Reconstrução escrita por Gabs Germano, Indignado Secreto de Natal


Capítulo 22
Casamento




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15 de agosto 1986.

 

Sirius espiou o lado de fora d’A Toca, admirando o quintal enorme que Arthur e Molly havia feito questão de ceder para o casamento, uma vez que o quintal deles era maior do que o seu.

Uma enorme tenda branca havia sido montada e ele sabia que havia uma divisão na parte que teria a cerimônia e a que teria a festa. Ele e Remus demoraram um ano para conseguirem se organizar e a festa ocorrer nas férias de Hogwarts para que alguns dos Weasley e Nymphadora estivesse presente, assim como alguns funcionários da escola que eles haviam feito amizade durante a guerra.

Tudo estaria perfeito, pois eles mereciam aquilo, depois de tudo que passaram para chegar até ali.

Sirius sorriu ao pensar nos dias tediosos escolhendo decorações, flores, comidas e tudo mais. Ele ajeitou as mangas do terno pela milésima vez. Estava ansioso e por mais que as pessoas falassem que ele já era praticamente casado, o nervosismo do casamento não passava.

Voltou-se para o quarto pequeno que pertencia aos gêmeos e mirou-se no espelho que havia sido posto ali apenas para ele se arrumar. O terno preto, alinhava-se com perfeição ao seu corpo, o all star em seus pés era preto e havia sido uma enorme guerra para ele convencer a todos que queria se casar com um tênis confortável e não social. Seu cabelo batia nos ombros e estavam úmidos e também havia conseguido convencer a todos que não iria cortar ou colocar gel para deixá-lo alinhado.

Era seu casamento e ele queria se sentir bem, acima de tudo.

A batida na porta, o fez sentir o coração acelerar imediatamente. Ele abriu a porta e Andromeda apareceu sorridente e simplesmente perfeita em um vestido verde escuro. Ela tinha os fios escuros presos em um rabo de cavalo alto e extremamente alinhado, dando-lhe o ar que todo Black tinha, de superioridade.

― Eu briguei com Arthur sobre quem deveria te levar até o altar. ― Comentou a mulher, entrando no quarto, olhando o primo de forma analisadora. ― E eu consegui ganhar essa briga, então, eu vou te levar até o altar.

Sirius sorriu pelo carinho que a prima tinha consigo. Era sua única família de sangue e por mais que achasse toda questão de linhagem uma grande besteira, ele sentia-se agradecido de ter alguém ao seu lado com o mesmo sangue correndo pelas veias.

― Eu fico muito feliz de ser você a me levar para o altar, prima. ― Respondeu com toda sinceridade, enquanto permitia que ela arrumasse sua gravata com carinho. ― Você é minha única família e eu me sinto muito grato por isso.

― Eu também me sinto grata por ter você, querido.

Andromeda o abraçou de forma carinhosa e protetora, realmente orgulhosa pelo homem que Sirius havia se tornado durante aqueles anos pós-guerra.

― Agora precisamos ir, pois você será o primeiro noivo a entrar.

 

(...)

 

Todos os convidados já estavam sentados nas cadeiras de madeira escura, bem alinhadas em 6 fileiras, sendo 3 do lado esquerdo da passagem dos noivos e 3 do outro. O tapete vermelha ia até o simples altar, que tinha uma mesa de madeira simples e um arco atrás dessa mesa de lírios vermelhos e brancos. Junto ao tapete, havia enfeites de lírios brancos e velas pequenas flutuantes. A tenda era branca e sustentada por magia.

Uma música calma começou e todos os convidados levantaram-se imediatamente. Como normalmente, o primeiro noivo entrou. Sirius sentia-se ansioso, as mãos estavam tremulas e o seu coração estava mais acelerado que jamais estivera. Os braços estavam enlaçados com o de Andromeda. Ambos entraram pelo tapete e caminharam lentamente, sorrindo para os convidados presentes.

No altar, Arthur estava presente atrás da mesa, com um terno trouxa cinza escuro, com um sorriso enorme no rosto.

Ao chegarem até o altar, Sirius abraçou Arthur, agradecendo por tudo que ele estava fazendo por ele. Andromeda alfinetou que o Weasley pelo menos havia arrumado alguma função, já que ela ganhara o direito de levar o primo até o altar. E com um beijo e um abraço maternal, a Tonks deixou o primo no centro do altar e se encaminhou para lateral, aguardando os padrinhos.

Sirius e Remus optaram por não ter padrinhos, pois quem seria padrinhos deles estavam mortos e eles jamais substituíram James, Lily, Marlene, Dorcas, Alice, Frank e Peter – que eles fingiam estar morto e não preso em Azkaban.

