Just another girl escrita por Nina Spim


Capítulo 3
Chapter Ttree


Notas iniciais do capítulo

oi oi, mais um capítulo no ar ;)

espero que gostem!



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Não sei muito sobre o mundo,

mas não quero ficar sozinha esta noite.

(Taking chances, Céline Dion)

Saio acompanhada da boate. As coisas estão esquisitas, mas é melhor do que estar lá dentro. A música alta já estava me dando dor de cabeça. E eu, honestamente, não sei por que as pessoas bebem se só vão incomodar os outros.

Apesar de Quinn cheirar a bebida, ela não parece estar bêbada. E isso é bom.

Ela não está de mãos dadas comigo e isso também é bom. Não quero estar de mãos dadas com uma pessoa que acha que pode me beijar do nada. Mas eu estou aqui, ao lado dessa garota que não tem nada a ver comigo, saindo da boate rumo à noite.

No Uber, mando uma mensagem para Kurt, sabendo que ele não a verá hoje.

Estou indo para casa.

Não deixa de ser verdade, mas não é toda a verdade. Prefiro não dizer que estou com uma garota desconhecida e que, na verdade, não vamos direto pra minha casa.

Quinn não diz nada até o destino final, uma gelateria perto do centro.

Entramos no local e está lotado, porque aqui em Lima ou você vai para a gelateria ou para as duas boates da cidade. Um adolescente com certeza morre de tédio aqui. É ridículo.

Para o meu completo horror, vejo Quinn cumprimentar algumas pessoas. Entramos na fila dos slushs e ela me pergunta de que vou querer. Dou de ombros. Estou apreensiva. E se eu vir o Puckerman? Será que eu vou conseguir controlar a minha ansiedade? Na verdade, percebo que já estou entrando em parafuso, porque não paro de olhar para o chão, rezando para que ninguém me reconheça.

Infelizmente, é impossível.

— E aí, pirralha? – alguém fala atrás de mim.

Eu sei quem é, porque eu amo essa voz.

Eu me viro, aterrorizada. Tinha mesmo que ser o Finn? De todas as outras pessoas... Justamente ele?

Ele está trajando uma calça jeans surrada e uma camiseta manchada. Finn sorri quando levanto os olhos, e isso quase me acalma.

— Oi – digo, mas minhas palavras são abafadas pela sua voz, que exclama o nome de Quinn com entusiasmo. Logo eles estão batendo os punhos; o punho de Finn gigante ao lado do de Quinn.

Ao mesmo tempo arregalo os olhos. Eles se conhecem?

— Vocês são amigas? – ele pergunta, olhando de Quinn para mim.

Faço que não com a cabeça, rapidamente.

— Mais ou menos – Quinn responde.

— Vocês...? – tento formular alguma coisa, mas nada sai.

— Namoramos o quê, uns três meses? – Finn olha para Quinn.

— Cinco semanas.

— Tipo isso – ele concorda.

Quinn é a ex-namorada do Finn? Não consigo me controlar e logo estou dizendo baixinho:

— Meu Deus – eles me olham e eu entro em pânico – Quer dizer, uau, que legal? – a frase sai como uma pergunta indecisa.

Quinn sorri para mim, enquanto Finn fica impassível sorrindo para ela.

— Bom te ver, Fabray – ele beija o rosto de Quinn e eu não sei onde enfiar a minha cara cheia de surpresa e ciúme – A gente se vê, pirralha – ele pisca para mim e meu coração quase para. Ele piscou para mim como se eu fosse um cachorrinho levado! Que horror! Por que eu sou tão apaixonada por ele mesmo? Tudo bem, foco, foco. Porque eu acho que ele é o amor da minha vida. É isso. E nada vai me tirar isso da cabeça. Nascemos um para o outro, só que ele ainda não percebeu porque, claramente, está se envolvendo com as meninas erradas.

Ouço os tênis dele fazerem aquele barulho irritante no chão, e ele se afasta.

Olho para Quinn. De repente estou me matando de curiosidade e de raiva ao mesmo tempo. Quero perguntar coisas a ela, mas ao mesmo tempo tenho nojo das respostas.

Fico calada.

Chega a nossa vez de fazer os pedidos. Peço cereja, e ela, blueberry.

Não tem onde sentar, então Quinn me indica o lado de fora, que já tem pessoas falando alto e tudo mais. Para minha surpresa, ela passa reto e eu a sigo. Vamos parar nos fundos do estabelecimento. Só tem uma luz e os postes da rua. Aqui não tem ninguém. Isso me acalma, porque já estou farta de lidar com surpresas.

Quinn senta nos degraus da saída dos fundos.

— Então... – não agüento mais o silêncio, então decido que vou dar vazão à minha curiosidade que martela na minha mente – Você namorou o Finn?

Quinn engole o líquido e afirma com a cabeça, mas logo diz:

— Mas não foi nada. Sabe, ele nem era muito bom de cama.

