Apenas o tempo escrita por Peggie


Capítulo 4
Capítulo 3 - Conversar é a melhor solução


Notas iniciais do capítulo

Heey pessoal! Como estão nesse dia? Primeiramente queria agradecer aos comentários da Sayuri e Isabella Fray, e à Casi01 que está acompanhando a história, muito obrigada meninas ♥.
Vocês não sabem o quanto os comentários de vocês me alegram, muito muito obrigada mesmo, de coração ♥
Esse capítulo faz parte da resolução entre os problemas do casal, eles estarão resolvidos a partir daí. Futuramente trarei, possivelmente, o diálogo na íntegra entre a Clarissa e a Aline (ops... spoiler do capítulo de hoje, hahaha). Também existe a possibilidade de trazer o capítulo entre o beijo do Jace e da Aline em um ponto de vista geral, o que acham?
Anyway...
Boa leitura, pessoal ♥



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Capítulo 3 - Conversar é a melhor solução 

Injusto. Jonathan brincou comigo, talvez fosse essa a razão de nunca ter feito nada, apenas aguardava o retorno de seu relacionamento, enquanto se divertia. Fazendo-me de idiota.

Encontrava-me jogada em minha cama, com o celular desligado. Não queria ouvi-lo tocar mais nenhuma vez, ou cogitar desbloqueá-lo para ver o que Jace escrevia. Horas atrás meu celular tocou repetidamente, dezessete vezes para ser exata. Dezessete chamadas perdidas de um loiro que horas anteriores era beijado por Aline. 

Aline Penhallow era linda. Sem tirar, nem pôr. Seus olhos, cabelos e sorriso eram de tirar o fôlego, por isso nunca questionei ou achei estranho o fato de Herondale ter se apaixonado por ela. A menina era incrível. Além do mais, quem era eu para julgar a veracidade dos sentimentos alheios? 

A única coisa que eu poderia questionar era o que a morena encantadora fazia na minha porta às dez da noite de uma segunda feira. Honestamente, não queria vê-la. Era a última coisa no mundo que eu gostaria fazer. 

Poderia deixar a campainha tocar. Deixá-la plantada na porta. No frio. Mas não era sua culpa. Talvez ela não soubesse. A probabilidade de Jonathan ser o culpado era maior. Além do mais, era com ele com quem eu saia. Existia a possibilidade de Aline ter outros assuntos a tratar comigo, embora eu duvidasse completamente. 

Mesmo relutante abri a porta. Observei-a por alguns segundos antes d’ela começar

— Nós precisamos conversar. — afirmou 

— Tá tudo bem. Você não precisa me dar satisfações. Ele era seu namorado. Sou eu quem peço desculpas por impedir vocês de voltarem antes. — conclui rápido demais, desejando fechar a porta naquele instante, até mesmo iniciei o processo, mas ela tornou a dizer:

— Você não impediu nada, nós não íamos voltar. — olhou-me pacientemente — Nós podemos conversar agora? — apenas assenti, e a deixei entrar. A casa estava vazia, Jocelyn trabalhava no momento e Izzy tinha um encontro com Simon. Era uma grande questão de sorte estarmos sozinhas naquele instante, ou não.

— Ah… Tudo bem então.  — interiormente questionava-me sobre o que estava acontecendo de tão complexo. Talvez fosse a inexperiência em relacionamentos, mas por qual motivo você beijaria seu ex-namorado se não pela saudade, apego e sentimentos? 

O que para mim não fazia o mínimo sentido, visto que ela dizia que não eram por essas razões. Provavelmente, ela não revelaria o que estava acontecendo, Aline não era minha amiga, além do mais, em teoria eu estava saindo com Jace, então não existiam razões plausíveis para que ela me confidenciasse algo. 

— O Jace não me contou que continuavam saindo. Eu não sabia, de verdade. — deu uma pausa — Achei que tudo tivesse terminado em dezembro.

— Vocês ainda estavam juntos em dezembro? — um nó começou a se formar em minha mente. Será que ele a traiu comigo? Antes já me sentia mal… Agora então — Eu não sabia Aline, eu sinto muito. Achei que tivessem terminado… 

— Calma, eu acho que te confundi. — desculpou-se — Achei que vocês não tivessem mais nada desde que começamos a namorar em dezembro. — reformulou sua frase. 

— Você sabe sobre…? — senti minhas bochechas enrubescer 

— Sobre o laboratório?  — apenas assenti — Claro! — sorriu simplesmente — Conversamos sobre isso antes de começarmos a namorar. Eu só não sabia que depois de um ano vocês continuavam saindo.

