Just another girl escrita por Nina Spim


Capítulo 15
Chapter Fiveteen


Notas iniciais do capítulo

oi, moças! como prometido, aqui estou. pretendo atualizar somente aos sábados, ok?

beijos!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/786431/chapter/15

Lar é onde eu estou sozinha com você.

(Home, Edward Sharpe & Magnetic Zero)

Então. Parece que estou beijando Rachel Berry.

Eu não consigo entender como acontece, o que mudou nela, mas não importa muito. Nas últimas semanas era isso que eu queria. Eu tive que acalmar o meu coração todo esse tempo, dizer a ele que nunca ia acontecer. Mas agora que está acontecendo, sinto-o bater como nunca, como se eu estivesse sido despertada de um sono de vinte anos.

A gente se afasta para respirar, mas em pouco tempo a boca dela já está junto com a minha mais uma vez. Eu tenho medo de fazer alguma coisa errada, de assustá-la, então mantenho a minha mão no braço dela, gentilmente.

Não é, exatamente, um beijo urgente e eu refreio isso em mim – porque para mim é. Sinto a língua dela na minha; gemo baixo, imaginando que não tem como isso ficar melhor. Ela precisa fazer muito pouco para que eu perca o controle. Me sinto excitada e com medo ao mesmo tempo. Tenho medo de estragar tudo. De ela ficar brava comigo depois, de ir embora.

O beijo se rompe e eu fico piscando, me sentindo sortuda, feliz e apreensiva.

— Você é a minha melhor amiga – Rachel diz num sopro. – E eu não sei o que tô sentindo, mas é bom.

— E...?

— E eu quero te beijar a noite inteira e lembrar disso pra sempre.

Eu sorrio, sentindo alívio. Ela não está brava comigo. Quer dizer, eu nem fiz nada, quem me beijou – duas vezes! – foi ela.

Nossas bocas se encontram de novo, ela nem precisa pedir.

A gente fica assim por um tempo, até que cai no colchão e se abraça. Ela está em cima de mim, a cabeça no meu peito, em silêncio. Até que ela fala:

— Acho que a gente deveria dormir.

Nos beijamos mais uma vez e eu me aconchego nela, sentindo seu calor, e o quanto eu amo ser amiga dela.

De manhã, os pássaros cantam e a luz do sol se infiltra pela cortina.

Eu abro os olhos primeiro. Fico encarando e teto e, depois, ela. Quando dá sete horas, acordo-a. É segunda-feira e temos aula.

Preparamos torradas em silêncio e não sinto que esse silêncio é de vergonha ou arrependimento. Só acho que estamos confortáveis o suficiente.

Pegamos o ônibus e voltamos a falar sobre a competição e sobre a festa. Sobre como Rachel acha que eu deveria cantar mais vezes.

Quando chegamos à escola, vamos para o laboratório de química juntas e eu olho feio para Puckerman. Aí, eu escrevo no caderno de Rachel, a lápis: Você precisa ter coragem. Ela sabe de que eu estou falando, porque me olha com cuidado. Engancho meu mindinho no dela, e ela não o afasta.

{...}

Duas semanas se passam, e Rachel não faz nada sobre Puckerman. Eu não toco no assunto, mas ele está sempre na minha mente. Tenho medo de que ele faça algo com ela e de que ela continue a fazer nada.

A gente se beija na casa dela muitas vezes. Depois das aulas, nos fins de tarde e durante a noite, quando durmo lá. Eu gosto do que sinto, é como se nada mais me faltasse – mas também vem o medo junto. Penso nos meus pais, em como não vão ficar felizes. Eles ainda acham que eu deveria casar com um homem, porque é isso que os outros esperam da filha perfeitinha deles. O que vão fazer quando descobrirem que eu prefiro estar com a Rachel?

Mas eu excluo meus pais da questão por enquanto. Não quero pensar nisso, até porque eu e Rachel só estamos... sei lá, curtindo? Não sei. Não demos nome para o que está acontecendo. Mas, com certeza, duas amigas não deveriam se beijar. Obviamente está acontecendo alguma coisa.

Depois do meu treino com Sue, vou para o Glee me encontrar com Rachel. Depois que começamos a nos beijar, estabelecemos essa rotina. Eu saio de um ambiente em que estou feliz e vou para outro, no qual fico mais feliz ainda. Digamos que a minha taxa de dopamina está ótima.

Geralmente, Rachel está no piano tocando e murmurando coisas – obviamente músicas. Às vezes, eu não entro na sala só para ouvi-la mais um pouquinho. Gosto de vê-la sem o meu efeito, só ela e a música. Hoje, não é diferente. Mas tem mais alguém com ela.

