeito. Você precisa conversar com ele, não acha?

“Não transfira para mim e Kevin a vontade que você tem de ter dado certo com Alice.”

— Bem... Sobre isso... – ele me puxou e selou nossos lábios. – Estamos finalmente juntos. – olhei para a tela e vi que Murilo ficou imóvel.

— A internet caiu? – perguntei, já que era bem comum isso acontecer ali. Meu irmão se mexeu mostrando que não, ele não parecia muito animado com a notícia.

“Como foi isso?”

— Kevin deu em cima de mim. – falei sem pensar e Arthur me olhou me condenando. – Daí claro que eu não quis nada e Arthur viu e então ele concluiu que devia superar o fato de um dia eu ter me apaixonado pelo irmão dele.

“Ele está tão sem controle assim?”

— Ele tá muito mal Murilo. Não sabe o que fazer da vida dele e agir assim é a única forma que ele viu de fugir do sofrimento. – dei minha opinião.

— Ele sabe que não deve ser assim, só não é forte o bastante para lutar contra isso. – Arthur falou com o tom de voz triste.

— Acho que você precisa pelo menos fazer contato com ele enquanto ele não perde a alma de vez. – falei mesmo sabendo que ele não me ouviria.

“Vou desligar. Quando vocês pararem de falar do Kevin eu volto a ligar.”

— Ele quase ficou com Rafael! – Arthur falou e eu o olhei com os olhos arregalados. – Não sei o que aconteceu, de alguma forma Kevin conseguiu fazer aquele idiota querer ficar com ele. Mas ele não quis, ele disse que quer ouvir de você que está tudo acabado antes de se envolver com alguém. Você terminou por mensagem Murilo, tenha a decência de ligar pra ele, não seja moleque.

“Você sabe muito bem que se eu ligar pra ele não vou conseguir falar nada disso.”

— Porque você o ama. E ele te ama também. Da mesma forma que eu deixei o orgulho de lado e pedi mais uma chance para sua irmã e ela se arriscou a sofrer mais uma vez, você deveria ouvir seu coração e ir atrás do que realmente vai te fazer feliz.

“Você acha que eu já não tentei ligar? Não consigo Arthur. Tenho medo. Ele vai me tratar do jeito Kevin de ser e vai doer mais ainda. É melhor deixar como tá mesmo.”

— Não vou insistir. Você sabe o que é melhor pra você. São dois idiotas, ofereci meu celular pra ele te ligar e ele acha que você vai desligar na cara dele e você acha que ele vai te tratar mal. E os dois ficam se querendo, nessa palhaçada. Murilo, não deixa chegar ao ponto que eu e Alice deixamos, só te digo isso. Caso isso aconteça vai ser muito difícil conseguirem se entender.

“Tá bom.”— nos despedimos dele e Arthur me olhou, vi que ele estava angustiado.

— Tá assim por causa deles?

 - É. Você lembra como eles eram tão fofos? – sorri lembrando. – Tudo o que posso fazer eu estou fazendo, mas nada é o bastante.

— E se eu fizer uma chantagem emocional com o meu pai e obriga-lo a trazer Murilo de volta? Se os dois se verem eu duvido que não se entendam.

— Não sei o que está por trás da ida dele. Ele não foi só porque queria terminar com o Kevin.

— O que mais pode ser?

— Como sempre o meu pai né Alice?!

— Se... – suspirei. – Se seu pai descobre que estamos juntos, ele vai tentar nos separar de novo. Seja a mando da sua mãe ou só pra se divertir com mais uma maldade.

— Acho que não. Ele tá ocupado demais escravizando Kevin.

— Não tem como ficar bem com as pessoas que a gente ama indo de mal a pior... Parece até injusto estarmos juntos e felizes nesse momento.

— Também penso assim. – nos olhamos e ele sorriu. – Mas isso aqui é tudo que eu sempre quis. E dessa vez eu vou me esforçar tanto pra dar certo que eu tenho que deixar um pouco os dois de lado e focar na gente.

Deitei em seu ombro e fiquei assim até a hora de irmos jantar. O abrigo todo já estava em clima de ir embora pra casa e isso era tão bom. Tudo que estava acontecendo ao mesmo tempo eram coisas que deviam ser comemoradas, menos Kevin e Murilo.

Murilo Narrando

Depois de passar o dia todo turistando com Gardan cheguei ao hotel e acabei ligando para o Arthur. Não que isso seja errado, mas eu evitava ao máximo fazer, pois eu sabia que ele falaria de Kevin. E por falar nele, nesse momento eu encarava seu número e a caixa de mensagem... Por diversas isso acontecia, mas agora eu estava quase o desbloqueando para poder mandar e receber mensagens.

