Universo em conflito escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 54
Que se faça o equilíbrio




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Todos olharam surpresos para Magali, exceto Cascão. Ele sabia do que ela estava falando no fim das contas.

— Como você pode falar isso? Quando as meninas ficaram de mal, só eu continuei sua amiga!

— Era minha amiga pra tirar vantagem.

Denise tentou se fazer de ultrajada

— Você é louca, eu nunca...

— Um dia você veio chorando pra mim dizendo que um garoto roubou o dinheiro do seu lanche. – Magali cortou – Então eu fui lá tirar satisfação com ele e deu a maior briga. Eu bati, apanhei, rasguei meu uniforme e levei suspensão do diretor. Em casa, fiquei de castigo por um tempão e ainda apanhei de cinta do meu pai.

Todos ficaram desconfortáveis e Denise se encolheu toda.

— Tudo isso só pra descobrir depois que foi você quem provocou o moleque. Você arrumava briga com todo mundo e depois vinha esconder atrás de mim. Era como se eu fosse... sei lá...

— Bucha de canhão. – Sofia falou com sua voz baixa e rouca. – Era assim que as outras crianças me chamavam porque eu vivia brigando por causa da Penha e já me encrenquei muito por causa disso.

— Eu não fazia isso não! – ela ainda tentou se defender inutilmente.

Cascão entrou na conversa.

— Fazia sim e posso arrumar uma pancada de gente pra servir de testemunha. Você abusava um monte da proteção que a Magali te dava e ainda escondia atrás dela quando fazia coisa errada. Ela vivia limpando sua barra só pra você aprontar de novo no dia seguinte.

Denise sentia-se totalmente nua e revelada. Era difícil ver suas falhas tão expostas assim e ela abaixou a cabeça chorando ainda mais.

— Eu era criança, viu? Não tinha juízo!

Magali agachou para ficar da altura dela.

— Eu também era. Todo mundo era criança e todo mundo errou, mas a gente tá querendo seguir em frente. Ficar insistindo nisso só vai fazer mal.

Ela deu uma fungada e começou a enxugar as lágrimas. Não dava mais para se defender e ela estava exausta de tudo aquilo. Algo dentro dela tinha se quebrado e ela viu que lutar era inútil. Sim, eles estavam certos. Ela abusava da proteção da Magali. Por ser sua única amiga, Magali fazia de tudo para lhe ajudar e muitas vezes teve problemas com isso. Deve ter sido por essa razão que ela começou a ser mais dura e até lhe dar uns tapas de vez em quando, porque se deixasse correr solto, Denise teria montado nas costas dela sem dó e chicoteado seu traseiro.

— Só queria poder ir embora... – disse com a voz fraca e chorosa.

— Você não gosta de assumir as coisas que faz, mas cara, a vida é assim mesmo. A gente faz as escolhas e aguenta o que vier. Você escolheu vir aqui, agora tem que assumir as consequências.

Denise ainda tentou argumentar e Cebola interrompeu.

— Você precisa entender que não vai dar pra te levar de volta, você não pode ir sozinha e nem pode ficar parada porque se aquelas três resolverem vir atrás da gente, é por aqui onde vão passar.

Aquilo a fez levantar num pulo.

— Não me deixem aqui sozinha não, gente! – chorou tremendo de medo.

— Ninguém vai te deixar sozinha, mas seja lá o que acontecer, você vai ter que encarar. Tá na hora de aprender a assumir as consequências dos seus atos.

— Elas podem fazer com a gente o que fizeram com aquelas pessoas!

— É, podem. – ela tirou do bolso a marca de IOR que Cebola fez com clipes de papel. – Use isso e não deixe cair. Vai te proteger. Agora vamos que já são quase 3 da manhã e não sabemos quanto tempo isso vai levar.

Ela contemplou o pequeno talismã que brilhava um pouco sob a luz das lanternas.

— I-isso funciona mesmo?

— Sim. Mas não deixe elas te tocarem. – Sofia respondeu mostrando seu broche. – Agnes me deu isso para que eu pudesse ficar perto dela e da Penha sem ser afetada. Mas se elas encostarem a mão em você, já era.    

— E você tá dando o seu pra mim? – perguntou incrédula, custando a acreditar que Magali estava abrindo mão da sua segurança para salvá-la.