— Nós não tivemos nada enquanto vocês namoravam. — disse decidida 

— É… Eu sei disso — afirmou — Mas eu não esperava que vocês voltassem a se envolver depois de um ano — pareceu decepcionada. 

— Vocês deveriam voltar. Você parece chateada com o que aconteceu. Prometo não me meter. —  Realmente não faço ideia de como minha voz soou naquele momento, talvez tão confusa quanto minha cabeça naquele instante. 

— É mais complicado do que parece, Clarissa. — levantou-se — O Jace é um dos melhores amigos que eu já tive. Parece que eu atrapalhei tudo para ele.

— Aline… Olha, vocês podem conversar. Isso não é da minha conta.

— Clarissa… — sua voz soava nervosa e aflita. Parecia perdida. Respirou fundo e completou — Nós não vamos voltar — afirmou novamente — Eu sou lésbica. 

O quê? 

(...)

Senti como se meu cérebro entrasse em curto. Nada mais fazia sentido. Perguntas surgiram imediatamente naquele momento. Afinal, um ano de namoro parecia ser um tempo bem longo… Questionei-me onde isso era da minha conta por vários minutos, então entendi que havia mais história a ser contada.

Quando Aline acalmou-se, tornou a sentar ao meu lado. Obviamente ela não parecia confortável naquela situação. Avisei que ela não precisava me explicar e que estava tudo bem, até mesmo disse que falaria com Jace para “nos acertarmos”, embora fosse mentira. Mas ela negou, disse que precisava daquilo, que caso eu descobrisse fosse por ela e por mais ninguém. 

Sua voz ainda ressoava em minha mente. 

“Quando começamos a namorar, não foi exatamente … Um namoro. Antes disso eu tinha beijado uma menina naquela época, e nossa, como eu fiquei confusa. Aquilo aconteceu meses antes do namoro, talvez dois ou três. Foi desesperador, eu nunca tinha sentido nada daquilo. Então, foi quando beijei o Jace. Ele não entendeu muito no início, mas foi deixando acontecer. 

Depois daquilo, encontrei aquela menina novamente, nos beijamos outras vezes. Mas eu conhecia meus pais, sabia que nunca aceitariam, entrei em um dilema.”

Nós conversamos por três longas horas. Descobri coisas que nunca imaginei. Conheci o lado vulnerável de Aline Penhallow. Prometi não contar à ninguém. Confidenciou-me segredos, compartilhou sobre sua relação com os Lightwood e Jace. 

Deveria ter aprendido que nunca nada é o que parece. Todas idealizações que criei para Aline eram infundadas, baseadas na aparência e status, me senti mal por julgá-la, na verdade, por desconsiderar seus problemas como ser humano.

“Jace e eu éramos amigos desde a infância, nossa família se conhecia, assim como os Lightwood. Meus pais sempre amaram os filhos de Maryse e Robert, mas quando descobriram sobre Alec… Eu tive certeza que não receberia apoio algum. Em novembro as coisas desandaram de vez. Minha mãe suspeitou que eu estivesse me envolvendo com alguém, e o caos se instaurou, aparentemente ela se negou a acreditar nas evidências, o que me serviu de alívio, mas ainda assim, ela  suspeitava. 

Foi quando eu conversei com Jonathan. Falei que queria tentar um relacionamento, ele não estranhou no início, durante todo aquele tempo continuamos nos vendo e construindo um tipo de relacionamento amoroso. Mas ele não sabia o porquê de eu querer aquilo, nós tínhamos tido algo quando éramos mais novos, então… Fazia sentido de alguma maneira.”

Cada frase pronunciada soava com um peso enorme, principalmente as partes em que ela assumia que Jonathan não sabia por qual razão ela passou a investir e insistir tanto nele. Senti-me mal por ela, às vezes sentimentos são conflituosos, principalmente quando não se pode demonstrá-los.

“Então eu conversei com ele, nós sabíamos que era amizade e talvez em algum momento tivéssemos confundido aquilo com amor ou paixão. Mas bem no fundo eu sabia que não era nada daquilo. Nós nunca confundimos absolutamente nada, sabíamos o que era desde o início. Nos primeiros dois meses nós mantivemos aquele relacionamento. Mas conforme o tempo passava eu me sentia pior, porque assim que eu via aquela menina era como se tudo parasse. 

Ele não entendia o que acontecia comigo.”

Aquele diálogo me doeu, me feriu pois eu não estava emocionalmente preparada, pronta para escutar e perceber tanta dor em um ser humano, que embora fosse apenas um ano mais velha parecia sentir mágoas mais profundas que o esperado para alguém da sua idade. Não esperava que alguém pudesse se sentir tão mal e tão desolada por múltiplas razões. 

