Amazing Grace escrita por Val Rodrigues


Capítulo 11
Capitulo Onze




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/784622/chapter/11

Pov Manoela

No fim do dia, estávamos todos sentados, na sala da nossa casa.

Nathan, permanecia calado, ao meu lado. 

— Que bom que reconsiderou Manu.

— Eu ainda estou pensando pai. _ Expliquei. _ Tenho muitas duvidas do que fazer.

— Tudo bem, então vou começar a explicar a situação.  Duas garotas prestaram queixa na Delegacia nos últimos meses. O local e o modo como o criminoso agiu são exatamente iguais. Alem das características físicas do agressor que ambas conseguiram lembrar no depoimento.

— Eu vou ajudar no que puder, mas o senhor precisa me garantir que tudo sobre mim vai ficar anônimo. Ninguém nunca vai saber que eu sou mais uma vitima e testemunhei nesta historia.

— Esta bem. Ele concordou.

— Eu vou proteger o meu filho Senhor Meireles, ele nunca vai saber o que aconteceu. Se não puder me garantir isso, não conte com minha ajuda. Três pares de olhos fixos em mim.

— Você tem a minha palavra Manoela. Garantiu.

— Se é assim, o que posso fazer?

— Vamos começar com o que você lembra daquele dia.  _ O detetive falou e eu senti Nathan se retesar ao meu lado ficando tenso. Apertei minhas mãos e comecei a contar tudo o que lembrava. — Você pode nos ajudar a fazer um retrato falado? As outras duas garotas fizeram e eu queira ver a semelhança.

— Desculpe, não posso ajudar com isso. Eu não consegui ver nada do rosto dele. Só lembro que ele usava um capuz de uma blusa de moletom que cobria boa parte do rosto. Ele acenou anotando tudo o que deu falei. 

— Tudo bem. 

— Isso é tudo? Perguntei querendo encerrar aquele assunto o mais breve possível.

— Sim. Vou manter contato, informando as novidades da investigação.  

— Obrigada. O detetive levantou pegando sua mochila.

— Sou eu que agradeço pelo que está fazendo, Manoela. 

— De nada. _ Respondi ficando de pé. Meu pai veio até mim e me abraçou um pouco sem jeito. _ Tudo bem Pai. Garanti, não querendo preocupa-lo. 

— Eu levo vocês. Nathan se prontificou indo ate a porta. Sentei no sofá esperando que ele voltasse.

— Cuida dela e me liga se precisar de alguma coisa. 

— Eu vou Sr. Camilo. Ouvi meu pai falar antes de se despedir. 

Nathan voltou e eu estendi a mão em pedido silencioso que se sentasse ao meu lado. Me aconcheguei em seus braços assim que ele o fez, sentindo seu calor acolhedor. 

— Como se sente? Perguntou ainda preocupado.

Levei alguns segundos analisando minhas emoções.

— É estranho. _ Comecei. _ Quer dizer, eu me sinto aliviada de poder fazer isso e ao mesmo tempo, ansiosa e com medo. 

— Se eu encontrar este cara um dia não sei do que sou capaz. Senti seu corpo tencionar sob mim. 

— Não vamos deixá-lo roubar mais nada da nossa vida.

Um choro fraquinho rompeu pela sala e nós sorrimos. 

— Vou preparar a mamadeira dele. Avisei me levantando.

...................

Pov Nathan

— E o que você acha disso tudo? Megan perguntou assim que contei sobre a decisão dela.

— Estou preocupado. Mesmo que ela não admita, eu percebo o quanto esta historia esta mexendo com ela. Admiti.

Nos calamos assim que ela voltou a sala com Kaio nos braços.

— Prontinho. Um bebê lindo e cheiroso novamente.

Brincou, entregando Kaio nos braços de Megan que logo começou a brincar com ele que ria sem parar, e consequentemente, nós também.

Com seus oito meses de idade, ele tinha este efeito sobre nós.

O celular de Manu tocou, nos tirando do momento de descontração e eu a olhei preocupado, quando o sorriso sumiu do seu rosto.

— O que foi? Perguntei assim que ela desligou. _ Quem era Manu? Perguntei quando ela ficou quieta.

— Era o meu pai. Parece que eles prenderam aquele homem. 

— Isso é bom não é? Megan falou e eu desviei o olhar para ela por um momento.

— Sim, acho que sim. Manu respondeu e eu a analisei por um momento.

— Nathan, precisamos ir ate lá. Disse me encarando.

— Eu não sei se é uma boa ideia, Manoela. Falei receoso.

— Eu vou Nathan. Preciso ir. Insistiu se alterando.

Troquei um olhar ansioso com Megan que me encarou em resposta. 

— Talvez seja melhor pensar sobre isso com calma Manu. Megan sugeriu.

— O que há para pensar Megan? Já esta decidido. Eu vou.