— Eu me arranjo. Agora vamos. Não podemos perder tempo.

Sem falar mais nada, Magali virou as costas e foi andando como se algo a guiasse. O grupo foi seguindo junto com ela com Cascão ao seu lado. Sem falar mais nada, Denise foi atrás deles após colocar o talismã no bolso.

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— Está na horra? – Penha perguntou escovando os cabelos.

— Sim. Daqui a pouco a barreira será reequilibrada. Então poderemos agir. – Agnes respondeu sentada na cama da moça, já que a da Berenice estava em estado de miséria com tanta sujeira.

— Já não era sem tempo! – a mulher falou. – Quando isso acabar, a primeira coisa que quero fazer é trazer minha filha de volta. Você prometeu.

— E pretendo cumprir.

A mulher pegou um pacote de biscoitos que tinha sobrado e começou a comer fazendo barulhos desagradáveis ao mastigar. Agnes virou o rosto para o lado não querendo ver aquela cena repulsiva. Quando tudo aquilo terminar, ela ia dar um jeito de acabar com Berenice pessoalmente. Elas não precisavam daquela porca. As duas se bastavam.

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— É aqui, pessoal. – Sofia anunciou mostrando um salão de tamanho razoável. O local estava totalmente escuro e foi difícil encontrar um interruptor para acender a luz. As lâmpadas piscaram várias vezes e iluminaram o lugar com uma luz que deixava tudo mais assustador do que já era. Mas ainda assim foi um tanto decepcionante para o Cebola, pois não era tão extraordinário quanto a Torre Inversa original.

— Ué, não tem nada aqui. – Cascão falou olhando para os lados.

— Onde é que a gente vai consertar a tal barreira? – Mônica quis saber.

Havia algo familiar no meio do salão e Cebola foi até lá. Foi quando todos viram uma porta vermelha parada em pé sem nada que a segurasse. Denise, assim como os outros, estranhou aquilo.

— Por que botaram isso aqui no meio do salão? Povo doido! - ela olhou atrás da porta e viu que não tinha nada.

— É a porta de Umbra. – Cebola disse tirando a chave de ossos do bolso.

Todos se reuniram atrás dele, olhando com expectativa.

— Então é isso, pessoal. Essa porta dá pra outra dimensão, que é invisível pra nós.

— Que doido, véi! Abre aê!

Cebola hesitou um pouco, pois da ultima vez que fez aquilo, quase causou a destruição da humanidade. Mas daquela vez era para salvá-la. Ele colocou a chave na fechadura, girou e abriu a porta diante dos olhares ansiosos dos amigos. Denise roía as unhas, Mônica apertava o tecido da blusa com ansiedade, Cascão suava exalando seu cheiro característico e Magali sentia o coração bater descompassado. Quando a porta se abriu por completo, todos soltaram um “ah” decepcionado.

— Não tem nada aí. – Denise foi a primeira a mostrar sua decepção.

— Essa porta não dá pra lugar nenhum! – Mônica também estava decepcionada, assim como o Cascão.

— Pô, véi! Cadê a tal dimensão invisível?

— Se é invisível, é claro que ninguém vai ver! – Magali ralhou.

O rapaz deu um sorrisinho e passou pela porta. Todos deram um gritinho de susto, até Cascão.

— Que doido!

— Como pode isso?

— Não tô entendendo mais nada!

Assim que passou pela porta, todos viram Cebola desaparecer. Eles olharam ao redor, deram a volta e ele não estava em lugar nenhum.

— Cebola, cadê você?

Ninguém respondeu, deixando-os apreensivos. O rapaz passou pela porta de novo, se materializando na frente de todos. Fascinado, Cascão chegou perto e colocou um braço para dentro da porta.

— Rapaz, olha só que maneiro! – ele exclamou surpreso quando seu braço desapareceu no outro lado. Cebola voltou a falar.

— É como falei, pessoal. Essa porta dá pra Umbra, que é outra dimensão. Quando a gente passa pra lá, fica invisível pra esse mundo. As pessoas não nos veem e nós não conseguimos interagir com elas.

— É como se fosse um fantasma. Umbra é parte do mundo espiritual. – Sofia esclareceu. – pelo menos foi o que eu entendi ouvindo as conversas da Agnes com a Penha.

