Universo em conflito escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 47
Amiga é para essas coisas




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Os policiais não paravam de lhe atormentar e Penha não sabia mais como despistá-los. Normalmente seus pais não pegavam muito no seu pé, mas daquela vez pareciam cansados e irritados com a polícia atrás deles o tempo inteiro.

— Tem certeza de que não sabe onde aquela mulher está? – seu pai perguntou pela milésima vez.

— Tenho, pai. Faz dias que eu não vejo a Agnes e não sei por onde ela anda.

— Mas a polícia acredita que você sabe. – Sua mãe falou.

— Eles podem acreditar no que quiserrem, vou continuar não sabendo de nada.

— Você tem saído com frequência.

— Compromissos, mãe. Compras, sair com as amigas, estudar. Eu tenho vida própria.

Eles não pareciam totalmente convencidos, mas tinham compromissos importantes e pouca disposição para perder tempo com interrogatórios. Antes dos dois saírem, seu pai falou.

— Espero que você esteja falando a verdade. Não queremos você com aquela assassina. Ela é perigosa, entenda isso. Matou outras pessoas e pode fazer o mesmo com você.

Oui, pai. Eu sei disso. – falou só da boca para fora, pois não queria discutir.

Eles saíram, para seu alívio, e ela consultou o relógio. Eram quase quatro da tarde e seus pais iam demorar para voltar. Era uma boa chance para visitar Agnes e levar comida para ela. Mas tinha que ser da comida que sua amiga precisava. Onde conseguir isso? Será que ficar no meio da estrada fingindo estar em dificuldades ia funcionar de novo? Talvez, mas podia demorar muito e ela não podia se dar ao luxo de ficar fora por muito tempo. Uma doa idéia lhe ocorreu.

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— E foi isso que a tia Nena me falou. – Magali finalizou após contar aos amigos sobre a conversa que teve mais cedo.

— Ela queria falar alguma coisa, mas o quê? – Cebola perguntou coçando o queixo.

— Sobre a hora morta. – a moça respondeu.

— Pô, gata! Isso é mó sinistro!

— Que nome estranho. – Mônica disse e Cebola voltou a perguntar.

— Você sabe o que é isso?

Ela tirou um papel do bolso com as anotações que tinha feito após pesquisar na internet.

— Sabia mais ou menos, então tive que pesquisar pra ter certeza. Hora morta é um lance que acontece entre as 3:00 e 3:59 da manhã todos os dias. É quando os portais do mundo espiritual são abertos e o lado de lá fica mais acessível. Dizem que nessa hora os demônios ficam soltos pra atormentar as pessoas.

Cascão não sabia se roía as unhas ou se morria de medo. Mesmo assustada, Mônica quis saber.

— Ela quer que a gente vá consertar a barreira nessa hora?

— Tava pensando a mesma coisa e acho que sim.

— Faz sentido. – Cebola disse.

— Ta doido, véi? Acordar de madrugada com os capirotos à solta?

— Deixa disso, Cascão. Não vai ter capiroto nenhum, tá tudo preso no outro lado. O que a tia Nena quer dizer é o seguinte: no dia 31 de outubro, a barreira vai estar fraca. Mas pode ser que nessa hora ela esteja mais fraca ainda, o que é bom pra nós.

Aquilo fez sentido, só que ninguém ali gostou da ideia de ter que acordar de madrugada.

— Então a gente precisa estar no local da barreira às três da manhã? – Mônica perguntou com uma careta de desagrado. – Com a gente vai conseguir sair de casa nessa hora?

— Eu também posso ter problemas com meus pais. – Magali falou. – Eles têm sono leve e acordam com qualquer coisinha.

— Vai ser muito difícil sair escondido dos velhos.

Cebola sabia que aquilo podia ser um problema. Ele morava sozinho e podia sair quando quisesse, já seus amigos não. Foi aí que ele teve uma grande ideia.

— A festa da Carmem! Isso pode nos ajudar. Galera, nós vamos fazer assim...

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Mesmo não gostando daquela tarefa, Sofia não reclamou. Bastava fazer uma cova rasa para esconder os corpos e pronto.

“Eu não devia estar ajudando elas a fazer essas coisas...” parte dela se recriminava, pois sabia que aquilo era errado. Ela ainda tinha pesadelos com o que tinha visto dias antes, quando Agnes, Penha e Berenice acabaram com os membros do conselho. Ela sabia que aquelas três iam fazer algo, só nunca pensou que iam chegar tão longe.

