A Voz Do Destino. escrita por Flor Da Noite


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Oiiee, voltei. Hum... não tenho muito o que dizer hoje, na verdade, to com soninho. Mas não custa nada lembrar que é legal deixar um comentário (muito obrigada Lady Zanão!!!!) e eu estou pensando em postar toda sexta a noite.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/786931/chapter/3

O sol bate nas janelas quase me cegando, sou acordada a força. Ainda não tinha comprado cortinas, havia esquecido completamente delas, tanto para o quarto quanto para a porta de correr da sala.

 "Levante logo criatura, aproveite esse despertador natural e vá fazer algo de útil."

 Reviro os olhos ao ouvir a Voz, logo de manhã já me perturbando. Levanto-me e vou em direção ao banheiro, todas as manhãs eu fazia uma higiene regrada para ficar com os dentes e a pele perfeitos.

 Tomo um susto com passarinho na janela que olha para dentro curioso, sorrio pra ele e passo para o closet. Sem as cortinas eu não podia correr o risco de ser vista de pijama pela casa, principalmente porque meu pijama normalmente era composto por uma blusa velha e um short tão curto que quase mostrava a alma.

 Troco o pijama por um Jeans e uma camiseta de "The Simpsons" com o Homer comendo uma rosquinha. Era a minha serie animada favorita. 

 Na cozinha pego uma vasilha qualquer e coloco um pouco de cereais com leite, em seguida me sento no sofá e ligo a TV no jornal.

 - É isso mesmo Karl, a cidade voltou a se encher. Todos os universitários estão voltando para o inicio das aulas. - Diz a jornalista loura com um terninho azul escuro.

 - Então logo a procura por empregos será uma loucura. Ano passado tivemos filas e filas de jovens tentando arranjar um trabalho para conseguir sustentar a vida de universitário. - O jornalista ao lado da loura concorda.

 Algumas estatísticas começam a passar na tela sobre algo que não prestei atenção. 

 - Droga, preciso começar o quanto antes minha busca ou ficarei desempregada durante o ano letivo e isso está fora de cogitação. - Suspiro. - Aliás, tenho que ir amanha na universidade conhecer o lugar... - Não queria ser aquela garota clichê de filme que é nova no lugar e se perde, se atrasando para a primeira aula do ano. Nem pensar. Chegar atrasada na primeira aula é causar uma primeira impressão ruim e ainda atrair vários olhares. Não preciso de nada disso. - Ou eu podia ir logo hoje. 

 Observo o apartamento, estava todo organizado e eu não tinha mais muita coisa para fazer, valia a pena sair um pouco de casa para conhecer o lugar. Descido ir mesmo até lá, pego a minha bolsa e saio de casa de uma vez, antes que a preguiça me faça mudar de ideia. 

 - May! 

 "Não, não, não! Porque não consigo ver esse cara? Ele não aparece no meu planejamento!" 

 Com isso a Voz queria dizer que Matthew Frankart era algo totalmente inesperado por ela, o que é algo realmente interessante. A Voz sempre tinha controle de tudo na minha vida, tudo o que iria acontecer já estava no seu papel, ela chama de: O livro do destino. Ela está sempre me falando que foi escolhida pelo destino para me fazer vencer na vida e se chamava A Voz do Destino, se eu me tornasse bem sucedida na vida sua missão estaria cumprida e ela seria mais forte e poderia ajudar outras pessoas. Então ela sempre garantia que as coisas fossem do jeito dela, mesmo que pra isso precisasse me botar aterrorizada. 

 - May? Essa é nova. - Comento olhando para Matthew com total desinteresse. 

 - Ninguém nunca te chamou de May? É o apelido mais óbvio para Maeve. - Eu não tinha alguém para me chamar assim, minha família sempre me chamara de Maeve e eu não tinha amigos, mas não digo isso a ele. 

 - Não.

 - Como te chamam então?

  - Maeve, esse é o meu nome, sabe?

  - Ah, vou continuar te chamando de May, se quiser pode me chamar de Matt. 

