Amor Perfeito XIV escrita por Lola


Capítulo 3
Cordialidade


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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"entrego a alma para o mundo, menos pra ele."

... 

Cheguei ao hotel e já havia amanhecido. Mas ainda era bem cedo, umas seis da manhã ou um pouco mais. Não havia quase ninguém na recepção há não ser os funcionários. Procurei o tal Eliot com os olhos e não o encontrei.

— Vá descansar. Durma dessa vez, por favor, Murilo. – antes de eu responder a Gardan olhei para o lado.

— Tchau Eli, até a noite. – ouvi a voz da recepcionista, ele estava largando serviço. Já havia trocado de roupa e estava com uma mochila nas costas e um capacete no braço.

— Olá Eli. – o parei antes que ele passasse reto por mim, o que provavelmente faria. – Muito obrigado por ter me levado ao hospital.

— Não tem que agradecer. Espero que esteja tudo bem. – ele me olhou por menos de um segundo.

— E desculpa pela forma rude que te tratei quando cheguei. Não vai mais acontecer.

— Por mim está tudo bem. – deixei que ele fosse.

— Você fica bem melhor sem aquela roupa que te deixa parecendo um pinguim. – falei e Gardan riu.

— Ele é muito sério Murilo, não faça essas gracinhas com ele. Ou então terá que voltar a pedir desculpas.

— Tchau Gardan. – falei em tom de brincadeira e subi para meu quarto.

Dormi o dia todo. O que era de se esperar, eu estava morto de cansaço. Acordei e levei um susto do caralho.

— Se eu não morrer de ansiedade eu morro do coração. – falei tentando me acalmar.

— Perdão. O senhor Gardan mandou que eu ficasse aqui desde que eu cheguei. – Elitot falou se levantando da poltrona na sala de estar. – Vou para a biblioteca para te dar mais privacidade. – e ele saiu sem que eu pudesse dizer nada. Tomei banho e me vesti o procurando em seguida. Ele estava lendo um livro e o fechou rapidamente o colocando no lugar.

— Pode ler, calma, fica a vontade.

— Não, eu não posso. Eu sei da minha posição. – ele voltou àquela postura extremamente reta e olhar frio. – Imagino que esteja com fome. O que está pensando a respeito?

— Você é chato pra caralho. – voltei pra cama. Peguei meu celular e claro havia milhões de mensagens da minha irmã, do meu pai e do Arthur e até dos meninos perguntando por que vim parar aqui. Não estava afim de responder ninguém. E notei que realmente estava com fome. – ELIOOOOOOT! – ele veio bem rápido e se apresentou com o os braços para trás do corpo. Ele já estava começando a me irritar. De novo.

— Sim senhor. – respirei fundo.

— Senta aí. – apontei com a cabeça pra cama.

— Não, desculpe. – fiquei olhando pra ele.

— Por quê? – perguntei tentando manter a calma.

— Devemos manter um mínimo de distância dos hóspedes e sentar em sua cama seria quebrar essa regra.

— Você nunca quebrou regras?

— O que o senhor deseja?

— O Gardan não te disse que você tinha que me distrair?

— Desculpe. É que eu nunca fiz isso. Digo, nunca precisei distrair um hóspede. Nem sei como se faz. Devo conversar com o senhor?

— Você realmente é assim?

— Assim como?

— Robótico, chato, parece medroso, sei lá. – ele ficou em silêncio. – Desculpa. – respirei fundo. – Diga ao Gardan que isso não vai dar certo. Eu só vou me irritar.

— Ok. Como o senhor quiser.

— Como você conseguiu ser o funcionário de maior confiança?

— Com obediência e dedicação. E esse medo que o senhor vê se chama respeito. São valores que talvez um adolescente tão rico não esteja muito acostumado. – ele me odiava. Bingo.

— Quantos anos você tem Eliot?

— Vou fazer vinte e sete.

— E eu vou fazer dezessete. São só dez anos de diferença. Do jeito que você se porta e fala parece que você tem sessenta e três e eu uns treze. No mínimo. Poderia agir diferente? – ele não respondeu, mas parecia pensar. – Está preso entre seguir todo o código de regras que aprendeu e agradar o filho de um dos donos? – seu olhar foi para um canto do quarto. – Se eu reclamar incisivamente de você sabe que pode perder seu emprego?

— Por favor, não faça isso.

— Deveria ter pensado antes de perder a cabeça e sugerir que sou um babaca. Você nem me conhece.

— Sua pergunta sobre como consegui ser funcionário de maior confiança foi feita em um tom de desaprovação. Não podia aceitar isso.

— O trabalho é mesmo importante para você.

— Sim. E eu juro que eu sempre tento fazer o meu melhor. Quando me mandaram para o seu quarto eu não compreendi e tão pouco achei correto, mesmo assim vim sem questionar. Você precisa que alguém te distraia e se essa discussão está servindo para isso acho que estou de alguma forma cumprindo o meu papel.

— Parabéns. Você venceu. Só tenta ser menos engessado e agir comigo de igual para igual. E me distraia sem discussões, se eu ficar nervoso talvez isso não seja muito bom para a minha ansiedade.

— Claro. Bom... O senhor precisa comer alguma coisa.