A moça parou por um instante e limpou o suor da testa tentando afastar aquela visão horrível dizendo a si mesma que aqueles homens mereceram. Mas precisava ter sido tão cruel assim?

Eram quase sete da noite quando ela acabou o serviço e voltou para dentro de casa suada e suja de terra. Agnes estava no quarto descansando após sua ultima refeição.

— Já terminou? – Penha quis saber.

— Já. Não tá lá essas coisas, mas vai servir. Aqui, você não acha que arriscou demais trazendo ela pra cá?

Penha lhe deu um daqueles olhares cortantes e respondeu com desdém.

— Ninguém a viu sair comigo. Vão pensar que ela foi emborra, não me importo.

A vítima daquela vez foi uma das empregadas da casa, uma mexeriqueira da qual Penha nunca gostou. Ela só precisou falar com a mulher em particular e lhe dizer que tinha um serviço importante que valia trezentos reais na sua mão. Num instante a tonta aceitou a oferta e elas saíram sem serem vistas. E daquela vez Penha levou Sofia para lhe ajudar no que fosse necessário, pois esconder corpos era trabalho braçal para lacaios, não para ela.

— Tenho que ir antes que meus pais percebam. Eu peguei o carro deles e preciso devolver logo. Você fica aqui com a Agnes.

— Eu? Por quê?

Ela fez um rosto triste e falou em voz baixa.

— Ela está muito deprimida aqui sozinha. Preciso que você cuide dela.

Algo dentro dela acionou um alerta vermelho, mas Sofia ignorou.

— Ela tem celular...

— Um celular pode ser rastreado. Não há nada parra a coitadinha fazer aqui e não querro que ela fique deprimida. Por favor, amiga, fique com ela!

Era raro Penha ser tão carinhosa e Sofia acabou não resistindo. Que perigo poderia haver? Ela era sua amiga e tinha prometido cuidar dela.

— Só que tem os meus pais...

Falarrei parra eles que você vai passar uns dias na minha casa. Eles não vão desconfiar. É por pouco tempo e todo dia eu virrei parra trazer comida e passar um tempo com vocês.

Penha prometeu que ia trazer coisas gostosas, suas revistas preferidas e até roupas novas e produtos de beleza. Por fim a moça aceitou. Ficar com Agnes podia ser meio desagradável, mas ela daria um jeito de passar o tempo. Pelo menos tinha televisão ali.

— Obrigada, querrida! Eu prometo que vou te recompensar muito. – a moça lhe deu um abraço e um beijo na face. – Por que não vai tomar um banho? Você está toda suada. 

Sofia cheirou uma das suas axilas, fez careta e foi logo tomar o banho. Quando ouviu o chuveiro ser ligado, Penha abriu a bolsa da Sofia e tirou o celular dela. Depois correu para o quarto de Agnes.

— Está na horra de ir, querrida. Vou deixar Sofia aqui com você.

Agnes, que estava deitada, virou-se para ela preguiçosamente e disse.

— Não precisa, eu ficarei bem.

— Precisa sim, mon cherry. Você não pode ficar sozinha.

A outra sentou-se na cama, recostando no travesseiro.

— Você sabe que se eu ficar com fome...

Oui, eu sei. – Penha falou simplesmente e se despediu após lhe dar um beijo na face.

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Mais uma vez os policiais falharam em seguir aquela garota e Boris estava cansado de tudo aquilo. Por ser filha de pessoas ricas, Penha era quase intocável, então interrogá-la estava ficando difícil. Eram quase nove da noite quando ele a viu chegar com o carro do seu pai. Uma garota da idade dela nem deveria estar dirigindo e ele sabia que ela estava indo visitar Agnes.

O problema era que os policiais nunca conseguiam segui-la, pois sempre havia tumultuo no meio do caminho e eles a perdiam de vista. Daquela vez foi uma manifestação que surgiu do nada e terminou em briga e pancadaria. Por isso ele tomou uma decisão radical e decidiu que ia seguir aquela moça ele mesmo. 

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No dia seguinte, depois da aula, um grupo de rapazes ia para a Super Lanchão conversando e rindo.

