A Voz Do Destino. escrita por Flor Da Noite


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Não me matem!!!
Eu sei, eu sei, duas semanas atrasada!
Me desculpem mas não consegui evitar, eu simplesmente ODEIO perder prazos, só que eu não conseguia nem um tempinho para escrever com as ondas de testes. Eu tenho 15 anos e é o meu primeiro ano no médio, então uma folguinha né.
Mas com essa infeliz parada do mundo eu vou conseguir me organizar de novo e não ireir mais perder o prazo.
ta aí o cap. pra vocês:



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— Pode escolher uma música.

Matthew estava acelerado, talvez mais até que o limite de velocidade permitia, mas eu estava realmente adorando. A imagem passava rapidamente por nós e, apesar do perigo constante, eu não sentia um pingo sequer de medo.

Toco o painel reprodutor um pouco receosa, a luz se ascende e aparece várias opções, olho para aquilo com uma grande interrogação. Matthew se adianta e aperta uma das opções que se abre para uma infinidade de faixas incríveis. Paro e penso em qual seria a adequada para o momento.

Acabo por escolher uma playlist do Imagine Dragons e “Birds” começa a tocar. Combinava perfeitamente já que o sol não saíra completamente e dava um ar meio melancólico e fantasioso para o nosso percurso.

— Boa escolha.

— Perfeita, você quis dizer. – Avisto uma velhinha passear com o seu cãozinho e ao seu lado uma criança correndo feliz, como se a vida fosse apenas isso. E na verdade era. Crianças são felizes até baterem de frente com a realidade e depois disso... É por sua conta e risco. – Meu pai ficaria doido com esse carro.

— Ele curte carros?

— Ele é fanático! Lembro-me que ele ia sempre ao ferro velho ver os carros antigos e me levava consigo, eu entrava nos carros abandonados e fingia estar em perseguições policiais.

A lembrança vem com tudo em minha mente. Era uma época tão divertida. Eu e meu pai éramos muito grudados e essas idas ao ferro velho eram os únicos momentos que eu me esquecia completamente da voz. Era o meu esconderijo, o meu paraíso pessoal, a voz não me alcançava ali.

Mas um dia a voz descobriu um jeito de ultrapassar essa barreira, mesmo que por breves momentos, e o fez com tudo. Eu estava em cima de um carro brincando de boneca, elas eram princesas que seriam salvas pelo príncipe do cavalo branco que era um boneco de corrida.

De repente chiados da voz começaram a aparecer na minha cabeça.

— Não! Você não pode entrar aqui! Não, não, não. – Eu levantei gritando com as mãos na cabeça. Ela não podia entrar ali, era o meu lugar, só meu. – Sai daqui! Eu não quero você!

Um passo para o lado... Bum.

Apenas pequenos fleches dos acontecimentos seguintes ainda permaneciam na minha mente. Meu pai chegando correndo... Um quarto de hospital... Minha mãe brigando com meu pai por causa da minha perna quebrada.

Nunca mais fomos para o ferro velho.

A voz havia ganhado mais uma vez.

— Você se parece com o seu pai. Quando a vi no avião pensei que me fosse familiar, mas só liguei os pontos quando vi o seu bloquinho com o endereço do apartamento.

— O que fazia lá? No interior, quero dizer. – Pergunto tentando espantar a lembrança antes que o ferro velho deixasse de ser algo especial.

— Minha tia tem um sítio próximo ao aeroporto, passei algumas semanas lá para ajudar e pegar um pouco mais de experiência com os animais.

— Você disse que faz veterinária né? – Ele concorda com a cabeça, prestando atenção na estrada por qual passamos com velocidade. – Mas por que não tem nenhum bichinho?

Ele sorri travesso e isso consegue deixa-lo extremamente lindo e charmoso. Por alguns segundos me esqueci completamente do falávamos porque desfrutava do seu sorriso doce e encantador.

— Os meus bichinhos não são tão convencionais, vai conhecê-los logo.

— Está me deixando curiosa agora.

— Esse é o objetivo Olhos azuis.

— Esse apelido é ridículo. – Bufo quando ele não tira o sorriso satisfeito do rosto. Analiso seu sorriso por alguns segundos e me pergunto como dentes podiam chamar tanta atenção, como podiam deixa-lo ainda mais lindo. Que padrão de beleza ridículo.

Mas nele não parece tão ridículo assim...

— Admirada? – Ele consegue me pegar no flagra.

— Claro, com seu dom de me irritar. – Retruco e viro o rosto novamente para o a paisagem. As palmeiras balançavam com o vento regular e pareciam dançar uma dança havaiana divertida.