                                              .............................

— É ele? Ela perguntou assim que paramos em frente a uma espécie de janela na delegacia.

— Sim. É ele. O delegado Meireles respondeu e a notei ficar estranhamente quieta, enquanto encarava fixamente o homem a nossa frente.

— Então foi ele? Foi ele que fez isso comigo?

— Ele vai ser transferido para o presídio em breve. O delegado voltou a falar.

— Faça com que ele pague por tudo que fez, por favor, tem que fazer isso. Insistiu.

— Manu... _ Chamei a seguindo assim quando ela saiu correndo e se debruçando sobre o lixo no corredor. Me abaixei ao seu lado a vendo tossir violentamente. _ Se acalme amor. Pedi inutilmente.

— Banheiro... Sussurrou.

— Onde fica o banheiro? Perguntei alto e rostos se voltaram para mim me indicando por onde ir.

A segurei enquanto caminhávamos e ela tropeçou porta a dentro. A segui sem me importar em estar em um banheiro feminino.

— O que esta sentindo? Perguntei e ela negou com a cabeça sendo atingida por uma nova crise de vomito.

Vários minutos depois, um pouco mais calma, ela lavava o rosto na pia do banheiro.

— Melhorou? Perguntei.

— Pode parar de falar um instante? Devolveu ríspida.

O rosto avermelhado, as mãos apertando a borda da pia. Fiz o que ela pediu, mesmo que suas palavras ríspidas atingissem um pouco,  não deixei de observa-la um momento sequer. Eu sabia que esta situação estava mexendo com sua cabeça.  Ela andava irritada e impaciente e seu sorriso já não surgia mais com a mesma facilidade.

Observei-a em silêncio, enquanto lavava o rosto por vezes seguidas e respirar fundo tentando se controlar.

— Amor. Toquei seu braço de leve e foi o bastante para ela desabar e me abraçar chorando. A apertei em meus braços.

— Eu pensei que seria mais fácil lidar com isto agora que o tempo passou, mas me enganei.

— Vamos sair daqui. Falei e ela me acompanhou.

Dirigi em silencio para a casa do meu sogro, intercalando meu olhar da estrada para ela. Manoela mantinha a cabeça encostada no vidro e os olhos fechados por todo o caminho.

— Onde esta o Kaio? Ela perguntou assim que a Dona Valentina abriu a porta.

— Ele esta dormindo.

— Eu vou aproveitar para tomar um banho e descansar um pouco também. 

Declarou, seguindo para o quarto, e eu deixei sair um longo suspiro, me sentando no sofá.

— Ela esta pálida. Vou fazer um chá calmante.

— Isso é bom. Obrigado.

— Nathan, estou preocupada com ela.

— Eu também Dona Valentina. Eu também. _ Murmurei me levantando. _ Vou ver como ela esta.

— Nathan, tenha paciência, isto vai passar. Acenei em silencio e sai.   

Ouvi o barulho do chuveiro e esperei sentado na cama enquanto observava Kaio dormir. Ela saiu um longo tempo depois com os olhos vermelhos e inchados, a pele avermelhada enquanto ela se vestia.

Não ousei questionar como estava mais uma vez. Não era preciso. Qualquer podia ver que ela não estava bem. 

— Quero dormir um pouco. Murmurou subindo na cama.

— Esta bem. Descansa. _ Beijei sua testa, separando uma roupa em seguida da mochila que fizemos as pressas. _ Dona Valentina preparou um chá para você. Avisei e ela acenou.

Em silencio, caminhei ate o banheiro sentindo a angustia me tomar. Enquanto a água quente do chuveiro me cobria, me perguntei se não devia ter insistido um pouco mais  na negativa de traze-la. Suspirei me secando, ela viria com ou sem mim, e em hipótese alguma, eu a deixaria sozinha. 

Manoela estava quieta quando voltei do banheiro e torci para que estivesse dormindo e sai tentando não fazer barulho.

— Manoela não vai comer? Seu pai perguntou sem conseguir disfarçar a preocupação na voz.

— Ela dormiu. Falei me sentando.

— Ela vai ficar bem Nathan, sei que vai.

— Espero que sim. Concordei.

..........................

— Amor, esta pronta para irmos para casa? Perguntei baixo e ouvi quando ela suspirou. 

— Eu estava pensando em ficar alguns dias aqui. Ela disse me surpreendendo.

— Eu tenho que trabalhar amanha. Argumentei.

— Pode ir, Kaio e eu podemos ficar com meu pai. Sentou-se na cama.

— Por quantos dias esta pensando em ficar? Perguntei não gostando da ideia de voltar sozinho para a nossa casa.

— Alguns dias, não sei ao certo.

— Tudo bem. Tenho que ir. Me liga se precisar. Ela acenou.

Me aproximei a beijando de leve.

..............................

