Amazing Grace escrita por Val Rodrigues


Capítulo 4
Capitulo Quatro




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Pov Manoela

Eu não sabia ao certo o que pensar. Mas, pela primeira vez em muito tempo consegui dormir com a sensação do seu calor, ainda mais quando seus lábios tocaram minha testa. Somando isso ao fato de que eu sentia como se meu fardo estivesse diminuído.

Como isso podia ser possível?

Acordei disposta na manhã seguinte. Tinha consulta com minha psicóloga pela manhã e quando contei a ela o que tinha acontecido ela sorriu meneando a cabeça. 

— Isso é bom Manoela. Fico feliz por você. 

— Eu não sei como devo me sentir. Confessei receosa. 

— Apenas seja você e tudo vai se acertar. Não precisa acelerar as coisas. 

— Acho que tem razão. Afinal isso pode não significar nada em especial. Talvez ele só quisesse me ajudar por sentir pena da minha situação.

— Manoela, vamos com calma lembra? Sem pressa. Tudo o que eu posso dizer é que é muito bom que você conviva com as pessoas que gosta e que te fazem bem. Viva um dia de cada vez, lidando com as dificuldades uma a uma, e isso vai te fortalecer. Acenei concordando. 

O restante do dia foi monótono. Fiz um almoço simples conversando amenidades com a dona Giselia. Ela me contava sobre a filha e em como ela havia se mudado para estudar medicina. Também me contou sobre seu falecido marido.

Depois de almoçar organizamos a cozinha rapidamente e fomos cada uma para seu quarto a fim de descansar.

Mesmo tentando com afinco me concentrar no livro em minhas mãos, minha mente voltava ao momento do seu beijo. Suspirei indignada.

Era bem verdade que eu não tinha muita experiência com o sexo masculino, mas por Deus, era apenas um beijo singelo na testa. Por que meu coração insistia em disparar?

Acordei com a noite caindo. Após um banho rápido, fui a cozinha me surpreendendo com o cheiro no ar.

— Uau. Dona Giselia, O cheiro está ótimo. O que é? Perguntei surpresa. 

— Polenta de milho com molho de carne moída. _ Sorriu. _ Pode colocar a mesa? Já estou acabando aqui. 

— Claro. Comecei a colocar rapidamente a mesa para nós duas. O jantar foi agradável como sempre. Ela sempre era. Esta mulher era um anjo em minha vida. Disso eu tenho certeza.

— Você não me contou. Encontrou o Nathan?

— Sim. _ Confirmei.  Ela ficou a me olhar. _ Nós conseguimos conversar e eu o agradeci. É claro que pretendo paga-lo assim que estiver em condições.

— Certo. Me olhou com ar de quem sabia de algo a mais, porem não insistiu.

Mudamos o rumo da conversa rapidamente.  Pela segunda vez, dormi bem a noite.

Acordei com um ânimo até então desconhecido na manhã seguinte e comecei os afazeres domésticos.  Mais uma vez ela já estava no plantão, então precisei ocupar minha mente o dia inteiro para evitar os pensamentos que vinham.

Quando os dias começaram a correr sem que Nathan me procurasse novamente, eu finalmente cai na real. Agora que ele sabia, com certeza achou melhor não se envolver com alguém como eu. Por um lado eu deveria ficar contente com isso, pelo o outro, não podia evitar de me entristecer. Ainda assim, lutei para não me deixar abater. Mesmo não podendo arrumar emprego pela gestação, nada me impedia de estudar. E foi isso que fiz. Comecei a buscar alguns cursos online para me manter atualizada. Pretendia procurar um emprego assim que estivesse liberada após o parto. 

....................

 

Saí apressada da casa. Estava atrasada para a consulta com a obstetra quando o vi encostado no carro. Meu coração acelerando no processo. 

— Oi. Sua voz encheu meus ouvidos.

— Oi. Um misto de surpresa,  alegria e mágoa brigavam para ver quem ganhava mais espaço. 

— Está de saída? Perguntou se aproximando.

— Sim. Tenho consulta com a obstetra.

— Posso te dar uma carona. Ofereceu.

— Não precisa se incomodar. Neguei rapidamente.

— Não é incomodo. Vamos. _ Pediu. _ Por favor, me deixe leva-la. Insistiu quando continuei parada de pé.

— Eu estou um pouco atrasada, então acho que vou aceitar. Obrigada.

Disse caminhado até o carro, onde ele já me aguardava com a porta aberta.

Nós não conversamos sobre nada pessoal no caminho. Nathan me contou sobre o trabalho, e eu aproveitei e falei sobre o curso que estava fazendo. Ele sorriu me parabenizando. 

Logo, estávamos em frente ao hospital.