Poucas pessoas andavam na rua por causa da recente chuva e as que andavam continuavam com guarda-chuvas em mãos para o caso dela voltar. Vejo um gato se equilibrar em uma pilastra com medo de cair na grande poça de água no chão. Tenho vontade de mandar Matthew parar o carro para que eu pudesse ajuda-lo, mas o felino não precisa da minha ajuda e consegue se virar sozinho, ele dá um salto desajeitado e alcança um muro. Ele dispara pelo muro até bem longe da água.

Ser um gato talvez fosse tão incrível quanto ser uma borboleta. Gatos são independentes, nunca precisam da ajuda de ninguém e se der a sorte de ser um gato de madame vem o bônus de ser mimado pelo resto da vida. Além de que são mega fofos.

Percebo o carro diminuir a velocidade e encaro o lugar o qual nos aproximamos. Havia uma placa gigante escrita: Frankart´s – Resgate e Reabilitação de Animais Marinhos.

Estávamos do lado de fora, mas o lugar já era magnifico. O prédio azul de dois andares era realmente extenso, parecia um grande shopping, e ultrapassava a linha da praia, adentrando o mar com um cais cheio de lanchas e barcos bem equipados.

O vigia abre libera a passagem para Matthew passar com o carro sem nenhuma exigência.  O garoto anda lentamente com o carro indo parar em uma vaga próxima a entrada do lugar.

— Chegamos.

— Ah meu Deus! – Abro a boca impressionada e bato palmas extremamente animada. – Esse lugar é incrível!

— Você nem viu dentro ainda. – Ele ri com minha empolgação e sai do carro, saio também.

A entrada era em um estilo bem moderno, com muito vidro e plantas. Analiso tudo com muito cuidado, era tudo realmente encantador. Só havia uma lâmpada acesa na entrada, olho meu relógio: Sete da noite.

Sou tentada a questionar Matthew se não devíamos voltar outro dia, pois parecia que já estavam fechando. Porém ele entra sem pensar e vai até a recepção. Uma garota muito bonita estava terminando de guardar chaves ali, quando entramos ela avisa que local está fechado, imediatamente me viro para ir embora.

— Ah, é você. – A garota diz num tom de normalidade, isso me faz parar.

— Vim mostrar o lugar para a May. – Ele diz e aponta pra mim, a garota abre um sorriso caloroso pra mim. – May essa é a minha irmã Cleo.

— Você deve ser a Maeve, a nova vizinha. – Cleo estica a mão para que aperte.

— Sou. – Não consigo pensar em nada mais inteligente para se dizer, mas para não soar fria lhe dou um sorriso tão caloroso quanto o seu.

— É um prazer te conhecer. – A garota olha no relógio e arregala os olhos. – Estou atrasa! – Ela pega suas coisas e sai de trás do grande balcão. – Aparece um dia aí para podermos conversar melhor.

— Claro. – Ela manda um beijinho para mim e para o irmão já de longe.

Era bem difícil que isso acontecesse. Quanto menos amizades melhor. Era isso que a Voz sempre me dizia.

Eu estava ignorando a Voz não estava? Então por que isso parecia importar tanto? É claro, a presença dela nunca se fazia imperceptível.

— Sempre atrasada. – Matthew balança a cabeça negativamente, mas há um traço de um sorriso no seu rosto como se lembrasse de quando eram pequenos, lembrança a qual eu nunca seria capaz de entender. Era sempre só eu. E a Voz, claro. Não tem como me esquecer dessa parte. – Vem, não tem nada de interessante nesse saguão.

Bem... Eu podia facilmente discordar. Aquele saguão para mim parecia uma obra de arte, eu estava adorando analisar cada detalhe de cada cantinho.

Sigo o moreno por uma porta que dizia: Só pessoas autorizadas. Ele me guia por um grande corredor cheio de portas, vejo que é a área hospitalar do instituto, mas se não tivesse percebido as plaquinhas em cada porta, dificilmente poderia concluir algo assim. Mesmo aquele longo corredor era colorido e alegre.

— Veterinários não podem estar o tempo todo deprimidos, os animais sentem isso. – Matthew explica e eu concordo.

Passamos por mais algumas portas até chegar a uma que dizia: Tanques. Olho para Matthew muito animada. Ele abre a porta e a segura para eu passar.

— É aqui que ficam os tanques. – Observo tudo. Com cuidado me aproximo de um, existe uma grade que me impede de chegar muito perto. Duas barbatanas de tubarão passam próxima a borda, dou dois passos para trás. As grades não estavam ali de enfeite. – Sei que esse cenário pode parecer um pouco triste, mas eu não consigo enxergar dessa forma. – Matthew se aproxima de um tanque mais longe e passa por cima da cerca, dessa vez bem menor. Vou até ele, mas permaneço quietinha atrás da cerca.

