Time After Time escrita por Catelyn Hudson


Capítulo 4
Starman (Rocket)


Notas iniciais do capítulo

Importante:
Rocket = Ron
Groot = Grover
Gamora = Georgina
Star-Lord = Peter Quill
Drax = Drake
Mantis = Mandy
Yondu = Yan
Nebula = Nikki



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Música: Starman — David Bowie

Brooklyn, 1996

A vida no lar dos Raccoon sempre fora caótica. Era uma grande família vivendo numa casa enorme, mas que nunca parecia cabê-los direito.

Ron acordava pouco depois do nascer do sol, graças ao som alto que sua avó paterna fazia (de todos os quarto, ele pegou o mais próximo à cozinha). Ele acabou se acostumando a ser uma pessoa matutina, acordando cedo mesmo quando vovó era internada por conta de sua diabetes, mas o barulho dela fazendo o café da manhã antes das 6h ainda era irritante.

Os dois gozavam de relativa paz por mais 15 minutos mais ou menos, até que o resto da família acordasse: seus pais, seus 4 tios e tias, seu avô paterno, sua tia-avó materna e seus 3 primos. Tia Teresa tinha 80 anos e sofria com Alzheimer; geralmente, ela começava a gritar coisas sem sentido de manhã cedo, seguido dos gritos de vovô mandando-a se calar. (Vovô jamais admitiu, mas todos sabiam que ele sentiu falta da guerra de gritos matinal quando Tia Teresa faleceu. Todos sentiram falta, afinal.)

Ele era o mais velho entre os primos, seguido de Grover, 3 anos mais novo. Eles eram os mais próximos entre si, graças a seu amor por música e quadrinhos. Ron preferia Grover também porque ele era o menos gasguito, mesmo quando era mais novo.

A escola era, estranhamente, mais quieta que sua casa, talvez por ele ter poucos amigos – não que quisesse ter mais. Como morava a 2 quarteirões de lá, ele costumava almoçar com sua família. Vovó sempre permitiu que trouxessem um amigo, mas só um por vez. Ron raramente o fazia; seus amigos eram tímidos demais para o clima da sua casa.

A chegada de Georgina não mudou muito a rotina da casa, mas trouxe certa quietude nos primeiros meses. Num acordo silencioso, todos decidiram lhe dar espaço para viver seu luto. (Claro, Tia Teresa não fez parte do acordo, mas ela parecia compreender, de alguma forma, que a nova moradora estava passando por grande sofrimento. Pessoas demenciadas pareciam ter momentos esquisitos de lucidez.)

Sendo os mais velhos da sua geração, Ron e Grover tomaram para si a tarefa de ajudá-la a superar o luto. Não que soubessem como fazer isso. Na verdade, a garota não foi receptiva a suas primeiras tentativas.

— Deixem-me em paz – ela dizia a cada mais ou menos 3 dias, após eles tentarem animá-la.

— Só me deixei só, por favor – disse uma vez ou outra.

— Olha, meninos – ela disse por fim. – Sei que vocês têm as melhores intenções, e peço desculpa por ser grossa, mas realmente quero lidar com isso sozinha. Preciso me acostumar a estar só.

— Mas você não está só – Grover respondeu na mesma hora. – Você tem a mim, ao Ron e…

— Ok, nós te entendemos – Ron interrompeu seu primo, sinalizando que ele se calasse. – Mas se precisar de alguma coisa, pode nos chamar.

Ela assentiu, a expressão ligeiramente grata. Ele pegou Grover e o levou a seu quarto. Assim que fechou a porta, o mais novo recomeçou a falar:

— Mas ela não está sozinha! Esta casa é grande e cheia de gente!

— É, mas nenhum de nós é família. Somos praticamente estranhos. Ela só está aqui porque não tem outros parentes a quem recorrer, e mamãe era melhor amiga da mãe dela. – Ele se sentou na cama. – Coloque-se no lugar dela. Ela perdeu a mãe, descobriu que o pai é um serial killer e foi separada da irmã gêmea. E ainda por cima tem a polícia a vigiando 24h todo dia, porque seu pai pode vir aqui e matá-la. – Ele voltou o olhar para o chão. – Ela não precisa da gente a aperreando. Se ela se sentir confortável conosco, ela virá até nós.

Pensou se Grover realmente o entenderia. O menino tinha apenas 11 anos, afinal de contas. Porém, sem primo o surpreendeu.

— Quando ela se sentir confortável. Temos que mudar nossa estratégia. Oferecer consolo sem se aproximar… faz sentido?

Pego de surpresa, Ron demorou a responder.

— Faz sim. Pelo visto, precisamos de um novo plano.

E um novo plano fizeram. Agora, em vez de incomodá-la com perguntas e ajudas não requisitadas, optaram por uma abordagem mais silenciosa. Às vezes, Ron deixava um prato de morango (a fruta predileta dela) na mesa da cozinha em momentos aleatórios do dia. Ao flagrá-la sozinha, ele não a checava mais sempre, e quando o fazia, era sempre com uma desculpa.

— Georgina, você é boa em inglês? Preciso de ajuda nesta leitura aqui.

— Ei, poderia ouvir esse solo de guitarra que treinei? – Ou violão.

— Pode cronometrar minhas corridas, por favor?

Ela geralmente aceitava, mas de vez em quando dizia não ou inventava sua própria desculpa; geralmente envolvendo Tia Teresa, já que elas dormiam no mesmo quarto, e ela considerava seu dever cuidar dela.

