Reconstrução escrita por Gabs Germano, Indignado Secreto de Natal


Capítulo 15
Dumbledore




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Hogwarts sempre fora o sinônimo de casa para Sirius. Era o local seguro que o permitia ser quem era e o afastava de sua família, mesmo que a sombra de seu sobrenome o perseguisse. Entretanto naquele dia, Hogwarts estava longe de significar algo tão aconchegante como uma casa.

As paredes estavam frias demais. Os corredores silenciosos. E os fantasmas que Sirius avistavam eram sua memória mostrando James a cada metro percorrido. Ele jamais imaginou que Hogwarts seria tão cruel e dolorosa daquela forma, porém ele também não havia imaginado que aos 22 anos, ele estaria andando ali, para discutir uma decisão ridícula sobre a guarda de seu afilhado, pois seus melhores amigos haviam sido mortos.

Cada maldito corredor que ele passava, cada maldita porta. Tudo lhe fazia lembrar de James. Tudo. Não havia nem um passo que Sirius desse ali, que não trazia para dentro de si uma sensação insuportável de falta de ar e anseio de se esconder e chorar.

Seus passos foram ficando mais rápidos em direção a escada que dava para o escritório do diretor em uma vã tentativa de não se recordar de nada e fazer o que havia de fato ido fazer ali.

Ou quase isso, pois sua vontade mesmo era socar a cara do diretor pela ideia estupida de entregar Harry para os trouxas. Mas, ele não era louco e desrespeitoso o suficiente para tal atitude e ele havia prometido – quase ajoelhado – para Andromeda que só iria lá para uma conversa amigável.

Ao sentar-se na cadeira enfrente a mesa do diretor, Sirius sentiu-se uma criança. O escritório do diretor sempre fora imponente na visão do Maroto, com todos os quadros dos antigos diretores o olhando de um modo estranho e com sussurros sobre seu sobrenome. Naquele dia, os sussurros eram sobre sua roupa trouxa e sobre a guerra, mas os olhares eram o mesmo igual na infância. Tentou manter-se relaxado e canalizando seu nervosismo e ansiedade para as linhas desfiadas do rasgo proposital de seu jeans escuro.

Não demorou muito para o diretor chegar a sala, com suas vestes chamativas e coloridas. Sentou-se em sua grande poltrona, atrás da mesa, olhando de forma avaliativa o Maroto, o que deixou Sirius ainda mais ansioso.

― Fiquei surpreso com a carta que a senhora Tonks me mandou, solicitando que eu o recebesse, senhor Black.

Sirius sempre gostara e admirara Dumbledore acima de muitos outros bruxos, mesmo seus familiares dizendo que o velho era um grande erro na diretoria da escola. Ele admirava o homem por sua integridade, seus ensinamentos e principalmente pelo fato dele ter permitido que Remus tivesse uma educação bruxa normal, ocultando e auxiliando tudo a respeito de Moony ser um lobisomem. Entretanto naquele momento, ele só conseguia sentir vontade de mandar Albus Dumbledore para o inferno com a decisão incabível de deixar Harry com os tios trouxas.

― Surpreso? ― Questionou, rindo, ainda mexendo na linha solta do rasgo da calça, mas mirando o diretor. ― Sério, Dumbledore? Com todo o respeito, mas onde você estava com a cabeça quando deu a guarda de Harry Potter para os tios trouxas?

― Você não respondeu nenhuma das minhas cartas, senhor Black, achei que estava abrindo mão da guarda de Potter. ― Aquilo era patético na visão de Sirius, mas ao mesmo tempo doloroso, pois seu afilhado estava na situação que estava por sua culpa.

― Eu sei que tenho culpa nisso também, mas agora eu voltei e creio que os Dursley não sejam o tipo de gente certa para cuidar de Harry. Eu preciso que você deponha a meu favor, Andromeda conseguiu agendar a audiência para depois  do natal, daqui 20 dias.

― Sirius, creio que você não seja uma pessoa apropriada para cuidar do Harry. ― A voz de Dumbledore era calma, como se explicasse algo simples para uma criança de 5 anos. ― Você desapareceu por um mês, voltou como se nada tivesse ocorrido e nem uma casa tem direito. ― Os olhos azuis atrás das lentes em formato de lua o miravam com compaixão e preocupação, o que fazia Sirius sentir um desejo quase sufocante de gritar contra o diretor. ― Harry será famoso no nosso mundo, muito famoso e acho que crescer longe disso tudo é o melhor.

Sirius não suportou mais ouvir aquelas palavras ditas com tanta calmaria e as expressões suaves, além do olhar preocupado do diretor. Levantou-se com raiva, fazendo barulho ao arrastar a cadeira para trás. Em um ato impensado, apoio as duas mãos espalmadas na mesa de Dumbledore e aproximou-se do diretor.

― Eu sou o melhor para Harry, afinal James e Lily confiaram em mim para ser o padrinho dele. ― A voz saia baixa, mas tinha o tom irritado e quase de ameaça. ― Você não sabe nada sobre o que é melhor para ele, mas eu sei. Eu vi o que aqueles trouxas estão fazendo com meu afilhado, eu vi eles deixando Harry por mais de uma hora sozinho em casa. ― Dumbledore não se moveu em nenhum momento, apenas permaneceu daquele mesmo modo, os olhos atentos e com muita compaixão, o rosto inexpressível. ― Eu vou conseguir a guarda de Harry, pois é do meu lado e de Remus que ele tem que crescer.

Antes mesmo de esperar uma resposta, Sirius afastou-se da mesa do diretor, ajeitando a jaqueta de couro contra o corpo e saindo com passos pesados e batendo a porta com força antes de sair. Finalmente sentia-se o Maroto que era nos anos em que vivera naquele castelo. Iria lutar por Harry, mesmo que fosse com suas próprias mãos.

 

(...)

 

― Sirius, eu não acredito que você discutiu com Albus Dumbledore.

Padfoot se encolheu contra a poltrona com o tom de decepção da prima. Estava no escritório de Andromeda, pois assim que saíra de Hogwarts, recebera uma carta dela exigindo o ver.

― Velho fofoqueiro. ― Sussurrou, irritado. ― Mal sai de Hogwarts e ele já foi te contar nossa conversa.

― Sirius, eu preciso de verdade que você se comporte caso queira que te levem a sério e te vejam como um tutor responsável pela guarda de Harry Potter. ― Implorou Andromeda, olhando de forma séria para o primo. ― Estamos falando da guarda do seu afilhado, mas que significa o grande herói para o resto do mundo bruxo.

― Ok, me desculpa Andromeda, mas ele disse que Harry fica melhor com os tios e eu me irritei. ― Assumiu, suspirando. ― Eu só quero Harry comigo e com Remus logo.

Andie sorriu com a menção de Remus, percebendo que Sirius incluía o amigo involuntariamente.

― Eu também quero que vocês consigam a guarda do Potter, primo. ― Comentou com sinceridade, ainda sorrindo. ― Mas eu preciso que você se comporte, arrume um local decente para morar, pois precisa provar para o juiz que você tem como cuidar de Harry e um demonstrativo da sua herança, já que não tem um emprego.

― Entendido Andie. ― Murmurou descontente por estar sem um emprego fixo e por ter deixado para trás o treinamento de auror que havia começado junto com James e Lily.

― E nós deixamos dois aurores verificando os Dursley, além de enviar uma carta solicitando que Petunia comparecesse a audiência daqui 20 dias.

Sirius finalmente se animou um pouco mais, levantando-se do seu lugar e batendo as mãos em sinal de animação.


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