—Então está decidido. – disse Natasha – Vamos colocar tudo a venda e nos mudar para outro lugar.

—Sim. – disse Michel ainda reflexivo.

—Eu acharia ótimo. Eu não me sentiria bem de morar aqui, nem nesse apartamento nem no outro. Muitas lembranças difícieis de lidar.

—Mas será que era isso que o Fip ia querer? Que a gente abandonasse as lembranças dele assim?

—A gente não está abandonando as lembranças dele. – respondeu Natasha – Ele sempre estará na nossa memória. Eu sei que é clichê dizer isso, mas é uma verdade. A gente tá preservando a lembrança dele nesse livro que ele queria que a gente ajudasse a escrever e tá ótimo sabe? A lembrança dele vai estar aí. Mas isso não significa que a gente tem que viver acorrentado a ele pra sempre. É foda, mas o fato é que o Chico morreu, a gente não. Ele deixou essa grana e esses imóveis pra gente fazer o que quiser com eles. E é isso, a gente quer construir uma nova vida. E juntos. Eu acho que era isso que ele queria, que a gente se juntasse de novo. Quando ele se foi a gente tava cada um num canto, agora a gente ta aqui, unido. Era isso que ele ia querer... eu acho. Além do mais a porra do nosso Hostel vai levar o nome dele, ele ia adorar isso!

—Eu também acho. – disse Flavius.

—É... acho que vocês têm razão. – concordou Michel – Não sei, eu estou meio emotivo.

—Todos estamos. – disse Natasha.

—E você, Flavius? Já conversou com seu marido?

—Sim. Concordamos que eu iria pra lá pra terminar isso direito. Digo, depois do tempo que passamos juntos ele merece mais que um término por telefone, não é mesmo?

—Sim. – disse Michel o enlaçando em seu abraço e beijando seu pescoço – Eu acho que é justo. Mas vamos com você. De lá partimos para São Paulo, para começar a vida lá.

—Sim. Eu estou ansioso.

—Eu também estou.

—Eu acho que vai ser incrível. – disse Natasha abrindo o vinho – Eu já estive pensando nos cardápios pra cantinha do hostel. Vocês querem dar uma olhada?

—Claro.