— Querida, você não precisa fazer isso – sua mãe insistia. – Estamos acostumados a cuidar dela.

— Sem problemas, Sra. Raccoon – ela respondia. – Ela é a única pessoa de quem cuido além de mim mesma. – Falava aquilo como se dissesse que não tinha nada melhor a fazer, mas todos sabiam o real significado de suas palavras.

No entanto, ela não estava dizendo a verdade. Georgina não se cuidava.

Grover fazia o possível. Ao vê-lo tocar guitarra, decidiu fazer algo similar – primeiramente com flauta, depois com gaita. Ele também lhe pedia para ajudar no jardim, tarefa que era sua desde os 8 anos, quando mostrou interesse em jardinagem.

Ficaram fazendo isso por 6 meses, usando seu silêncio como bom sinal. Um dia, porém, após um solo, ela sugeriu:

— Você deveriam tocar uma música juntos. Não sou expert em música, mas acho que seu violão e a flauta e gaita dele dariam uma boa combinação de som.

Ele sorriu e assentiu.

— Alguma sugestão de música?

Ela pensou um pouco.

Everybody wants to rule the world, do… Tears for Fears? É, essa é a banda.

— Conheço essa. Verei se Grover gosta.

Semanas depois, ele a flagrou comendo morangos na cozinha. Ao encher seu copo de água, ouviu-a lhe agradecer. Ele se virou para ela.

— Pelo quê?

— Pelos morangos – ela disse, sorrindo-lhe fracamente. – E as músicas. E… por tudo, na verdade. Você e Grover ajudaram muito.

Ele se limitou a um “de nada” e bebeu sua água.

—x-

— Você teve um grande progresso neste ano, Ron. Sei que não digo isso muito, mas parabéns.

Ron sorriu largamente com o elogio de seu treinador. Acabara de ganhar uma corrida estadual, após 2 anos ficando em 2º lugar.

— Obrigado, sr. Gray. Significa muito para mim.

O treinador deu-lhe um pequeno sorriso.

— Pego pesado com você porque me pediu para ajudá-lo a ser o melhor. Mas filho, você daria um ótimo corredor profissional se quisesse. Talvez até competir em Sydney em 2000, se começarmos um treino focado hoje.

— Fico honrado, treinador, mas meu foco ainda é a NASA.

— Justo. É uma ambição igualmente grande. Inclusive, como vai a escola?

— Alguma dificuldade com Inglês, mas mais porque as leituras do ano vêm sendo chatas até agora.

— Estamos em novembro ainda, Ron.

— Mesmo assim, sinto falta de Edgar Allan Poe. E Fantasma da Ópera.

Sua conversa foi interrompida por seus pais, que o abraçaram com força. Antes de irem embora, ele agradeceu seu treinador novamente.

— Até quarta, garoto – seu treinador disse ao sair.

Apesar das poucas esperanças, conseguiram encontrar uma mesa no restaurante que coubesse toda a família e Georgina. Apenas tia Teresa estava ausente, por motivos óbvios – ela não conseguia ficar fora da cama por um tempo maior do que para ir ao banheiro. Sua mãe conseguiu contratar uma cuidadora para aquela noite, a fim de que todos pudessem celebrar sem preocupações.

O jantar foi animado e barulhento, como era de esperar para sua família. Após algumas doses de álcool, Georgina teve disposição para ir ao pequeno palco onde uma banda tocava o couvert e se ofereceu para cantar. Ela sussurrou uma sugestão, aparentemente acatada. Só quando ela começou a cantar que ele reconheceu a música de David Bowie, Starman. Sério isso?

Ah bom. Ele não ia reclamar. Era o melhor que havia visto dela desde que ela chegou a sua casa.

—x-

Verão de 1997

Após conversar com o diretor da escola, Ron e seus pais concordaram em fazê-lo pular de ano. Ele já estava em aulas avançadas em quase todas as matérias; segundo Professor Jones, segurá-lo na série seria perda de tempo.

Ficou um pouco triste por não poder ver seus amigos em sala de aula, mas era um detalhe pequeno comparado aos benefícios. Seus próprios amigos se alegraram com a notícia, e ele concordou em levá-lo para almoçar na sua casa mais vezes – ninguém ousou sugerir que ele almoçasse na escola; afinal, a comida de sua avó era muito superior.

Ainda assim, pular de ano o assustava. Apesar de seu QI alto, nunca passara por aquilo antes; sua família receava que ele fosse sofrer bullying. Agora era mais velho e capaz de se defender, mas o receio persistia.

Georgina notou sua apreensão e decidiu que era hora de “retribuir” a ajuda dada por ele quando ela se mudou para sua cada.

— Você não me deve nada – ele argumentou. – Nunca esperei nada de volta pelo que fiz.

— Besteira – ela respondeu. – Além do mais, são minhas últimas férias, e tenho planos… e esse particular não dá para ser feito só com ele.

— Quem?

Só recebeu resposta horas depois, quando estavam quase fora da cidade (eles dois e seu primo).

— Grover, Ron, este é meu quase-namorado Peter Quill. Peter, estes são meus amigos Ron e Grover. Já te falei deles.

— É, mas nunca nos falou dele! – Ele mentalmente agradeceu a seu primo por vocalizar sua frustração.

— E eu não sou seu quase namorado! – O cara exclamou logo depois, desviando a atenção de Georgina, que ergueu uma sobrancelha.

— Você ainda não me chamou para sair, Star-Lord. Considere-se com sorte que acabei de soltar que aceitaria se você fizer isso.

