Amor Perfeito XIV escrita por Lola


Capítulo 8
Decisão de Murilo


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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"E eu estou bem cansada de sentir sua falta."

Alice Narrando

Era aniversário de dezesseis anos da Gih e como daqui três dias seria o de dezenove do Arthur, já estávamos comemorando também.

— Murilo faz muita falta. – Yuri comentou meio emburrado. Olhei para Kevin, que milagrosamente estava com a gente hoje.

— Faz mesmo, ele não calava a boca. Era pior que eu. – Alê falou e eu o encarei com raiva.

— Para de falar do meu irmão como se ele tivesse morrido!

— Se ele estivesse aqui aposto que já estaria inventando uma aposta idiota para perder pra mim. – Ryan disse rindo. – Arthur é o alicerce do nosso grupo, mas o Murilo é a alma.

— Aí ele conheceu as sombras... E sumiu.

— Devo me desculpar Sofia? – Kevin perguntou irritado.

— Acho que deve. Já que não consegue trazê-lo de volta.

— Vocês não vão começar essa porra não né? – Arthur olhou para os dois.

— A gente só queria entender o que aconteceu, porque vocês não contam nada.

— Ue gente, o Murilo quis ir passar um tempo longe. Ele não estava aguentando mais ficar aqui. Vocês conhecem o meu irmão não conhecem? Esse abrigo não era pra ele.

— Tá, vamos falar de outra coisa agora... É impressão minha ou tá rolando alguma coisa aí? – Otávia perguntou apontando pra mim e Arthur me deixando absurdamente sem graça.

— Sim. – ele respondeu me abraçando por trás e beijando meu rosto.

— ATÉ QUE ENFIM! Murilo ir embora comoveu vocês dois?

— Foi Kevin. – respondi lembrando que Arthur havia me contado que foi tudo planejado. – Ele nos mostrou que o que sentíamos era maior do que tudo que passamos e que tínhamos que seguir nosso coração.

— Nossa! Então acho que Kevin é o nosso ídolo agora e deve ser exaltado.

— Já estava sendo. Ninguém para de falar no quanto ele é inteligente, esperto e não mais o que.

— Alexandre ninguém tem culpa da sua falta de qualidades.

— Sou engraçado. - quase todos riram. 

— E só. Kevin também é engraçado e o pior que ele não precisa se esforçar pra isso.

— Querida, ele é gay tá? Caso você ainda não esteja sabendo.

— Eu sei idiota. Não é por que estou elogiando que quero dar pra ele.

— Amor. – chamei a atenção do Arthur. Ele ainda estava abraçado a mim e me olhou. – Rafael não para de olhar de olhar para o Kevin. – falei baixo.

— Já o alertei que Kevin não se interessou por ele, mas ele disse que ele é lindo e gostoso e que qualquer ser humano no mundo se interessa por ele. – nos olhamos e eu ri.

— Ele é pior que o meu irmão. – fiquei triste. – Estou com tanta saudade!

— Você vai ver ele daqui poucos dias.

— Não sei. Ouvi uma conversa estranha do meu pai com o tio Gu sobre pedir o histórico do Murilo na escola.

— Vou perguntar minha mãe se ela sabe de algo.

— Será que existe a possibilidade do Murilo ficar lá?

— Alice... Não sei. – vi pelos seus olhos que sim.

— Vou ficar imensamente triste com ele se isso acontecer.

— Ele tem que decidir o que é melhor pra vida dele. Você não pode cobrar tanto dele agora. Eu te amo e eu vou cuidar de você enquanto ele não estiver aqui. – nos abraçamos em meio a alguma discussão idiota do pessoal.

Murilo Narrando

Precisei de um tempo para me recuperar depois daquela ligação. Jamais imaginei que iria vê-lo. E ele estava tão mal, tanto quanto eu ou pior. Só queria estar com ele. E não podia.

— Oi. – Eliot chegou e viu o meu estado. – Nem vou perguntar como você está. Trouxe uma coisa. – ele mostrou um pote transparente com algo dentro e colocou no frigobar. – Sorvete de chocolate. Eu que fiz. – o olhei como se ele estivesse mentindo. – É sério, lá em casa tem a máquina. É um pouco complicado, mas depois que você consegue acertar o ponto certo não erra mais. – ele se jogou na poltrona. Estava cada vez mais a vontade. – Ligou pra ele? – franzi a testa. – Qual é Murilo, você sabe que tem que ligar!

— Liguei para o meu primo que é irmão dele e eles estavam juntos, fui falando que sentia a falta dele e acabamos conversando. Terminamos de vez. Se era uma confirmação que ele queria acabou de ter. - ele ficou em silêncio parecendo perceber a tristeza daquele ato. – O que você está pensando?

