Reconstrução escrita por Gabs Germano, Indignado Secreto de Natal


Capítulo 8
Desaparecido




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Quatro batidas ritmadas contra a madeira. Quatro batidas que fizeram Sirius enrolar-se ainda mais no lençol que estava em torno de sua costa. Resmungou algo incompreensível e mal-humorado, esperando que a pessoa que batia fosse embora, entretanto houve mais quatro batidas. E mais quatros. Até ele levantar-se do chão, com toda irritabilidade o preenchendo.

Ao abrir a porta e reconhecer a pessoa do lado de fora do quarto, teve o impulso de fechar novamente a porta. Amaldiçoando de estar em um hotel trouxa, pois devia ter sido fácil para Remus simplesmente ter o encontrado e entrado ali.

Lupin, conteve o impulso de questionar o estado deplorável que Pad se encontrava. O cheiro de álcool, revirou seu estomago diversas vezes, ainda mais por notar que aquele odor estava impregnado por todo o quarto. Sirius parecia pior do que ele quando retomava sua forma humana pós transformação.

― O que você está fazendo aqui? ― Perguntou Sirius, buscando se enrolando mais no lençol, ainda em frente a Remus na porta. Sua voz saiu arranhada, num sussurro.

― O mundo bruxo está um caos e ninguém te encontra, achei que deveria vir atrás de você. ― Respondeu, mantendo o olhar firme em Pad, sem se mover.

― Eu não me importo com o mundo bruxo, Rem. ― Respondeu, finalmente andando para dentro do quarto, não notando o apelido que a muito não chamava mais Lupin.

― Nem mesmo com Harry?

Sirius sentiu uma dor diferente da que sentia naquele mês inteiro. Era uma pontada em seu peito forte, em seu corpo por inteiro. Deteve-se diante da janela, ficando de costa para Lupin.

Harry. Seu afilhado. Seu pequeno Harry.

Era uma vaga memória naquele instante. Culpou-se por lembrar-se tão pouco de Harry, por não ir atrás ou saber como o mesmo se encontrava. Porém, como seria capaz de lembrar-se do pequeno, quando não conseguia esquecer que James, Regulus e Lily estavam mortos? O luto era sufocante e paralisante, em sua defesa.

― Dumbledore e o ministério achou que seria muito melhor transferir a guarda para a irmã trouxa de Lily, do que para você, afinal, desde que tudo aconteceu, você simplesmente desapareceu.

Desaparecido. Sirius havia estado naquele quarto durante um mês. Sem contato com ninguém, sem responder nenhuma carta. Não queria contato com ninguém, pois ter contato com alguém significava a certeza que tudo havia ocorrido de fato. E ele não sabia como lhe dar com o mundo bruxo em um contraste de euforia e dor. Não saberia conviver com o luto que estava vivendo diante das demais pessoas.

Os olhos amarelados de Remus, estavam fixos aos seus, como se aguardassem algum pedido de perdão por ter sumido. Como se implorasse para Sirius mostrar algum tipo de arrependimento de ter simplesmente sumido.

― O que você espera que eu faça, Remus? ― Questionou deixando finalmente o humor ácido surgir em suas palavras. ― Quer que eu vá até os tios trouxas de Harry e o tire de lá? Quer que eu vá até Dumbledore e diga que sou digno de ter a guarda de uma criança?

Remus suspirou, finalmente caminhando pelo pequeno quarto, enquanto observava a bagunça espalhada pela pequena mesa e pela cadeira, assim como as roupas emboladas no chão junto com algumas garrafas de cerveja, uísque e vinho.

― Eu quero que você lute pela guarda de Harry, Sirius. ― Explicou, com a voz calma e baixa, sentando-se na beirada da cama.

― Por que você não luta pela guarda dele?

― Não se faça de idiota, Black.

Ser chamado daquela forma tão impessoal, doeu. Doeu de uma forma que Sirius jamais imaginou que doeria.

― Eu sou um lobisomem, se esqueceu? ― Questionou, com o tom de voz tornando-se levemente agressiva. ― Ninguém me daria a guarda de uma criança.

Sirius nada disse, apenas pensou em Harry e em toda dor insuportável que sentia. Ele não era digno de cuidar de seu afilhado. Não era responsável suficiente. Ele não havia conseguido cuidar de Regulus e de James, como cuidaria de Harry?

Lupin, tenho certeza que Dumbledore tem seus motivos e que os trouxas cuidaram melhor de Harry do que eu. ― Vislumbrou um suspiro irritado de Remus. ― E se não se importa, eu só quero ficar sozinho, então pode ir embora, por favor.

Remus levantou-se da ponta da cama, vendo Sirius voltar-se para a janela mais uma vez, ainda com aquele lençol patético em torno do corpo. Aquele Sirius, não se parecia em nada com o garoto que havia se apaixonado na escola e que lutara tão bravamente na guerra, defendendo a todos da forma mais leal que existia. Aquele Sirius estava simplesmente despedaçado da pior forma que alguém podia estar.

Aquele Sirius não era o seu Sirius.


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