— Aff, que cara é essa? – Nimbus perguntou para o Xaveco que parecia emburrado e não participava da conversa deles.

— Ele tá assim porque viu a Denise com o Tonhão. – DC respondeu e os outros riram.

— Bah, não enche!

— Ué, quem mandou ficar de bobeira? Perdeu a garota e ficou chupando dedo. Eu é que não deixo a Aninha largada por aí não. Tem um monte de cara de olho nela. – Jeremias falou.

— Eu é que não quis ficar com ela! – O rapaz tentou se defender.

— É, tô sabendo. – Luca provocou. – É mais fácil ela ter chutado o seu traseiro do que o contrário. Você andava muito cheio de frescura, rapaz. Bobeou, perdeu.

Eles seguiram dando risadas enquanto Xaveco remoía sua insatisfação. Bem, o que ele esperava? Que Denise continuasse por conta dele? Era óbvio que ela não ia ficar sozinha lhe esperando. Mas parte dele alimentava a esperança de poder ficar com ela de vez em quando, só por diversão. Só que isso não ia mais ser possível. Antes não era preciso temer o Titi por causa da Magali, mas ele não era nem doido de ficar com a namorada do Tonhão da rua de baixo. Ele era apegado demais aos seus dentes para se arriscar dessa forma e resolveu deixar aquilo de lado.

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A cara que Xaveco fez quando a viu sair de mãos dadas com o Toni foi impagável, mas ela fingiu não notar para que seu namorado não pensasse que estava querendo fazer ciúmes no seu ex. Mesmo querendo se vingar dele por ter sido um idiota, ela valorizava muito seu namoro para se rebaixar a tanto.

Eles estavam indo para a Super Lanchão encontrar com Cebola e os outros, pois o rapaz tinha coisas importantes para lhes falar e que não podiam ser ditas no colégio.

— Sua mãe não importa se você atrasar um pouco? – Denise perguntou. – Ela sempre fica preocupada quando você demora.

— Disse pra ela que vou passar um tempo com os amigos e com você. Ela entendeu. – ele ainda parecia um tanto desconfortável por estar agindo como um adolescente comum. Denise pretendia ajudá-lo a se tornar mais sociável e a esquecer do que sofreu no passado. Ele também ia começar a consultar com um terapeuta.

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Cebola estava com Mônica, Cascão e Magali esperando o resto da turma na lanchonete. Ele tinha algumas anotações na sua frente e um plano na cabeça. Faltava contar com a colaboração do pessoal para tudo dar certo.

— Você acha que a Denise vai aceitar? – Mônica perguntou.

— Vai sim. Se o Tonhão entrar nessa, ela também entra. E eu sei que ele vai querer ajudar.

— Conseguir ajuda da Denise é fácil, o problema é a Carmem colaborar. – Magali falou.

— A Carmem e o resto do pessoal. Você tem certeza de que é boa idéia falar pra todo mundo? Eles nem vão acreditar! – Cascão disse.

— A gente só vai contar o necessário. Deixem que eu falo.

Denise e Toni foram os primeiros a chegar. Depois vieram Marina, Aninha, Cascuda, Keika, Sarah e Dorinha. Logo após Jeremias veio com os rapazes e saudou a namorada com um beijo. Carmem e sua panelinha vieram por último e elas mostraram certo desagrado ao se verem junto com a ralé. Mas a causa era importante.

— Por que nos chamaram aqui? – Marina quis saber. – A gente já não discutiu sobre a criação do grêmio?

— É que isso não dá pra falar no colégio. Os inspetores continuam por lá.- Cebola respondeu, deixando o resto da turma interessada. – Gente, Nós vamos precisar da ajuda de vocês pra uma coisa bem simples.

Ele explicou o plano dizendo que os quatro iam precisar sair na madrugada do dia 31 de outubro e precisavam de alguém para lhes dar cobertura.

— Todo mundo sabe que a Carmem vai dar uma festa no dia 31.

— A melhor festa da cidade! – ela fez questão de ressaltar.

— E pra essa festa todo mundo vai precisar de fantasias. O que eu preciso é o seguinte: as meninas vão dormir na casa da Denise, tipo uma festa do pijama. Vocês falam pros seus pais que vai ser pra fazer as fantasias de vocês, coisas assim.

— Isso a gente já ia fazer mesmo. – Denise falou. – De que forma isso vai ajudar vocês?

