Universo em conflito escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 53
Começa a missão




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Era uma da manhã quando o celular despertou. Cebola desligou o alarme rapidamente e levantou-se para trocar de roupa.

— Cascão, tá na hora. – ele sacudiu o amigo.

— Só mais cinco minutos, mãe... – o outro resmungou virando-se de lado e cobrindo a cabeça.

— Que mané cinco minutos, tem que ser agora!

Foi preciso insistir várias vezes até conseguir tirar o Cascão daquele coma profundo que ele chamava de sono.

— Véi, acordar de madrugada não presta!

Os dois se arrumaram, pegaram suas coisas e saíram sem fazer barulho. Seus amigos dormiam pela casa. Luca estava no quarto de hóspedes, Jeremias dormia no sofá e os outros dormiam no chão em sacos de dormir. Os dois foram andando com cuidado, abriram a porta e ganharam a rua em direção a casa da Denise, onde Mônica e Magali teriam que esperá-los.

— Será que o Seu Boris vai aparecer? – Cascão perguntou.

— Ele prometeu. Se não vai dar uma complicação danada pra nós. 

— Credo, tá tudo escuro!

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Elas se arrumaram tomando cuidado para não acordar as outras garotas, mas Denise tinha um sono leve e acabou despertando.

— Tá na hora? – perguntou no meio do escuro e Mônica respondeu.

— Tá sim. Os meninos vão encontrar com a gente junto com o seu Boris.

Denise levantou-se e, enrolada na sua coberta que lhe cobria como um manto, as guiou para a porta dos fundos e as duas saíram rapidamente.

“Engraçado... por que a Denise se enrolou toda na coberta? Nem tá fazendo frio!” Mônica pensou e acabou deixando aquilo de lado, pois tinham coisas mais importantes para fazer. Não precisaram esperar muito e em pouco tempo Cebola chegou junto com Cascão que se arrastava de tanto sono.

— É quase uma e meia. O seu Boris já deve estar chegando. – Cebola disse após consultar o relógio. – Vocês estão prontos?

Os três responderam que sim e ele continuou.

— Olha, gente, o lance pode ser perigoso. Quem quiser desistir agora...

— Bah, nem vem. – Magali cortou. – Vamos resolver isso logo e pronto.

— Minha mina tá certa. – Cascão disse. – Não vamos amarelar agora. Mas uns cinco minutos até que cairiam bem. Que sono!

Pouco depois um carro veio pela rua e parou ao lado deles. Era Boris.

— Estão prontos? – o homem perguntou visivelmente morrendo de sono.

— Tudo pronto. Podemos ir.

Os quatro entraram no carro e Boris fez uma pergunta antes de dar a partida.

— Como pretendem consertar a barreira?

Cebola temia que alguém lhe fizesse aquela pergunta, pois até então não sabia como responder sem envolver os poderes da Magali. Ele procurou improvisar.

— Tem uns papéis que peguei do cofre do Sr. Malacai. Um deles diz como. A gente vai dar um jeito quando chegar lá, só precisamos achar o lugar certo. – respondeu feliz por ter conseguido pensar naquilo.

— Está certo então. Vamos... ouviram isso?

Todos ficaram em silêncio, com medo de algo sinistro estar acontecendo.

— Ué, não tô ouvindo nada. – Cascão disse.

— Acho que a gente tá é cismado mesmo. – Mônica também falou e Boris resolveu dar logo a partida e acabar com aquilo de uma vez.

O caminho foi tranqüilo e com pouco transito. Eram cerca de dez para duas da manhã quando eles chegaram ao local indicado, que ficava uns cinco quarteirões da sede da Vinha. Era a entrada para que eles pudessem ir pelos esgotos, pelo que Sofia lhes falara. 

— A gente vai entrar por aqui. – Cebola disse. – Vamos nos comunicar por esses walkie-talkies.

— Certo. – Boris pegou um dos aparelhos. – Por favor, tomem cuidado e não façam nenhuma besteira.

— A gente vai tentar. – Cascão disse bem humorado e eles sumiram pela entrada do esgoto.

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Boris voltou para o carro e como estava sentindo muito sono, resolveu que um cochilo cairia bem. Ele até chegou a ouvir um barulho, mas acabou não dando importância e adormeceu.