— Chamar de senhor não é tratar de igual para igual Eliot.

— Perdão. – ele abaixou a cabeça. Eu estava acabando com a noite dele. Suspirei.

— E diga as coisas apenas uma vez, essa preocupação toda me lembra o que eu mais quero esquecer.

— Tudo bem.

— Tem um celular aí? Acho que vai precisar anotar tudo o que eu digo. – falei ironicamente e ele claro, levou a sério.

— Os celulares são guardados assim que chegamos. - o olhei com tédio.

— Facilita Eliot. – pedi o olhando. – O que sugere que eu coma? – peguei o tablet.

— Não sei qual é o seu paladar. O cardápio é bem variado.

— Nossa, a foto dessa lagosta está linda. Dá muita vontade de comer. Mas... Esse outro prato e esse... Estou ficando confuso.

— As fotos fazem isso, nosso fotógrafo é o melhor.

— Vocês tem um fotógrafo? – ele concordou. – Amo culinária. – ele me olhou por mais segundos que o normal.

— Então comece pelo principal. Filé de pato. É servido com batatas douradas ao alho. Depois que provar todos vai ver que ele era o melhor. –pensei bastante na sua última frase. E no quanto ela poderia fazer sentido em minha vida pessoal. – Disse algo errado? – ele perguntou preocupado pelo tempo que fiquei em silêncio.

— Não. Pronto, pedido. – coloquei o tablet de volta. – Por que resolveu me indicar um prato?

— Se ama culinária merece o melhor primeiro.

— Se eu não amasse merecia o pior? – perguntei e sorri.

— Não, claro que não. É que quem não ama costuma não ser muito exigente.

— Pode ser. – suspirei. – O que tem nessa tv?

— Tudo. – ele afirmou enquanto eu ligava e constatava o fato.

— Não vai falar que é de última geração, todas as funções e alta definição e bla bla bla? – ele ficou me olhando. – Parece que eu te dou preguiça né?

— Em momento algum. – comecei a rir com a sua resposta totalmente mentirosa e forçada.

— Você é engraçado Lili. – comecei a procurar o que eu iria ver. – Mano, essa cama é enorme, dá pra você, por favor, sentar? Não vamos ficar perto um do outro.

— Estou bem em pé. – ele esboçou um sorriso.

— Tem uma poltrona lá no canto, senta ali pelo menos.

— Já disse que estou bem. – respirei fundo.

— Esse tratamento cheio de cordialidade seu me dá vontade de te jogar daquela sacada. Não precisamos ser amigos, não estou procurando amizade até porque já tenho amigos demais. Mas eu não quero um robozinho do meu lado. Dá pra ser mais ser humano?

— Vamos discutir de novo? – ele perguntou em um tom preocupado.

— Estou começando a gostar de você. – falei e pulei da cama ao ouvir chamarem na porta. Acompanhei servirem tudo na mesa e quando saíram peguei a bandeja e fui para cama.

— Não vou nem te oferecer né Lili, se você não quer nem sentar, imagina comer... Mas, você aceita?

— Não senhor, obrigado.

— Senhor de no...  Caralho. – peguei meu celular e era chamada de vídeo de Arthur, como ele estava ligando se a internet lá no abrigo é horrível?! – Fugiu do abrigo? – atendi enquanto abaixava o som da tv.

“Estou na sala do seu pai, aqui é bem bom sabia?!”— ele disse e depois Ryan começou a falar algo junto de Yuri e Alexandre.

— Acalma esses imbecis, por favor.

“Que porra você está fazendo aí?”— Ryan perguntou quase empurrando Arthur.

— Por que eles estão com você? – perguntei um pouquinho nervoso.

“São seus amigos Murilo, eles querem saber sobre você.”

— Não tem o que dizer. Só estou aqui. Calma, eu vou voltar, sei que vocês me amam, eu sou tudo pra vocês... – Ryan novamente começou a falar, agora por cima de mim.

“Tá bom, vai e não diz nada? Você tem amigos se lembra? Ou dar o cú tá te fazendo perder a memória?”— não aguentei e comecei a rir. Ryan era o ser humano mais grosseiro que existia na face dessa terra. – “Pode parar de risadinha, seu namorado tá quase morrendo sem você aqui.”— ele era mesmo horrível.

— Vocês ligaram para falar do Kevin? Sério? Estou jantando e preciso desligar. Já me viram né? Tá ótimo.

“Desbloqueia meu irmão Murilo.”— Arthur pediu me olhando e eu parei de olhar para ele.

— Tchau Arthur, saudades também. – desliguei e joguei o celular na cama. Perdi completamente a vontade de comer. Não dá para anular algo que se passa o tempo todo pensando, mas eu sabia que agora nesse momento o melhor era evitar. Só evitar. Caso contrário eu sofreria muito mais.

"Desato nós de gargantas com as mesmas linhas que eu me enforcaria."


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Notas finais do capítulo

EU AMO O ARTHUR! Ele está definitivamente perdoado por todos erros, é isso! kkkkkkkkkkkkk
Assim... Parece que o tal Eliot tem personalidade forte. Não seria uma boa aposta que ele e Murilo vão se entender, rs.
Amanhã tem post ♥



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