Just another girl escrita por Nina Spim


Capítulo 14
Chapter Fourteen


Notas iniciais do capítulo

oi, gente!

eu acabo esquecendo de vir atualizar a história, desculpem. tô envolvida com outros projetos e, apesar de ainda estar escrevendo a história, realmente esqueço de vir aqui.

então, aqui está mais um capítulo! :) juro que não vou demorar para atualizar ;)



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O amor acontece e é tão incrivelmente bagunçado.

(Definition of Love, Andrew Landon)

          É claro que estou bêbada. Estou tão feliz que não consigo contar quantos copos já tomei. Só quero cantar, então chamo Quinn. A gente nunca cantou juntas, por mais que ela já tenha me prometido que cantaríamos. Parece que é essa noite, porque ela aceita, tão bêbada quanto eu.

Sinto meu corpo quente e eletrizado e gosto de como me sinto. Eu me percebo mais livre.

Quando a música começa, eu estou muito feliz – por causa da bebida, por causa do troféu e por causa do momento. Os olhos esverdeados de Quinn pousam em mim e eu começo a cantar.

As pessoas estão espalhadas, mas sinto como se só existisse eu e Quinn no porão. O palco não é alto, mas me sinto num grande palco, na Broadway.

Nossas vozes se juntam e eu gosto disso. Elas se misturam suaves e delicadas, como a música.

Desvio o olhar para a plateia que não está, realmente, prestando atenção na gente. Ninguém está dançando juntinho, só está conversando e bebendo. Sinto uma necessidade idiota de procurar Finn. Eu o vejo conversando com Santana, que também veio. Eles estão próximos, e Brittany dança uma coisa nada a ver com Mike. Noto que não sinto nada, não sinto nada de diferente quando olho para Finn. No início, eu não entendo bem e acabo achando que é por causa da bebida.

Maneio a cabeça e volto minha atenção para Quinn. Ela parece apreensiva, mas sem demonstrar muito. É porque fica dizendo que não canta, mas eu simplesmente amo a voz dela. Amo como nossas vozes são bonitas juntas. Como parecem que estão dançando sem pressa alguma.

You can see it with the lights out.

You are in love, true love.

Nossos olhares se cruzam de novo e, dessa vez, eu não desvio minha atenção. Vejo-a sorrir fraco. Retribuo mais uma vez. Sinto alguma coisa, um fiozinho que me faz perceber que não é a bebida. Não sinto somente felicidade, mas também uma coisa no coração, uma coisa pequena, quase que uma fagulha – só que ela não se apaga. É mais parecida com uma luz em um túnel, e eu estou cada vez mais perto dele.

Pego a mão dela, porque não estou pensando direito. Não premeditei fazer isso, nem sei por que o faço. Mas sinto que quero, sinto que não tenho medo.

Quinn não se afasta e continua a cantar. Acho que ela não entende. Não entende o que acabou de acontecer.

A música termina e Quinn olha com expectativa para os outros, como se quisesse aprovação. Ninguém se importa. Ninguém olha para ela, só eu. Eu ainda estou olhando.

— Nossa, eu fui horrível – Quinn ri longe do microfone, descendo do palco.

Balanço a cabeça.

— Você foi linda – articulo.

— Então, eu deveria entrar para o Glee – ela graceja.

— Vai ser incrível. De verdade, você deveria entrar.

Mas tudo o que Quinn faz é rir. Daí, ela procura de novo o copo de bebida.

Eu não consigo mais me concentrar na festa. E não é porque estou bêbada (o que é verdade), mas porque não consigo parar de pensar na Quinn, em nós duas cantando. Em eu me perceber livre – mas livre para fazer o quê? Onde eu estava presa?

Tudo isso me acerta de uma só vez e eu fico ruminando meus pensamentos, enquanto mergulho em conversas rasas e idiotas. Fico tentando encontrar uma maneira de descobrir palavras para o que estou sentindo, e é como se eu tivesse entrado em um novo lugar. Não sei bem onde estou, mas é incrível – e confuso. No fim da festa, estou sentada no sofá, sozinha, enquanto Quinn passeia pelo meu porão como se fosse uma fadinha. Ela é ótima para lidar com as pessoas. Consegue se enturmar rápido.

Levanto a cabeça quando alguém senta ao meu lado. Eu quase sorrio, porque acho que é Quinn, mas não é. Não preciso mirar a pessoa, porque tudo o que sinto é um braço me rodear os ombros, como os garotos fazem.

— E aí, Berry?

Infelizmente, estar bêbada me impede de sair correndo.

— Festa bonita. Quem diria, você fazendo festas?

— Sai daqui – mando, numa voz que mal parece minha. Sinto minha respiração encurtar e quero me mover, mas não consigo, porque Puckerman me prende.

— Qual é, que tal uma dança?

— Não.

— Só uma dança.

— Não vou fazer absolutamente nada com você.

Puckerman sorri de um jeito que não gosto. Ele se aproxima mais.

— Você ainda vai se arrepender de tudo isso – sinto seu hálito perto do meu rosto, não tenho mais forças para tentar empurrar seu braço de cima de mim. Queria não estar tão letárgica, mas a bebida me deixa assim. Como se eu estivesse me afogando. – Vem, vamos dançar – Puckerman me puxa com a outra mão e, claro, meu corpo obedece, porque ele é mais pesado e mais forte.