— Eu vejo como um mundo de esperança, uma forma de compensar o que os humanos fizeram e fazem com eles. –O garoto diz e balança a água. Fico um pouco aflita com o que teria naquele tanque. – Nós não usamos esses animais de atração... Quer dizer, tem uma passarela gigante por baixo dos tanques para que os visitantes vejam os animais. Mas a gente se certificou de que os animais não teriam como ser incomodados por barulho ou pessoas batendo no vidro.

De repente começa uma agitação na água e algo vem em nossa direção, sinto o medo de ser algum tubarão que possa puxar Matthew e come-lo vivo. Porém o que salta da água é um golfinho muito lindo, ele joga um monte de água no moreno que fica encharcado. Não aquento e começo a gargalhar.

— Bobão. – Matthew joga água no golfinho, mas não está bravo e o golfinho parece estar gostando da atenção. O animal dá um salto e depois se aproxima com menos afobação e apoia a cabeça na borda para o garoto passar a mão. – Esse é o Bubble, a gente resgatou ele quando era filhote. Ele já está bem, mas todas as vezes que tentamos solta-lo no mar com outros golfinhos, ele volta e fica circundando os nossos barcos até o trazermos para dentro do tanque de novo. – Conta. – Já tentamos todo o tipo de adaptação, contudo ele sempre volta.

O garoto faz sinal para que eu entre e eu entro. Me abaixo ao seu lado, Matthew pega minha e põe devagarinho em cima do golfinho.

— Oi, você é uma coisinha muito linda. – Passo meus dedos com cuidado, ele faz aquele barulhinho de golfinho e depois volta para o fundo do tanque, alguns minutos segundos se passam e ele ressurge na nossa visão trazendo alguma coisa na boca. Bubble põe o objeto na borda e fica me encarando. – Uma concha? Para mim? Que linda! Obrigada, eu adorei.

Aquele gesto me afeta bastante, não consigo parar de sorrir. Pela primeira vez me sinto alguém especial de verdade, não é nada comparado com a definição que a Voz sempre me mostrou.

— Obrigada. – Digo novamente a Matthew, ele me dá um sorriso tranquilo. – Obrigada de verdade, por me trazer aqui... E pela câmera.

— Não fiz nada demais May. – Ele diz como se fosse ridícula a importância que eu estava dando para a sua ajuda, mas ele nem fazia ideia de quanto tinha me ajudado.

— Obrigada mesmo assim.

Ele apenas me da outro sorriso e se levanta.

— Tchau amigão. – Ele taca um peixe para Bubble que pega no ar. Parecendo muito feliz, ele passa na borda uma última vez antes de ir para o fundo do tanque.

Ainda fico observando o tanque por um tempo antes de me levantar também. Matthew de repente dá uma risada e eu olho pra ele sem entender.

— Desculpa, não é de você. – Ele me ajuda a passar por cima da cerquinha e continuamos andando. – Uma vez quando era pequeno a professora resolveu fazer o dia do pet e todo mundo podia levar o seu bichinho, mas Cleo e eu nunca tivemos um animal de estimação porque a nossa família sempre estava muito ocupada com os bichos do instituto.

Enquanto ele conta a história deslocamo-nos até uma porta de metal, ele puxa de leve uma alavanca em uma das caixas de energia e abre a porta. Antes de passar por ela dou uma analisada no fecho para entender o porque da alavanca, encontro apenas um fecho de porta normal como todas as outras.

— Então eu fiquei uma semana implorando para minha mãe me deixar levar o Dik, um tubarão que estava em fase de readaptação e que eu ajudava a alimentar.

— Um tubarão Matthew? Você caiu do berço no hospital?

— Eu era uma criança sapeca. – Ele da de ombros.

— E o que sua mãe disse?

— Um grande “não”

— Sensata.

— Ela não me deixou levar nem um cavalo marinho sequer, mas me ajudou a fazer um álbum com fotos de vários animais do instituto para eu mostrar para os meus amigos no dia.

— Isso foi bem legal da parte dela. – Afirmo. – Quanto tempo essa instituição está na sua família?

— Há nove gerações. – Ele diz e eu fico impressionada.

— Wou, isso é bastante tempo.

— É, pena que é mentira. – Ele dá uma risadinha marota e eu finjo indignação lhe dando as costas com uma das mão na testa e dizendo: Não pode ser, fui enganada! Acabamos os dois rindo, o que ocasiona numa quase queda minha quando um saque de degraus aparece na nossa frente. Felizmente eu não caio, seria muito vexaminoso. – Diferente do que pensam, minha família não tem dinheiro por causa do instituto, meus avós maternos eram donos de uma longa quantidade de prédios pelo país, então com o dinheiro de alguns aluguéis os meus pais fundaram o instituto. Era só mais uma casinha antes de virar isso tudo.

— Sinceramente? Gostei mais da história original.

— Eu também prefiro. – E então faz uma parada brusca. – Seja bem vinda ao paraíso!


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Notas finais do capítulo

Comentem por favorzinhoooo



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