Ele suspirou e se virou para os dois adolescente.

— Ei, meninos. Como ela disse, meu nome é Peter Quill, Georgina e eu estamos… quase namorando… algo que poucas pessoas sabem agora, mas logo irão, assim que chegarmos à faculdade de mãos dadas – Georgina revirou os olhos – e de qualquer forma não foi para falar de nós que o trouxemos aqui.

Ele e Grover se encararam, e Ron falou:

— Então por que viemos tão longe? Nem sei que zona da cidade é essa, para ser sincero.

— North Riverdale, no Bronx – Georgina explicou. – Quase fora de Nova York… alguns minutos de carro e estamos em Yonkers. Já já a gente explica porque estamos aqui exatamente, mas primeiro deixem o Peter falar da nossa proposta.

Peter a encarou com olhos arregalados por um instante, mas logo se voltou para os dois.

— Georgina disse que vocês tocam bem, Ron na guitarra e violão e Grover na flauta e na gaita. Certo? – Eles assentiram. – Bem, ela canta e toca violino. Eu canto, apesar de não tão bem, e toco o baixo. Há tempos que eu queria montar uma banda, mas nunca encontrei uma quantidade o bastante de pessoas interessadas. Georgina disse que, se vocês quiserem, vocês podem. Entrar na banda, digo.

Ron se voltou para ela.

— Você sabe que vou começar o 2º ano do Ensino Médio. E tenho que manter minha rotina se eu quiser chegar à NASA. – Em resposta, ela lhe sorriu.

— Eu sei, Ron, e já disse isso a Peter. Nenhum de nós quer montar uma banda profissional, sabe? Só por hobby. A gente tocaria em eventos pequenos, faria couvert artístico, essas coisas. – Ela se aproximou dele e colocou uma mão em seu ombro. Ao longo do último ano, sua altura finalmente se igualou à dela. – A escolha é sua e de Grover, mas realmente acho que algo assim vai te ajudar a relaxar no meio da sua rotina.

Ele mordeu a parte de dentro do lábio e desviou o olhar. Ela tinha razão; ele mal fazia algo por puro lazer ultimamente. Claro, lia alguns livros de ficção e quadrinhos, mas a maior parte do seu dia-a-dia era voltada para seu objetivo. Além disso, supunha que poderia pular fora se a banda começasse a lhe atrapalhar.

Grover o fitava. Sabia o que aquilo significava: seu primo o seguiria independente da sua decisão; perguntar sua opinião seria perda de tempo.

— Acho que posso falar pelo Grover quando digo sim – respondeu com um discreto sorriso. Do canto do olho, viu Grover assentir.

Georgina sorriu de volta e Quill se animou.

— Maravilha! – Ele exclamou.

— Espera aí – Grover interrompeu Quill antes que pudesse falar mais. – Não precisamos de um baterista?

— Por isso estamos aqui – ele respondeu de imediato. – É onde nosso futuro baixista mora.

Não havia como chegar lá de metrô, como haviam percorrido o caminho antes, foram até a casa a pé, enquanto os dois mais velhos lhes contaram sobre Drake, o suposto baterista.

— Ele mora sozinho há alguns anos – Georgina disse. – Perdeu a esposa e a filha… por causa do Thanos. – A isso se seguiu o silêncio. Ron só podia imaginar como ela se sentira ao conhecer outra pessoa que perdeu alguém pelas mãos do seu pai.

— Eu o conheci na academia – Quill prosseguiu. – É meu instrutor, na verdade. Conversamos muito, e um dia falamos de música. Ele já tocava bateria desde antes de perder a família, e já esteve em algumas bandas. Ele gostou muito da minha ideia e montar uma, mas pediu que fosse eu a procurar membros, porque ele geralmente era o mais novo das bandas de que participou.

— E qual a idade dele?

— Trinta.

Orra. O dobro da idade de Ron. Mas supôs que não era um problema, já que os dois mais velhos estavam de boa com aquilo. Não conhecia Quill bem, mas confiava no julgamento de Georgina. No entanto, foi bom que foi Peter a procurar membros; se era o “caçula”, imagina o quão velhos eram seus antigos colegas de bandas.

Quill bateu à porta de uma casa pequena. Não esperaram muito; logo um homem musculoso, sem camisa, abriu-a. Cumprimentou Peter animadamente, bagunçando-lhe os cabelos. Ao se virar, viu os outros três.

— Você trouxe amigos… é sobre a banda? Ah, por favor, entrem.

Quill os apresentou ao homem conforme entraram, e ele fechou a porta. Educadamente, apertou-lhes as mãos com “prazer em conhecer”, e ofereceu-lhes água e café. Ele e Grover aceitaram a água.

Não havia muito o que discutir sobre a banda em si. Georgina seria a vocalista principal e tocaria o violino quando o “quase-namorado” cantasse, Quill seria o baixista e o vocalista secundário, Drake seria o baterista, Ron o guitarrista e Grover tocaria flauta ou gaita. Supunham que os instrumentos de Georgina e Grover poderiam substituir o teclado.

— Tenho um colega que toca piano – ela disse em dado momento. – Já o chamei para a banda, e ele recusou, mas disse que poderia tocar como extra de vez em quando.

O próximo tópico era o nome da banda; Peter já tinha um em mente: Guardiões da Galáxia. Ron ergueu as sobrancelhas ao ouvir a sugestão.

— Tipo os quadrinhos da Marvel que quase ninguém conhece?