 - Não quero. - Digo e ele faz uma cara como se estivesse impressionado com minha forma direta. 

 - Ok... Para onde está indo?

 - Para a universidade, quero conhecer o lugar.

 "Ele não precisa saber disso Maeve, não é como se fosse da conta dele. Simplesmente saia e vá até a universidade logo."

 - Caloura?

 - Sim, medicina.

 "Porque ainda está falando com ele?"

 - Que legal, estou no segundo ano de biologia marinha. - Ele diz. - Na verdade estou indo para lá agora, vou te dar uma carona.

 - Não obrigada, vou de metrô. - Bem... Antes eu tinha que descobrir como chegar à estação de metrô, não fazia ideia de como chegar lá. Mas se aceitasse a carona dele a Voz ficaria muito brava. Confesso que senti vontade de desobedecer um pouco. 

 - Ainda bem que não foi uma pergunta. - Ele sorri e se encosta-se à parede me esperando trancar a porta. Bufo, isso tinha sido grosseiro, mas eu não podia culpa-lo, afinal era só assim que eu o tratava.

Quando termino com a porta ele me puxa até a garagem, vejo um Mustang 2019 preto estacionado, Matthew pega as chaves do bolso e o olho chocada, ele era muito novo para ter um carro daquele na garagem.

— Presente. – Diz quando percebe meu olhar.

Eu ia andar num esportivo! Eu estava tão feliz que queria sair pulando.

“Não vai andar nessa coisa mesmo, está me ouvindo Maeve? Já me desobedeceu aceitando a carona, se me desobedecer agora vai ter sérias consequências. E dessa vez não é apenas uma ameaça vazia.”

Travo na mesma hora, o que aconteceria se eu desobedecesse a Voz? Ela castigaria Matthew? Não, eu não podia deixar ela machucar mais alguém.

— Não... Não posso. – Dou uns passos para trás. Matthew me olha estranho.

— Por quê? Não está achando que quero lhe fazer nenhum mal, né? Por Deus! Nunca!

— Não é você... Esportivos não. Ela disse não. Não posso desobedecer. – Começo a murmurar e saio correndo. Matthew vem atrás de mim, mas entro na escada de emergência despistando-o.

Subo as escadas em direção ao térreo e saio do prédio, escondendo-me atrás de uma árvore. Vejo de relance Matthew aparecer na portaria muito confuso, parecia preocupado.

— Não posso machucar mais um. – Murmuro novamente e solto um longo suspiro ao vê-lo entrar de volta no prédio. – Voltando agora ao plano original.

Pego o celular e pesquiso a estação de metrô mais próxima.

.......

O campus era realmente grande, além dos prédios da faculdade havia um banco, restaurantes, clube e a área de dormitórios. Parecia uma cidadezinha de universitários.

Vários estudantes passavam de um lado para o outro, poucos entravam nos prédios com as salas de aulas, mas o clube estava realmente cheio, no entanto, Debbie, a encarregada de me mostrar o lugar, me disse que aquilo mal era a metade da quantidade de estudantes que frequentava a universidade.

Ela me explicou que eu podia usufruir de todas as dependências da área, com exceção do clube e da academia que eram pagos, para evitar superlotação.  Perguntei sobre os restaurantes e ela me respondeu que a faculdade não tinha refeitório e que em cada restaurante tinha um tipo de prato gratuito para alunos para que eles não ficassem enjoados da mesma comida sempre, mas se você quisesse algo mais elaborado, obviamente teria de pagar.

— Em breve vão abrir as audições para os clubes, você era de algum na sua escola?

— De fotografia. – Respondo, era algo que eu gostava mesmo de fazer. Eu tinha vários álbuns em casa.

— Ah, já temos muitos para o jornal do campus. Mas você pode tentar, quem sabe se eles gostarem das suas fotos não abram uma vaga.

— É, quem sabe... – Dou de ombros.