Aposto que ela está mentindo, mas ignoro.

— E você, conhece-o de onde? Dos jogos?

— Sou a melhor amiga do meio-irmão dele.

— Que doido – Quinn ri.

— Vivo na casa dos Hummel-Hudson.

Quinn ergue as sobrancelhas, como se dissesse: “Uau, que impressionante!”.

Sinto que não temos o que conversar, então fico olhando o escuro, me imaginando bem longe daqui.

— Você estuda onde? – Quinn pergunta de repente.

— Vou começar no McKinley esse ano – não olho para ela, mas me sento ao seu lado, porque cansei de ficar em pé. – Me disseram que lá tem um Glee.

— Você canta? – ela parece surpresa.

Me sinto envergonhada. Quer dizer, eu tenho muito orgulho de ser uma aspirante a cantora, mas falar isso para os outros parece tão... Não sei, é como se eu já soubesse que estão me julgando e mentalmente falando que não devo ser tão boa. Tudo bem, não é como se meus vídeos bombassem – e, sim, eu recebo muito ódio –, mas algumas pessoas até que são legais.

Faço que sim com a cabeça.

— Eu sei que parece idiota, mas eu quero estar na Broadway algum dia – confesso. Nem sei por que estou falando isso para ela.

— Que bom que você sabe o que quer fazer. Eu não tenho ideia. Às vezes acho que a faculdade não é pra mim, sabe? – ela pausa. Não digo nada – E é horrível estar nas festas da minha família... Todo mundo querendo saber o que eu vou fazer e eu não sei.

O que uma garota esquisita pode querer para o futuro? O fim do mundo? Se aliar a uma seita doida? Ser uma rockstar?

— Bom, talvez você ainda tenha tempo – opino vagamente.

— Dois anos. Mas parece que é logo ali. E é um inferno— ela enfatiza.

Dois anos. Hm. Então, ela tem a minha idade. Achei que ela já estivesse no último ano, como o Finn. Por que o Finn namorou uma garota mais nova? Ou será que isso é normal entre os garotos?

Encaro Quinn por alguns instantes. Ela é bonita, mesmo sob a maquiagem. Os olhos parecem esverdeados e o nariz é perfeito, diferente do meu.

Ela parece triste, agora, e também com raiva.

Pego meu celular e procuro meu último vídeo publicado. Mostro para ela. É “Taking chances”, da Céline Dion. Ela o ouve até o final.

— Você é boa – ela diz, agora com mais animação na voz – Você é muito boa.

Sorrio feliz.

— Às vezes eu canto também, mas só no meu quarto.

— Por que você não entra num Glee também? – de repente, estou fervendo de expectativa.

— Ah, nem sou tão boa assim – ela parece sem graça – Pareço uma criancinha com dor de barriga, sério.

— Talvez com um pouco de técnica... Eu posso te dar aulas.

É uma ideia maluca, eu sei. Mal a conheço e não sei por que estou ofertando isso. Meu Deus, eu sou doida.

Quinn me encara e depois ri.

— Não, acho que não.

Fico desapontada e nem sei por quê.

Depois de um tempo, ela diz:

— Vou pensar.

Eu sorrio para ela. Me sinto menos louca aqui, com meus sentimentos mais controlados. Não preciso sentir o tempo todo o meu coração saltar no meio das pessoas.

— Onde você mora? – ela quer saber.

Eu digo, e ela chama outro Uber. São quase vinte para a uma e eu não sei como isso aconteceu.

A perspectiva de voltar para casa é tentadora e convidativa, mas isso significa que, talvez, eu nunca vá rever Quinn. E tudo bem, talvez. Eu nem sei o que sinto por ela. Acabei de conhecê-la. O que eu deveria sentir? Além do mais, depois dessa conversa, estou com menos medo dela. Talvez ela somente seja alguém procurando um lugar no mundo.

A luz da varanda da minha casa está acesa e eu sinto alegria por estar finalmente no meu lar.

— Valeu pelo slush – eu digo, sem jeito.

Vejo-a sorrir, mesmo na penumbra do interior do carro. O motorista nos espera, pacientemente.

— A gente se vê por aí. Lima não é grande – ela graceja.

— Pois é. A gente se vê.

Estou com a mão na maçaneta quando sinto sua mão na minha e, de repente, ela planta um beijo tosco na minha face. Depois, se afasta como se nunca tivesse feito nada.

Ainda bem ela não pode me ver corar. Por que estou corando, por Deus?

Não consigo retribuir, então simplesmente escorrego para fora do assento.

Quando pego as chaves de casa, olho para trás. Não posso vê-la, mas é quase como se eu soubesse que ela está sorrindo.

Acho que eu também estou sorrindo.


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Notas finais do capítulo

nada que uns slushs não resolvam, né? ♥ vocês acham que elas vão se reencontrar?

reviews? :)



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