— Eu disse não— de repente, me vejo de novo na mesma festa no final do semestre letivo passado, a que me fez perceber que eu tinha de estar o mais longe possível dele. Tento puxar a respiração, mas minha garganta está dolorida por causa da ansiedade. Meu Deus, eu vou morrer. Sinto medo que ele me aperte mais e que tente me beijar na frente de todo mundo.

Eu tropeço e sinto vontade de chorar. Mas não vou – não posso – chorar na frente dele. Isso só vai parecer que ganhou.

Meu copo com a bebida se choca contra o peito dele, mas Puckerman não parece ligar. Sinto seus dedos nas minhas omoplatas, me forçando a estar perto dele.

— Para – eu peço.

Com o braço livre, eu juro que tento me livrar dele, mas é em vão.

— Hey, ela disse não! – a voz de Quinn parece gritada, mais alta que a música aleatória. Eu maneio o rosto para ela, mas meus olhos não a alcançam.

         O que acontece em seguida é meio que demais pra eu registrar tudo. O que meus olhos vêem é que Puckerman se desvencilha de mim e, depois, está jogado no chão uivando com as mãos entre as pernas.

Minhas sobrancelhas franzem de Puckerman para Quinn.

Os lábios dela estão unidos, meio espremidos; a expressão, um furacão: destemida e destruidora.

— Ah, meu Deus! – eu grito. Aí, eu a afasto dele, com a minha mão no antebraço dela. – Quinn! – encaro-a, chocada, ainda surpresa.

Os outros estão rindo ou então observando.

Puckerman se levanta um pouco depois. Não sei se é capaz de bater em duas garotas (a minha parte mais racional diz que sim).

Em todo caso, Finn se mete:

— Acho que a festa acabou pra você – diz para Puckerman, numa voz autoritária.

Puckerman me olha com raiva e, daí, mira Quinn.

— Fazendo a namoradinha-heroína, é? – ele vocifera para ela, que não se move.

— Cai fora! – Finn grita.

É sob olhares divididos que Puckerman vai embora. Algumas pessoas sussurram sobre ele e outras, sobre Quinn.

Me sinto nervosa, agora. Os convidados agora me miram esperando alguma coisa.

— É... Então – começo, sem saber o que querem ouvir. Troco um olhar com Quinn, pedindo ajuda.

— Acabou, gente! – Quinn explana.

As pessoas deixam seus copos em qualquer lugar; algumas nem se desgrudam dele. Sobem as escadas e desaparecem.

Finn vem até nós.

— Tudo bem?

Faço que sim, ainda sentindo muitas coisas ao mesmo tempo e segurando as lágrimas que sei que vão cair a qualquer momento.

— Acho melhor você ir embora também – digo. Eu o levo até a porta, em silêncio.

Só ficamos eu e Quinn.

{...}

No escuro do meu quarto, não me sinto mais bêbada. Já passou mais de uma hora da briga, e eu já estou de pijama. Já escovei os dentes e lavei o rosto. Já chorei e tudo ficou bem.

Estou olhando o nada, enquanto vejo Quinn pela minha visão periférica. Ela está mexendo no celular, com os fones ligados.

Quebro o silêncio:

— Está escutando o quê?

Ela divide os fones comigo, como naquela noite da festa do pijama.

“You are in love” está tocando baixinho, quase como uma canção de ninar.

— Você gostou de cantar? – pergunto.

— Gostei de cantar com você. Porque eu, sozinha, sou horrível demais.

— Aposto que é mentira.

— Não, é sério – insiste.

— Sua mentirosa – eu brinco.

Quinn ri e não fala mais nada. Depois, deposita o celular no colchão e ficamos no silêncio, no escuro.

Ouvimos a música pela quinta vez, então eu tento entender o que sinto. Eu me sinto bem, mais limpa e menos aterrorizada. Não tenho medo e estou calma. Estar aqui quase me traz uma paz infinita. Se não fosse pela fagulha que continua em mim. Que diz que alguma coisa está fora de lugar. Meu pensamento alcança Finn e como não pensei nele enquanto cantava.

Eu estava me sentindo feliz com Quinn. Como me sinto agora.

Nossos dedos se unem e não sei se eles se procuraram concomitantemente ou se fui eu que dei o primeiro passo. Eles se entrelaçam, e eu me movo para mais perto dela.

Fico imaginando se Quinn sabe o que eu quero fazer.

Se sabe, não diz nada, somente deixa acontecer.

Minha boca procura a dela. Minha mão livre pousa em seu rosto e eu sinto nossos narizes se encostarem levemente. Quinn não se afasta, e a ouço suspirar antes de nossos lábios se juntarem.

Quando Puckerman me beijou, eu odiei. Não só porque ele me agarrou de qualquer jeito, em forçando a fazer aquilo, mas porque eu percebi que não era o certo. Por muito tempo, eu imaginava que meu primeiro beijo seria com Finn, que um dia ele ia querer beijar a amiga do meio-irmão.

Mas agora, enquanto experimento os lábios de Quinn nos meus, percebo que isso é o certo. Eu nunca beijei uma garota assim antes, mas eu gosto. Sinto meu peito arrebentar, como se eu tivesse acabado de pular uma cerca mental. Estou à mercê dela de um jeito que achei que não pudesse estar. Meu coração salta feliz e descompassado.

Esse gesto é o suficiente. Esse beijo é o suficiente.


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Notas finais do capítulo

reviews? ♥



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