Amazing Grace escrita por Val Rodrigues


Capítulo 9
Capitulo Nove




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Pov Nathan

— Pronta para amamentar, mamãe? A enfermeira perguntou e Manoela me lançou um olhar preocupado.

— Eu não sei o que fazer. Admitiu.

— Eu posso sair se achar melhor.

Ofereci, não querendo deixa-la desconfortável. 

— Deixem de bobagem. Não é necessário que saia. Vocês vão ver que é muito simples. 

A enfermeira complementou com a voz tranquila e amigável.

— Esta bem. _ Manu concordou e eu permaneci quieto. Ela começou a falar e Manoela foi seguindo suas orientações uma a uma.

Sorri percebendo a singularidade do momento.. Uma cena única e especial. Manoela estava tão imersa na situação que os dois pareciam conectados de uma forma incrível, totalmente imersos em uma bolha só deles. 

— Muito bem. _ A enfermeira voltou a falar e só então lembrei que ela ainda estava presente no quarto. _ Agora, que tal o papai coloca-lo para arrotar?

Acenei concordando e após me auxiliar na forma correta dele ficar, permanecei dando leves batidinhas em suas costas minúsculas.

Um som alto de sua garganta nos fez sorrir abobalhados. 

— Pronto. Viram só? É fácil, não é? 

— Obrigada. Manoela agradeceu e ela acenou saindo do quarto. 

Fiquei com ele em meus braços um pouco mais, notando o cansaço em seu rosto. 

— Porque não aproveita e descansa um pouco? Sugeri. 

— Ia ser ótimo. Vai continuar aqui? 

— Claro. Respondi colocando nosso pequeno no berço minúsculo ali, enquanto ela  um bocejava se ajeitando devagar na cama, com uma leve careta de dor.

— Está com dor?

— Um pouco, mas a enfermeira disse que é normal. Ela já colocou o remédio no soro.

Me aproximei, fazendo um leve carinho em seu rosto.

— Você foi muito forte hoje. Disse e ela sorriu com os olhos fechados. 

— Não tenho muito certeza disso. Acho que os médicos não concordariam com você. _ Brincou e eu ri. _ Fiquei com medo de não conseguir. Murmurou sem nenhum traço de brincadeira em sua voz.

— Você conseguiu amor. _ Falei baixo percebendo o sono a levar. _ Devia ter me visto na sala de espera, fiquei tão ansioso. Foi horrível. Cochichei.

Me abaixei dando um beijo leve em seu rosto. Agora ela estava adormecida. 

Dei mais uma olhada no Kaio que também dormia ao seu lado e sentei na poltrona de acompanhante que tinha ali.

Respirei fundo deixando um pouco da tensão que me acompanhara durante toda a madrugada e manhã se esvair. Tudo estava bem agora. Eu era pai. Sorri com minha constatação e meu celular vibrou com uma mensagem da minha irmã. Avisei que estava tudo bem e que avisaria quando a visita fosse liberada. Minha mãe já havia voltado para casa e só retornaria no horário de visitas, aproveitando para trazer as bolsas com as coisas da maternidade, já que na pressa, haviam ficado para trás.

Um pouco depois, Kaio chorou e me levantei desperto para pega-lo. Manu ainda dormia e eu fiquei a nina-lo devagar em meus braços. 

— Tudo bem filho. Papai esta aqui. _ Falei caminhando pelo quarto lentamente. Ele era tão pequeno e tão frágil que eu tinha medo de fazer algum movimento demasiado e machuca-lo. _ Não quer mais dormir? Tudo bem. Vamos ficar um pouco com o papai, por que a mamãe precisa descansar. Sorri percebendo-o se acalmar em meu colo.

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— Nossa. Ele é tão lindo. Minha mãe repetiu e nós sorrimos.

Esta era frase principal de quem entrava no quarto para conhecê-lo, e cada vez mais, meu peito inflava de orgulho. 

— Obrigada dona Kristin. Manoela falou com um sorriso.

Olhei ao redor. Meus pais, minha irmã, meu futuro sogro e Dona Valentina, todos ao mesmo tempo na visita. Sorri. Cortesia da dona Giselia que estava de plantão no hospital.

— Megan. _ Chamei baixo vendo minha mãe conversar com Manoela e ela quieta no canto. _ O que foi?

— Nada. _ Respondeu se aproximando. _ Seu filho é lindo. 

— Obrigado. _ A encarei com atenção. Era óbvio que algo a incomodava e uma ideia me surgiu. _ Eu estou faminto. Não consegui comer nada mais cedo. Vamos à lanchonete comigo? Não quero comer sozinho.

Minha mãe e Manoela nos olharam. 

— É verdade. Ele ficou o tempo todo andando de um lado para o outro, nunca vi tanta ansiedade. Nem parece que é bombeiro e já se deparou com varias situações de emergência.

Minha mãe comentou despreocupada e todos riram.

— A situação era outra mãe. _ Justifiquei sabendo que ela tinha razão. _ Não demoro.