— Exato! Bom saber que você sabe o que é, aliás. E Drake. Falamos disso uma vez por horas, né, cara? – A seu lado, agora vestido com uma camisa, Drake assentiu. – Já tenho até nossos codinomes!

— Você quis dizer “pseudônimo” – Georgina respondeu secamente. Quill só deu de ombros.

— Você me entendeu. Se concordarem, posso ser Star-Lord, Georgina é Gamora, Drake é Drax, Ron é Rocket e Grover é Groot.

A pergunta imediata de Grover, naturalmente, foi:

— Você não vai querer que eu fique falando “Eu sou Groot” o tempo todo, né?

Todos riram, e Ron refletiu sobre seu novo nome. Rocket sempre fora um personagem com o qual se identificara, mais que qualquer outro – em (distante) segundo lugar, Star-Lord. Não sabia se Quill escolheu os pseudônimos pelos seus nomes de registro ou pelas personalidades, mas curtiu o seu. Além disso, Rocket e Groot eram bons amigos, assim como ele e Grover. Drax, como Drake, perdeu a família por causa d…

Por isso o nome Thanos sempre soou tão familiar…

Olhou para Georgina para ver sua reação. Ou ela desconhecia suas semelhanças com Gamora ou não se importava.

Após todos concordarem, Quill – Star-Lord – mencionou ter um empresário em mente pra eles, caso precisassem de um.

— Meu pai, Yan (vamos chamá-lo de Yondu para manter um padrão), sabe tudo de negócios. Se precisarmos de ajuda, é ele o cara. – Ninguém tinha outra sugestão, e o assunto terminou tão rápido quanto começou. Então ele continuou: – Agora, temos que planejar nossa estreia. Locais, playlist, essas coisas todas.

— Tem que ser um lugar onde Ron e Grover possam entrar – Georgina (Gamora?) avisou.

— Podemos procurar locais e decidir as músicas ao longo da semana – Drake (Drax?) sugeriu. – Aí nos encontramos mais perto de vocês.

Ron sugeriu uma cafeteria perto de casa, e marcaram a próxima reunião na sexta.

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Seu primeiro show oficial foi um mês depois. Na reunião na cafeteria, concordaram em focar em músicas dos anos 70 e 80 – todos gostavam das músicas dessa época, e era a melhor desculpa para não terem que aprender toda música nova que fosse lançada.

— Acho que falo por todos nós quando digo que não temos tempo para nos atualizar nos últimos singles lançados – Star-Lord disse (todos se acostumaram logo aos pseudônimos). – Gamora e eu vamos começar a faculdade já já, Rocket precisa focar no treinamento para a NASA, Groot tem a escola e Drax tem a academia.

— Por que isso soa como algo que seu pai diria, em vez de suas próprias palavras? – Gamora perguntou com um sorriso maroto, e as bochechas coradas do namorado responderam.

O amigo dela, Loki, arranjou que tocassem num evento nas Indústrias Stark. Ela tentou convencê-lo novamente a se juntar à banda, mas ele negou.

— Lembro que ele saía com os amigos do irmão de vez em quando – ela lhes disse num ensaio. – Os que testemunharam a morte da minha mãe. Não acho que ele queira se juntar a um novo grupinho tão cedo.

Já que ele e Groot já sabiam tocar Everybody wants to rule the world, graças à sugestão de Gamora meses atrás, foi a 1ª música que escolheram, além de outras onze: The final countdown e Carrie, da banda Europe; Radio Ga Ga e We will rock you, do Queen; Hotel California, do Eagles; Eye of the tiger, do filme Rocky III; Girls just wanna have fun, da Cyndi Lauper; Livin’ on a prayer, do Bon Jovi; Wind of change, do Scorpions; Footloose, do filme homônimo, e, como dueto entre Gamora e Quill, (I’ve had) the time of my life.

Star-Lord insistiu em cantar Footloose sozinho, pois era sua música favorita do seu filme favorito. Apesar de Drax ter questionado seu gosto artístico, com justa razão, ninguém se opôs.

Uma semana antes do grande dia, Gamora levou os dois primos ao shopping.

— Vamos tocar num evento chique – explicou. – Precisamos nos vestir de acordo.

O tal Loki os encontrou lá para ajudar os garotos. Pacientemente, guiou-os por várias lojas até achar algo que os satisfizesse tanto no tamanho quanto no estilo.

— Suas escolhas não são ideais – Loki comentou ao saírem da última loja com a roupa de Groot –, mas suponho que ser membro de banda os permita vestir algo menos formal. – Os primos trocaram olhares e deram de ombros. Não era como se entendessem o que o mais velho dizia.

Sua mãe estava bastante animada quando o dia chegou. Conseguiram convites para seus pais e os de Groot, para que todos pudessem ver seus “bebês” tocando em público pela primeira vez.

— Deus, meus meninos cresceram tão rápido! – ela exclamou, com olhos marejados.

— Sério, mãe? Pulei uma série e é isso que te deixa orgulhosa?

— Ah querido, eu sempre tenho orgulho de você. Mas nunca achamos que você seria membro de uma banda! E tocar logo na Stark! Já já estará tocando na Madison Square Garden!

— Calma aê! Não somos profissionais, mãe. Se a banda chegar a esse nível, já terei saído há tempos. NASA ainda é meu foco.

Sua mãe murchou um pouco, mas logo voltou a falar animadamente da sua performance. Felizmente, seu pai só sorriu e lhe afagou a cabeça; não aguentaria se ele estivesse igual a sua mãe.