— Mônica e Magali vão falar pros pais delas que irão dormir na sua casa. Assim eles não desconfiam de nada. Quando chegar a hora, elas vão sair pra encontrar comigo e com o Cascão.

Ele viu que Denise não gostou muito de saber que Magali teria que ficar na sua casa ainda que por um tempo, mas decidiu ignorar. Não era hora para birrinhas pessoais.

— E a gente faz o quê? – Luca quis saber.

— A mesma coisa. Vocês vão se reunir lá em casa e dar cobertura pro Cascão. O Toni vai ficar com vocês também pra ajudar a disfarçar. – na verdade sua intenção era pedir para que Toni não deixasse que os rapazes fizessem bagunça. Manezinho também ia ajudar nessa tarefa. – Com isso a gente vai poder sair sem ninguém perceber.

— Tá, e por que você nos chamou aqui? – Carmem exigiu saber.

— Olha, Carmem. Pra Mônica, Magali e Cascão convencer os pais deles, vão precisar de um convite pra sua festa. Se for o caso a gente nem vai, mas ainda precisamos dos convites.

Levou uns cinco minutos de explicação até Carmem entender sua parte no plano e acabou concordando. Aquilo pareceu tão empolgante que ela até disse que eles poderiam ir à festa dela. Tudo estava indo bem até o DC fazer a pergunta que Cebola tanto temia. Por que aquele sujeito tinha que ser tão irritante?

— Mas vem cá. O que vocês vão fazer que precisam sair escondidos de madrugada?

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Boris sabia que estava correndo um grande risco, mas precisava fazer aquilo de qualquer jeito. Ele parou seu carro em frente à mansão da Penha e deu as chaves para um empregado estacioná-lo. Uma das empregadas estava na porta.

— A senhora está esperando.

— Obrigado. Eu prometo que não vou levar muito tempo, só quero... ah, céus! Não acredito que esqueci minha pasta no carro! Tem documentos importantes que preciso mostrar para ela!

— Quer que eu mande o rapaz buscá-los?

— Estão trancados no porta-luvas e só eu tenho as chaves. Pode me mostrar onde fica a garagem?

Mesmo não gostando muito, pois sua patroa detestava esperar, a empregada lhe indicou onde ficava a garagem e falou com a voz urgente.

— Por favor, seja rápido ou ela irá se aborrecer.

Boris correu para a garagem. O rapaz já tinha estacionado seu carro e não havia ninguém à vista. Ele encontrou o carro que Penha costumava usar, tirou um mini rastreador veicular do bolso e prendeu debaixo do carro usando uma fita adesiva bem forte. Depois voltou rapidamente para a mansão tirando os documentos de dentro do paletó. 

A conversa com a mãe da Penha foi rápida, como prometido e dez minutos depois ele estava indo embora. Bastava esperar que a garota fosse sair naquele dia e pronto.

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A turma inteira ficou em silêncio olhando para eles esperando a resposta.  Felizmente ele já tinha antecipado tudo e bolado uma boa explicação.

— Vocês devem ter ouvido falar do sumiço dos membros do conselho, certo? – todos concordaram, olhando para eles com grande expectativa. – Pois bem. Nós temos uma pista de onde eles podem estar e vamos procurar, mas tem que ser na madrugada do dia 31 porque vai ser preciso seguir pelos esgotos e ficamos sabendo que nesse dia as galerias não vão funcionar. Assim não vamos ficar encharcados de... vocês sabem o quê.

Um ohhh se espalhou por todos.

— Cara, vocês são doidos! – Luca falou.

— Bota doido nisso! – Xaveco concordou. – Já pensou se vocês dão de cara com a Srta. Duister?

A simples menção desse nome deu calafrios em todo mundo. Além de esquisita, assustadora e tenebrosa, aquela mulher também era uma assassina em série. Muitos tremiam de pavor só de pensar que já ficaram sozinhos com ela.

— Tem perigo não, galera. Ela deve estar escondida bem longe e a gente vai procurar debaixo da Vinha. – Foi preciso lábia e jogo de cintura para convencer a todos de que aquela aventura não era perigosa, embora soubesse que fosse e muito. Ninguém precisava saber dos detalhes.

— Nós vamos chamar a polícia quando encontrarmos tudo. – Mônica falou dessa vez. – Só precisamos de uma ligação anônima.

