Cuidado é a palavra que eu uso para descrever

todo o sentimento que eu tenho escondido aqui dentro para você.

(Cherish / Cherish, The Association + Madonna)

Estamos próximas da primeira seletiva das Cheerios e eu estou nervosa. Sue não me elogia, mas também não tenta me derrubar. Dou o melhor de mim em todos os treinos.

Rachel também tem a primeira seletiva em poucos dias. Eu estou animada, porque é a primeira vez que a vejo em um palco. Às vezes, eu a ajuda gravar seus vídeos e ela é maravilhosa. Espero que o New Directions seja selecionado, porque ela merece. Apesar de tudo, Rachel ainda se mantém no grupo – eu sei que ela não é fácil de desistir, ainda mais se é pela música.

Eu volto a ficar mais feliz ao lado de Rachel. Com ela como amiga e as Cheerios, eu me sinto mais feliz do que jamais estive. Eu sei que ela não vai me retribuir, mas ficar longe dela era pior. Ainda que eu acredite que o que sinto não vai desaparecer, tento dizer para mim mesma que está tudo bem.

Às vezes, eu vou a algumas festas com Santana e beijo outras garotas. Não conto para Rachel. E os outros beijos não mudam o que sinto por ela.

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As Cheerios vencem as seletivas – eu não tinha dúvidas. Todos os gritos de Sue me pressionavam a ser perfeita. E eu fui. Foram dias antecedentes muito estressantes, mas valeu a pena.

Hoje é a apresentação dos corais e fico na sala do Glee junto com o grupo.

Eu e Rachel ficamos conversando com as garotas e Kurt e, depois, ouvindo música. Minha missão é garantir que Puckerman nem mesmo olhe para ela. É claro falho, mas Rachel parece entretida demais para ligar.

Rachel não parece nervosa, apesar de ter ganhado um solo, com “Don’t rain on my parade”. Ela não para de dizer que é a música mais segura dela, que a canta desde que tinha quatro anos.

Quando dá o horário, eu vou para a plateia. Fico ansiosa, esperando. O tempo passa rápido e logo o primeiro grupo entra em cena, totalmente apelativo (mas, infelizmente, bom). O segundo coral é formado por surdos e, apesar de ter gente que chora na apresentação, quase não consigo esconder a minha confusão.

Enfim os New Directions entram. Quer dizer, Rachel aparece na entrada do auditório. O primeiro musical que Rachel me apresentou foi justamente Funny Girl, então conheço a música, ainda que nunca a tenha ouvido cantar. Ela anda enquanto canta e, no meio da canção, está no palco. Rachel é a única ali em cima e parece totalmente à vontade. Os outros membros se juntam a ela e, quando “Don’t rain on my parade” termina, todos juntos começam “You can’t always get what you want”.

O resultado demora a vir e eu estou nervosa por Rachel. Se eles não passarem, só ano que vem vão poder competir – e isso é muito tempo. Eles precisam ganhar para continuar nas competições.

Eu dou um grito quando anunciam os três ganhadores; New Directions está em primeiro lugar.

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Para comemorar o primeiro lugar na competição, Rachel cede a casa dela para o Glee fazer uma festa. Eu apareço, porque Rachel disse que era uma festa aberta. Em pouco tempo, o porão está lotado, com músicas selecionadas por Rachel tocando.

Algumas pessoas trazem bebida. Nós somos jovens e bebemos, porque é o que sempre acontece. Tem vodca e gin e o gosto é horrível, mas com refrigerante fica melhor. Rachel sobe no palquinho e diz que o Glee deveria cantar. As pessoas se animam e depois de algumas músicas conjuntas, Rachel chega em mim.

— Vamos cantar?

Eu me surpreendo.

— Eu não canto – digo, bebericando mais bebida. Pode ser que eu esteja mais alegre e suada que o normal, porque, afinal, isso é uma festa.

— Comigo, sim! Vamos lá! Só hoje! Nunca te ouvi cantar.

— Hm, é porque eu sou horrível? – eu começo a rir. – Não, é sério, eu não canto.

Rachel não quer saber. É insistente e eu acabo cedendo.

Escolho “You are in love”, porque é uma canção fácil. A melodia é bonita e eu não tenho que me esforçar para cantar. É só deixar as palavras saírem pela minha boca.

Subimos no palco e eu sorrio para ela. Rachel me sorri de volta e eu sinto aquele frisson de sempre, atenuado pelo meu senso bêbado.