Suas palavras estavam gravadas em minha pele, assim como suas lágrimas.

“Eu sinto tanta culpa” 

“Tanta culpa o tempo todo”

Ela chorou, soluçou, se desculpou e tornou a chorar. Foram poucas vezes que me senti tão incapaz de ajudar alguém, segurei suas mãos e a abracei lateralmente enquanto ela se lamentava.

Esperei que ela se acalmasse. Mantive-me em silêncio mesmo quando Aline conteve-se. Não havia necessidade de um diálogo naquele instante. Entendi que aquele beijo havia sido como uma prova, uma prova para que ela tivesse certeza de sua sexualidade, embora ela já tivesse engatado em um relacionamento com Jace, talvez não tivesse sido o suficiente. 

Era complicado demais viver daquele jeito, sempre com receio, com medo da rejeição constante. Apenas a abracei, parecia o certo a se fazer. Queria fazê-la sentir melhor, e não perguntá-la sobre parecia ser uma alternativa válida. 

(...)

Naquele dia, quando Izzy chegou em casa não soube explicar o que fazia jogada em minha cama. Pensamentos inúmeros passavam em minha mente, muitas coisas precisavam ser assimiladas e conversadas. Sentia-me exausta emocionalmente, aquele dia havia sido de longe muito sentimental. 

Questionei-me não uma, mas várias vezes se era egoísta. Afinal, Aline parecia cansada de estar daquele jeito, seria erro meu considerar-me exausta emocionalmente apenas por escutá-la? E por ter acreditado que meu suposto romance teria terminado?

Pareciam insuficientes minhas razões para meu estado. Quando Isabelle sentou-se ao meu lado e acariciou meus cabelos, aproveitei o momento tranquilo que minha mente recebeu. Sabia que precisava conversar com Jonathan, nós tínhamos assuntos pendentes, então mandei uma mensagem ao loiro, desejando resolver o quanto antes tudo aquilo.

Precisamos conversar. Amanhã, minha casa. 

Depois da aula, às quatro.

A casa estará vazia.

Soaria como uma proposta indecente caso não soubéssemos a seriedade do assunto.

(...)

No dia seguinte aguardei ansiosa por sua chegada. Olhei-me no espelho diversas vezes e logo após praguejei por tê-lo feito, afinal, não havia motivo para nervosismo ou ansiedade. Mas assim que a campainha tocou tudo voltou em um turbilhão de sensações. Não deveria sentir-me dessa forma, pois não sabíamos o destino que nossa relação tomaria futuramente. 

Entretanto, ao abrir a porta senti como se os ares mudassem, o vento gélido de fora parecia ter se instaurado entre nós. O nervosismo bom, semelhante às borboletas, se foi. Agora soava como uma incerteza, um medo, talvez receosa fosse a palavra mais adequada à situação

—  Vai me deixar falar agora? —  questionou apoiado no batente da porta. Sua voz soava calma, parecia esperar por qualquer reação minha, fosse ela boa ou ruim.

—  Em minha defesa a situação não te favoreceu em um todo. —  deixei-o entrar — Convenhamos você poderia estar reatando com a sua namorada naquele instante. —  direcionou-se a sala

—  Você sabe que não era aquilo. —  falou, e continuou — Ou menos saberia, caso tivesse ouvido meus recados e lido as mensagens de texto. —  comentou apenas, sentando-se no sofá enquanto me olhava. 

Ficamos em silêncio. O tempo não parecia passar. Nos olhávamos, esperando algo inespecífico, seria um diálogo? Ou fim a tudo o que havia acontecido até então? Aproximei-me de Jace e ofereci minha mão, que ele logo aceitou. O guiei pela escada em direção ao meu quarto. Fechei a porta, enquanto ele se acomodava em minha cama.

A situação era desconfortável, não tínhamos a expressão relaxada e descontraída de sempre, aquela de  quando estávamos juntos, tudo parecia tão automático e tenso que era desconcertante. Parei em sua frente. Jonathan estava sentado na beirada da cama, acompanhando minhas ações, enquanto eu sentia-me incapaz de olhá-lo. 

Relembrei-me do cinema, do dia em que ele me segurou próximo ao seu corpo, pegando-me pelo passador de meus jeans. Senti falta da proximidade, senti saudades de algo que havia acontecido há tão pouco tempo. Agora, a distância mesmo que pouca parecia ser imensurável. 

Decidi que falaria primeiro, minha voz recusou-se a sair no início, soavam como murmúrios, mas limpei a garganta audivelmente e atrai sua atenção de vez ao começar:

— Parece que nós temos algo em comum.—  não tinha certeza se era a abordagem correta, mas era um começo.

