Amazing Grace escrita por Val Rodrigues


Capítulo 10
Capitulo Dez


Notas iniciais do capítulo

Bom dia. Tudo bem?



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Pov Manoela

O pequeno salão que alugamos para a cerimônia não era longe. Ainda assim, fizemos o percurso em silencio, cada um envolvido em seus próprios pensamentos.

Nathan apertou minha mão, assim que descemos do carro e eu me senti ainda mais ansiosa.

— Tudo bem? Você ficou calada o caminho inteiro.

— Acho que estou um pouco ansiosa._  Confessei. _ E também não sei o que fazer.

— Não se preocupe com isso. Ele pediu abrindo a porta de casa e eu ofeguei levando as mãos a boca.

— Nathan... Emocionei-me ao notar um caminho com passos e rosas vermelhas, levando na direção do nosso quarto.  _ Você é cheio de surpresas. Falei o olhando e ele se aproximou me abraçando.  Meu coração aos saltos.

— Esta tudo bem meu amor. Falou e só então percebei que tremia.

— Me desculpe...

— Não se desculpe. Jamais se desculpe por ser você. Ele falou erguendo meu queixo com os dedos. O beijei. Ainda em seus braços, com os olhos fechados murmurei.

— Eu te amo. Mas estou apavorada... uma lagrima caiu e ele secou. 

— Teremos todo o tempo do mundo. Garantiu me olhando.

E eu senti tanta confiança, tanto amor em seus olhos que palavra nenhuma conseguia explicar.

— Não quero esperar. _ Continuei corajosamente. _ Ate agora a única coisa que me vem à mente nestes momentos é a dor. Mas eu sei que com você vai ser diferente. Quero que me mostre como é ser amada. Quero que nossas lembranças substituam qualquer outra imagem em minha memória.

Ele encostou a testa na minha beijando a ponta do meu nariz.

— Se em algum momento, se sentir desconfortável, me avise e paramos, tudo bem? _ Acenei concordando. _ Nunca vou machucar você. Murmurou.

— Eu sei. _ Sorri. _ Confio em você.

Ele sorriu me beijando. Senti seus braços me erguerem e nos levar para o quarto. Quando minhas costas tocaram o colchão e seu corpo envolveu o meu, cada partícula do meu corpo reagiu, e ali só restavam, ele, eu e nosso amor.

Esperamos todo este tempo e foi simplesmente perfeito. 

....................

— Acorda dorminhoca. Nathan beijou meu pescoço e eu me encolhi sentindo cócegas.

— Já amanheceu? Perguntei bocejando.

— Sim. E temos que ir buscar nosso filho. _ Ele falou e eu pulei da cama assustada. _ Calma.

— Você falou com a Megan?

— Sim, ele esta bem, mas acho que estranhou um pouco ambiente e demorou para dormir.

— Meu bebê...

— Vai tomar um banho e nós vamos busca-lo. Ele disse me acalmando.

— Esta bem.

Nos arrumamos em tempo recorde. Quando tocamos a campainha, Claudio abriu a porta com cara de sono. Kaio estava no colo de Megan.

— Entrem. Ele pediu e eu praticamente invadi a sala indo ao encontro deles. 

Megan o colocou em meus braços assim que eu os alcancei e eu abracei meu pequeno sentindo seu cheirinho inconfundível.

— Acho que ele sentiu sua falta. Megan falou e eu olhei.

— Obrigada Megan. E desculpe incomoda-la assim.

— Não foi nada. Senta e amamenta ele. Fica a vontade. Amor, vamos à cozinha fazer um café.

Ela chamou e eles saírem, provavelmente para me dar mais privacidade. 

Megan tinha razão. Kaio sugava faminto e meu coração doía ao vê-lo assim.

Nathan sentou ao meu lado e beijou a cabecinha.

— Ei amor. Esta tudo bem.  _ Balancei a cabeça concordando e ele secou uma lagrima no meu rosto. _ Não chora. 

— Não estou chorando. Falei com a voz embargada.  

Ele não falou nada, mas permaneceu nos olhando. Nathan pegou Kaio para faze-lo arrotar e acabamos tomando café com Claudio e Megan enquanto nosso pequeno dormia tranquilamente no bebê conforto.

— O casamento de vocês foi tão lindo. _ Megan começou e eu sorri. _ E as palavras do pastor? Tão intensas, não é? Ela refletiu e percebi Claudio dar um beijo em seu rosto.

Eles formavam um casal lindo juntos e só faltava o filho que ela tanto sonhava para completar aquela família linda e trazer mais felicidade.

— Obrigada.  Ficamos a conversar um pouco mais antes que resolvi que era hora de voltarmos para casa.

.................................

Alguns meses depois...

— Pai, que surpresa! Falei ao vê-lo parado a minha porta ao lado de um homem que eu não conhecia.

— Oi filha. Como esta? Perguntou me abraçando de lado.

— Bem. _ Respondi me soltando. _ E o senhor?

— Onde esta o Nathan? Perguntou ignorando minha pergunta.