Mas como eu não era corajoso a esse ponto, tive uma ideia... Para matar a minha vontade de conversar com ele e enganar meu cérebro e meu coração, eu iria mandar a mensagem mesmo ele estando bloqueado, assim ele não iria receber e eu iria tirar de mim tudo o que eu queria dizer a ele. 

“Oi meu amor. Acho que não deveria estar te chamando de meu amor se não estamos mais juntos, mas como você não vai ler será como eu quiser. O que eu queria mesmo era estar te chamando assim pessoalmente. Sinto tanto sua falta, em pouco mais de um mês você fez com que eu não quisesse ter mais ninguém. Eu estou sozinho aqui, completamente sozinho. Quer dizer... Eu tenho uma companhia constante, mas não é algo do tipo. Ele é um funcionário do hotel e está comigo todas as noites porque eu dei uma crise feia quando cheguei e meu pai tem medo de eu passar por isso de novo sem ninguém estar por perto. Esse cara é legal sabe? Ele também fica com caras e a gente conversou bastante sobre isso. Ele acha que eu devia conversar com você, assim como Arthur... No fundo eu também acho, mas eu tenho medo de apenas piorar as coisas. Hoje eu conheci lugares incríveis e só me imaginei ao seu lado e cada comentário que você faria. Tenho saudade do seu humor ácido e os seus deboches diários. Não sei quanto tempo vou aguentar te mandar mensagem sem você ler então pode ser que a próxima seja mais “legítima”. Eu te amo muito e sinto a sua falta a cada segundo que passa.”

— Depois de passar tanto tempo digitando nesse celular após aquela ligação eu imagino que tenha mandado mensagem pra ele. – Eliot não se segurou.

— Sim. Mas ele não vai ler.

— Está quase na hora do seu remédio. Quer comer alguma coisa antes?

— Estou sem fome.

— O que posso fazer por você?

— Nada.

— Você tá ficando cada vez pior Murilo, quando chegou aqui era outra pessoa.

— Eu já estava triste, só disfarçava. E cansei.

— Olha... – ele se sentou ao meu lado na cama me deixando completamente surpreso. – Ele é um cara e você vai conhecer outros caras.

— Eu não sei bem se é isso que eu quero. – franzi a testa e ele riu.

— Você deveria estar morrendo de curiosidade de saber como será com o próximo.

— Quando eu entrei no avião eu realmente estava. Mas, não sei... – respirei fundo. – Parece que com quem quer que eu fique eu vou preferi-lo.

— Foi muito intenso né? – concordei gestualmente.

— O que você fez para esquecer aquele primeiro?

— Talvez eu não tenha esquecido e talvez eu nunca esqueça. Só fica mais fácil com o tempo. Mas se eu paro e penso e me lembro de todas as nossas noites, nossas conversas... Eu fico com uma dor no peito. Dói saber o que poderia ter sido e não foi.

Vi que ele ficou um pouco mal. Ele parecia ser sensível como eu também era e pelo episódio de ontem imagino que seja mesmo. Descobri com Gardan que ele deve ter ficado aborrecido porque ele iria mandar outra pessoa para o meu quarto e no fim o mandou com a justificativa que ele falava melhor a minha língua. O que não era necessário. E Gardan sabia disso.

— Você ficou chateado ontem por que pensou que Gardan o enviou aqui por estar insatisfeito com seu serviço né?- ele não conseguiu disfarçar. – Não é nada disso. Ele só confia mais em você que no outro.

— É a sua opinião.

— Não, eu perguntei a ele.

— Você contou que eu fiquei chateado?

— Contei porque ele não quer que eu te deixe chateado ou bravo! Ele me mandou não te provocar e nem ficar fazendo brincadeirinhas. Queria saber o que eu fiz de errado para não fazer mais.

— Você não é nada do que pensei.

— Isso quer dizer que eu sou legal?

— Sim, apesar de ser um playboy, você é bem legal. – ouvir aquela palavra fez com que eu desmoronasse de vez. – Murilo, você tá chorando? – ele tentou tirar minha mão do meu rosto. – Tá bom, eu não te elogio mais.

— Não é isso. Ele me chamava de playboy. – falei depois de aliviar um pouco a dor.

— Nunca mais vou usar essa palavra, prometo. Quer um cafuné? – balancei a cabeça afirmativamente e voltei a chorar quando ele começou a passar a mão no meu cabelo, porque esse foi o primeiro carinho que Kevin fez em mim.

"Mas o nada é melhor às vezes, já que nós dois dissemos adeus."


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Notas finais do capítulo

Murilo tá triste eu fico triste :(
Até amanhã ♥



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