— O quê? —  nos olhávamos naquele instante.

— Servimos de experiências para outras pessoas. —  escolha errada e equivocada de palavras, eu assumo, mas o nervosismo me impedia de pensar corretamente, e a vergonha de me corrigir.

— A Aline te contou, não foi?

— É… —  silêncio mais uma vez. Não conseguia olhá-lo diretamente. Talvez minutos tenham-se passado, podia sentir o olhar de Jonathan em mim, enquanto a única coisa que fazia era observar minhas mãos ou pés, incapaz de olhá-lo. Herondale então se mexeu, atraindo minha atenção, pude vê-lo enquanto ajeitava seus cabelos, pondo-os para trás, e mudar sua postura, inclinando-se para frente apoiando seus cotovelos nos joelhos. Respirou profundamente.

— Eu queria que nosso relacionamento não tivesse durado tanto  — rompeu o silêncio. Sua voz soava um tanto pesarosa, um pouco de decepção, talvez.

— Por quê? —  indaguei aos sussurros 

— Eu tenho a sensação que ela ficou presa à mim por muito tempo. —  confessou 

— Como um atraso? —  apenas assentiu.

— Quantas coisas incríveis ela poderia estar fazendo com qualquer outra pessoa? —  questionou retoricamente 

—  Ela também não está bem com isso, Jace. —  comentei — Ela acha que fez o mesmo com você. 

—  Eu sei, mas…

—  Já tentaram conversar sobre isso?

—  Você sabe que sim. —  foi firme, direto. Seco.

—  Jace… —  tentei ao reconhecer seu tom de voz, mas logo fui interrompida.

—  Se ela te contou, então você sabe.  

Silêncio. Mais uma vez instaurado naquele quarto. Profundo e inquietante. Causava-me certo nervosismo, não sabia para onde estávamos indo, um diálogo fervoroso ou um amigável? Pensei que pudéssemos conversar calmamente, mas… Jonathan parecia magoado, bravo, confuso… Talvez a palavra certa não existisse naquele instante…

—  Você sabe o que aconteceu. Como foi… 

—  Ela também não gosta do rumo que as coisas tomaram… —  repeti minha frase 

—  Você sabe o porquê ela fez isso? —  questionou deixando-me um tanto perdida

—  O beijo ou todo o resto? 

—  Acho que não faz diferença… —  respirou profundamente — Nós conversamos, falamos para caralho, Clarissa. Ela disse que iria tentar … —  deixei-o continuar, embora estivesse confusa e um tanto brava, até porque não sabia ao que se referia, seria ao agora? Ou antes quando eles tinham algo? O que ele queria dizer? Insinuava que Aline deveria ter tentado ser feliz ao seu lado? —  Tentar conversar com Helen… Mas… —  passou as mãos entre os cabelos. — Parece que não deu certo. 

—  Vocês conversaram …? —  comecei, atraindo seu olhar que antes era direcionado as próprias mãos —  Desde o beijo? — não obtive uma resposta imediata, por isso continuei — Você comentou que conversaram sobre o namoro, mas não me disse se falaram sobre o que aconteceu há pouco tempo.

—  Não sei se funcionou como uma conversa —  tornou a encarar suas mãos. 

—  Certo. —  inquietei-me —  Vou considerar como um não. —  sentei-me ao seu lado em minha cama, sentindo-me tensa. O clima não era um dos melhores, talvez por minhas tentativas de conversa terem sido interrompidas, queria poder ajudar, mas existiam coisas que não estavam em meu alcance, além do mais Jonathan parecia frustrado.

—  O que você quis dizer com servir de experiências para outras pessoas? 

—  Alec me beijou. —  respondi. Afinal, já fazia tempo desde o ocorrido —  Logo depois se assumiu gay… — Jace apenas assentiu

—  Ele te disse o por quê você? 

—  O porquê de ter me beijado? —  questionei, logo respondendo —  Não… — suspirei — Depois de um tempo ele se desculpou e nunca mais tocamos no assunto. Não foi nada demais… Só aconteceu. —  embora não houvesse razões aparentes, Jace pareceu diferente após minha afirmação, mexeu-se na cama, meu tom de voz não expressava nada, era quase indiferente ao ocorrido.

O silêncio retornou.  Ainda inquietante, parecia termos esquecido brevemente a razão pela qual ele estava ali, conversarmos sobre o que faríamos agora em diante. Jace e Aline não voltariam a namorar, isto era um fato. 

Me restava saber onde eu me encaixaria nessa equação. 