Pegaram dois táxis para ir ao prédio onde o evento aconteceria. Gamora iria com o namorado e com Drax, levando a maioria dos instrumentos. Foram recebido com tapete vermelho, cercados de jornalistas. Felizmente, eles não estavam os aguardando, então conseguiram entrar sem serem perturbados. Uma jovem os esperava na entrada.

— Boa noite – ela disse educadamente. – Sou Pepper Potts, uma das assistentes do Sr. Stark. Poderiam confirmar seus nomes.

— Rocket, Groot e família. – Quill o advertira de que tinha enviado os pseudônimos. Ela checou na prancheta e sinalizou para que entrassem.

— Sigam-me. O show será no salão de jantar.

Timidamente, sua família a seguiu. Após uma viagem incrivelmente rápida de elevador para o 16º andar, depararam-se com um salão vazio.

— A 1ª parte da noite será em outro andar, onde o Sr. Stark mostrará alguns dos seus próximos lançamentos – ela explicou. – Presumi que prefeririam ficar aqui para ajustes e ensaios finais, mas se quiserem assistir à apresentação do Sr. Stark, posso levá-los para lá.

Sua expressão ao mencionar Stark era de tédio, como se acreditasse não haver muito o que ver. Seu pai se adiantou a ele na resposta.

— Obrigado, senhorita, mas preferimos esperar os demais membros da banda aqui.

Ela assentiu.

— Tudo bem. Se não se importam, preciso voltar à recepção. – Sem esperar resposta, retirou-se.

Seus pais e tios se sentaram perto do palco, enquanto ele e Groot subiram para ajustar seus instrumentos.

— Vamos abrir com Footloose — disse tanto a Groot quanto a si mesmo. – Você e Gamora ficam mais atrás, já que só entram na 2ª música… que será Wind of change...

Deixou seu primo testar seus instrumentos antes de testar os seus. Gamora, Star-Lord e Drax chegaram 1h depois, seguidos de Yondu, a quem fora apresentado uma semana antes. Ele e sua família seguiram Potts ao andar onde o evento principal ocorreria.

— Achei que fosse querer assistir à primeira parte – Gamora comentou.

— Tenho certeza de que vão passar na TV amanhã. Prefiro garantir que nossa performance será a melhor possível.

— Esse é o espírito! – Star-Lord disse animadamente. – Agora, tempo umas 3h para o ensaio final. Vamos lá!

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O show transcorreu tranquilamente. Graças à espera de 3h e meia, tiveram tempo para ajustar tudo como queriam, proporcionando um show sem erros técnicos nem acidentes. Apesar do holofote logo acima, Rocket conseguiu enxergar o público e sua reação. Alguns não se ligaram, mas a maioria se atentou à banda, reagindo positivamente.

O número de abertura foi divertido; viu alguns se levantarem para dançar. Logo após, o cover de Wind of change deixou alguns olhos marejados. Não só a voz de Georgina era linda, presumia que a música evocava lembranças de um passado não muito distante – se recordava bem o contexto da música.

Outra música popular na plateia foi o dueto entre Gamora e Star-Lord. Muitos se levantaram para dançar e bater palmas; os sorrisos do casal (Quill a pedira oficialmente em namoro poucos dias antes) ajudou a animar o pessoal.

O baixista e Drax ficaram de fora em Everybody wants to rule the world, a pedido de Gamora, que disse amar a versão dele e de Grover, apenas com violão e flauta. O público pareceu concordar, se considerar as palmas ao fim da performance.

Entretanto, o número mais popular foi o último. Exceto por Drax, todos deixaram seus instrumentos de lado e usaram apenas as mãos e os pés para We will rock you. Metade da plateia os imitou. Quill foi o primeiro a cantar, seguido de Gamora, com os demais no back-up. Ao fim, a plateia toda se levantou para aplaudir e assobiar. Ouviu, ao longe, um grito de “esse é o meu garoto!”, que poderia ter sido ou de seu pai ou de seu tio.

O próprio Howard Stark subiu ao palco para agradecê-los pelo show.

— E vou dizer a vocês – continuou, virando-se para o público –, essa foi a primeira performance deles. Você tiveram o privilégio de assistir à estreia dos Guardiões da Galáxia! Pessoalmente, adoraria assistir a essa trajetória. Esses meninos têm um grande potencial!

Mais aplausos. Só Star-Lord conseguiu manter a cabeça erguida, sorrindo; os demais desviaram o olhar, envergonhados. Uma hora mais se passou até o encerramento do evento, tempo o suficiente para jantarem e conversarem com pessoas que se interessaram pela banda.

— Acho que conseguimos marcar uns 4 shows nos próximos 2 meses – Quill disse ao saírem. – Dois em agosto e dois em setembro.

— Quando serão os de setembro? – Rocket perguntou, a preocupação clara em sua vez.

— Finais de semana – Yondu respondeu de imediato. – Não acho que nenhum de vocês tenha como se apresentar durante a semana, na verdade.

— Mas temos que ensaiar na semana – Drax disse –, ou não nos sairemos tão bem quanto hoje.

Rocket deu de ombros.

— Não tenho problema em ensaiar na semana, desde que eu consiga dar conta de todas as minhas atividades.

Sua mãe respondeu num segundo:

— Querido, você consegue estudar tudo da semana em dois dias. Você só precisa agendar os ensaios depois dos treinamentos. – Ela não estava errada…

— Mas quero 3 dias livres para estudar – insistiu.