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Denise tomou todo o cuidado para se esgueirar para dentro do porta-malas do carro sem que ninguém percebesse. Felizmente ela teve tempo para abri-lo enquanto o pessoal conversava. O resto foi sorte e um pouco de velocidade.

Ela vestia uma roupa preta e tênis simples, levava uma lanterna na mão e o celular na outra.

“Hahaha, eles nunca iam me deixar de fora dessa!”

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Os quatro andaram por alguns metros e viram o vulto de alguém no meio das sombras. Mônica iluminou com a lanterna e suspirou de alivio ao ver que era Sofia.

— Você tá pronta? – Cebola perguntou.

— Sim. Vamos logo que o caminho é bem longo. E fiquem perto de mim porque isso aqui é um labirinto, é muito fácil se perder. Nós seis temos que tomar cuidado.

— Seis? – Magali perguntou sem entender. – Peraí, nós somos cinco.

— Ué... e quem é que tá aí atrás de você?

Todos viraram rapidamente e depararam com Denise olhando para eles com aquela cara lavada de quem não tinha vergonha nenhuma.

— Oi, meu povo! Sentiram minha falta?

Cebola levou as mãos à cabeça de desespero. Mônica botou as mãos na cintura com raiva e Magali sentiu vontade de encher a cara daquela imbecil de tapas.

— Sua doida, era pra você dar cobertura pra gente na sua casa! – Mônica ralhou furiosa.

— E perder esse babado fortíssimo? Você não me conhece mesmo, né?

— Denise, isso é sério! – Cebola falou tentando manter a paciência. – Se seus pais derem pela sua falta, vai colocar todo mundo numa encrenca danada!

— Ai, que drama! Eles têm sono pesado e só vão acordar de manhã cedo. Até lá a gente já voltou.

— E se demorar muito? Já pensou nisso? – Magali perguntou sentindo sua paciência se esgotar.

— Blé, fica quieta que não te perguntei nada eeeiii! – ela deu um gritinho quando Magali avançou e a segurou com força pelo colarinho.

— Escuta aqui sua tonta! Você tá pensando que isso é brincadeira, é? Uma fofoca pra você espalhar pelo bairro?

— Ai, me larga sua doida! Vai me bater agora, é?

— Eu bem que devia, mas não tô afim de sujar minha mão agora.

Mônica e Cascão conseguiram separá-las antes que acontecesse alguma tragédia e Cebola pediu.

— Denise, pede pro seu Boris te levar de volta pra casa, por favor! Você tá atrasando a gente!

— Eu não, vocês é que estão aí fazendo hora com bobagens.

— Não é bobagem, caramba! A gente tem algo importante pra fazer, não podemos perder tempo. Vai pra casa que é melhor.

A moça cruzou os braços, fez um beiço e ficou olhando para eles com o queixo erguido e batendo um pé no chão. Magali conhecia muito bem aquela linguagem corporal e sabia que seria preciso muitas bofetadas para tirá-la dali, mas ela não queria fazer aquele tipo de coisa.

— Vamos, galera. Deixa ela fazer o que quiser. – a moça falou.

— A gente tem que ir logo. – Sofia lembrou.

Por fim Cebola acabou cedendo. Não dava para mandar Denise de volta pacificamente e eles não podiam ficar ali argumentando com ela.

— Só não vem me atrapalhar. – Magali rosnou.

— Não me atrapalha você, sua chata!

Aquela madrugada prometia ser longa.

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— Eles já começaram. – Ângelo falou olhando o grupo através do corte que D. Morte fez no ar com sua foice. – Acha que eles vão conseguir equilibrar a barreira?

— Essa será a parte fácil. – a morte simplesmente respondeu e Ângelo sentiu suas asas se arrepiarem. Ele sabia muito bem do que ela estava falando.

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O caminho era bem escuro, cheio de voltas e desvios. Havia muitas passagens que davam em becos sem saída.

— Véi, esse mapa tá todo errado! A gente ia se lascar se fosse por ele! – Cascão falou virando o mapa de cabeça para baixo e depois para cima.

— O pessoal da Vinha fez muitas alterações que não estão no mapa. – Sofia explicou.

