Apenas o tempo escrita por Peggie


Capítulo 3
Capítulo 2 - O que você precisa dizer.


Notas iniciais do capítulo

Heeey pessoal! Como vocês estão no dia de hoje? Acreditem ou não esse capítulo está pronto há um tempo, boa parte dele ao menos, mas eu precisava terminá-lo do jeito que está agora para dar o gancho ao próximo. Gostaria de agradecer às pessoas que comentaram, acompanharam e favoritaram a história isso me deixa muito feliz, de verdade ♥. Então o meu muito obrigada à ZEZINHA e a Sayuri que comentaram no último capítulo, e à MSB que está acompanhando.
É isso! Espero que gostem!
Boa leitura ♥



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Capítulo 2 - O que você precisa dizer

Passaram-se sete dias desde o ocorrido. Uma semana. Não tínhamos falado sobre, ainda. Hoje era o dia. Conforme o tempo passava eu ainda não tinha resposta para minha terceira pergunta “Deveria ter o beijado?”, a resposta era simples, em teoria ao menos. 

A verdade é que para cada alternativa minha consciência criava justificativas para confirmá-las, e sinceramente, gostaria de ignorá-las por um tempo. 

Concordei de encontrar Jonathan após o horário escolar na sua casa. As possíveis consequências dessa atitude deixavam-me nervosa, porém, agi como se meu coração não batesse de maneira descompassada.

De acordo com o combinado, deveria encontrá-lo logo após o almoço, e foi o que fiz. Às três horas bati à sua porta. 

— Pensei que não fosse vir. — disse ao abrir. Fiquei sem saber o que dizer, afinal o que seria o correto? Responder que quase desisti, mesmo que fosse uma mentira, ou inventar uma desculpa.

— Que horas você costuma comer? — sorri, tentando brincar. Escolhendo a descontração como a melhor alternativa disponível. 

— Um pouco mais cedo que isso. — entramos. O silêncio se instaurou. Perguntei-me se os próximos minutos seriam assim. 

— O que você precisa me dizer, Jace? — fui direta. Sabia que precisávamos dar um ponto final nisso, nós sempre agimos normalmente diante um do outro. Mas ultimamente eu não conseguia olhá-lo sem que minhas bochechas corassem, e graças aos céus Izzy estava distraída demais para notar. 

Andávamos em alguma direção, provavelmente a cozinha, o visitei poucas vezes, por isso desconhecia a disposição dos cômodos. Minha pergunta fez com que ele parasse, e me olhasse ao responder:

— Você não costumava ser tão direta. — sorriu

— Você disse que precisávamos conversar. — disse — Cá estou eu — abri os braços — Preciso saber o que há. — o silêncio apareceu mais uma vez — Jace, se quer que nós esqueçamos isso, está tudo bem, certo? — comecei — A primeira vez não foi um problema, essa não precisa se tornar um. 

— Não é nada disso, Clarissa. — disse. — Eu quero saber se você quer sair comigo, qualquer dia desses.

Puta merda.

Por essa eu não esperava, a vida tem uns plot twists guardados, não é mesmo?

— O que você me diz? — questionou — Você quer sair comigo? 

(...)

Nos dias seguintes, nós conversamos, mais que o comum. Jonathan era primo da minha melhor amiga, nós tínhamos uma relação saudável e amigável, até mesmo depois dos ocorridos conseguimos manter a civilidade. A questão era que antes eu não trocava mensagens durante as aulas com ele, não combinávamos de sair sem que ninguém soubesse, não mentíamos para ninguém a fim de nos encontrarmos. 

Por alguma razão desconhecida, Jace e eu concordamos em fingir que nada estava acontecendo. E teoricamente não estava, nada físico, ao menos, desde o natal. Era interessante. 

Um dia após nosso encontro, assistimos um filme em sua casa sozinhos, e por um segundo cogitei a ideia que aquele era um cenário armado para que ele pudesse “se aproximar” de mim, mas nada disso aconteceu. Seu braço rodeou os meus ombros durante toda a duração, e o máximo que ele fez foi suspirar em meu pescoço e depositar um beijo por lá antes de se levantar para buscar mais pipoca. 

Isso me tranquilizava em partes, às vezes tudo parecia rápido demais, as mensagens, o envolvimento, os beijos, absolutamente tudo. Não posso negar que sentia-me atraída por Herondale, muito antes de tudo começar, tanto que quando o incidente do laboratório ocorreu, não consegui encará-lo justamente por não esquecer facilmente, saber lidar e deletar da sua memória são coisas completamente diferentes. 