— Quanto tempo mais ela pretende ficar por la? _ Megan perguntou e eu parei de limpar o pó dos moveis sem resposta. Ela estava me ajudando em manter as coisas organizadas em casa quando podia. _ Já se passaram três semanas Nathan. Por que não conversa com ela?

— Eu sei Megan. Mas o que quer que eu faça? Quer que eu vá la e a obrigue a voltar para casa? _ Perguntei me aborrecendo. Suspirei me sentando no sofá. _ Desculpa, não quis ser rude.

— Não é de mim que você esta com raiva. _ Ela disse sentando-se ao meu lado. _ Nathan, eu entendo que ela esta passando por um momento difícil, mas a Manoela é adulta e você esta superprotegendo ela.

— Só quero dar um tempo para ela lidar com tudo. Expliquei mais uma vez. 

— Você quem sabe. Mas não devia guardar tudo dentro de si. Não precisa ser um gênio para saber que você não esta bem com tudo isso.

— Você esta certa, eu não estou. _ Confessei pela primeira vez. _ É exaustivo ter que pegar uma estrada por quatro horas todo dia que estou de folga só para ver minha esposa e meu filho. É triste chegar em casa após um dia cansativo de trabalho e encontrar a casa vazia e eu não sei como fazê-la se sentir melhor. Por que eu sei que ela não está bem, e me sinto um inútil, de mãos atadas, nesta situação. 

— Eu sei. Ela disse compreensiva.

— Desde que nos conhecemos eu tenho lutado, Megan. Lutei contra tudo o que dizia que não podíamos ficar juntos e você sabe que não foi pouca coisa. Eu estou cansado de ter que lutar.

Revelei e Megan me abraçou. Permaneci quieto.

— Sabe o que é mais irritante? Perguntei e ela me soltou me olhando. _ Perceber que ela nunca foi capaz de lutar por nós. De lutar por mim. Acho que não valho a pena afinal, nosso casamento não vale o suficiente. Falei despejando tudo o que me incomodava de uma vez.

— Ela ama você Nathan. Megan falou. Balancei a cabeça. Então por que ela não está aqui? Meu inconsciente acusou.

— Eu não sei o que fazer para consertar isso. Admiti.

— Quer a minha opinião? Perguntou com calma e eu a olhei concordando. _ Vocês dois deviam conversar francamente. Ela tem que saber o quanto as atitudes dela estão te magoando. E ai deixa ela decidir se quer continuar vivendo assim ou se da um basta nisso de uma vez.

                                               .........................

 

 

Pov Manoela

— E como você esta? Ouvi sua perguntei e suspirei.

— Bem. _ A resposta bem decorada em minha mente a todas as perguntas relacionadas ao meu bem estar. _ O Kaio esta ótimo, ele aprendeu a engatinhar e fica passeando pela casa. Desconversei tirando o foco de mim.

— Queria ter visto isto. Nathan falou e uma pontada de culpa me atingiu. _ Quando pensa em voltar?

— Em breve. _ Respondi apertando o celular em minhas mãos. Eu queria muito voltar, muito mesmo, mas algo em mim estava quebrado, desde que vi o rosto daquele homem, que me assombrava nos pesadelos.  

— Manu? Esta me ouvindo? Voltei a prestar atenção a sua voz.

— Desculpa. O que você disse?

— Perguntei se precisa que eu leve alguma coisa. Repetiu.

— Não. Temos tudo aqui.

— Esta bem. A gente se vê amanha.

— Boa noite Nathan.

— Boa noite Manoela.

Um toque na porta e Dona Valentina entrou com uma bandeja em mãos. Ela estava fazendo isso muitas vezes nos últimos dias.

— Não precisava trazer comida dona Valentina.

Falei exatamente como das outras vezes. Kaio soltando seus gritinhos ao meu lado.

— Você não foi jantar. Justificou.

— Estou sem fome.                       

— Mesmo assim, precisa comer um pouco. Ela sentou-se a minha frente na cama. _ Precisa reagir menina. Você é mais forte do que pensa. Abaixei o olhar.

Não estou me sentindo muito forte no momento. Pensei.

— Seu pai esta preocupado com você. Deviam conversar. Ele não admite, mas esta se culpando por convencer você a dar queixa e reabrir esta ferida.

— Não é culpa dele, eu concordei.

— Diga isso a ele. Eu venho buscar esta bandeja daqui a pouco. Vazia. Avisou levantando-se. _ Vem bebê, vamos deixar a mamãe jantar e tomar um banho.

— Ele não esta atrapalhando. Intervi vendo ela pegar Kaio nos braços.

— Eu sei, mas quero ficar um pouco com ele também. Não é meu lindo, vamos brincar?

— Obrigada. Falei quando ela já estava fechando a porta.    


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gente, que tenso não e?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Amazing Grace" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.