Reconstrução escrita por Gabs Germano, Indignado Secreto de Natal


Capítulo 9
Confronto




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Remus deteve-se diante da porta, esperando que Sirius fosse simplesmente voltar à normalidade. Mas lá estava ele, parado diante da madeira escura, em um silêncio quase insuportável, sem nenhuma palavra dita, aguardando alguma resposta do outro.

― Você acha que está difícil só para você, Sirius? ― Questionou Remus, voltando a se virar para o quarto. Sirius não fez menção de virar-se para ele, ainda mirando o exterior pela janela. ― Estou falando com você, Black. ― A voz elevada, finalmente tomou a atenção de Sirius. ― Você acha que essa porra de guerra foi difícil apenas para você? Que só você teve perdas? ― Remus gritou, fechando as mãos em punhos, ofegante.

Silêncio. Sirius apenas permaneceu mirando o amigo, como se não sentisse absolutamente nada naquele momento.

― Você fugiu quando eu precisei de você, Remus. ― Sussurrou, ainda com total indiferença no olhar.

― Eu não te abandonei, Sirius. ― Continuou com a voz elevada. ― Você está sendo um filha da puta egoísta.

― Assim como você foi! ― Ali estava finalmente, o Sirius explosivo que Remus conhecia perfeitamente bem. ― Você não tem moral nenhuma para falar de mim. Você fugiu antes de mim!

― Eu fugi de você, mas não fugi do meu afilhado. James deve estar orgulhoso de você. ― A voz se tornou baixa, porém com ironia e acidez preenchendo cada mínima palavra dita.

― Saí daqui! ― Gritou Black, sentindo uma fúria que a muito não sentia. As janelas começaram estremecer à medida que a raiva deslizava por todo seu corpo.

― Você acha que só você sofre, mas o mundo bruxo inteiro está de luto e tentando reconstruir a bosta que foi feita.

― Saí, Lupin, estou mandando. ― Gritou novamente, com as mãos fechadas em punhos, ainda sentindo todo a magia tremulando em seu corpo devido ao ódio sentindo.

― Eu estou sofrendo também, Black. Eu fui traído por Peter também! Eu perdi James também! Eu perdi a Lily! Eu perdi meus pais nessa porra de guerra e estou lutando para reconstruir o nosso mundo! ― Remus não sabia dizer quando começara a chorar enquanto gritava, mas lá estava seu maldito sentimentalismo. Lá estava ele, em sua essência mostrando o quão quebrado também estava.

Sirius sentiu todo seu corpo contrair em uma mescla de sentimentos. Então o punho esquerdo acertou o espelho que tinha na parede ao lado da janela. Não sentiu dor física, apenas aquela velha sensação de querer simplesmente gritar e sumir. E após o primeiro choque que estraçalhou o vidro, vieram outros seguidos, até o espelho partir-se e os pequenos pedaços caírem no chão mesclado com o sangue.

Era fácil quebrar algo daquela forma. Sem magia, apenas força física. Um soco atrás do outro. Sua forma retorcida pelas rachaduras do espelho sumindo à medida que os pedaços caiam. Era fácil pensar em tudo que acontecera nos 30 dias que passaram daquela forma.

Remus apenas assistiu. Não era a primeira vez que acompanhava uma crise explosiva de Sirius e aquilo até mesmo lhe dava um certo alívio, pois aquele estado era mais real e próximo do que conhecia.

― Já pedi e vou pedir novamente, saí daqui Lupin, não quero ver você, nem ninguém. ― Implorou, ofegante, sem parecer ter dor alguma na mão devido aos socos. A cabeça estava baixa, com o cabelo cobrindo-lhe a face. O lençol estava no chão e por tal motivo, era visível notar que o corpo de Sirius tremia.

Lupin não disse nada, apenas saiu de vez do quarto.

 

(...)

 

Remus era conhecido por seu silêncio e sua paciência. Lily se aproximou dele provavelmente por essas características e a amizade dos dois nasceu e cresceu pela compatibilidade da personalidade dos dois. Entretanto no hall do hotel no quinto andar, ele sentiu vontade de voltar para o quarto e xingar Sirius de todas as formas possíveis. Chamá-lo principalmente de covarde por estar se escondendo naquele quarto, por simplesmente não se importar com Harry e principalmente, por não se importar pela dor que ele mesmo sentia.

Era injusto pensar em Sirius como covarde, pois no passado, quando estavam saindo de Hogwarts, quem correu atrás dele, fora ele. Quem lutou por um relacionamento que tinha acabado, fora Sirius e não ele.

Era complicado pensar em toda dor que todos estavam sentindo. Cada um estava lhe dando com a dor de modo diferente. Eram muitas perdas a se pensar sem perder um pouco da sanidade.

 

(...)

 

O cachorro preto e peludo em sua frente pulava animadamente enquanto o riso de James e Peter preenchia a sala da Casa dos Gritos. Remus ainda não acreditava nas transformações animagas que acabara de ver diante de si, sendo a de Sirius a última que estava sendo lhe apresentada e secretamente a que ele mais gostara.

― Vocês todos estão loucos. ― Murmurou, ainda incrédulo. ― Isso é perigoso gente, não posso simplesmente aceitar isso.

Um latido em protesto fez Remus sorrir em direção ao cachorro, vendo-o pular novamente.

― Sério, Si... Não é nada seguro isso.

Sirius simplesmente rosnou baixo e latiu novamente em protesto, parecendo não querer voltar a forma humana. E desde então, Remus entendeu que não adiantava tentar afastar os amigos, pois eles fariam de tudo para estar próximos, até mesmo durante sua transformação.

 

(...)

 

Não precisou bater na porta novamente, apenas a empurrou para se abrir. Sirius estava novamente enrolado no lençol, porém dessa vez sentado na parede contraria ao do espelho quebrado. O lençol na parte da frente estava sujo de sangue e enrolada a mão de Sirius. Ele não o mirou em nenhum momento.

Si, sei que não quer voltar ao mundo bruxo nesse momento, mas gostaria de te levar a um lugar. ― Aproximou-se e estendeu a mão, aguardando a decisão de Sirius. ― Acho que você precisa se despedir corretamente de James, não acha?

A mão machucada de Sirius, ainda suja de sangue, tocou a sua.


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