A Voz Do Destino. escrita por Flor Da Noite


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Ei gente! Tudo bem?
To tentando melhorar a escritar e eliminar os erros no capítulo, mas sempre acabo passando por alguma coisa. Então... Se virem algum erro ou uma frase sem sentido por favor avisem!
E outro detalhe é que essa história ta wattpad também com o mesmo nome e capa.

Espero que gostem desse capítulo!!!



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Eu já estava ficando desesperada. As aulas já iam começar e nem sinal de eu encontrar um emprego se quer. Até cheguei a encontrar um, mas eles me dariam um salário tão absurdamente baixo que deveria ser denunciado com abuso.

— O seu currículo é muito bom senhorita, apesar de ser bem iniciante. – Era mais uma tentativa de encontrar um emprego. Eu estava sentada em frente a um homem velho que parecia muito um vovozinho bonzinho. – Inglês, francês e Espanhol? Isso é bom, recebemos vários turistas.

Suspiro, aquilo me dava um pouco de esperança.

— Hum... Vamos analisar melhor e se a senhorita preencher os quesitos como queremos entraremos em contrato. – Ele me da um sorrisinho, eu aperto sua mão e me levanto.

— Obrigada senhor, bom dia. – Saio sorrindo, mas meu sorriso desmancha ao sair e a dúvida toma conta, seria uma chance ou não? Ele tinha me elogiado, o que já era um ótimo sinal.

“Um ótimo sinal? O que é isto? Uma aula para mudos? Você não precisa de um sinal, precisa de um emprego. Isso foi mais do que horrível.”

— Você está errada, eu fui muito bem. Ele mesmo disse isso. – Murmuro tentando me convencer de que a Voz estava só a me provocar.

“É só olhar para o lado querida. Está vendo aquela loura alta ali?”

Não me aquento e olho para o lado, ali estava sentada uma garota linda, de cintura fininha e pernas bem definidas.

“Ela vai conseguir o emprego, é muito mais bonita que você. Quantas vezes não disse para se preocupar mais com sua beleza?”

Eu me preocupava, preocupava muito. Mal cabiam todos os meus produtos de beleza na penteadeira.

— A beleza não importa muito agora, ele quer pessoas qualificadas. – Argumento um pouco mais alto, mas quando as pessoas começam a olhar para mim eu volto a falar sussurrando. – O que adianta a beleza se ela for uma cabeça de vento?

“Está duvidando? Veremos quem está certa.”

Balanço a cabeça tentando afastar a Voz um pouco e vou até a entrada. Talvez se eu caminhasse até em casa poderia relaxar um pouco.

— Se eu fosse você pegava um guarda-chuva garota. – Diz a recepcionista velhinha digitando em um computador que parecia ser tirado de um filme dos anos 50. Encaro a rua e vejo que ela tem razão, sem um guarda-chuva iria chegar em casa mais ensopada que um peixe, já que chovia bastante.

Lá se vai a minha ideia de caminhar. Dando um singelo obrigado a ela, pego meu telefone e chamo um táxi. Encosto-me a parede da entrada para conseguir ver o motorista quando este chegasse com o carro.

Pegar chuva talvez fosse uma ideia legal. Minha mãe sempre dizia que a chuva vinha para lavar o mal do mundo. Meus pais são muito ligados à natureza. Gostavam de remédios caseiros, de pescar, meditar e nossa casa tinha verde para todos os lados.

Era uma lembrança boa, por isso não deixo que a Voz a estrague e descido esperar pelo táxi.

— Foi um prazer conhecer lhe senhorita, vamos esperar ansiosos pelos seus serviços. – Ouço o homem que havia me entrevistado pronunciar e me viro sem acreditar. Ele apertava a mão da loura alta que sorria deslumbrantemente para ele.

O que eu estava esperando? Ela estava sempre certa.

“Precisa de mais alguma indicação? Garota insolente.”

Seguro minhas lágrimas, eu não podia demonstrar ainda mais fraqueza. Aguento todo o caminho até em casa sem derramar uma gota, sem disferir um sequer soluço.

Mas quando o taxista estaciona em frente ao prédio, quando eu abro a porta da portaria, quando o sentimento de casa me atinge... Não consigo mais suportar. Corro escadas acima o mais rápido que posso infelizmente isso não parece rápido o suficiente.