— Ele esta no trabalho. Respondi olhando dele para o homem com expressão séria ao seu lado.

— Manu, este é o detetive Meireles. Ele é o novo delegado da Delegacia da nossa cidade.

O homem me estendeu a mão, e por educação fiz o mesmo, aceitando o cumprimento.

— Prazer em conhecê-la Manoela. Apertei sua mão rapidamente, voltando minha atenção ao meu pai novamente.

 _ O senhor não me avisou que viria. Aconteceu alguma coisa?

— Decidi de ultima hora. Nós precisamos conversar. Falou e eu acenei liberando o espaço da porta para que eles entrassem.

Nos sentamos no sofá e eu os encarei aflita. Algo na postura tensa do meu pai, me deixando em alerta.

 _ Acho que encontramos o infeliz que te fez mal. Pisquei perplexa.

— Como é? Murmurei olhando de um para o outro.

— Manu venha comigo. Você precisa abrir uma queixa contra ele para que a justiça possa prende-lo.  

— Espera. O que o senhor disse?

— É verdade Manoela. Estamos investigando a tempos e seu depoimento seria muito importante.

— Já faz tempo que isso aconteceu. Rebati.

— Pelo que seu pai me contou, você ainda era menor de idade quando o abuso aconteceu. Então você ainda pode prestar queixa. Explicou.

— Vamos Manu, quanto antes resolvermos isso, será melhor. Avise ao Nathan, pegue o que precisa para você e para o Kaio e vamos para a minha casa.

— Eu não vou. Falei negando com a cabeça.

— Filha, eu sei que é difícil de enfrentar esta situação...

— Não. O senhor não sabe. _ Disse o cortando. _ Eu demorei tanto para me sentir bem novamente, para voltar a viver. Pai, eu quero deixar o meu passado para trás.

— Sim, eu seu disso, mas precisamos pegar este infeliz. Ele precisa pagar pelo que fez a você.

— Eu não contei nada na época por que queria justamente evitar tudo isso. Não quero que as pessoas olhem para mim e digam “coitada.” Não quero ter que ver as pessoas me julgando ou falando de mim por ai. Tudo o que eu quero agora é poder viver com tranquilidade com o Nathan e criar o Kaio ensinando o Caminho certo para ele. _ Parei tomando fôlego. _ Pai me desculpe, mas não posso fazer o que esta me pedindo.

— Manoela me escute um momento, por favor. _ O detetive começou e eu o olhei sem nenhuma disposição de ouvi-lo, mas isso não o impediu de continuar. _ Você tem todo o direito de viver a sua vida sem deixar que este desgraçado a prenda em suas teias, mas ele esta por ai a solta e pode fazer a mesma coisa a outras garotas, meninas inocentes como você. Precisamos fazer tudo o que pudermos para captura-lo.

Baixei o olhar indecisa e incomodada por suas palavras e apertei monhas mãos, tentando raciocinar com clareza.

— Eu não vou mais incomoda-la, mas peço que pense nisso um pouco mais antes de decidir. Obrigado por me receber. Boa tarde. _ O detetive saiu tocando o ombro do meu pai. _ Vou esperar la fora. Vi quando meu pai acenou concordando.

Meu pai soltou um longo suspiro antes de me olhar.

— Filha, eu, mais do que ninguém quero que seja feliz e que deixe tudo isso para trás, mas ele precisa pagar pelo que fez. A policia precisa colocar este infeliz atrás das grades. Sei que não posso obriga-la a fazer e vou respeitar o que você decidir filha. Pense com calma, converse com seu marido e decida depois.

— Esta bem. Concordei. Ele sorriu me abraçando.

— Eu vou indo, estou de carona com o detetive Meireles. Me liga quando decidir? Acenei concordando. Ele beijou minha testa e depois o Kaio no andador, antes de sair.

A porta bateu deixando um eco atrás dele.

E agora? O que eu faria?

Soltei um longo suspiro abraçando meu corpo no sofá. Eu enterrei todas estas lembranças no fundo da minha memória, em um lugar onde jamais gostaria de voltar a acessar, e só de imagina-las saindo, ganhando forma novamente, meu corpo tremia.

 Um pouco aérea, dei uma rápida olhada em Kaio que continuava distraído com o som da televisão. Procurei o celular discando o numero de Nathan. Já estava desistindo após vários toques quando sua voz soou na linha.

— Oi amor.  Ouvi sua voz sorridente. Apertei os lábios sendo invadida por uma imensa vontade de chorar. _ Alo, Manu? Nathan falou e eu me dei conta de que não havia dito nenhuma palavra sequer.

— Oi. Comecei.

— O que foi? Esta tudo bem? É o Kaio? Perguntou e desta vez sua voz soou preocupada.

— Não se preocupe. O Kaio esta bem.

— E você? Ele perguntou.

— Eu só queria ouvir sua voz. Falei.

— Agora eu estou preocupado. O que aconteceu? 

— Tem uma coisa que eu preciso falar quando você chegar. Não queria mentir para ele, mas também não queria falar por telefone. Ponderei.

— Sobre o que? Questionou.