— Bem por aí mesmo. E só vai durar até perto das quatro da manhã, quando termina a hora morta. Depois disso a porta não vai mais funcionar, então temos que dar um jeito nisso agora ou esperar até o ano que vem.

— Como a gente vai fazer isso? – Cascão fez a pergunta que todos queriam fazer.

— É mesmo, Cebola! Como vamos consertar a barreira? – Mônica também quis saber.

Ele sabia que a hora tinha chegado e achou melhor não adiar mais. Por isso, chegou perto da Magali e disse.

— Magali...

— Que foi? – a moça perguntou achando aquela aproximação meio esquisita. Cebola chegou mais perto ainda e falou no seu ouvido, de forma que mais ninguém escutasse.

— A lua chora esta noite.

 Um forte clarão se espalhou para todos os lados e uma onda de energia derrubou os jovens no chão. Eles mal conseguiam enxergar por causa da luz forte e viram apenas a silhueta da Magali sendo erguida a dois metros do chão. Não foi igual ao mundo original, pois a barreira ainda enfraquecia os poderes dela. Mas para quem não estava acostumado com fenômenos sobrenaturais, aquela foi a coisa mais incrível que eles tinham visto na vida.

Quando seu corpo se abaixou e o clarão diminuiu, eles conseguiram se levantar e chegar mais perto.

— Você tá bem, gata? O que aconteceu?

Ela abriu os olhos e o rapaz recuou com o seu olhar. Aquela não era mais a Magali que ele conhecia.

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— Sentiu isso? – Berenice perguntou se levantando.

— Sim, eu senti. – Agnes respondeu, junto com a Penha.

— Foi uma onda forte de energia! Eles consertarram a barreira?

— Não. Mas despertaram uma força muito poderosa. Céus, como essa energia é deliciosa! – ela se concentrou tentando absorver o máximo daquele manjar, que foi pouco para a sua fome. Em breve, ela ia ter um banquete inteiro a sua disposição.

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Todos olhavam para Magali sem acreditar no que estava acontecendo. Passado o momento de susto, eles olharam para o Cebola querendo respostas, especialmente o Cascão que o pegou pela gola da camisa e sacudiu com força.

— Aê, o que você fez com a minha mina? Que parada foi aquela que você falou no ouvido dela?

— Calma! Depois eu explico!

— Esse poder... – Magali murmurou olhando para as suas mãos. – De onde vem esse poder? Essa energia que queima pelo meu corpo? E todo esse conhecimento que inunda minha cabeça? Não! Faça parar!

A moça gritou se ajoelhando com as mãos na cabeça. Cebola sabia que aquilo podia acontecer e viu que não estava tão forte quanto no mundo original. Ele correu até a amiga e segurou seus ombros.

— Magali, escuta! Você precisa controlar isso!

— Não consigo, é forte demais! Todo esse conhecimento me deixa louca!

— Respira fundo e tenta filtrar aos poucos! Pega só o que você precisa. Vamos concentra! Você consegue!

— Pegar só o que eu preciso... só o que eu preciso...

Ela tentou se concentrar, sob os olhares ansiosos da turma. Cascão estava morrendo de preocupação ao ver o sofrimento da sua namorada, mas Cebola o manteve longe.

— Você é forte, Magali! – Cebola incentivou. – É o seu poder, você tem que dominá-lo e não o contrário!

Seu corpo tremeu e ela contorceu o rosto como se estivesse fazendo um esforço muito grande. O suor pingava em abundância e seus punhos estavam fechados, cravando as unhas na palma das mãos até sair sangue.

— Cebola, e se ela não conseguir? – Mônica perguntou bem baixo.

— Ela vai conseguir. Não existe outra opção.

Magali fechou os olhos com força, fez um grande esforço e os abriu rapidamente olhando para o alto e soltando um grito forte, uma espécie de urro botando para fora toda a dor que sentia. As paredes do salão chegaram a tremer e outra onda de energia varreu o lugar, derrubando todo mundo novamente. Após esse esforço, ela caiu desfalecida no chão respirando fortemente.

Cascão se levantou e foi até ela, ajudando-a se levantar.