— Povo doido esse.

— Ainda bem que você pulou fora, Maitê!

— Maitê? Meu nome é Sofia!

— Ah, você tem cara de Maitê!

Cebola não evitou um sorrisinho. Era reconfortante quando algumas coisas ali eram parecidas com as do mundo original. Talvez não fosse possível evitar que Denise embarcasse naquela aventura afinal de contas.

Quarenta minutos depois, eles saíram dos esgotos e alcançaram o subterrâneo da Vinha. Após alguns metros, passaram perto de um conjunto de portas e Sofia parou por um tempo, olhando para uma grande porta que abria dos dois lados.

— È aqui? – Cebola perguntou.

— Não. Mas foi aqui onde... er... os membros do conselho... não gosto nem de lembrar!

— Atrás dessa porta? Por que não falou pro seu Boris? – Mônica quis saber.

— Se eu tivesse falado, a polícia teria interditado esse lugar. – Cebola entendeu.

— E não ia dar pra gente fazer nada. Faz sentido, mas depois você tem que falar pra ele.

O grupo ia seguir em frente e logo parou quando ouviu um barulho de alguém mexendo na porta.

— Denise, o que você tá fazendo? – Magali esbravejou ao ver que a ruiva estava tentando abrir a porta com um grampo.

— Você é cega ou burra? É claro que to tentando abrir a porta!

— Não, Denise, a gente não tem tempo pra isso! – Cebola chamou.

— Você falou pra turma que a gente veio procurar os velhotes. Não podemos voltar de mãos vazias. Pronto! Credo, que breu! Cadê a luz?

Ela entrou antes que alguém pudesse lhe impedir. Até Mônica estava com vontade de encher aquela cara de tapas e Magali mal conseguia se segurar. Os quatro foram atrás dela, seguidos por Sofia que ia de cabeça baixa.

— Achei o interruptor! – ela falou triunfante e num segundo a sala se encheu de luz e vários gritos ecoaram. 

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Toni não conseguia conciliar o sono, pois só pensava nos amigos que tinham ido a uma perigosa missão debaixo da Vinha. Eram cerca de duas e quarenta da manhã. Será que já chegaram? Encontraram o local onde consertar a barreira? E se aconteceu alguma coisa perigosa no meio do caminho?

Ele sentiu vontade de entrar em contato pelo walkie-talkie e se segurou, pois sabia que chamá-los podia causar um barulho indesejado que dependendo da situação poderia ser fatal. O melhor era esperar que eles entrassem em contato.

“Droga, não consigo dormir!” ele pensou mal humorado e pegou o celular pensando em ligar para Denise. O aparelho chamou uma vez e ele ouviu uma voz de mulher falando que o aparelho para o qual ele estava ligando se encontrava desligado ou fora de área. Que estranho... ela tinha falado que ia manter o celular ligado para o caso de necessidade. Por que tinha desligado?

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Denise bateu as costas na parede com força e gritava sem parar, cobrindo o rosto e chorando feito louca. Mônica soluçava abraçada ao Cebola e Magali amparava o Cascão que estava prestes a vomitar.

— Isso é... é... – o rapaz tentou balbuciar algo diante da cena mais macabra que tinha visto em sua vida.

Os corpos estavam espalhados por todas as partes em estado avançado de decomposição. O chão estava tão sujo de sangue seco que mal dava para encontrar um local limpo para pisar. Moscas voavam por todos os lados e o cheiro era insuportável, muito pior do que o de um bicho morto. Mal dava para respirar lá dentro.

O mais chocante era que muitos estavam mutilados, com seus pedaços espalhados como peças de um quebra-cabeça. Alguns estavam com o crânio estourado, outros tiveram a pele cheia de ferimentos estranhos que agora estavam cheios de vermes. Uns três ou quatro, não deu para contar, pareciam ter sido retalhados com facas afiadas que estavam espalhadas ao redor deles e também cravadas em seus corpos. Um deles tinha uma faca em cada olho. Alguns pareciam com os cadáveres do mal da múmia. Por mais que isso lhe causasse repulsa, ele tirou o celular do bolso e começou a tirar fotos sob o olhar espantado de todos.