Ela está terminando de cantar “To love you more”. Quando a música finda, a pessoa se manifesta:

— Você deveria sugerir esta ao Sr. Schue – percebo que é Finn. Tento averiguar o ambiente, mas eles estão sozinhos.

— Para receber mais uma do Journey? – Rachel ri com desenvoltura.

— Mas você é a preferida dele.

— Nem tanto. Sou controladora e egocêntrica, você sabe.

— É, mas... talvez isso seja bom?

Rachel ri mais uma vez.

— Acho que não.

Finn chega mais perto de Rachel.

— Então? – ele faz – Você pensou sobre a Quinn?

Quando meu nome é proferido, fico ainda mais curiosa.

Rachel o encara com as sobrancelhas arqueadas, numa expressão difícil de assimilar.

— Não, ela não quer.

— Mas você falou com ela?

— Não preciso.

— Bom, pelo jeito eu vou ter que fazer o trabalho todo sozinho – Finn responde, meio mal-humorado.

— Se eu fosse você...

— Tá bom, tanto faz.

E aí, Finn sai da sala no meio do que me parece ser um rompante de raiva. É comum para ele. Mas não chuta nada, o que é surpreendente.

Ele dá de cara comigo quando puxa a porta.

Eu sorrio, fingindo confiança.

— Quinn?

— Ah, oi... Eu só estava, sabe, esperando a Rachel – é a verdade, mas por algum motivo, eu gaguejo. Quero saber o que ele quer comigo, então pergunto: – Estava me procurando?

Finn olha para dentro, para onde Rachel está. De onde estou, posso vê-la virando o corpo na banqueta do piano, olhando a gente.

— Não... Quer dizer, sim! – Ele conserta, com um ar renovado cheio de determinação – Eu estive pensando... você quer ir na gelateria comigo? Um dia desses... Sabe, pra... Bom, tomar sorvete. Sair comigo. É, sair comigo.

Eu fico surpresa. Depois de tanto tempo? As coisas esfriaram muito entre a gente e nem mesmo saímos em grupo mais. Abro a boca e, depois, sorrio.

— Não, desculpa. – olho de esguelha para Rachel, que está ouvindo tudo enquanto finge arrumar as partituras – Eu... Eu estou apaixonada por outra pessoa.

— Apaixonada? – o olhar dele está desapontado – É pelo Puckerman, né? Eu sei que ele chegou agora e que todas as meninas estão correndo atrás dele...

Eu solto um risinho.

Bem longe, hein, Finn?

— Não – respondo com muita certeza – Não mesmo.

Finn fica brincando com a alça da mochila por um tempo, me olhando.

— Bom, então... Então, a gente se vê – ele diz, parecendo desanimado. Aí, sai andando.

Quando ele sai da minha frente, vejo Rachel me olhando. Me aproximo dela e um sorriso pequeno nasce nos lábios dela.

— Então, você está apaixonada por outra pessoa, hm? – ele graceja, sem despregar os olhos de mim.

Faço um gesto como quem diz “O que posso fazer?” e sorrio.

Estendo a mão e a pouso no rosto de Rachel.

— Você é uma pessoa incrível, Rachel – minha voz sai mais baixa.

Rachel coloca a mão na minha cintura, se levanta e me olha mais de perto. Eu amo os olhos dela, como se tivessem uma profundidade infinita. Gosto de como são intensos e suaves ao mesmo tempo. Ela me beija e eu me entrego como todas as outras vezes. Mas me afasto um pouco, porque estamos na escola. E se alguém vir? Sorrio sem graça e apoio meu queixo no ombro dela.

— Sempre seremos eu e você – ela me diz, com os dedos entre os meus.

{...}

Duas semanas depois, Rachel está com raiva. Me conta que a tarefa da semana é fazer um dueto com alguém com quem nunca cantou e Puckerman fez questão de escolhê-la.

— Eu vou faltar a semana inteira – ela decreta na terça-feira à noite, na cama dela – Vou dizer que estou com faringite, ou qualquer outra coisa. Mas eu não canto com ele.

— Não tem que cantar mesmo – opino – Mas, infelizmente, não dá pra fugir para sempre.

— É só essa semana.

— E as próximas? – balanço a cabeça, chateada – O que vai fazer?

— Não sei – Rachel me responde fraco.

— Você sabe que...

— Meu Deus, eu sei. – ela me rola os olhos, com certa impaciência – Mas eu também tenho... medo. Você entende?

Eu entendo. Eu entendo como é ter medo de dizer não. Mas não sei como é ser perseguida por um maníaco.

Assinto devagar.

— Vai ficar tudo bem – digo, sem saber se posso mesmo prometer isso.

No dia seguinte, acordo e vejo que Rachel não está no quarto. Confiro as horas, mas estou adiantada, são ainda quinze para as sete. Me sento na cama e espero. Talvez esteja conversando com os pais?