Abro a porta do meu apartamento e jogo minha bolsa no chão. Primeira semana e tudo já começava a dar errado. Tudo porque eu era uma completa inútil incapaz de cuidar de mim mesma.

Não querendo ficar presa com a Voz para me azucrinar, pego minha câmera e corro para a sacada compartilhada. Só descanso quando estou apoiada na sacada de frente para o mar.

Já não chovia mais, porém o mar estava agitado e escuro, perfeitamente combinando com meu humor. A praia estava deserta e dava a vista um ar melancólico. Solto um grito bem alto, tentando por tudo para fora, isso acarreta numa crise de choro audível.

“Ainda nem lhe dei um castigo.”

Ela parecia muito satisfeita ao falar isto, o meu choro só aumenta e eu me apoio no parapeito.

De repente a corda da minha câmera profissional começa a deslizar pelos meus dedos. Olho horrorizada para aquilo, sem nenhuma reação. Tudo começa a acontecer em câmera lenta. Aquela câmera era a coisa mais importante do mundo para mim, mas nem ao menos consigo apertar meus dedos para impedir que caia. Ela vai simplesmente deslizando.

Diferente de como é nos filmes, nenhuma lembrança boa com ela se passa em minha mente. Tudo o que consigo ouvir é uma repetição daquela maldita Voz.

“Desfrute das consequências de desobedecer a Voz minha pequena criança.”

Nunca odiei tanto aquela maldição que me açoitava desde tão nova. Pela primeira vez senti vontade de dar um fim naquele murmúrio de uma vez por todas. Mas apenas uma maneira se passava na minha cabeça naquele momento e ela terminava da mesma forma que a máquina fotográfica: Despencando do alto de um prédio.

De forma mágica um milagre acontece. Vejo uma mão içar-se diretamente para o aparelho e alcançar lhe com perfeição e agilidade. A lentidão passa e vejo minha câmera ser rapidamente puxada de volta.

Viro-me para encarar meu salvador. O moreno de olhos cinzas segurava com cuidado meu bebê.

“O que é isso? Esse garoto de novo?! Ele não estava no planejamento! Não pode ter aparecido do nada!”

Pela primeira vez vejo a Voz ficar confusa, nada nunca havia saído do seu script. Mas isso não me importava nem um milésimo. A única coisa que fui capaz de fazer foi me jogar nos braços do moreno e lhe apertar com força novamente soluçando.

— Wou, calma aí olhos azuis, assim você pode esmagar meu corpo frágil.  

— Obrigada. – Murmuro ainda em seu peito, ele era bem mais alto então eu devia estar parecendo uma criança. Uma criança chorona e medrosa.

— O que disse? Pode repetir? Quero ouvir isso pra sempre. – Solto uma risada em meio ao choro. – O que aconteceu para fazer esse mar transbordar? – Diz referindo-se aos meus olhos encharcados.

Balanço a cabeça, não podia contar-lhe que estava chorando por causa de uma voz na minha cabeça. Ele não entenderia. Provavelmente tentaria me internar.

— Ok, você não quer falar sobre isso. – Ele corretamente conclui. O moreno olha em volta como se pensasse em uma solução, ele suspira e me afasta levemente, em seguida me leva em direção a uns dos bancos que não fora molhado pela chuva. Eu me sento e ele deposita o aparelho preto para fotos em meu colo. – Vou buscar alguma coisa para você beber.

Eu apenas o observo sair da sacada compartilhada pela sua porta de vidro.

“Garoto insuportável.”

Apesar de reclamar continuamente sobre Matthew a Voz parecia perplexa demais para fazer qualquer outra coisa. O que era um alívio extremo.

— Hum... eu não tenho chá, mas li que o iogurte ajuda com a ansiedade. Então trouxe esse iogurte com frutas vermelhas. – Matthew aparece com uma tigela e uma colher em mãos, ele troca a câmera pela tigela e senta-se ao meu lado.

— Obrigada. – Murmuro novamente, mesmo que baixo, e começo a comer lentamente o iogurte. Solto um leve suspiro ao sentir o sabor doce do iogurte se misturar com o azedo das frutas vermelhas. – Eu amo frutas vermelhas.

— Eu também, tenho praticamente um estoque dentro de casa. – Ele diz apontando para a sua casa. Dou uma risadinha e coloco outra colher na boca. A vontade de conhecer o apartamento de Matthew era grande, o mundo dele era um mistério para mim. Um mistério muito interessante e proibido.