— Cebola, você tá mesmo fazendo isso? - Mônica perguntou com os olhos arregalados.

— Numa coisa a Denise tá certa. Eu falei que a gente vinha pra cá procurar por eles. Temos que levar alguma coisa pra mostrar ao resto da turma que conseguimos. – Apesar dos seus esforços, ele viu que estava na hora de sair dali ao dar de cara com um cadáver que estava com a barriga rasgada mostrando as entranhas espalhadas ao redor.

— Vamos embora, gente. – Falou. – Ficar aqui não vai adiantar de nada.

Os outros concordaram e foram saindo dali. Ninguém ligou para Denise, que continuou sentada no chão e chorando feito criança. Foi preciso que Sofia lhe ajudasse a levantar para tirá-la dali.

— Vamos, você não pode ficar aqui.

— Deus do céu, eu não imaginava isso! Juro que não imaginava! – a moça chorava sem parar, sendo amparada por sua nova melhor amiga.

Magali estava tão abalada que nem se importou em lhe dar uma bronca. Aquela visão já era castigo suficiente.

— Nem quero imaginar o que elas fizeram com aqueles coitados... – Mônica falou.

— Coisa boa é que não foi. Credo, a Srta. Drácula é doida de pedra!

— Ela não fez sozinha. – Sofia explicou. – Penha e Berenice ajudaram.

— Agora tô com medo dessa tal Berenice! Ela deve ser muito do mal! – Cascão voltou a falar, visivelmente chocado.

Cebola prosseguiu calado, pensando no que poderia estar esperando por eles depois que consertassem a barreira.

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A mensagem ainda não foi lida. Não foi nem mesmo recebida, o que ele achou estranho. Na tela do Whatsapp, Toni leu que a ultima visualização foi pouco antes das uma da manhã. Então Denise tinha deixado o celular ligado até tarde. Por que desligou? Seria por ordem dos pais? Talvez eles não quisessem que a filha ficasse com o celular ligado até de madrugada. Mas aquela era uma situação de emergência, ela teria que ter dado um jeito nisso.

“Alguma coisa tá errada.” Pensou e tomou a decisão de entrar em contato pelo walkie-talkie. Ele precisava ter certeza de que tudo estava bem ou não ia conseguir pregar os olhos nem por um minuto.

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Cascuda acordou com o som de um chiado no criado ao lado da cama e levou um tempo até sua mente desanuviar e ela lembrar do walkie-talkie que Mônica tinha deixado com elas.

— Denise, acorda. – ela sussurrou. – Eles estão chamando. Denise?

Ninguém respondeu e ela levantou-se rapidamente, quase entrando em pânico ao ver que a cama estava vazia. Do aparelho, ela ouviu a voz de um rapaz chamando com insistência.

— Denise? Você tá aí? Responde! – a voz falou tentando sussurrar, mas ainda assim falando alto. Cascuda pegou o aparelho rapidamente e respondeu.

— Quem tá falando?

— Quem é? – o rapaz respondeu com outra pergunta e Cascuda achou melhor responder.

— Eu sou a Cascuda, tô no quarto da Denise. Você não é o Cebola!

— Sou o Toni. Cadê a Denise?

— Ela não tá aqui.

— Como?

— Ô, fala baixo que os pais dela estão no quarto ao lado. Peraí, vai ver ela foi ao banheiro...

A moça foi ao banheiro na ponta dos pés e arregalou os olhos quando viu que a porta estava aberta e não tinha ninguém. Denise também não estava na cozinha e isso fez com que seu estômago doesse como se tivesse levado um soco. Ela voltou rapidamente para o quarto e falou.

— Ai minha nossa, a Denise não tá aqui não!

— Como assim?

— Ela não tá! – Cascuda tentava manter a calma. Se os pais da Denise descobrissem que sua filha tinha sumido, todos iam ter sérios problemas.

— Eu não acredito que ela fez isso... – Toni falou e Cascuda entendeu o que ele queria dizer.

— Eu muito menos. Se os pais dela descobrem...

— Eles não vão perceber nada até amanhã. Até lá, tenta disfarçar do jeito que puder.

— Tá bom.

O aparelho foi desligado e só então Cascuda viu que as meninas tinham acordado e estavam olhando para ela com aflição.

