Stiles queria se amaldiçoar naquele momento. Mesmo que no fundo agradecesse por não estar com o café em mãos, não significava que deveria deixar de ser menos desastrado. Quando olhou para a sua vítima, arfou: ele tinha olhos verdes tão brilhantes e intensos, que deixou Stiles sem fôlego algum. 

Engoliu seco, dando um passo para trás e coçando a sua nuca num claro nervosismo, com uma risada esganada. Arregalou os olhos quando o estranho sorriu para si, porque além de olhos tão bonitos um sorriso deslumbrante. Era tão lindo, que Stiles queria abrir a boca de chocado e indignado, perguntando-se como alguém poderia ser tão perfeito? Certamente a personalidade era horrível, mas aquele sorriso fazia Stiles pensar ao contrário.

— Me desculpa… — Se apressou em dizer, mordeu seu lábio inferior ao ver o estranho continuar sorrindo gentilmente.

— Não se preocupe, também peço desculpas. — Definitivamente, Stiles teria um treco, até a voz era o que pensava. — Stiles, não é? 

São nesses momentos que devemos jogar as coisas para o alto e fugir, não é? O Stilinski tinha certeza de que não conhecia aquele indivíduo, semicerrou os olhos, pensando que o moreno de barba rala bem feita iria abusar de seu corpo. Estava pronto para sair correndo, quando o outro voltou a se pronunciar devido ao silêncio do menor.

— Eu sou amigo do Scott. — Soltou um simples “Ah”, fazendo sentido dele saber seu nome. Estava começando a ficar nervoso pelo olhar intenso do outro.

Tamborilava os dedos sobre o seu jeans, não sabia o porquê de estar nervoso e nem o motivo para não conseguir dizer uma única palavra, tinha praticamente travado.

— Você está bem? — Tornou a falar, dando uma leve risada pela expressão do Stilinski — bochechas rosadas, olhos arregalados e lábios prensados. E como num passe de mágica, Stiles abriu a boca para falar, rápido e levemente alto.

— Não! Quer dizer, sim, estou sim, é que fiquei nervoso e não sei porque travei, normalmente falo bastante, mas seus olhos verdes tão intensos ficam me encarando, dando a entender que quer possuir o meu corpo, principalmente você falando o meu nome sendo que nem sei o seu, não, quer dizer, é óbvio que você não vai me abusar, sou pele e osso, mas é que você é bonito, não, eu quero dizer, que me distraí, isso, não por causa de você, longe disso, não que você seja feio, você parece um Deus grego e eu acho melhor eu parar de falar porque você tá segurando a risada e eu to passando mico. Enfim, quem é você?

Stiles viu o outro crispar os lábios, antes de responder:

— Derek. 

— Prazer, Derek, bom agora estou numa busca, então se me der licença. — proferiu, começando a se afastar e dar meia volta, foi quando ele viu no chão um cartão, era o da biblioteca. Agachou-se, pegando o objeto, podendo vislumbrar a foto de Derek e o seu nome, mas não deu muita importância para isso, então devolveu para ele. — Aqui, agora adeus. — E sorriu antes de contornar o maior e continuar a sua busca pelos corredores, sim, Stiles ainda acreditava que o Sr. H estaria no recinto.

Quando enfim desistiu de sua busca, soltou um longo suspiro, sentando-se na cadeira e apoiando-se na mesa. Olhou para o seu café, começando a ponderar sobre o que fazer a seguir.

Com uma grande ideia em mente, pegou os seus materiais e seu café — jogando-o a seguir no lixo. Corria eufórico até a secretária, atropelava os universitários e gritava vários pedidos de desculpas.

Ao chegar no local, respirou fundo, olhando para a porta fechada, deu o seu melhor sorriso e entrou, aumentando ainda mais o seu sorriso ao ver a carranca da secretária que segundos antes de Stiles entrar, sorria.

— O que você quer? — indagou a mulher grosseiramente.

O jovem Stilinski se apoiou sobre o balcão, ignorando a hostilidade.

— Carmen, meu amor, ajude essa pobre alma perdida. — A mulher franziu o cenho e revirou os olhos, bufando. — Apenas quero uma lista de todos os universitários ativos que tenha o nome começando com a letra H e os que tem o sobrenome com H.

Carmen olhou profundamente para o Stilinski, pedindo uma enorme paz interior, porque a vontade de estrangular o jovem a sua frente era deveras. Stiles até tentou fazer uma cara fofa, apenas tentou antes de continuar falando:

— Melhor do que invadir o sistema, não é, meu amor? — Se Danny não queria rastrear o e-mail e definitivamente não iria invadir o sistema, Stiles tinha que recorrer a pior escolha.

— Se eu te der essa porcaria, você some da minha frente?

— O que você quiser.

— Ótimo — sibilou, voltando o seu olhar para o computador. Após alguns minutos, Carmen entregou os papéis. — Aqui.

— Nossa, quatro páginas. — Assobiou, sorrindo forçadamente. — Opa, Carmen meu amor será que poderia imprimir de novo, é que tem nome femininos aqui também e tem uns que eu não sei… - — Antes que pudesse continuar, engoliu seco pela expressão da mulher, sorriu forçadamente antes de continuar. — Esquece, Carmen, está tudo certo, obrigado. — E saiu.

Com todas as folhas em mãos e dando quase o horário do almoço, Stiles verificou uma última vez o seu celular antes de correr para a lanchonete, sorrindo involuntariamente ao ver uma nova mensagem em sua caixa de e-mail.

De: H.
Assunto: Você esteve muito perto, mas parece que não me achou.
 21/02/20 - 11:43
Para: Stiles Stilinski.

Você foi muito esperto adivinhando que eu estaria na biblioteca, mas como soube? Foi pela troca de lugar? Sempre atento, mas ao mesmo tempo não, já que não me achou. Me pergunto qual será o seu próximo passo, Stiles…

Ao voltar da aula, espere algo em seu quarto. Boa aula.