— Quando a polícia encontrar tudo, a Vinha vai se ferrar bonito e nunca mais vão encher a gente com essas regras idiotas! – Cebola finalizou e todos vibraram, pois era a melhor chance de ficarem livres daquela organização demoníaca.

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— Hã... eu vou fazer o almoço. O que você quer comer? A Penha trouxe muita coisa boa. – Sofia perguntou para Agnes que estava deitada no sofá vendo televisão. Quando a mulher a olhou, a moça sentiu uma coisa ruim na boca do estômago. Agnes a olhava como se ELA fosse o almoço.

— O que tem, exatamente?

— Ah, tem salmão com guisado de alho poró e couve-flor, filé mignon com risoto de pistache e legumes assados... deixa eu ver, a Penha também trouxe uns escargots e...

Agnes voltou a olhar para a televisão e falou mostrando mal humor.

— Acha que ela vem hoje à noite?

— Ela sempre dá um jeito, né... mas até lá você precisa comer alguma coisa pra aguentar.

Após um silêncio desagradável, a mulher respondeu.

— Essa comida não é suficiente para mim. Meu alimento é outro.

Pensar no tipo de comida da qual Agnes falava lhe dava calafrios e foi difícil esconder o desconforto.

— A Penha vai trazer a... er... comida... que você gosta. Até lá, não seria bom você comer?

— Vá comer e me deixe em paz! Vou esperar pela Penha.

Sofia a deixou na sala e voltou para a cozinha ainda com aquela sensação estranha no estômago. Penha tinha dito que Agnes se sentia muito triste e só, por isso a convenceu a ficar com ela. Aquilo era mesmo verdade? Aquela mulher não parecia nem um pouco solitária.

As duas nunca nem foram amigas, pois ela gostava só da Penha e lhe aturava porque era útil.

“Ah, ela sempre foi esquisita mesmo, vou deixar quieto”. A moça pensou e voltou a cuidar do almoço. Ela tinha ajudado aquelas duas muitas vezes, logo estava segura. Além do mais, Penha ia trazer mais vítimas para Agnes ainda naquele dia, logo tudo ia ficar bem de novo. Bastava aguentar só mais um pouco.

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Sentado no telhado da casa, Ângelo observava os acontecimentos naquela casa sentindo grande pesar pela ingenuidade daquela moça. Se ela não abrisse os olhos rapidamente, poderia pagar um preço muito alto.

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Cebola voltou para casa muito satisfeito com o que tinha conseguido naquele dia. A criação do grêmio estava encaminhada e ele ia ser candidato a presidente. Ele conseguiu que o resto da turma cooperasse com seus planos e Denise lhe deu atualizações sobre a situação da Vinha. Era importante como ela conseguia tirar informações de lugares improváveis. Pelo que ela tinha falado, uma série de processos estava sendo movida contra eles, inclusive pelos pais de Toni e do Manezinho. Só isso ia causar um desfalque muito grande neles.

O rapaz chegou em casa e tirou os sapatos sentindo grande alívio. Enquanto cuidava do almoço, ficou pensando se havia mesmo a chance de eles encontrarem os corpos dos membros do conselho. Até que não seria ruim, mas as probabilidades eram pequenas. Eles não iam fazer reuniões abaixo da Vinha, praticamente nos esgotos.

Após providenciar algo para comer, ele foi cuidar dos papéis que tinha tirado do cofre do Sr. Malacai. A tradução estava quase pronta e aquilo parecia muito interessante, por isso ele queria finalizar tudo antes do dia 31. Eles podiam precisar daquelas informações.

Depois de já ter traduzido mais alguns trechos, o celular tocou uma notificação do WhatsApp. Era Mônica lhe convidando para ir ao cinema. E como era só os dois, ele imaginou que ela devia estar esperando que algo mais acontecesse.

— Pindarolas, o que eu faço? – Ele queria mesmo ir ao cinema com ela, mas tinha medo de ser preciso dispensá-la caso ela tentasse algo mais. Isso ia ser desagradável e podia causar problemas caso seu duplo quisesse namorar com ela depois. O melhor foi alegar uma desculpa qualquer e recusar.

— Por que tudo tem que ser tão complicado? – ele suspirou triste quando segundos depois ela respondeu com um “tudo bem” seguido de uma carinha triste.


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