Avisei quando eles continuaram rindo e abri a porta, esperando minha irmã passar. 

Eu estava mesmo com fome. Notei quando nosso pedido chegou e minha boca salivou. Passei os minutos seguintes devorando um sanduíche enquanto Megan tomava um milk shake a minha frente.

— Não me olhe assim. Falou e eu franzi o cenho aproveitando para limpar as mãos com o guardanapo na mesa.

— Assim como?

— Com esta cara de quem sabe tudo. Reclamou. 

— Não sei tudo, mas conheço minha irmã o suficiente para saber que algo está incomodando. _ Revidei com a voz branda.  _ O que foi?

— Eu não quero falar. Você vai me achar uma egoísta invejosa. Falou desviando o olhar. 

— Megan, qual é? Sou eu, seu irmão. Sempre confiamos um no outro. Falei preocupado. Ela deu um longo suspiro antes de me olhar. 

— Eu tenho raiva de mim por pensar assim, ainda mais  um momento como este, mas é que...parou baixando o olhar, permaneci quieto esperando. _ Quando eu vi o Kaio e a forma que você a Manu estavam com ele, lembrei do que eu não tenho. Que talvez... eu nunca vá viver este momento. Confessou cheia de tristeza e pesar na voz.

Eu sabia que o assunto família era muito delicado para ela e estava certo em perceber seu desconforto.

— Eu sei, sou uma pessoa horrível, não precisa dizer. Completou rapidamente.

— Megan, você está muito longe de ser uma pessoa horrível. Já esqueceu quem me apoiou quando nossos pais questionaram minha decisão, quem os convenceu a me ouvir?  E quem me convenceu a dar ouvidos aos meus sentimentos e lutar pela mulher da minha vida?  

— Sim, mas... Ela secou o rosto.

— Olha, eu não vou dizer que te entendo por que estou muito longe disso. Mas eu estou aqui sempre que precisar. Você é a pessoa mais corajosa que eu conheço, é guerreira e não se deixa abater, pelo contrário, você luta e fica mais forte, mais determinada.

— Obrigada. _ Ela disse me olhando desta vez. _ Mas não acho que isso dependa de mim, ou da minha força e determinação de qualquer forma. As vezes, o universo me parece muito injusto.

— Sinto muito.

— Não sinta. _ Ela falou tomando uma longa respiração. _ Você tem razão. Já acabou? Eu também quero segurar meu sobrinho no colo.

E foi o que ela fez. Assim que voltamos para o quarto, Megan segurou Kaio em seus braços. Manu me olhou, notando a mudança, e eu dei um leve beijo em seus lábios.

— Esta tudo bem? Perguntou assim que me aproximei. 

— Tudo ótimo. Respondi.

Ficamos a conversar mais um pouco até a hora da visita acabar e eles irem para casa.

— Vai dormir nesta poltrona? Ela perguntou quando já tinha jantado e estava mais uma vez amamentando o Kaio.

— Sim. 

— Ela não parece ser muito confortável para passar a noite. 

— Eu me viro. É apenas uma noite ou duas. Expliquei.

— Aliás, foi muita gentileza dos seus pais convidarem meu pai e a Dona Valentina para ficar na casa deles. Preciso lembrar de agradece-los. 

— Tudo bem. Concordei me acomodando melhor na poltrona. 

— Eu nunca te contei sobre isso, mas... eu já havia conhecido sua mãe antes daquele jantar. Quer dizer, ainda não havíamos sido oficialmente apresentadas, mas... Franzi o cenho, não entendendo e ela começou a explicar tudo.

— Por isso você não queria conhece-los. Agora tudo faz mais sentindo. Por que não me contou antes?

— Eu ia contar, mas não queria causar intriga na sua família. Sei lá, não conseguia encontrar o momento certo para dizer. E alem disso, a forma que sua mãe me recebeu no jantar aquela noite e como me defendeu da Helen no banheiro, me fizeram mudar minha opinião sobre ela. 

 Sorri para a minha noiva, que agora colocava nosso filho para arrotar em seus braços.

— Sabe de uma coisa? Minha mãe é do tipo que vira uma leoa para defender os seus. Você viu com a Dona Giselia, e depois com você. 

— Você esta querendo dizer que ela gosta de mim? Perguntou com um sorriso maroto e eu dei de ombros, com leveza.

— Tire suas próprias conclusões disso amor. Falei indo ate ela e tomando o nosso filho nos braços. 

 

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Pov Manoela

DOIS MESES DEPOIS...

Aos poucos fomos construindo nossa própria rotina. E a medida que as semanas passavam, eu me sentia mais segura do que queria. Mas do que nunca, eu queria me tornar sua esposa, em todos os sentidos.

Suspirei observando o sol se pôr com um sorriso no rosto.

— Esta pronta?  Meu pai perguntou e eu girei encontrando seu olhar orgulhoso.

— Sim. Eu estou.

— Nathan vai se apaixonar novamente quando a vir assim. Você esta linda filha. Sorri.

Ao som da música suave começamos a caminhar.