Caminhamos juntos até a recepção em um silêncio desconfortável e quando meu nome foi chamado, o encarei um pouco sem jeito. 

— Eu vou te esperar aqui. Ele disse, resolvendo por nós dois.

— Está bem. 

A consulta não demorou muito. Apenas uma rotina a qual eu já estava me adaptando. Com minhas vitaminas e o retorno devidamente agendado, fui ao seu encontro.

Nathan estava sentado na cadeira com a cabeça encostada na parede e os olhos fechados. Aproveitei a chance para gravar os detalhes do seu rosto em minha memória. Nathan era um homem bonito, dono de traços marcantes, e mais uma vez, me peguei desejando tocar o seu rosto. 

Ele abriu os olhos como quem notava a minha presença, e eu desviei o olhar, torcendo para não tivesse sido pega em flagrante.

— Já acabou? Perguntou se colocando de pé. 

— Sim. Respondi caminhando de volta, lado a lado com ele. 

— E como foi? Quis saber colocando o carro em movimento. 

— Tudo bem.  

— Manu, posso te levar a um lugar? Perguntou cortando o silêncio no carro que já se movia pelas ruas.

— Onde? Devolvi, virando o rosto para encara-lo. 

— É surpresa. Confia em mim? Perguntou fazendo graça.

— Sim. Minha resposta o fez me encarar por alguns segundos antes dele voltar a prestação atenção na estrada e um pequeno sorriso nascer em seus lábios.

— Chegamos. Ele disse estacionando após um tempo considerável dirigindo.

— Onde estamos? Perguntei olhando ao redor.

Diversos tipos de arvores coloridas traziam uma beleza singular ao local.

— Em uma área reservada do Parque Estadual. Respondeu já ao meu lado abrindo a porta.

— É lindo. Eu nunca vi isso antes. Ele sorriu.

— Encontrei este lugar por acaso em uma das minhas corridas. Eu venho aqui desde então.

— É tão tranquilo. Disse fechando os olhos apreciando o sol na minha pele. 

— É sim. Abri os olhos encontrando seu olhar em meu rosto. _ Você é linda, sabia? Ele disse me olhando intensamente.

— Por que você sumiu? Perguntei sem conseguir segurar. Mesmo que eu não quisesse demonstrar, meu tom de voz denunciou meu desapontamento. 

— Eu precisava de um tempo. Respondeu e meu coração murchou. Então era isso mesmo. Ele estava se afastando. _ Lutei contra mim mesmo para não te procurar estes dias por que eu precisava entender o que sentia antes de te encontrar novamente. Balancei a cabeça concordando. _  Eu gosto de você Manoela. Gosto muito, na verdade. Meu coração perdeu uma batida. _ E não me importa o que aconteceu até aqui. Se você quiser, se deixar, quero estar do seu lado sempre. Nos momentos bons e ruins. 

— Nathan... Murmurei perplexa, emocionada com sua declaração.

— Por que eu estou me apaixonando por você. Completou, roubando-me a capacidade de falar. 

Não pensei em mais nada, apenas no quanto queria o seu beijo. Suspirando, eliminei a pouca distância entre nós o beijando. Quando meus lábios tocaram os seus e suas mãos envolveram minha cintura, absolutamente tudo em meu mundo caótico, parecia fazer sentindo.

Minhas mãos foram para os seus ombros sustentando meu peso ali, quando minhas pernas pareciam ceder. Ele nos separou e beijou minha testa ainda me mantendo em seus braços. Aproveitei e descansei minha cabeça em seu ombro, apreciando a sensação tão nova e tão natural. 

— Será que isso significa que você também gosta mesmo que seja um pouquinho de mim? Brincou e eu sorri.

— Pode considerar um sim.

Eu gostava bem mais que um pouquinho, apenas ainda não estava pronta para admitir em voz alta. Ele sorriu me beijando desta vez.

— Está com fome? Perguntou e eu olhei não querendo ir embora tão rápido. Ele sorriu enigmático, se afastando e abrindo a porta do carro. Voltou com uma manta e uma sacola nas mãos.

— O que é isso?

— Isso, minha linda, são coisas para o nosso piquenique.

Meu coração perdeu mais uma batida com o apelido fofo, e um sorriso gigante surgiu em meu rosto. 

— Eu estou faminta. Revelei e ele gargalhou.

Organizamos tudo próximo a uma árvore gigante. Nosso piquenique foi cheio de conversas e risadas e alguns beijos roubados. Quando finalmente voltamos, o sol já estava alto. 

..............................

— Tem certeza que você quer fazer isso? Perguntei pela décima vez.

— Você não quer? Devolveu a pergunta. 