— Magá! Você tá bem? O que aconteceu? – o rapaz afagou seus cabelos e beijou seu rosto suado várias vezes até ela abrir os olhos e se recompor.

— Eu estou bem, Cascão. – ela falou com a voz mais calma e se levantou como se nada tivesse acontecido.

— Tá bem mesmo? Você... não parece você mesma!

— Tive que matar tudo de fraco em mim para suportar tanto poder. Agora consigo filtrar o conhecimento aos poucos e já sei como harmonizar a barreira. Não vou mais perder tempo.

Sem falar mais nada, ela entrou pela porta e após um momento de hesitação, os outros a seguiram. Assim que passaram, todos notaram que a atmosfera ficou diferente.

— Tô me sentindo estranha... – Mônica foi a primeira a falar.

— Eu também. – Sofia disse. – estamos no mundo espiritual agora.

— Que doideira... – Cascão não parecia tão empolgado assim, pois continuava preocupado com a namorada.

— Ela vai ficar bem. – Cebola falou botando a mão no ombro dele.

Magali deu mais alguns passos e se concentrou, levantando as mãos para o alto. Seu corpo brilhou emitindo uma aura de luz branca e forte, fazendo com que todos cobrissem os rostos.

— Em nome da Casa de Hécate!

O cenário ao redor deles começou a tremer e perder o foco.

— A louca! O que ela tá fazendo? – Denise perguntou sentindo medo.

— Ela tá consertando a barreira. Aguenta a mão aí, gente. Vai dar tudo certo.

Magali estava concentrada demais para ouvir qualquer coisa. Ainda com as mãos erguidas, ela pronunciou um encantamento com a voz rouca e levemente alterada.

— Pelo trovão, pelo relâmpago!

  Pelas quatro torres do firmamento!

  Que se faça o equilíbrio, no material e no espiritual!

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Assim que os jovens passaram pela porta, Paradoxo instalou um dispositivo na parte de cima e apertou um botão que o fez ficar invisível, pois era importante que ninguém visse aquilo.

O dispositivo foi feito com tecnologia avançada por um amigo muito inteligente e ele lhe garantiu que tudo ia dar certo. Não podia haver erros.

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O brilho do corpo dela ficou ainda mais forte e um feixe de luz saiu das suas mãos atingindo o alto e acertando uma espécie de parede de aparência leitosa.

— É a barreira? – Mônica perguntou.

— Parece que sim. – Cebola respondeu.

— Ela vai derrubar tudo? – Denise quis saber.

— Não pode acabar com a barreira, senão o mundo espiritual vai se unir ao material e dar uma bagunça danada. Tem que ser na medida certa. Nem de mais, nem de menos.

— Como é que você fez pra dar poder pra ela? – Cascão quis saber e todos olharam para o Cebola.

— Eu não dei poder nenhum pra ela não. A Magali já tem esses poderes. Tia Nena me falou que eles estão bloqueados e só podem ser liberados com uma frase de desbloqueio.

— A que você soprou no ouvido dela? Por que não deixou a gente ouvir? – Denise estava curiosa.

— Pra não acontecer de alguém falar por acidente. Pessoal, os poderes da Magali são perigosos porque ela não sabe controlar direito, por isso precisam ficar trancados na cabeça dela. Quando tudo isso acabar, vou falar outra frase que vai fazer isso.

Uma eletricidade estranha os envolveu, deixando-os assustados. Magali parecia estar fazendo um esforço muito grande e tudo em volta deles começou a mudar. O céu ficou escuro e cheio de estrelas, pinheiros foram surgindo ao redor e em frente a eles surgiu o brilho do que parecia ser a superfície de um lago.

— O que é isso? – Cascão olhou para os lados, assim como os outros. A paisagem tinha mudado totalmente ao redor deles.

Cebola não pode deixar de se sentir reconfortado pela paisagem familiar. Por um instante ele pensou que os filhos de Umbra fossem aparecer a qualquer momento.

— Esse é o outro lado, galera. Parece que a Magali tá terminando de consertar a barreira.

— Que lago bonito! – Sofia falou.

— Não é um lago. – Cebola disse. – É um rio e bem fundo.

— Parece que você conhece esse lugar. – Denise falou.

— É mesmo, Cê. Você já esteve aqui?