Remus apareceu no começo do tapete, com os braços entrelaçados com Molly. O sorriso nos lábios do lobisomem era sincero e transmitia uma felicidade que jamais fora possível ver nele. Ele estava trajando um terno trouxa também, azul marinho escuro, a gravata era cinza e a camisa branca. Ele ao contrário de Sirius, tinha nos pés um sapato social e o cabelo estava bem penteado.

Molly, por sua vez, estava com um lindo vestido azul celeste longo, o cabelo ruivo estava preso em coque elegante com alguns fios soltos. Remus pedira para ela o acompanhar até o altar, pelo carinho com eles, principalmente com Harry e por ela ter sempre se mostrado disposta a ajudá-los no começo quando era uma grande novidade cuidar de um bebê.

Os dois caminharam lentamente pelo tapete, sorrindo para todos, mas os olhos de Remus era fixos apenas em uma pessoa. Sirius tinha um sorriso de lado para o noivo e os olhos também se fixavam apenas em Remus. Era uma conexão que eles jamais saberiam explicar. Era amor verdadeiro e imenso.

Ao chegar no altar, Molly beijou carinhosamente a testa de Remus antes de entregá-lo para Sirius, beijando-o da mesma forma.

Remus e Sirius sorriram e continuaram olhando para a entrada, aguardando a entrada de Harry com as alianças. O menino de 7 anos, entrou com um terno idêntico ao de Sirius, assim como o all star preto, o cabelo estava espetado para todos os lados. Ele sorria feliz e marotamente.

― Ele é idêntico ao James. ― Sussurrou Sirius em direção ao Remus. ― É como se eu visse ele agora.

― Sim, eles são extremamente parecidos, exceto pelos olhos. ― Completou Lupin.

Harry andou em direção aos pais, abraçando-os quando chegou no altar. Ele entregou a caixinha de veludo vermelha, com as alianças para Arthur e antes de sair para ir se sentar ao lado de Ron, ele abraçou cada um dos pais de forma carinhosa.

― Eu amo vocês. ― Harry falou de forma feliz, antes de correr para a cadeira vazia que lhe aguardava.

A música se silenciou e os noivos se colocaram frente a frente. Arthur direcionou a varinha para a garganta e sussurrou “sonorus”, feitiço para ampliar a voz.

― Boa tarde amigos, familiares... Podem se sentar. ― Todos presentes, sentaram-se, focando suas atenções para o casal e ao Weasley. ― Estamos aqui presentes para realizar a união de Sirius Black e Remus Lupin. Pode apresentar seu voto, Sirius.

Sirius pegou um papel dobrado e amassado do bolso da calça social, desdobrou com as mãos visivelmente tremulas.

 ― Remus Jonh Lupin, meu Moony. Quando nos conhecemos éramos crianças, dois meninos perdidos em seus próprios medos e problemas e apesar de sermos tão novos, já tínhamos consciência de dores extremas, não é mesmo? Você conhecia mesmo tão cedo uma maldição e eu conhecia desde que nasci apenas regras, ódio e o silêncio dentro de uma casa enorme e vazia. E nós dois fomos salvos quando James decidiu que formaríamos um grupo, seriamos inesquecíveis dentro de Hogwarts. E bom, não sei como, os Marotos deram certos. Nós crescemos juntos, um pelo outro, sempre unidos. E no decorrer desse crescer, eu me apaixonei por você, por seu silêncio, por seu olhar, pelo seu carinho e cuidado comigo. Um sentimento tão conflituoso, afinal, eu já era um garoto problema, traidor de sangue e que além de tudo isso, gostava de garotos, me julgariam ainda mais por tudo isso. ― Sirius suspirou, pensando em toda dor que sentiu pelos sentimentos na adolescência. ―  E durante todos os momentos difíceis, que de fato eu fui julgado e repreendido dentro do lugar que devia ser meu lar, você esteve ao meu lado, com sua paciência e carinho. Você segurou minha mão e tentou sempre me transmitir força, mesmo que você mesmo não tivesse essa força para si, você ficou ao meu lado, quando você mesmo estava despedaçado por dentro. Você foi pai, irmão, mãe, minha família, quando eu precisei. Você, James e Peter. ―  Sua voz pareceu baixar o tom ao dizer o nome dos dois últimos marotos. ―  Vocês foram o que eu precisava durante Hogwarts e infelizmente dois dos quatro Marotos não estão aqui, por não poder e por não querer. ― Black parou por um instante e Remus soube que ele tentava segurar o choro que queria vir. ― Nós dois juntos construímos uma história e ela não foi fácil de começo, pois tivemos uma guerra logo após sairmos de Hogwarts. Não pudemos viver de forma normal, lidando com nossos conflitos. A guerra explodiu em nossas mãos e lutamos lado a lado, vendo um por um dos nossos amigos cair mortos e hoje eles não estão aqui para nos ver celebrar esse momento tão feliz. Hoje estamos aqui, juntos, depois de muitas lágrimas, brigas, dores, gritos. E só estamos aqui, pois você me resgatou várias vezes de mim mesmo e foi minha fortaleza quando eu jamais imaginei que teria uma. Eu te amo, Remus, de um jeito que eu jamais seria capaz de amar alguém e agradeço diariamente por ter você como amigo, futuro esposo e por ser tutor de Harry ao meu lado. E eu sei que James está orgulhosos de nós. Eu te amo, muito!