— Não importa. – ele se levantou e foi até a sacada. – Acho que o sorvete veio no momento perfeito.

— Eliot, eu quero saber o que você está pensando. – ele se virou para mim e cruzou os braços.

— Por que Murilo?

— Eu não tenho certeza de nada e isso me deixa muito assustado.

— E saber o que eu penso muda o que nisso?

— Eu te achei maduro... Você pode me ajudar.

— Você já fez o que eu acho que devia ser feito, conversar com ele. Agora se o seu coração está pedindo para manter esse fim, mantenha. Só não podia ficar fugindo, isso jamais.

— Você tem cara de que também foge. – dei um sorrisinho e ele riu.

— Qual é a programação de hoje? – peguei meu celular ao ouvir sua pergunta.

— Sabe aquele aplicativo que você conheceu o primeiro cara que você ficou? – ele concordou. – Instalei. – ele arregalou os olhos e abriu a boca. – Não é você que diz que eu devia estar curioso? Acho que estou começando a ficar.

— Você não é daqui, vai fazer sucesso.

— Esse é um jeito estranho de dizer “você é lindo e todos vão te querer”.

— Você é arrogante mesmo né?

— Diz isso porque não conhece meu ex namorado. Kevin é a personificação do amor próprio.

— Para ele investir no primo garanhão imagino que seja mesmo.

— A história mais louca que se pode imaginar. – meu coração começou a doer. –Vem. – quase gritei. – Vamos ver as minhas opções. – ele se deitou ao meu lado e encostou-se à cabeceira da cama.

— Nossa! – falamos quase juntos no primeiro que apareceu. – Amo homem tatuado.

— Bem vi duas tatuagens no rosto do Kevin. – ele comentou e bufou. – Ninguém vai ser igual a ele Murilo.

— Mas é o que me atrai. Cala a boca. Olha, esse tem as características bem típicas daqui.

— Você gosta? - nos olhamos.

— Acho interessante. – vi que tivemos uma conexão. – E agora Eliot, o que eu faço? – ele começou a rir.

— Diz pra ele “querido, estou querendo esquecer meu ex namorado, pode me dar uma ajudinha?”. – dei um soco nele.

— Não sabia que você era engraçadinho.

— Diz Oi Murilo. Simples.

— Todo mundo diz Oi, eu tenho que dizer algo diferente para me destacar.

— Te conhecendo há apenas pouco mais de uma semana eu já tenho dezenas de frases que combinam com você e que podiam ser ditas. Mas nenhuma delas pegaria bem.

— É mesmo? O legal é que eu não perguntei.

— Eu vou te enforcar com esse travesseiro.

— Não dá, ele é macio, são algodões egípcios e penas de algum bicho bem caro de algum lugar mais caro ainda. – ele enfiou o travesseiro no meu rosto enquanto eu ria.

— Você zomba do trabalho dos outros porque nem tem um.

— Eu zombo porque nasci pra isso, zombar das pessoas.

— Duvido que você zombava do Kevinho.

— Kevinho? Tá aí algo que eu nunca o chamei. Acho que ele ia ficar bem bolado.

— Lá vocês não usam apelidos no diminutivo?

— Sim, mas costumamos mais encurtar o nome, algumas das minhas primas me chamam de Mumu por exemplo.

— Mumuzinho. – ele me olhou e riu.

— Você tá tão engraçadinho. Vai lá pegar o sorvete. Estou curioso pra saber se tá bom.

— Espera congelar mais. O caminho de casa até aqui é curto, mas eu demorei na recepção.

— Ah, me deixa perguntar antes que eu esqueça. De quem aquela garota linda com... – ele me interrompeu.

— Não. Fica longe dela.

— Só quero saber quem é o pai dela.

— O dono do hotel.

— Fiquei confuso. Os donos não são meu pai e tios?

— Lá em Torres. Mas todo hotel nos outros lugares geralmente tem um sócio.

— É mesmo, Alela tem. – lembrei-me desse detalhe.

— Mas aqui por ser o primeiro hotel achei que não.

— Esse é o terceiro na cidade, tem um que realmente não têm sócios e só quem cuida é um pessoal por parte do seu pai.

— E por que eu não fiquei lá?

— Porque Gardan trabalha aqui e parece que ele é mais próximo ao seu pai que todo o resto.

— Ele é legal né? Gostei dele. – ele concordou. – Por que não posso chegar perto dela?

— Você vai fazê-la sofrer né Murilo?! Ela pode se iludir e...

— Mas ela é tão linda. – o interrompi. - Sempre achei as formas femininas muito bonitas. Aprecio ainda mais uma mulher pelada, do meu lado, querendo dar para mim sabia?

— Muito legal saber da sua intimidade, mas basta. – ele ficou sem graça e eu comecei a rir.

