Sábado.

31 de julho de 1982.

O sol brilhava no céu despido de qualquer nuvem. A temperatura era agradável para o total alívio de Sirius e Remus, que haviam planejado aquele dia com tanta dedicação e esforço. O quintal da casa que ele havia comprado para viver com Remus e Harry estava com várias mesas decoradas com cores diversas, balões e pequenas vassouras encantadas voando por todos os lados.

A grande maioria dos convidados para a festa de dois anos de Harry já estavam presentes. As vozes e risadas altas, preenchiam o ambiente em junção com os gritos animado das crianças.

Sirius observou da porta da cozinha, a cena que lhe enchia o coração. Ver Harry correndo entre tropeços, junto com o Ronald Weasley, o fazia querer que James e Lily pudesse ver aquela cena.

Saiu finalmente do devaneio, indo em direção aos convidados, para poder agradecer a presença de cada um e celebrar aquele dia. Remus se juntou a ele no mesmo instante, tomando-o pela mão, parecendo finalmente não temer julgamento do relacionamento dos dois.

Sorriram juntos quando pegaram no colo a pequena Ginevra no colo, bobos com os grandes olhos atentos da pequena menina ruiva. Ofereceram-se para Arthur e Molly, caso fosse necessário cuidar dos meninos algum dia e se arrependeram quando viram George e Fred se pendurando em uma árvore alta, sem temer a queda.

― Depois quero te oferecer uma oportunidade, Sirius. ― Comentou Arthur, ainda rindo de Molly correndo para impedir que os gêmeos pulassem em direção de Percy, que mesmo sendo dois anos mais velho que Fred e George, parecia muito mais bobo. ― Remus comentou comigo esses dias que você está procurando por emprego.

― Claro! ― Falou animado, esperando ser uma oportunidade boa para ele poder recomeçar em alguma carreira, uma vez que de fato desistira de seguir com a carreira de auror. ― Obrigada, Arthur.

Antes de poder concluir a conversa, Arthur precisou correr em direção a Molly que parecia ter problemas com os filhos. Sirius riu, segurando Ginevra no colo, que havia sido esquecida pelos pais.

― O que foi, pequena? Seus pais te esqueceram? ― A voz boba de Sirius, fez Remus rir, levantando-se do lugar que estava sentado.

― Vamos ir falar com os demais convidados, Pad. ― Lupin pegou a bebê do colo do namorado, antes deles irem em direção a mesa dos demais convidados.

Andromeda parecia se divertir com a brincadeira entre Ted, Nymphadora, Bill e Charlie, quando Sirius e Remus chegara com a caçula Weasley, que logo migrou para o colo da Black.

Padfoot saudou as demais pessoas que estavam por perto e logo uma longa conversa se iniciou cheia de esperanças renovadas com o fim da guerra, com projetos e saudosas lembranças.

A tarde passou animada, entre todos os convidados, comidas, crianças. O ambiente tinha uma áurea leve e segundo Lovegood vários bichos estranhos que Sirius jamais lembraria o nome estavam espalhados e não aglomerados embaralhando as mentes de todos.

A hora de cantar o parabéns para Harry foi a mais fantástica que poderia existir na opinião de todos ali. As crianças cantavam entusiasmadas, principalmente o pequeno Potter que batia as mãos animados, cantando palavras do modo dele, enquanto ria ao ver as pequenas vassouras voando por cima do bolo de chocolate.

Sirius sujou o dedo com a cobertura de chocolate, lambuzando o nariz do afilhado. Remus riu da brincadeira, fazendo o mesmo, porém com o próprio Black. A felicidade de todos era algo que sempre ficaria gravado na memória de todos.

(...)

Após colocar um Harry exausto na cama e esperar o pequeno dormir, Sirius rumou ao banheiro da suíte que dividia com Remus. Ignorou o chamado do namorado e fechou a porta atrás de si, entrando na banheira vazia com as roupas ainda vestidas. Um soluço rompeu seus lábios ao mesmo tempo em que lágrimas deslizavam por sua face.

Lupin ao entrar dentro do banheiro, andou rapidamente em direção ao homem dentro da banheira, preocupado com o choro que começava tornar-se barulhento.

― O que foi, Pad? ― Questionou, ajoelhando-se do lado da banheira, deslizando os dedos pelos fios longos de Sirius.

― James e Lily deveriam estar vivos e fazendo essa festa e não nós. ― Respondeu, entre soluços.

Remus não soube o que responder e por tal motivo apenas permitiu que Black chorasse, como normalmente ocorria quando ele sentia falta de James. O choro sempre melhorava seu humor.

Sirius sentia-se destruído em todos os momentos felizes com Harry, em todas novas descobertas e em cada nova palavra falada certa. A lembrança de Potter sempre seria dolorida para todos, mas para ele, seria ainda mais sufocante, pois criava uma mini cópia do melhor amigo. E Merlim, como ele sentia-se perdido nos sentimentos ao ver o afilhado crescendo saudável e culpava-se quando deixava-se levar pela tristeza sufocante da ausência do seu irmão de consideração.

― Você me acha egoísta? ― Questionou, quando o choro já era menos intenso.

― Por qual motivo acharia isso?

― Por sempre me sentir triste pela perda de James, mesmo tendo uma boa vida com você e com Harry.

Remus sorriu com a resposta.

― Claro que não, a ausência de James ainda é muito recente, assim como a de todos que perdemos na guerra. É normal se sentir falta deles e chorar por isso.

Sirius mirou o namorado, sorrindo de modo triste, mas um pouco menos culpado.

― É normal, se sentir culpado por estar vivendo bem e feliz mesmo sem ele, assim como é normal você sentir-se egoísta de não se permitir se sentir cem porcento feliz. ― A voz de Remus o acalmava de uma forma que nem ele entendia direito. ― Mas precisamos começar tentar seguir, sem culpa, pois todos nossos amigos perdidos olham por nós e querem nossa felicidade, você não acha?

Padfoot ponderou, sentindo o afago carinhoso em seu cabelo.

― Acho sim, Rem. ― A voz saiu falha, quase silenciosa. ― Toma banho comigo?

Remus sorriu, aceitando imediatamente o pedido.