Dez minutos se passam e ela entra no recinto.

— Ah, não! – Rachel exclama, o sorriso desmoronando – Era para ser surpresa.

— Bem, estou surpresa – respondo, deixando escapar um risinho. – Para que essa bandeja?

É uma bandeja bonita, de madeira. Há dois copos, uma jarra de vidro pequena abrigando um líquido laranja e torradas.

Rachel deposita tudo na cama, com extremo cuidado.

— É para o seu aniversário! – ela fala alto, animada, depois dá pulinhos. Está sorrindo como nunca.

Eu não gosto de fazer aniversários, porque desde sempre foi a mesma coisa: meus pais convidam umas pessoas aleatórias, da alta sociedade, para cantar parabéns à filha de alguém que nem se importam. Ganho presentes, mas é sempre uma coisa estranha. Não tenho nenhuma lembrança afetiva realmente feliz. Quando criança, as pessoas levavam seus filhos – hoje só levam os presentes e seus grandes sorrisos falsos.

— E não é só isso. Vamos ao parque à noite.

Detesto ser a pessoa que dá a má notícia, mas...

— Não posso. Meus pais vão dar uma festa para mim.

— Então, eu vou! – Rachel sorri.

— Não... é que... você não está convidada – falar isso é horrível e estranho, excluir a minha melhor amiga da minha própria festa de aniversário.

Rachel para de sorrir.

— Como assim?

— São os meus pais – me apresso a explicar – Eles convidam quem querem.

— Mas não é o seu aniversário?

Dou de ombros.

— Sempre foi assim.

Rachel fica olhando a bandeja com as coisas dentro e parece triste. Eu arruinei um momento feliz, é isso.

— Mas... – eu digo, puxando-a para perto de mim – Podemos ficar juntas amanhã. Amanhã eu vou até para a Lua, se você quiser.

Ela me olha, ainda em silêncio.

— Você promete?

— Totalmente – engancho o meu dedinho no dela.

A festa é um porre, é claro. Minha mãe fica furiosa por eu não querer ir ao salão me arrumar, e meu pai fica furioso por eu não fazer o que minha mãe quer que eu faça. No início da festa, estamos os três juntos, mas fervendo de raiva um do outro. Eu forço e finjo sorrisos aleatórios para pessoas aleatórias e pedantes. Quando posso finalmente ficar no meu quarto, encontro uma mensagem de Rachel:

Você é incrível.

Feliz aniversário (de novo), fadinha!

Te amo ♥

Na manhã seguinte, tudo o que quero é que o dia vire noite de uma vez para que eu e Rache estejamos sozinhas no parque de diversões.

Eu não apareço no treino da Sue, e Rachel não aparece no Glee. Vamos para a gelateria e gastamos algum dinheiro considerável em sorvetes e slushs coloridos. Ficamos conversando e rindo sobre muita coisa e isso me faz esquecer o quanto odeio o meu ambiente familiar e que tem um garoto doido assediando a minha melhor amiga.

Às seis e meia, vamos para o parque. Ainda está entardecendo, o que é bonito. Seguro as mãos dela e a afago.

Repetimos todos os brinquedos da primeira vez. Rachel quer deixar a roda-gigante por último. Ela ganha um ursinho de pelúcia no tiro ao alvo e me dá.

Mais um presente – eu brinco.

Quando entramos no carrinho da roda-gigante, já está bastante noite. As luzes já foram ligadas há algum tempo e a cidade também está luminosa.

— Uau – Rachel suspira, observando as luzes.

Fazemos silêncio, mas estamos de mãos dadas.

— Eu estive pensando... – Rachel rompe o silêncio. Ela não parece exatamente temerosa, mas cautelosa – Duas pessoas que estão apaixonadas uma pela outra deveriam namorar, não deveriam?

Viro o pescoço para ela.

Pisco.

Fico esperando.

— Porque... eu estou muito apaixonada por você – Rachel continua. Ela não está envergonhada, e eu acho isso ótimo.

Eu sorrio, maravilhada com a declaração dela.

— Você é muito importante para mim – digo, sem soar desesperada ou prestes a ter um ataque cardíaco. Me sinto eletrizada e contente. Meu coração bate feliz – E é claro que eu quero ser a sua namorada— friso a palavra. – Você também é a minha melhor amiga.

Rachel sorri pequeno e procura a minha boca. Eu concedo o gesto, porque não beijá-la é muito difícil. Eu amo tudo sobre ela.

Quando nos separamos, uma hora depois, sinto falta dela. Sinto falta de beijá-la e abraçá-la. Prestes a me deitar, recebo uma mensagem de Rachel:

Boa noite, namorada.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

e aí, o que acharam? explodiram de tanta fofura? hehe. reviews?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Just another girl" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.