Nathan estava deslumbrante em seu smoking preto, cabelos cortados e um sorriso emocionado no rosto. Seu olhar me prendendo por completo.

Caminhei para ele e por um momento parecia haver apenas nós dois ali.

Se olhassem para nós, a nossa história, ninguém apostaria que chegaríamos aqui. Para ser sincera, até eu demorei um pouco a acreditar. Mas agora olhando em seus olhos, tudo parecia estar em sincronia, cada coisa em seu devido lugar.

— Nathan, Manoela. É com grande alegria que celebramos hoje a união de vocês. _ O pastor começou e nós dois sorrimos cúmplices, emocionados.

— Neste momento de celebração eu quero começar, fazendo uma breve reflexão. “Podem dois andar juntos se não estiverem de acordo?” _ O pastor perguntou após iniciar a cerimônia. _ Não meus queridos. Haverá momentos em que desafios virão, momentos em que não serão fáceis, mas que ambos deverão permanecer unidos e enfrenta-los. E vocês poderão se perguntar, como fazer isso? Simples. O casamento precisa ser como um cordão de três dobras, que não se rompe facilmente.

Dirigindo o olhar a nós dois, ele voltou a discursar. 

— Manoela você é a primeira volta, Nathan você é a segunda, para proteger e cuidar de sua família, mas ainda assim não é forte o suficiente para resistir às provações da vida. Mas se vocês colocarem a Terceira dobra, que é Deus, se convidarem o Espírito Santo para conduzir está união, aí então, haverá desafios, mas em todos eles haverá vitórias. Por que Deus é Amor, e o perfeito amor que lança fora todo medo. 

Sorri contemplativa sentindo Nathan apertar meus dedos em resposta.

— Nathan e Manoela, lembrem-se sempre, que o amor é paciente e bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Sabendo de tudo isto, eu pergunto a vocês, é de livre e espontânea vontade que desejam realizar este matrimonio?

— Sim. Respondemos em uníssono. Nossas vozes ecoando pelo local como uma confirmação.

— As alianças. Pediu e Nathan tirou a caixinha de veludo do bolso.

— Manoela, esta aliança é o símbolo do meu amor e da minha fidelidade. Sorri emocionada enquanto ele deslizava por meu dedo anelar e depositava um beijo ali.

— Nathan, com esta aliança eu prometo te amar, te respeitar e ser fiel por todos os dias das nossas vidas. Ele sorriu, os olhos transbordando emoção.

— Nathan e Manoela, vocês agora estão casados. Portanto, o que Deus uniu o homem não separe. Nathan, pode beijar sua esposa. Declarou.

Nathan abraçou-me pela cintura, enquanto um sorriso brincava em seus lábios. Joguei os braços em seu pescoço o abraçando de volta. Aplausos e assovios romperam no ar, enquanto eu sentia seus lábios nos meus e sorri envergonhada, escondendo o rosto em seu pescoço. Nathan gargalhou me apertando de lado contra si.

— Eu sei que estão todos ansiosos pelo banquete que os noivos irão servir. _ O pastor falou arrancando sonoras gargalhadas dos presentes ali. _ Mas antes, os recém-casados me pediram para apresentar o novo integrante da família.

Kristin se aproximou, colocando Kaio nos braços do pai, que sorriu orgulhoso ao perceber que ele usava uma copia exata do smoking dele, deixando nosso pequeno ainda mais fofo.

Todos começaram a aplaudir sorrindo e Nathan girou com Kaio nos braços de um lado para o outro, exibindo o nosso filho aos convidados.

E foi assim, nossa festa de casamento. Simples, pequena, mas muito recheada de amor e alegria. 

.........................

Os convidados já estavam de partida. Kaio dormia no bebê conforto e meus pés latejavam no salto.

— Pronta para irmos para casa? Nathan perguntou me abraçando.  Descansei minha cabeça em seu peito.

— Não vejo a hora.

— Alguém esta ansiosa. Brincou rindo me deixando encabulada.

— Sim, eu não vejo a hora de arrancar estes saltos, tomar um banho e dormir a noite toda. _ Seu rosto em choque me encarou e eu gargalhei o abraçando pelo pescoço. _ Vamos para casa. Concordei.    

— Vamos pegar o Kaio. Ele disse me puxando pela mão.

— Sobre isso, Megan se ofereceu para cuidar dele esta noite. _ Revelei um pouco sem jeito. _ Eu já preparei uma bolsa extra com a mamadeira e tudo o que ele pode precisar.

— Tem certeza? Perguntou. Acenei em concordância.

Era a primeira vez que me afastava dele e meu coração estava ansioso por isso. Por outro lado, eu sabia que precisávamos de um tempo só nosso.

— A gente pode leva-lo, amor, sem... coloquei um dedo em seus lábios cortando sua frase e ele me olhou.

— Vamos para casa. Pedi novamente.

Nathan beijou-me longamente antes de me abraçar pelos ombros e nos levar para o carro.


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Notas finais do capítulo

Nathan é ou não é um pai deslumbrante?



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