Vejo umas garotas darem ridas e começarem a cochichar, meu instinto é me encolher pensando que estão rindo de mim, mas logo percebo que não são risadas debochadas e muito menos sobre mim. Um grupo de garotos se aproxima, eles são interceptados por outro grupo e eles começam a conversar amigavelmente.

— Os de azul são o time de natação e os de vermelho o time de beisebol. Vamos até lá! – Ela começa a me puxar. – Aquele ali de cabelo castanho e blusa vermelha é o meu namorado. – Diz apontando para um dos meninos de vermelho. – Ao lado dele está Cannon Michers, o capitão do time de beisebol.

— O que eles fazem aqui? As aulas ainda não voltaram.

— Eles não podem parar de treinar por muito tempo, então resolveram voltar mais cedo. – A garota acena para o namorado e ele acena de volta.

— Hey Debbie. – Eles cumprimentam ela.

— Quem é essa sua amiga? – Pergunta um moreno olhando para mim.

Imediatamente Cannon e o capitão do time de natação, que percebi pela blusa, param de conversar e me encaram.

— Está é a...

— Maeve! – Matthew exclama e se aproxima de mim, dou alguns passos para trás um pouco assustada. – Você ta bem? Caralho, que puta susto você me deu. Porque saiu correndo do nada?

“Que garoto infernal! Está em toda a parte!”

— Vi alguma coisa e me assustei, fui direto para o metrô. – Minto na cara de pau, ele claramente não acredita na minha mentira esfarrapada, mas não insiste, talvez porque tínhamos uma bela plateia.

— Se você diz...

— Vocês já se conhecem?

— Ela é a minha nova vizinha.

— Que azarada! – Um dos meninos de azul diz e todos os outros caem na gargalhada, Matthew apenas faz uma careta pra eles.

Eu odiava ser o centro das atenções, sempre me trazia tantos problemas... Falando em atenção olho de rabo de olho para o capitão do time de beisebol. Lindo. Não tão lindo quanto Matthew, mas ainda assim lindo. Ele me encara indiscretamente, nem da atenção para o que os outros falam.

Aliás, porque estou mesmo usando o Frankart como comparação? Esse ser irritante parado na minha frente não deve ser lembrado, quanto menos na minha mente ele estiver melhor.

— Hum... Legal conhecer vocês, mas eu preciso ir. Obrigada por me apresentar o campus Debbie.

— Ah, foi um prazer. Ei, porque não me passa o seu número? Posso te levar a algumas festas bem fodas de voltas às aulas. – Ela me mostra o celular. – Tem uma galera que quero te apresentar, você vai fazer fama com esses seus olhinhos azuis.

Olho de relance para Matthew e ele está nos encarando um pouco incomodado.

— Por que não? – Pego seu celular e digito meu número. – Tchau gente. – Aceno para o pessoal e saio apressada dali.

“Você que não vai, né?”

— Eu sei, eu sei. – Bufo. As pessoas deviam estar me achando uma louca por sair assim, principalmente Matthew, que me viu correr dele duas vezes. Deve ser por isso que Cannon ficou o tempo inteiro me encarando, claramente me achou uma aberração.

— Por que eu não posso ser só uma garota qualquer?

“Porque você tem a mim. Isso já a torna melhor que todos os outros.”

Mas não era eu que era melhor do que as pessoas à minha volta, era ela. E ela admitia isso sem nenhuma preocupação, afinal era só eu que podia ouvir-lhe e ela era mesmo melhor que as pessoas, quem mais seria capaz de controlar alguém dessa forma?

Uma borboleta passa por mim, é azul e preta, ela transmite um sentimento de paz e liberdade, suas assas pequenas batem com graça e leveza. Estendo meu dedo na iludida expectativa de que ela pousaria, entretanto ela apenas o rodeia uma ou duas vezes e segue o seu caminho. Nada poderia impedir sua liberdade, era isso que lhe mantinha viva, era isso que a fazia ser o que era. Também me sinto mais leve e sorrio, em seguida sigo meu caminho um pouco mais feliz. Se a borboleta podia ser livre, um dia eu também poderia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Voz Do Destino." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.