— Cara, relaxa – Quill disse. – Vamos ensaiar 3 vezes por semana. Gamora e eu vamos começar a faculdade, e precisamos de tempo para render lá. Groot vai começar um novo ano letivo, e Drax trabalha. Você ser o que tem menos tempo livre, Rocket, mas por ora todos estaremos bem ocupados. – Ele pôs a mão em seu ombro, e Rocket lhe sorriu discretamente.

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Inverno de 1998

— Tomando esteroides, hein? – Foi a primeira reação de Star-Lord ao ver Rocket. Ele revirou os olhos.

— Ao contrário de você, eu sou fiel à minha rotina de exercícios. E à dieta..

Pelo cantos dos olhos, viu Drax assentir.

— Mais um sanduíche e você entra em sobrepeso, cara.

— Ah, cara, vai lá! Não estou tão ruim… – Drax ergueu uma sobrancelha. Quill suspirou. – Ok, acho que minha dieta não está sendo tão boa quanto deveria, mas a faculdade é estressante!

— Desenvolver diabetes durante o curso não vai te ajudar.

Ao menos Star-Lord aceitou a derrota e não respondeu. Gamora interveio:

— Agora que vocês já falaram de peso e… diabetes, precisamos falar do convite.

— Que convite? – Rocket perguntou com estranheza.

— Uma boate nos chamou para tocar próximo sábado, mas não vão deixar nenhum menor de idade entrar – ela explicou, fitando-o nos olhos. – Ou recusamos, ou tentamos insistir em te deixar entrar.

Ele se virou para Quill.

— Você toca o baixo. Não pode trocar para guitarra?

— Poder, eu posso, mas ninguém mais toca o baixo aqui. E o baixo é tão importante quanto a guitarra, você sabe bem disso.

Sim, ele sabia. Também sabia, de conversas prévias, que, apesar de a maioria das boates não se importar de ele e Groot terem, respectivamente, 15 e 12 anos, algumas era bem rígidas. Duvidava que a mencionada fosse ceder.

— Quando pretendem nos pagar? – perguntou. – O dilema não vale a pena se não nos pagarem bem.

Gamora quem lhe respondeu, e ele logo entendeu; era um cachê bem alto.

— Você toca violino – ele disse, e ela assentiu. – Não acha que dá para aprender um pouco de baixo? Se pegar o básico em uma semana, podemos deixar o Quill na guitarra. Não é o ideal, mas é o que temos por ora.

— Ou vocês podem evitar músicas que requeiram o baixo – Groot acrescentou, após ter passado toda a reunião em silêncio. – Conseguimos tocar várias vezes sem um teclado, por exemplo. Escolhemos músicas onde o teclado poderia ser substituído por outro instrumento. Por que não fazer isso desta vez?

Todos ficaram quietos conforme analisavam a sugestão de Groot. No fim, Star-Lord disse:

— Podemos tentar as duas ideias. Ensino o básico do baixo à Gamora, e escolhemos as músicas conforme nossa habilidade.

Todos concordaram. Era o melhor que poderiam fazer.

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Nas férias de verão daquele ano, ele encontrou um local perto de casa que ensinava russo. Infelizmente, as aulas ocorriam nas manhãs de sábado – ou seja, a banda teve que passar a recusar a maioria dos convites para dar show sextas à noite. Tudo bem que ser convidado era algo raro; Yondu era quem geralmente conseguia a maioria dos seus shows. A única pessoa a chamá-los regularmente era Pepper Potts.

— Bem, acho que os Stark são nossos fãs – Drax disse uma vez. – Somos chamados quase todo mês para tocar nos eventos deles.

— E ele nos paga muito bem – Gamora acrescentou –, principalmente considerando que somos todos amadores.

Rocket tinha sua própria teoria quanto à preferência de Howard Stark pela banda, mas não se sentia à vontade para expressá-la. Não achava que Gamora ia gostar de ouvi-lo dizer que o sr. Stark os lembrava de seu filho (Tony fora colega dela antes de entrar na faculdade 2 anos adiantado).

Seu novo ano letivo se revelou mais fácil que o anterior, provavelmente pela transição mais suave. Porém, logo estava frequentando classes avançadas em metade das matérias, e ainda assim tirando 9-10 em tudo. No natal, o diretor o chamou, com seus pais, para falar sobre faculdade.

— Não seria a primeira vez que alguém nesta escola se forma mais cedo. Um de nossos estudantes o fez aos 16 anos.

Tony Stark, claro. Gamora lhe contou, uma vez, que ele fez uma grande festa para celebrar o fato de “ter se tornado adulto antes de todo mundo”. Ninguém o levou a sério, mas todos foram à festa mesmo assim.

— Já pensou em quais faculdades quer tentar entrar, Ron? – o diretor perguntou. Ele estranhou o uso do seu nome. Até seus amigos e parentes o chamavam de Rocket.

— Tenho algumas opções. Columbia, Harvard, MIT...

— Podemos começar a trabalhar em cima disso, se quiser.

Ele olhou para seus pais, que assentiram. Suspirou, mas um sorriso discreto poderia ser visto em seu rosto.

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Primavera de 1999

Drax disse que era uma reunião emergencial, mas tiveram que esperar por um bom tempo dentro do carro novo do Quill até ele chegar em casa no seu próprio carro.

— Espera, tem alguém com ele – Groot disse rapidamente, encostando a cabeça no vidro do carro para enxergar melhor. Rocket fez o mesmo.