Com o tempo a lembrança se tornou distante e foi simples deixar de lado. Mas agora, isso parecia caminhar à algum lugar, e sinceramente, trazia-me receios e um nervosismo nada agradável na barriga. 

Às vezes me perguntava se era eu a responsável por apressar tudo. Afinal, estava agindo como se fôssemos namorar, talvez aquilo não resultasse em nada, minha consciência soava dizendo que eu era afobada demais. Ao mesmo tempo que queria um tempo para pensar, parecia estar decepcionada quando ele não tentava me beijar. 

Fora as preocupações a respeito do seu antigo e duradouro romance. 

Era isso, eu pensava demais. Eu não me permitia viver o momento, às vezes me perguntava se isso algum dia me impediria de viver coisas boas. Como o dia em que Jace me convidou para andar de moto, antes das aulas acabarem.

Clarissa Fairchild matando aula para se encontrar com um menino atraente.

Antes de fazê-lo eu cogitei, pensei, titubiei e senti o nervosismo chato novamente, as pernas estranhas e a incerteza me corroendo. Nós teríamos passado a tarde inteira juntos se a coragem só não tivesse aparecido na metade do segundo tempo do período. Mesmo assim Jonathan foi paciente e não reclamou pela minha indecisão. Combinamos de nos encontrar no andar desativado da escola e esperarmos até que os corredores esvaziassem. Confesso que ficar em uma mesma cabine apertada de um banheiro vazio me deixava no mínimo nervosa.

Na tarde do dia 10 de janeiro, Herondale e eu fugimos das aulas.

Na tarde do dia 10 de janeiro, saímos e visitamos a cidade vizinha, torcendo para que ninguém nos encontrasse.

Na tarde do dia 10 de janeiro, esqueci que Izzy estudava na mesma escola que nós.

(...)

Felizmente o ocorrido soou como uma coincidência aos olhos da nossa amiga. Alertei que deveríamos ser mais cuidados a respeito disso. Nós não sabíamos a razão por qual escondíamos que algo estava acontecendo.Na minha mente, era melhor que ninguém soubesse, queria proteger aquilo, seja lá o que fosse por mais um tempo. Sem ter que dar explicações ou justificativas 

No dia 12 de janeiro nós saímos novamente. Era um sábado à tarde. Menti para minha mãe e para minha amiga que residiam no mesmo lugar, afirmei que faria um trabalho de biologia na casa de um colega. Faltaram-me nomes, caso a mentira fosse apenas para Jocelyn seria mais fácil, porém Isabelle conhecia meu ciclo de amizades, inventei um nome e saí. Obviamente não foi uma decisão esperta, mas valeu à pena. Encontrei Jace na esquina da escola, que ficava longe o suficiente de nossas respectivas casas. 

Fomos ao cinema naquele dia, ele tornou a esconder o rosto em meu pescoço, como fez da primeira vez, resultando em arrepios pela minha pele. Não quis afastá-lo, nem mesmo quando começou a distribuir beijos por lá.

Minha consciência tinha ido dar uma volta, provavelmente. Pois não me questionei se estávamos indo “rápido demais”. Talvez eu fosse a parte pervertida daquela relação, até porque eram apenas beijos, certo? Parecia que eu levava para o lado sexual. Nós não tínhamos nos beijado, então talvez aquela fosse apenas uma demonstração de carinho. 

O filme escolhido era um tipo de ação misturado com romance, era tranquilo, nada de inovador, nada que nós já não tivéssemos assistido individualmente em questão de roteiro, considerando as vias de fato, talvez pudesse até ser considerado um clichê. Tratava-se de uma saga, que em breve estreará outro filme, nós assistimos o primeiro da sequência na promessa que veríamos os próximos, existiam mais dois antes do lançamento.

Ao término do filme saímos lado a lado, comentando sobre o que achávamos, enquanto andávamos em direção à saída. Jace começou:

— Você gostou do filme?

— Achei interessante. Previsível, mas interessante. — Descida ao inferno era uma saga, Isabelle havia me recomendado este filme há dois anos, em uma época em que ela saia com Merlin, um rapaz do teatro. — A Izzy me recomendou esse filme há um tempo. — comentei

— Aposto que a última coisa que ela fez foi assistir ao filme. — respondeu

— Por quê? — questionei. Então Jace parou e encarou-me arqueando as sobrancelhas, senti minha pele enrubescer devido ao seu olhar. 