— O que a gente faz? Aquela Denise só pode ser doida! – Keika perguntou.

— Vamos voltar a dormir que agora não dá pra fazer nada. Amanhã a gente pensa em alguma coisa.

Como não podiam fazer mais nada, elas voltaram a dormir, mas todas estavam muito apreensivas. Aquilo podia não terminar bem.

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Toni desligou o walkie-talkie e deu um suspiro longo e cansado. Não dava para acreditar que Denise tinha feito aquilo.

— Cara, o que tá pegando? – Manezinho falou com a voz sonolenta e Toni explicou brevemente, fazendo o outro soltar um palavrão. – Agora danou tudo! Se os pais dela descobrem...

— Nem me fale! Aquela doida pode acabar estragando tudo!

— Você vai atrás dela?

— Iria se pudesse. Mas eu nem sei direito onde ela está, não conheço nada da parte de baixo da Vinha. O jeito vai ser esperar. Droga!

Manezinho voltou a dormir e logo estava ressonando. Toni ficou acordado olhando para o teto sentindo-se muito mal com aquela situação. Denise tinha prometido que ia ficar em casa com as amigas e quebrou sua promessa. Ele podia relevar seu jeito maluco de ser, mas não uma mentira.

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— Falta pouco. – Sofia anunciou.

— Ainda bem, porque são quase três da manhã. – Cebola disse.

Atrás deles, Denise ainda soluçava muito abalada com o que tinha acontecido antes. Ela não conseguia acreditar que tinha visto aquelas coisas, aquilo era absurdo demais para ser verdade. Por que ela foi abrir aquela maldita porta? Não teria sido melhor deixar como estava e seguir junto com os outros? Ah, mas a sua maldita curiosidade tinha que estragar tudo! Se era para ser assim, então ela nem queria mais participar daquela maluquice. Antes ela tivesse ficado em casa com as meninas!

— Gente... eu quero ir embora... – a moça falou com a voz chorosa e todos pararam.

— Não dá, a gente precisa... – Cebola começou e a moça interrompeu.

— Vocês consertam a barreira, eu vou pra casa dormir. Pra mim já deu!

Cebola tentou argumentar.

— Você não vai saber voltar sozinha. Sem a Sofia, vai ficar perdida aqui.

— Então ela vai comigo e depois volta pra buscar vocês... – Mônica também não gostou da idéia.

— Denise, a gente levou quase uma hora pra chegar até aqui. Até a Sofia te levar e voltar, já passaram duas horas! Não vai dar tempo!

— Mônica tá certa. – Cebola retrucou. – Se a gente não conseguir isso hoje, só vai dar no ano que vem.

Ela sabia que os amigos estavam certos, mas seu lado irracional acabou falando mais alto. Tudo o que importava era voltar para a segurança do seu quarto e ficar quieta lá mesmo.

— Ou a Sofia vai comigo, ou eu vou sozinha! Aqui eu não fico mais, não quero nem saber! – ela cruzou os braços e ficou batendo um dos pés indicando que não ia ceder nem um milímetro.

— Faça o que você quiser, a gente tem coisa mais importante pra fazer do que agüentar suas birras.

— Cala a boca que a conversa não chegou até o chiqueiro!

Magali fechou a cara e Denise se encolheu toda quando ela chegou mais perto.

— Escuta garota, você nem devia estar aqui. O trato era você ficar na SUA casa com as meninas dando cobertura pra gente. Você veio de enxerida, então agüenta calada!

Denise se descontrolou e tentou ir para cima da Magali, puxando seus cabelos e enchendo seu rosto de tapa. Após a surpresa inicial, Magali segurou seus pulsos com força enquanto a ruiva se debatia e até cuspia no seu rosto.

— Eu te odeio, sua monstra, bruxa, baranga horrorosa! Você estragou a minha vida! Fui sua única amiga e olha o que você fez comigo, você não vale nada e...

Magali a jogou no chão com um gesto brusco e falou apontando o dedo na cara da Denise e com os olhos cheios de lágrimas.

— Olha aqui, eu posso ser um monte de coisa, mas nunca fui fingida com ninguém! Quem se fingiu de amiga aqui foi você!


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