Diversus escrita por Gabriel Lucena


Capítulo 5
Queda livre




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Logo no dia seguinte, as notícias do salvamento de Mariana e o assalto ao bazar já estavam em todos os jornais e programas de tv.

EXTRA: Adolescente salva garota de atropelamento perto da rua das flores. 
Adolescente encapuzado derruba três assaltantes de um  bazar, comerciante diz estar: chocado e impressionado ao mesmo tempo: "Foi algo tão impressionante que eu até fiquei traumatizado,  nunca vi ninguém fazer isso antes" - disse ele.

O que ais chocou Rebekah, é que, ao ver a matéria, a garota que havia sido salva era sua amiga de sala, ambas faziam a faculdade juntas,  então ela poderia explicar melhor como as coisas aconteceram naquela tarde. Embalada por essas notícias, Rebekah ia com uma questão em sua cabeça: seria o menino encapuzado que salvou o bazar o mesmo que ab ateu aqueles dois bandidos duas noites atrás? Quem sabe? 

Ao chegar na Universidade, procurou pela amiga, a encontrando próxima dos armários.

— Amiga, você tá bem?  - disse ela, se aproximando.

— Oi Bekah, estou sim, por quê? - sorriu a amiga, a cumprimentando.

— Fiquei sabendo da notícia do salvamento, fiquei preocupada.

— Ah sim... foi muito estranho, logo depois de nos despedirmos, eu estava atravessando a rua quando um carro acho que avançou o sinal e quase me pegou, do nada eu me  vi no chão e o carro foi embora.

— Por quê não me ligou pra contar isso? - questionou ela.

— Eu até tentei, mas quando  voltei a andar, várias pessoas me cercaram falando para eu ir no  hospital, até que meus pais me levaram quando eu cheguei em casa, aí fui fazer uma bateria de exames que me impediram de te ligar.

— Exames? Só se tiver sido pra algum desequilíbrio mental, porque você estava em pé, caminhando. 

Ambas riram.

— Pois é né, que maluquice. 

Então, se caminharam para a sala de aula. 

                                                                   ***

Em algum lugar perto dali, há uma multidão desesperada, olhando o topo de um prédio de dez andares, onde uma criança estava pendurada, se segurando na borda do play para não cair, mas era óbvio que ela não ia aguentar muito tempo segurar.

— Filha, por favor,  segure aí até eles chegarem!- pediu a mãe, aflita.

— Estou tentando mamãe! - chorava a menina.

A mãe estava querendo tentar pegar algo para que a filha segurasse, mas tinha medo de sair de lá e ela, no desespero, acabar se desequilibrando e caindo. Enquanto isso, uma multidão se formava lá embaixo, viatura já estavam lá na frente bloqueando todos.

— Atenção, ninguém entra e ninguém sai do prédio enquanto os bombeiros não chegarem, essa é uma situação de emergência, precisamos manter o foco! - alertou um policial ao megafone.

— Alguém já ligou para eles? - perguntou alguém.

— Claro que já, estamos aguardando. - bufou o  mesmo policial.

Alguns minutos se passaram e aquele alvoroço continuou, a mãe desesperada tentando  alcançar a filha sem correr risco de cair e o povo lá embaixo desesperado com o que viam. A confusão era tanta que não repararam que alguém havia pulado os carros da polícia e rasgado as faixas listradas. Era Evan, novamente, encapuzado.

— Ei, o que está fazendo? Volte aqui! - disse um outro policial, soando o apito duas vezes, mas o garoto continuou correndo e entrando no prédio. Decidido, o policial foi atrás dele. Evan não quis saber de pegar o elevador, a adrenalina e a energia em seu corpo naquele momento o fez correr super rápido e ele achava  que demoraria muito para o elevador chegar lá embaixo.

— Pare! Em nome da lei! - ordenou novamente o policial, subindo as escadas correndo atrás dele, mas Evan era muito rápido e subia de form precisa, sem nem escorregar. Ao chegarem no quinto andar, o policial não aguentou mais e parou de correr, se sentando no degrau para descansar, enquanto Evan continuou correndo, ele sabia que era uma luta contra o tempo para ele, pois a qualquer momento a garotinha poderia não aguentar mais. 

Depois de alguns minutos, chegou ao último andar, ou o penúltimo, pois ainda faltavam as escadas que levariam para o play do prédio, mas esse ele não subiu, no tempo em que esteve lá embaixo olhando tudo, bolou um plano de como salvar a garotinha. Ao chegar, Evan viu uma porta do corredor aberta, provavelmente o morador devia ter descido ou subido para ajudar a mãe a resgatar sua filha. Sem perder tempo, ele entrou e seguiu o som das vozes. 