— Ela não assistiu sozinha. — tornou a andar. 

— Ah… — fui óbvia. — Eu sabia que na época ela saia com o Merlin, mas não lembrava deles juntos em programas como esse. 

— Nós estamos falando do Robert, ruivinha. Izzy fazia o melhor que podia ao esconder coisas. — ao sairmos, nos direcionamos ao andar que Jonathan havia estacionado, logo avistamos sua moto. Nos aproximamos gradativamente do automóvel em silêncio. Embora nevasse pouco naquele dia ainda sentia-me insegura de andar na garupa durante uma estação instável como aquela do ano. 

— Sabe, isso não me transmite segurança. — comentei, enquanto observava Jace pegar os capacetes 

— O quê? — perguntou olhando-me — A moto? — apenas assenti. Encostou-se no objeto e começou: 

— Relaxa. — respondeu puxando-me para perto levemente — Você estará segura — seus olhos analisavam meu rosto. Não nos tocamos diretamente, Jonathan estava apoiado em sua moto, com uma de suas mãos no passador de meus jeans, enquanto a outra pendia em seu corpo. — Não há perigo algum...

Será que ele sabe o quanto me deixa nervosa?

Meus olhos buscavam os seus, porém tal atitude deixava-me mais perdida em sensações inúmeras. Estava parada, meus braços largados em meu corpo, parecia uma idiota, então decidi tomar alguma atitude. Coloquei minhas mãos em seus ombros, não era muito, mas era alguma coisa. 

Sua outra mão moveu-se até minha cintura. Estávamos próximos, em silêncio. Meu coração batia descompassado. 

Será que ele fará alguma coisa?

Talvez um minuto tenha se passado, dois quem sabe. Uma de suas mãos saiu do local onde estava, e se direcionou ao meu pescoço, enquanto sua outra permaneceu no passador do jeans mantendo-me próxima à ele. 

Movimentei então minhas mãos, tirando-as lentamente de seus ombros e movendo-as em direção ao seu pescoço. Parecia que o tempo passava lentamente, talvez fosse a ansiedade ou até mesmo a expectativa. 

Minhas bochechas provavelmente estavam avermelhando-se devido à seus olhares direcionados a minha boca, tornou-se a me aproximar de seu corpo. Jace beijou-me no rosto.

É claro que não era isso que eu esperava, mas mantive-me da mesma forma. Até porque seus beijos continuaram e se direcionaram do maxilar até a clavícula.

Minha mente recordava-me que estávamos em um lugar público, mas de olhos fechados era mais fácil de ignorar a consciência e aproveitar o momento, nesse caso. Além disso o andar estava vazio naquele instante. 

Puxei-o para mais perto, enquanto ficava na ponta dos pés, nós tínhamos estaturas diferentes. Jace refez o caminho, da clavícula até o maxilar, dessa vez parando ao pé do meu ouvido, depositando um beijo demorado por lá.

Sentia-me inteiramente quente, em algum momento minhas mãos se embrenharam em seu cabelo loiro, permitindo que ele continuasse com o que estava fazendo. 

— Nós devemos ir, está ficando tarde. — sussurrou, escutei nitidamente, como não poderia? Sua voz soou baixa e lenta. 

— É. — disse apenas no mesmo tom, longe demais. Meus pensamentos viajavam, ainda estávamos na mesma posição. Jace retirou seu rosto do vão entre minha orelha e ombros. Olhando-me novamente.

Enchi-me de expectativas quando seu rosto se aproximou do meu mais uma vez, entretanto, me deu apenas um singelo beijo no canto da minha boca, novamente, assim como no natal. Basicamente bufei de frustração, sentia-me quente e ansiosa. Sobretudo irritada por sua atitude. Mas piorou conforme ele se afastou, me senti frustrada, e todo aquele calor que antes me pertencia esvaiu-se como um cubo de gelo em uma tarde escaldante de verão.

Ofereceu-me o capacete, não soube de que maneira me sentir ao sentar na garupa e abraçá-lo. Desconfortável talvez, constrangida poderia ser a palavra certa. Afinal, ele se afastou.

Ao fim do encontro eu tive quase certeza

Quase certeza que ele estava fazendo aquilo de propósito.

(...)

No dia 17 de janeiro iria me encontrar com Jace mais uma vez. Questionava-me sobre a possibilidade de estar sendo estúpida. Afinal, nós não tínhamos conversado propriamente sobre o ocorrido, ou tínhamos? 