Remus tinha um sorriso nos lábios e os olhos marejados, assim que Sirius guardou seu papel, ele pegou o dele, puxando o ar lentamente em uma visível tentativa de não começar a chorar. A carga emocional do casamento era enorme, não apenas pela sua história com Sirius, mas por todas as percas que tiveram, mesmo que já fizesse alguns anos.

― Para quem não sabe, eu e Sirius tínhamos um grupo na época de Hogwarts. ― Lupin começou a falar e voltou para os convidados por um instante e ouviu a professora Minerva McGonagall comentar “infelizmente tinham mesmo”. Ele e Sirius riram levemente ao ouvir o comentário. ― Por mais que seja nosso casamento, é impossível falar de mim e Sirius Black, sem citar os Marotos. James, Sirius, Peter e eu. Nós éramos inseparáveis e unidos em qualquer coisa, sempre estávamos presentes um pelo outro independente do que se tratasse. James nos autointitulava de “Reis de Hogwarts” e por muitos momentos, entre confusões, detenções, brincadeiras, nós achávamos assim mesmo.  Conhecíamos Hogwarts melhor que nossas casas, sabíamos o tempo certo de cada escada mudando a direção, desbravamos todos os segredos e passagens ocultas. Eu agradecia todos os dias por ter amigos como eles, pois tinha problemas que só eles foram capazes de me ajudar. E no meio disso tudo, eu encontrei o amor da minha vida. ― Sirius sorriu com as lembranças da época da escola, mesmo que as lembranças causassem uma dor funda e ainda viva dentro de si. ― Eu te conheci, Sirius e você foi a pessoa mais amável que eu poderia ter tido. Você lutou por mim, mesmo eu desistindo de nós e eu sei, que eu errei demais com você, mas eu agradeço por você ter me perdoado e continuado ao meu lado. E eu acho que o Remus de 11 anos, totalmente amedrontado, entrando em Hogwarts e temente que seu problema peludo fosse o impedir de viver, estaria surpreso de onde eu consegui chegar graças aos Marotos e principalmente graças a você, Sirius. Eu hoje estou aqui, diante de você, formalizando nosso casamento, aceitando ser eu, você e Harry para todo sempre e eu tenho certeza de que todos nossos amigos que não estão aqui, estão felizes por nós.

Sirius sorria da forma mais boba possível, os olhos estavam cheios de lágrimas e ele podia jurar sentir que algo entorno dele estava o aquecendo, como se alguém o abraçasse naquele instante. Seus olhos fecharam por um instante rápido e eu teve quase que certeza de que James estava ali, o abraçando e contemplando sua felicidade ser escrita.

― Muito bonito e emocionante os votos. ― Comentou Arthur, parecendo realmente emocionado, abrindo a caixa que continha as duas alianças douradas. ― Agora eu preciso perguntar, você, Sirius Black, aceita Remus Lupin, como seu legitimo esposo?

― Sim, eu aceito. ― Sirius colocou a aliança no dedo anelar da mão esquerda de Remus, beijando-a logo em seguida.

― Remus Lupin, você aceita, Sirius Black, como seu legitimo esposo?

― Sim, eu aceito. ― Remus fez o mesmo, colocando a aliança no dedo anelar da mão esquerda de Sirius e a beijando carinhosamente.

― Eu os declaro, enfim, casados. Podem se beijar.

A união não era mágica como ocorria com casais de puro sangue nos anos já passados, sem voto de fidelidade, nem magia. E também não era a união oficial do Ministério Bruxo, uma vez que casamentos homossexuais ainda não eram reconhecidos. Era apenas a celebração da união dos dois diante dos seus amigos e a celebração do amor um pelo outro.

Sirius segurou o rosto de Remus com carinho, selado os lábios do esposo demoradamente, enquanto o outro o abraçava pela cintura. As palmas e assovios foram alto e ao fundo, ouviram Harry comemorando feliz por tudo aquilo.

Enfim, Sirius e Remus estavam vivendo o amor que mereciam.


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Notas finais do capítulo

Eu sou péssima em escrever declarações, mas espero que os votos de Sirius e Remus tenha ficado bom.



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