— Espera, eu não te contei como eu gosto com os caras, eu tenho que te dar detalhes. – ele tampou os ouvidos e começou a cantarolar que não queria saber. E eu passei a azucrina-lo ainda mais. Gardan era mesmo um gênio. Sem Eliot acho que eu estaria a beira de um precipício.

Alice Narrando

Finalmente deixaríamos o abrigo. Eu não estava acreditando nisso. Entrei na sala do meu pai sem aviso e o peguei discutindo com a minha mãe.  Pra variar.

— O que foi Alice? – ela perguntou nervosa.

— Quero saber se preciso fazer alguma coisa além de arrumar as minhas roupas.

— Qualquer coisa a gente vai falar.

— Por que vocês estão assim?

— Por favor, deixa a gente conversar Alice.

— Como se conversassem. Tá, eu deixo vocês brigarem. – sai da sala aborrecida.

— Ei, o que foi? – Arthur me encontrou no meio do caminho.

— Os meus pais. Parece que agora que estamos saindo daqui eles vão finalmente se separar.

— Eles estão discutindo né? – o olhei desconfiada. – Eu sei o que é. Não vou esconder as coisas de você, esse foi um dos meus erros no passado. – ficamos nos olhando. – Murilo quer ficar lá, o seu pai concorda e sua mãe não.

— Como assim quer ficar? Ele é louco? Isso é loucura! Ele tem uma vida aqui.

— Ele só vai terminar o ensino médio Alice. Ano que vem ele estará de volta. Vão ser apenas quatro meses.

— Se ele ficar lá ele pode esquecer que eu existo!

— Deixa de ser mimada. Eu já te disse que ele tem que pensar no que é melhor pra ele agora.

— Mimada? Sério Arthur?

— Estou te tratando como uma adulta. Não era isso que você sempre quis?

— Não precisa me magoar pra isso. – ele não me deixou sair e me abraçou.

— Desculpa. Não deixa isso atrapalhar a gente.

— Se você me acha mimada nem devia estar comigo.

— Não acho que seja, acho que está sendo. É diferente.

— Eu amo o meu irmão Arthur e quero-o perto de mim.

— Sim, eu sei. Mas às vezes as pessoas precisam se afastar e a gente tem que entender.

— Tá bom. – suspirei. – Vou arrumar as minhas coisas. – ele segurou meu queixo e sorriu.

— Não vou te beijar porque não posso, mas é o que eu queria. Promete que vai tentar não ficar triste?

— Prometo. – sorri e fui até o meu dormitório, onde encontrei Soph e ela parecia bem ansiosa.

— Você demorou! – fiquei pensando em que momento eu disse que estaria ali. – Preciso de uma ajuda.

— Aposto que tem a ver com Yuri.

— Bem esperta. – ela sorriu e se sentou. – Vamos voltar a nossa rotina. Quero saber se ele está com intenção de voltar a dar uma de Murilo.

— Ficar com todas? – ela concordou. – Mas vocês não estão ficando?

— Sem compromisso né Alice. E sabemos bem o que ele quer.

— Você quer que eu pergunte isso a ele.

— É, mas sem perguntar diretamente. Sonda como quem não quer nada.

— Tá, eu faço isso. – ela sorriu e me abraçou. – Sai Sofia.

— O que você tem Alice? Tá chateada com alguma coisa?

— Tô, mas não quero falar disso. Já arrumou todas as suas coisas?

— Sim. Andar de roupas curtas é bom por isso. – ela piscou e riu.

— Que tristeza! – Fabi disse ao aparecer e simulou um choro. – Não quero ir embora.

— Fica aqui. – Soph falou a agarrando de lado.

— Você vai me dar meu diploma né linda?

— Cadê a Alícia? – perguntei estranhando elas não estarem juntas.

— Não sei. Ela tá meio chatinha... Porque o Rafael tá esquisito.

— Acho que ele nunca vai superar Kevin não ter se interessado por ele.

— Menina, eu não entendi nada. Ele arrumou uma loucura de querer o Kevin. Ele só fica olhando pra ele, o garoto fica até sem jeito.

— Eu não posso falar muito. – falei e elas riram.

— Vou evitar contato. Não quero ficar louca com Kevin, Deus me livre! – Soph falou quase gritando. Ela começou a fazer teorias de como seria hipnotizada por ele e as loucuras que faria. Pelo menos a tarde passou mais leve e mais alegre.

"As coisas mudam. Não significa que melhoram."


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Notas finais do capítulo

FINALMENTE ACABOOOOOU O ABRIGO! EU OUVI UM AMÉM? o/
No próximo capítulo de Murilo vai dar pra entender porque ele quis ficar.
Percebe-se que ou Arthur não contou a Alice que decidiu ficar ou ele mudou de ideia, qual dos dois será? Fica a dúvida.
Até amanhã ♥



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