—  Eu … Nós precisamos conversar —  comecei 

—  Você tem razão —  concordou apenas. Não nos movimentamos. Continuamos na mesma posição. Sentia-me estranha, como se apenas o silêncio fosse o suficiente e as palavras fossem incômodas  ao serem pronunciadas. 

Surpreendentemente nos mantivemos quietos. Questionei-me se internamente esperava um pedido de desculpas, mesmo que reconhecesse toda a situação e contexto. Talvez uma parte ansiasse pelo pedido, ou por qualquer reação vinda dele. 

Sentia-me conflituosa, não queria permitir que todo o diálogo fosse em função do que ele dissesse, entretanto, não desejava ser a única a me importar. Não queria depender das atitudes de Jonathan. 

—   Nós não temos nada. —  comecei, talvez não da melhor maneira possível, mas … Ainda era melhor que o silêncio absoluto —  Não precisamos ficar nesse clima ruim — tentei, começando a me levantar, atraindo seu olhar — Quer dizer, nós podemos ser amigos —  seu olhar em minha direção deixava-me confusa, por isso continuei — Ou podemos continuar saindo, como estávamos fazendo — tentei, caso eu pudesse escolher seria essa a minha opção. —  É claro que eu não esperava nada disso, mas as coisas já se resolveram, certo? Cabe a nós decidirmos o que faremos daqui pra frente!

—  Eu não quero ser seu amigo, Clarissa. —  nossa… Aquelas palavras me surpreenderam, fui otimista ao máximo ao apresentar minha proposta, não esperava tamanha frieza em suas palavras, mesmo que essas não fossem propositalmente daquela maneira. Talvez fosse apenas a expectativa latente em meu coração, mais uma vez. —  Não quero ser seu amigo. — sua sentença alegrou-me minimamente — Nós podemos continuar a sair se for o que você quiser. — levantou-se calmamente, parando em minha frente após poucos passos —  É o que você quer? — olhou-me enquanto dizia em baixo tom. Nós tínhamos bons centímetros de diferença, logo ele encontrava-se um tanto inclinado para estar próximo a mim. Talvez um pouco mais que o necessário para a situação. 

—  É o que eu quero. —  pela primeira vez desde que entramos naquele quarto não me senti mais tensa, a única coisa que se apossou do meu corpo foi o alívio. —  É o que você quer?

—  É o que eu quero. 

—  Ótimo. 

—  Ótimo. —  eu poderia sorrir abertamente naquele instante. Mas me contive, embora, interiormente eu sorrisse alegremente. Apenas desviei o olhar, olhando para baixo envergonhada devido a seus olhares. Encostei minha testa em seu peito, sentindo-me tranquila e contente. Meus batimentos aceleraram quando sua mão buscou a minha, entrelaçando nossos dedos. 

Esse pequeno gesto deixou-me com o coração palpitando. 

Com as bochechas coradas e felizmente ele não podia vê-las.

São pequenas atitudes. Sempre são elas.

São os pequenos gestos e as demonstrações de afeto. 

São os pequenos passos que damos sempre que nos aproximamos. 

Afinal, era alguma coisa. Não é?


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Notas finais do capítulo

Heey pessoal! Tenho alguns adendos sobre o capítulo de hoje:
Gostaria que vocês entendessem o diálogo entre a Clarissa e a Aline. No trecho “Ter certeza de sua sexualidade”, era para demonstrar o quanto infeliz/decepcionada ela estava por não poder contornar isso, que não importava o que ela fizesse, ainda assim ela não conseguia se sentir atraída por meninos. Existe outra parte do diálogo onde ela explica sobre o resto do ano de namoro e ele aparecerá em breve muito possivelmente.
A Clarissa diz ao final do capítulo "era alguma coisa. Não é?", não é referente apenas ao gesto e sim ao que eles têm. Os dois nunca nomearam esse tipo de "relacionamento" que possuem, então quando ela diz ser alguma coisa me refiro ao caminho que eles traçam em direção a algo que possa receber um nome.
Então, o que acharam do capítulo de hoje? Deixem-me saber, adoro ler os comentários de vocês e respondo com todo o carinho.
Uma breve pergunta, já repararam que a Clary sempre tenta dar nome ao que eles têm? Vocês têm um "problema" com isso? Precisar dar nomes e títulos à um relacionamento? Eles vão namorar, eventualmente, mas é uma curiosidade minha mesmo.
Espero que estejam gostando de "Apenas o tempo" assim como eu.
Qualquer erro é só me avisar nos comentários ou pelas mensagens.

Beijos e abraços
Mr. Secret ♥

Publicado dia: 24/11/2019



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