Uma mulher alta e magra saiu timidamente do carro de Drax. Seus cabelos negros estavam amarrados, e ela vestia uma blusa branca lisa e jeans preto. Nada nela indicava sua identidade, mas estava certo de que ela era o assunto da reunião.

— Temos que esperá-lo nos ligar, de qualquer forma – ouviu Gamora dizer, provavelmente ao namorado.

Não precisaram esperar muito, contudo; ele ligou 2 minutos depois, autorizando-os a entrar. A mulher estava sentada no meio do sofá grande. Todos se sentaram enquanto Drax pegava água, cumprimentando-a – ela se apresentou como Mandy. Por fim, Drax veio e se sentou a seu lado.

— Bem, pessoal… Como sabemos, nosso querido guitarrista vai embora de Nova York em poucos meses. – Sorriu para Rocket, como se o estivesse parabenizando novamente. Ainda se lembrava dos gritos animados dele, ao anunciar que iria para o MIT. – Por melhor que isso seja, a saída do Rocket é uma grande perda para a banda. Nenhum de nós é tão bom quanto ele na guitarra e no violão… Desculpa, Gamora, você é péssima no baixo. Não tem como substituir seu namorado.

— Sem problemas, é a verdade – ela disse. Ele prosseguiu:

— Enfim, decidi procurar, entre meus amigos, alguém que pudesse substituir Rocket. Um deles me indicou uma mulher que, além de tocar violão e guitarra, tocava outros instrumentos, cantava e dançava. – Olhou de soslaio para Mandy. – Resumindo, conseguimos nos encontrar, conversamos, e ela topou.

Mandy acenou timidamente.

— Oi – disse baixinho. Olhou para Drax, que gesticulou para que continuasse a falar. – Meu nome é Mandy, como já sabem. Mandy Brandt. Eu… trabalho numa boate. Canto e toco vários instrumentos, e danço. Provavelmente não vai ser muito útil na banda, mas… é. Amo dançar.

Parecia haver mais, algo que ela escondia, mas ninguém perguntou. Drax, no entanto, parecia entender tudo. Talvez tenha falado disso no encontro dele.

— Podemos fazer uma espécie de estágio – Gamora sugeriu. – Temos 3 shows agendados para esse mês. Você toca com o Rocket e vê se quer realmente se juntar a nós.

Mandy assentiu, sorrindo.

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Felizmente, Mandy se adaptou à banda sem problemas. Em um mês, tornou-se membro oficial, tendo como pseudônimo Mantis.

Enquanto isso, Rocket e seus pais iam e voltavam da faculdade para organizar sua nova fase de vida. Ele ficaria num dormitório próprio, e maioria das suas atividades extracurriculares prévias poderiam ser continuadas lá. Infelizmente, não encontraram um lugar que ensinasse russo, mas ele se contentou com a possibilidade de fazer curso online se quisesse.

Ficou particularmente feliz em saber que poderia entrar na AFROTC (*sigla para Air Force Reserve Officer Training Corps - mais detalhes abaixo!) no próximo ano. Receava que sua entrada precoce na faculdade seria um problema, mas foi informado que bastava completar 18 anos que poderia se alistar. Ótimo; não precisaria esperar 2 anos para entrar no exército.

Por ora, tudo estava indo bem. Algo, porém, ainda o preocupava: sua família. Não que fosse necessário em casa. Era apenas mais um Raccoon, um facilmente substituível. Suas preocupações eram de natureza emocional e levemente egoísta: sua avó e tia Teresa estavam cada vez mais doentes.

Vovó tivera que se internar duas vezes naquele ano por conta da diabetes, e ainda era julho. Cada internação durou cerca de 2 semanas, da saíra da última sem um pé. Seu pai, que era o filho mais novo, deu um longo sermão sobre a importância de ela se cuidar mais em vez de se estressar com todos a seu redor – todos eram crescidos e totalmente capazes de cuidarem dos próprios afazeres – mas foi interrompido por ela:

— Se eu não cuidar da minha família, o que farei? – Ela fungou. – Não serei mais útil nesta casa...

Seu pai tentou convencê-la de que não precisava tomar conta dos afazeres domésticos para ser útil, mas falhou miseravelmente.

— Ela provavelmente ficará depressiva se ficar sem fazer nada – sua mãe lhe disse. – Ou ela teme ficar igual à tia Teresa.

Falando nela, agora já não reconhecia mais ninguém. Tinha vaga noção de dividir um quarto com Gamora, mas a garota lhe era uma estranha – e ela não era muito amigável com estranhos.

— Não precisa esperar que saia para vir para meu quarto – ele lhe disse.

— Nem sei se devo sair, Rocket. Ainda temo deixá-la sozinha.

— Vovô tem condições de ajudá-la. – O que era verdade. Seus avós dormiam no quarto ao lado e, embora vovó andasse devagar depois de perder um pé, vovô parecia ter parado de envelhecer aos 55 anos. Gamora não respondeu. Sabia que a discussão era infrutífera; ela não se mudaria antes de ele ir embora. Ao menos sabia que ninguém a deixaria permanecer com tia Teresa.

Seu último dia em Nova York foi marcado por um show na Stark, num evento de caridade.

— O Sr. Stark está ciente de que esta será seu último show por um bom tempo – Potts lhe disse. – Esteja preparado para um discurso comovente.

— Ele nem sabe meu nome de registro.

— Não se iluda achando que isso importa.