— Olha, um arco-íris. – O garoto aponta para o céu, uma faixa de cores diversas pintava o azul celeste – não tão celeste agora por causa das nuvens cinzas por toda a parte. Tão delicada, tão impressionante.

— O arco-íris é o mágico dos céus. – Comento e ele me encara. – Experimente tirar foto de um cemitério em um dia normal, a foto transmitirá o óbvio: Um lugar morto com um clima pesado como se almas se abarrotassem sobre as nossas cabeças. Se acrescentar um arco-íris à foto o clima pesado se dispersará transformando-se em algo lúdico, talvez até na esperança das pessoas de encontrar a paz após a morte.

Matthew me olhava pasmo e ao mesmo tempo curioso, provavelmente não estava esperando por uma fala dessa, nem eu estava, as coisas simplesmente fluíam quando eu estava com ele.

Não querendo olhar em sua direção, foco em observar as gotas que ainda restavam no parapeito da sacada, elas escorriam brincalhonas para o chão e formavam uma poça cheia de gotinhas sapecas.

Penso em como seria legal ser apenas uma gotinha, sem pensar em nada eu estaria sempre mudando: uma hora eu seria uma poça numa sacada, em outra seria um gigantesco oceano e na outra poderia até mesmo ser o arco-íris que alegra o dia de pessoas amarguradas com a vida - essas as quais eu me identifico.

— Nunca tinha parado para pensar nisso, mas agora que você falou... Parece mesmo mágica. – Ele diz enquanto brinca com a minha câmera e tira uma foto do arco-íris. – Ei, quer conhecer outra coisa mágica? Na verdade, um mundo inteiro repleto de magia e perfeição.

Ergo uma sobrancelha para ele e o mesmo ri.

— Não, não to te chamando pra usar drogas, acredite em mim. – Dou de ombros como quem diz que tanto faz, mas por dentro estou muito curiosa. – Vou fingir que você virou para mim muito animada e que está doida para saber o que é.

Solto uma risada, ele pega o pote de iogurte vazio das minhas mãos e me puxa do banco.

— Vamos, chega de chorar. – Matthew limpa minhas lágrimas com cuidado. – Põe uma roupa mais confortável antes.

Assinto e entro no meu apartamento deixando-o ali. Fico em dúvida se devo confiar mesmo em Matthew, se devo ir com ele. Mas ele foi tão legal comigo que acho que devia dar um voto de confiança pra ele, mesmo que só um.

Tiro minhas roupas um pouco húmidas e o salto para por uma calça jeans e um moletom preto com capuz de orelhas de gatinho e um all-star. Simples e confortável. Lavo meu rosto para sair a maquiagem borrada pelas lágrimas.

Não era um encontro, logo eu não precisava de me produzir para impressionar ninguém e nem queria.

“Escute o que eu estou dizendo, ainda lhe farei pagar por suas desobediências e ele é um alvo fácil.”

O medo começa a subir por mim, mas pela primeira vez não o deixo prosseguir.

— Eu preciso viver pelo menos uma vez. – Murmuro determinada e encontro com Matthew na porta.

— Você está fofa com esse capuz. – Ele comenta e eu sorrio levemente. – Você não vai sair correndo né?

Penso no esportivo na garagem, ela me proibira de usa-lo, mas se eu estava tentando ser rebelde faria isso direito. Além disso eu estava louca para saber como era andar naquela máquina.

— Não, eu prometo. – E faço uma pose de escoteiro e começamos a descer as escadas até a garagem.

Dou um pulinho animado ao ver o Mustang e corro até a porta, esperando o garoto abrir o carro. Suas feições parecem confusas, eu não tinha reagido dessa forma da última vez. Não ligo. Quando ele abre o carro nem dou chance para aquela baboseira de o cara abrir a porta para a mulher, simplesmente me taco lá dentro ponho cinto.

— Você me deixa confuso as vezes. – Ele diz, mas eu apenas dou de ombros.

Matthew liga o carro saindo da garagem, olho para todos os lados como uma criança numa loja de doce, tudo ali dentro era tão legal e impressionante.

— Pisa fundo!

— Você que manda. – Ele sorri e pisa no acelerador.


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Notas finais do capítulo

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