— Não se preocupe, conversamos quando chegar, esta bem?

— Manu, se não quer que eu me preocupe, me garanta que você e o nosso filho estão bem.

— Sim. _ Respondi. _ Nós estaremos em casa te esperando para jantar, tente não se atrasar.

— Vou estar ai o mais rápido que eu puder.

— Nathan. Chamei temendo que ele estivesse desligado.

— Sim? Sua voz voltou à linha.

— Eu te amo. _ Falei sentindo uma necessidade urgente de dizer aquelas palavras. _ Te amo muito.

— Eu também. Nos vemos daqui a pouco. Falou desligando.

Sentei de volta no sofá apertando o celular em minhas mãos. Eu não vou chorar. Não vou chorar. Pensei, sentindo meus olhos queimarem.

.............................

 

— Cheguei. A voz de Nathan encheu a casa, e sai do quarto ainda ninando Kaio nos braços. _ Oi amor, ele já dormiu? Perguntou beijando a cabeça do nosso pequeno em tom de voz baixo.

— Quase dormindo. Respondi após ganhar um selinho.

— Queria vê-lo acordado, mas não pude sair antes. Lamentou, como sempre acontecia quando seus plantões se prolongavam.

— Quer jantar? Perguntei.

— Sim.

— Vou coloca-lo no berço. Avisei. 

.....................

­_ Você disse que queria conversar hoje mais cedo no telefone. Ele disse me abraçando. Já havia jantado e agora estávamos ambos de pijama, deitado lado a lado, em nossa cama. Seu olhar sobre o meu.

— Sobre isso...meu pai veio aqui hoje. E trouxe um detetive com ele.

— Um detetive? Por quê? Nathan perguntou franzindo o cenho.

— Eles acham que encontraram aquele homem.

Nathan sentou-se surpreso e eu o acompanhei.

— Pegaram ele? Como? Quem é?

— Eu ainda não sei.

— Por isso sua voz estava aflita no telefone mais cedo. _ Falou me olhando e eu me aconcheguei em seus braços, voltando a nos deitar. _ O que vai acontecer agora?

— Eu estou tão confusa no momento. Por um lado, quero esquecer e deixar tudo isso para trás, mas por outro... o detetive disse que outras garotas pode ser vitimas dele.

— Não é tarde demais para uma denuncia? Nathan perguntou externando minha dúvida. 

— Não sei bem. Não quis ouvir o que o detetive tinha a dizer, acho que por isso ele não explicou muita coisa.

— Mas esta pensando sobre isso desde então. _ Acenei, soltando um longo suspiro. Nathan me conhecia tão bem. _ O que pretende fazer? .

— Não faço ideia. O que acha que eu devo fazer? Perguntei buscando uma luz em meio ao caos da minha indecisão.

— A decisão é sua. _ Falou simplesmente. _ Ninguém pode obriga-la a tomar uma atitude que não se sente bem com ela. 

— Vai concordar com a decisão que eu tomar? Perguntei, virando o rosto para olha-lo.

— Claro que sim. _ Afirmou. _ Quero o melhor para você.

O beijei longamente. Naquele momento queria apenas esquecer. Encostei minha testa na dele, para voltar a respirar novamente.

— Não quero pensar sobre isso agora. _ Murmurei, ainda de olhos fechados. _ Me ajuda a esquecer. 

Nathan colocou suas mãos sobre minha nuca, me puxando para si, em uma reposta muda ao meu pedido.

...........................

— Café? Perguntou me estendendo a xícara e eu sorri agradecendo.

— Obrigada amor.  

A parte boa do trabalho por escala de Nathan, era que havia muitos dias assim, onde ele ficava em casa, e se fazia presente em tudo.

O casamento não o fez perder o seu lado cuidadoso.

— Nossa. Acordamos tão cedo assim? Falei percebendo que o primeiro jornal da manha estava apenas começando na televisão.

Ele sorriu sentando-se ao meu lado e pegando um pouco do cobertor para si, com sua própria xícara em mãos.

— O que fazer? Nosso pequeno gosta de atenção logo cedo. Sorri.

Isso também não mudou. A forma com ele falava e tratava o Kaio tinha o poder de aquecer o meu coração, sempre.

— E você? Conseguiu dormir?

— Sim. Você me distraiu bastante. Sorrimos juntos.

— Mas?                      

— Eu acho que deveria pelo menos ouvir o que o detetive tem a dizer. Talvez eu não possa fazer nada, mas se eu puder, não quero ficar parada e depois descobrir que o mesmo aconteceu com outras garotas por causa da minha covardia.

— Ei. Olha para mim. _ Pediu segurando meu queixo. _ Você não é covarde.

— Então por que eu quero me esconder toda vez que algo acontece?

— Por que você é humana, não se cobre demais. Falou somente.

Levantei do sofá e caminhei ate a cozinha colocando a xícara na pia.

— Ainda assim, acho que preciso tentar. Eu vou ligar para o meu pai. Falei parando a sua frente.

— Tem certeza? Perguntou seriamente e eu acenei.

  


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