— Mamãe, me salva! Não aguento mais! - implorou a garotinha, desesperada.

— Calma filha, estou tentando te segurar sem correr o risco de cair! Já estou indo! - pediu a  mãe.

A menininha continuou agarrada à grade de ferro que a impedia de cair, porém, ela estava quase cedendo, a preocupação era enorme com  o risco dela ceder. A equipe de produção de TV da cidade  chegou lá e começou a transmitir ao vivo.

— Senhor Robert, o garoto conseguiu subir! -  disse o walkie talkie do policial lá embaixo.

— Seu incompetente, como você deixa ele escapar? Não falei que ninguém pode subir? -  esbravejou ele.

— Eu sei mas, ele correu tanto e subiu as escadas bem rápido, eu não aguentei. - a voz dele estava ofegante.

Quando a mãe finalmente tomou atitude e resolveu sair para buscar algo pra ela se segurar, o inevitável aconteceu: a grade começou a cair deixando todos chocados e desesperados. A menininha começou a gritar, mas Evan chegou bem naquele momento e pulou pela janela, logo pôde-se ouvir um barulho de vidro sendo quebrado. Como ele pulou bem na hora que a garotinha caiu,  ele conseguiu segurá-la  nos braços e a deixou ali, encolhida, num abraço forte, como se estivesse a protegendo de algo perigoso enquanto estavam em queda livre.

— Gente, olha lá! - disse uma moça que estava entre a multidão.

Todos, inclusive os policiais, olharam Evan e a menininha em queda livre abraçados, era lógico que iam morrer, mas o mais impressionante era o garoto tentando se "sacrificar" para salvá-la. 

Tudo foi muito rápido, estavam todos esperando a queda deles no chão, mas não foi o que aconteceu. Quando Evan chegou no primeiro andar, agarrou uma mão no parapeito da janela e com a outra, manteve a garotinha segura. Seu capuz, com o vento, descobriu sua cabeça. Todos vibraram.

— ISSO GAROTO! BOA!! - gritou uma  pessoa, sorrindo de orelha a orelha. Outras pessoas batiam palmas, comemorando.

Nesse momento, os bombeiros chegaram.

— Ei, qual o problema? - perguntou o motorista, mas logo ao ver a situação se apressou.

— Rápido, peguem a rede, vamos resgatar aqueles dois! - ordenou ele. - Quando a rede estava pronta, ele pegou o megafone. - Podem pular, não tenham medo, a rede vai segurar vocês.

Mesmo assustada, quando ela viu os bombeiros ali,  parados, prontos para lhes resgatar, a garotinha abriu um leve sorriso e olhou para o garoto, que continuava ali, parado, sem se mover.

— Ei, pula, pode pulá, eles vão  nos salvá. - ela disse, tocando no rosto dele para poder o olhar e incentivá-lo a pular. Quando ela o olhou, seus olhos estavam totalmente brancos, mas mesmo com aquele aspecto bem aterrorizante, ela não ficou com medo, apenas esperou ele reagir.

— FILHA! Você está bem? - gritou a mãe, em prantos, chegando lá embaixo próximo aos  bombeiros.

— Vamos, pulem! - repetiu o chefe.

O garoto então soltou o parapente e ambos caíram sãos e salvos na rede, para delírio de todos.

— Estão bem? Se machucaram? - perguntou um dos  bombeiros ao tirar eles da rede,  Evan olhou os bombeiros, que assustados, recuaram, mas  resgataram a menina enquanto ele saía de lá  pelo outro lado.

— Pare! Você está preso! - falou Robert, indo atrás dele com as algemas, mas foi parado pelo  bombeiro.

— Ei senhor, por quê prender o garoto? Ele salvou a vida dessa garotinha! - disse ele.

— Não interessa, ele estava proibido de ultrapassar essa faixa amarela mas ultrapassou mesmo assim. Isso é um crime e ele vai pagar por isso! 

— Agora não é hora de pensar nisso, temos que investigar o caso! - insistiu o bombeiro, o contendo.

— Ei senhora, o que houve com sua  filha? Por quê ela estava lá?  - perguntou a repórter. 

— Estávamos brincando de vôlei quando eu bati na bola com muita força e na adrenalina de pegar, minha filha acabou debruçando na grande que impede a queda,  mas ela quebrou! 

— Meu deus, que perigo. Deviam colocar uma grade nova então! 

De longe, Evan observava tudo escondido, iria esperar a confusão toda acabar para aí  sim, ir embora, não queria que a polícia o pegasse e tinha que voltar pra casa logo.


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Notas finais do capítulo

Que coragem hein? Rs