— Sim.

— Então vamos. Decidiu apertando minha mão.

Quando a enfermeira chamou meu nome, não pude deixar de notar sua surpresa ao ver Nathan ao meu lado. O mesmo aconteceu com a médica. Um mês havia se passado e estar com ele era incrível.

Nathan permaneceu o tempo todo ao meu lado e quando ouvimos o coração do bebê bater, fiquei admirando sua reação, entre impressionado e emocionado.

Se eu pudesse escolher um pai para o meu bebê, Nathan com certeza seria o tipo de cara que eu escolheria. Durante nosso tempo juntos, nós saímos para passear, jantar, mas também ficamos em casa e curtimos a presença um do outro. O que mais me fazia admira-lo era que ele nunca avançava sem permissão, sempre me dando a escolha de dizer não e isso me dava uma segurança que eu jamais senti.

Entrando no quinto mês de gestação, minha médica cobrou o ganho no peso e isso foi suficiente para que ele me paparicasse com várias iguarias regionais. Eu simplesmente amava o fato dele ser tão bom na cozinha. Os dias em que ele estava de plantão pareciam se arrastar, enquanto os que estávamos juntos pareciam voar. 

— O que foi? _ Beijou meus lábios de surpresa e eu o olhei. _ Você está pensativa. Um pouco mais que o normal. 

— Não é nada. Só pensando o quanto as coisas mudaram nestes últimos dias.

— Para melhor? Questionou sorrindo.

— Para muito melhor. 

Como que querendo atenção, o pequeno Kaio, que descobrimos na última consulta ser um menino começou a chutar e Nathan riu sentindo colocando sua mão sobre o local.

— Tudo bem bebê. Você está animado hoje. _ Sorri emocionada. Ele me olhou preocupado. _ Manu. _ Secou uma lágrima no meu rosto. _ Você está me assustando amor. _ Meu coração acelerou e eu pisquei analisando seus olhos cheios de vida e como eles brilhavam, me perdendo ali.

— O que você disse? 

— Que estou começando a me preocupar. Repetiu sem desgrudar os olhos do meu rosto. Um vinco se formando em sua testa. 

— Não isso. A outra parte. Do que você me chamou?

Nathan sorriu fazendo um leve carinho em meu rosto e me beijou devagar. 

— Meu amor. Sorri o beijando de volta.

.........................

— Manoela. A voz calma de Nathan encheu meus ouvidos e eu abri os olhos percebendo que havia cochilado enquanto ele me levava de volta para casa. 

— Chegamos? Perguntei sonolenta.

— Sim. Ele sorriu abertamente.

— O que foi? Questionei querendo saber o motivo da piada que parecia diverti-lo tanto. 

— Nada.

— Nathan. _ Ralhei me sentando ereta no banco. Ele riu ainda mais achando a cena divertida. _ Que bom que eu te divirto.

Disse começando a ficar chateada e já descendo do carro. Ele estava ao meu lado no segundo seguinte.

— Ei. _ Passou a mão em meus cabelos repetidas vezes. O olhei séria. _ Seu cabelo estava desalinhado. 

Foi minha vez de passar as mãos por ele fazendo um coque desajeitado.

— Ainda assim estava linda. E eu ri por que acabei pensando em como seria acordar assim toda manhã.

Toda risada foi cessada. Só existia nossas respirações e seu olhar no meu. Seu olhar foi para minha boca e antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, já estava em seus braços em um beijo diferente de todos os outros. 

Nos separamos ofegantes. Sua testa na minha.

— Não ria de mim. Pedi com a voz fraca e ele sorriu me dando mais um selinho que logo se transformou em outro beijo.

— É melhor eu ir. Ele disse se afastando. Acenei concordando. _ Boa noite.

— Boa noite Nathan. Entrei na casa ouvindo o carro ir embora. E deixei que o sorriso tomasse meu rosto. 

— Alguém está feliz. Dona Giselia cantarolou. Levei a mão ao coração.

— Que susto dona Giselia. Ela riu esquecendo a televisão e voltando-se para mim. 

— Estava aprontando algo?

— Não. Neguei rapidamente e ela riu mais. 

— Tudo bem. Mas devia melhorar esta cara de culpada.  Sorri a acompanhando.

— Está tão na cara assim?

— Vocês, jovens, não conseguem disfarçar quando estão apaixonados. Ela disse e eu sorri encarando minhas mãos. 

— Vou fazer o jantar. Decidi.  

— Eu estava pensando em pedir uma pizza hoje. O que acha? Só uma fatia não vai fazer mal. Explicou e eu concordei.


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Notas finais do capítulo

Haha, e ai Gente?
Eu estou amando este casal, e vocês?



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