— Mais ou menos. – respondeu evasivo.

Um clarão no céu fez com que todos perdessem a fala. Nunca ninguém tinha visto algo parecido.

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Na casa da Denise, as meninas dormiam quando foram acordadas com uma eletricidade estranha que varreu seus corpos.

— Gente, que foi isso? – Cascuda acordou assustada e Marina estava tremendo.

— Você também sentiu? Pensei que fosse um sonho!

— Eu também senti! – Dorinha falou e Aninha também estava com medo.

— Ai, tô sentindo até agora!

Um clarão vindo da janela do quarto chamou a atenção delas.

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— Que doideira é essa mano? – Jeremias perguntou olhando pela Janela. Ele, assim como os outros rapazes, também tinha sido acordado com aquela eletricidade estranha.

Uns se amontoaram na janela enquanto outros saíram para o quintal. Toni e Manezinho estava entre eles.

— Eu acho que eles conseguiram. – Toni sussurrou.

— Parece que sim!

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Carmem também olhava pela janela, com a boca aberta e fascinada com aquele estranho fenômeno.

Em suas casas, Maria Mello, Isa e Irene também olhavam tudo. Rosália e Afonso nem acreditavam no que estava vendo e Licurgo via tudo de sua casa com um leve sorriso de satisfação.

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Os pais de Penha olhavam tudo da varanda do quarto. Eles também sentiram aquela eletricidade estranha assim como todo mundo. De qualquer forma, eles não estavam dormindo por causa da preocupação com a filha que desapareceu e só queriam que aquele pesadelo acabasse.

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Tia Nena derramou lágrimas de alegria ao sentir a energia e o poder voltando para o seu corpo. Sua mente ficou mais lúcida, o cansaço e mal estar foram embora e ela estava melhor do que nunca.

— Muito bem, crianças! Muito bem! – ela agradeceu olhando para o céu.

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Por todo o globo, o fenômeno chamou a atenção e pode ser visto até onde ainda era dia. Todos saíram para as ruas, olhavam pelas janelas, filmavam e tiravam fotos do espetáculo mais belo e estranho dos últimos tempos.

— Isso é tão lindo... – uma senhora exclamou.

— Até esqueci as dores nas juntas! – um senhor disse movendo braços e pernas com certa destreza.

— Estou me sentindo muito bem!

— Eu também estou ótimo!

— Ah, isso é uma maravilha!

Por todos os lados, as pessoas pareciam sentir algo no coração. Era um sentimento do qual todos sentiam falta, embora não soubessem definir.

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Boris acordou do seu cochilo e saiu do carro maravilhado com aquele espetáculo.

— Eles devem ter conseguido, só pode! – o homem falou alto vibrando de satisfação. Aquela aurora não deve ter saído do nada, já que tal fenômeno era muito raro em países tropicais.

O céu noturno estava repleto com luzes em tons de rosa, roxo, verde e azul. As luzes vinham em grandes flashes, depois em formato de ondas e se moviam como se estivessem dançando. Era lindo de se ver.

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Paradoxo olhava tudo boquiaberto, pois nunca tinha presenciado aquele tipo de fenômeno antes. Auroras como aquelas só aconteciam em locais específicos.

— Parece que eles conseguiram. Macacos me mordam! – ele olhou para o seu relógio e sentiu que controlar o tempo voltou a ser simples como sempre foi. O desequilíbrio foi sanado, como o rapaz disse que seria.

Ele não sabia se acreditava ou não naquela coisa de sobrenatural, mas o importante é que tinha funcionado. A parte do rapaz estava feita, então estava na hora dele fazer a sua parte.

— Bem, hora de voltar. Eles vão precisar de mim em breve! – e acionou seu relógio novamente.

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Agnes se levantou de repente e falou.

— Está feito! Podem sentir?

— E como! – Berenice respondeu. – Tudo ficou diferente agora! Parece que meu poder até aumentou!

— O meu também!

— É porque o sobrenatural está de volta. – Agnes disse. – Agora está na hora de agir. A Serpente voltará ainda hoje e uma nova era se inicia!

As outras duas bateram palma de alegria. Tudo pelo qual tanto esperavam estava prestes a acontecer. Depois daquela madrugada, o mundo nunca mais seria o mesmo.


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