Embora sair com Herondale fosse agradável ao extremo e me deixasse ansiosa, ainda possuía receios, talvez infundados, da nossa possível “relação”. 

Lá vem a porra da expectativa, mais uma vez!

Jonathan não especificou onde me levaria, apenas combinamos o ponto de encontro. A rua de trás da escola, questionei se era arriscado, pois tratava-se de uma quinta-feira à tarde e existiam atividades extracurriculares no Instituto durante aquele período. Herondale afirmou que não era nada demais. Avisei que o esperaria em uma cafeteria próxima ao local.

A neve naquele dia estava razoável, meu nariz vermelho devido ao frio, embora estivesse em uma região protegida, a temperatura ainda era baixa. Moletom, uma calça grossa, gorro, luvas e cachecol, mantiveram-me aquecida. Esperava-o enquanto tomava um café. Observando a parte externa ao lugar, coberta por algo branco e fofo.

Quando chegou, seu cabelo tinha alguns flocos de neve.  Parecia estar tão aquecido como eu, protegido do frio, casaco, luvas, cachecol e gorro. Levantei-me para cumprimentá-lo com um abraço. Jace deu-me um beijo próximo à boca, deixando-me constrangida. 

— Está pronta? 

— Sim. — recolhi meus objetos e saí em direção à porta, afinal a conta já estava paga.

(...)

Naquele dia havíamos caminhado pela cidade vizinha. Conversamos e comemos juntos. Meu coração se aqueceu ao segurarmos as mãos, era alguma coisa. Anteriormente minha mente havia entrado em curto. Devido a confusão que Jace fazia em minha cabeça, então comecei a me questionar profundamente sobre o que estava rolando entre nós, mas aquela demonstração de afeto tranquilizou-me.

Marcamos de nos ver alguns dias depois, uma segunda-feira. Dia 21. 

Não entendi muito bem o local onde nos encontraríamos, mas as lembranças do lugar escolhido deixavam-me nervosa. Afinal, há muito tempo eu não pisava em um laboratório desativado. 

Não questionei sobre o ponto de encontro ser justamente no Instituto, relevei e levei em consideração o horário, alunos não estariam em grande quantidade às cinco da tarde naquele local, afinal, era um dos poucos dias em que as atividades extracurriculares ocorriam em menor quantidade. 

Estava de jaleco para justificar minha presença no laboratório ou na escola, caso ela fosse questionada em algum momento, mas até então não havia encontrado ninguém. O que me tranquilizava.

Direcionei-me ao local, pude ouvir vozes ao longe. Aproximei lentamente e vi duas pessoas na região. Jace era uma delas. A outra era uma incógnita. Mas naquele momento acho que não me importei, pude ver um beijo se iniciar.

Senti-me uma intrusa. Eu não deveria estar ali.

Conhecia aquela pessoa, Aline Penhallow. 

Ninguém mais que a ex-namorada de Jonathan.

Estava sem palavras. Sem reação. Parada no corredor assistindo de camarote um beijo que aparentemente não terminaria cedo. Mas, terminou. Afastaram-se.

Jace me viu. Olhou-me. Mas sinceramente naquele momento não quis saber o que tinha a dizer, ou se ao menos iria fazê-lo. Dei as costas enquanto ouvia meu coração bater descompassado. 

Há meses atrás o mesmo ocorria, porém naquele tempo eu não tinha a sensação que o ar faltaria em meus pulmões. Naquele tempo, as borboletas voavam em meu estômago, sentia o nervosismo florescer em minha pele. Afinal, eu tinha recebido os beijos. 

Mas agora, só posso sentir o desapontamento. A decepção me corroendo. Embora não tivéssemos nada sentia-me esperançosa, talvez uma parte minha almejasse algo futuro. 

Talvez fosse melhor assim. Acabar antes de começar. 

Talvez não doesse tanto. 

Talvez eu só precisasse de um tempo até assimilar o que havia ocorrido. 

Afinal, não era a primeira vez que isso acontecia.

Meses como novembro podem ocorrer todo dia.


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Notas finais do capítulo

E aí, galerinha? Deixem-me saber o que acharam!
Qualquer erro é só me avisar, sempre tem um errinho que passa despercebido!
Até o próximo capítulo!
Beijos e abraços, Mr. Secret

Publicado dia: 17/11/2019



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