E não importou. Howard Stark era mestre em retórica, e conseguiu falar de Rocket como se fosse um grande amigo. Ele mesmo se comoveu, apesar de o discurso ter sido meio genérico. A sós, ele o parabenizou pela aprovação.

— Olha, garoto, vai ser difícil no começo. Faculdade sempre o é, e o fato de você ser mais novo que seus colegas não ajuda. Meu filho teve problemas de adaptação no 1º ano em Columbia. Mas vale muito a pena. Tenho certeza de que terá sucesso. E se você, por acaso, não quiser mais ir à NASA, pode vir aqui quando se formar. As Indústrias Stark o receberão de braços abertos.

— Obrigado, senhor, pela oferta e… por tudo. – Foi sincero no agradecimento. Esperava nunca precisar, mas saber que teria um emprego garantido se o plano A falhasse o trouxe certo alívio.

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Nova York, 2001

Alguém pensaria que, no meio de uma tragédia de tamanhas proporções, todo o resto pausaria. Mas não. As pessoas continuavam a adoecer, hospitais funcionavam normalmente, e ainda se morria por causas não relacionadas à tragédia que acontecia lá fora.

Talvez essas frases só fizessem sentido na cabeça de Rocket, mas eram tudo que conseguia pensar ao ver a equipe médica atestar a morte cerebral da Tia Teresa, enquanto ouvia notícias dos ataques. Howard Stark estava numa das torres, em reunião com um potencial investidor. Todos mortos, claro, assim como Tia Teresa.

Sua morte foi confirmada no dia seguinte. Só assim ele se permitiu voltar a sua antiga casa. Não esteve presente em seus últimos dias acordada; nada mais justo que ficasse no hospital à medida sua morte chegava.

— Você não comeu bem lá – Gamora disse assim que ele entrou na casa. – Vou pegar morangos para ti.

Mais tarde, naquele mesmo dia, ela recebeu uma ligação da Srta. Potts.

— A Sra. Stark quer que toquemos numa homenagem ao esposo – ela lhe contou. – Quer se juntar a nós.

Ele assentiu, claro.

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Início de 2003

Não pôde comparecer ao velório de vovó há 6 meses, mas pelo menos estava em NY quando receberam a boa nova.

— Thanos foi preso – Groot anunciou assim que fechou a porta da casa. – Encontraram-no no Colorado. Parece que até impediram um assassinato com isso.

Gamora apareceu pouco depois, um largo sorriso no rosto, confirmando a notícia. Ele sugeriu chamar a banda para celebrar, e ela decidiu que a festinha seria em casa, para que a família – agora tão dela quanto dele – pudesse comemorar também.

Quill trouxe a maior parte das bebidas, enquanto Drax trouxe comida. Mandy tinha um kit de karaokê e o trouxe ao saber que a TV da sala era compatível. Seus pais ajudaram a organizar tudo, com a ajuda de uma tia.

Todos ficaram felizes quando vovô desceu para se juntar a eles. Gamora e Groot haviam lhe dito que ele mal saía do quarto após a morte de vovó. Naquela noite, ele até sorriu algumas vezes, e surpreendeu a todos quando, após Mandy propor um brinde, ele tomou a palavra:

— Um brinde à nossa querida e amada Georgina, que finalmente terá paz. – Ao brindarem ele a fitou e acrescentou: – Dias melhores estão vindo, minha cara. Continue a sorrir.

Ele tinha certeza de que os olhos dela marejaram, mas logo se distraíram com o brinde de Mandy:

— A Drax, que finalmente terá justiça para sua família.

Drax sorriu, e Rocket apertou-lhe o ombro.

— Podemos brindar ao fato de que Rocket veio aqui logo nessa semana? – Groot sugeriu. – Tipo, esse foi o melhor timing que já vi na vida!

Todos riram e brindaram.

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No fim, Gamora se mudou para o apartamento do namorado junto com a irmã. Ela o anunciou em outra reunião, com Rocket já de volta ao MIT. Ele só conheceu Nikki meses depois, nas férias de verão.

— Não acredito que finalmente temos quem toque teclado – Quill disse numa ligação. – Você deveria ter visto, Rocket, sério. Minha cunhada manda ver no teclado.

— Cunhada, hein? Planos para o futuro próximo, Star-Lord?

Breve silêncio.

— Depois da formatura – ele disse por fim, mais baixo. – Provavelmente precisarei da sua ajuda, inclusive.

— Pode ser. Só não sou muito bom com joias. Mandy e Nikki certamente ajudarão mais.

— É… vou deixar isso para quando a hora chegar, sabe? Não quero ficar nervoso cedo demais. – Ele riu e desligou.

Na sua segunda noite em Nova York, Potts chamou a banda novamente. Obviamente, todos estavam animados em ter a banda toda reunida para tocar. Eles se encontraram no referido apartamento, onde falou com Nikki pela 1ª vez.

— Ei, Nikki, prazer em te conhecer – ele disse, cumprimentando-a.

Ela lhe deu um sorriso educado.

— Acho que você deveria me chamar de Nebula aqui. Rocket, né?

Ele assentiu, rindo. Tudo estava bem, afinal.


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Notas finais do capítulo

- Rocket nasceu em 02/11/1982, Groot em 10/05/1985.
— Aos que esperavam que o cap fosse terminar com Rocket na NASA, não seria muito realista. Milhares de pessoas tentam anualmente, e ele tem muito anos ainda pela frente se quiser ter alguma chance.
— AFROTC é um programa militar americano que permitir que universitários treinem e sirvam sem ter que trancar a faculdade ou comprometer muito tempo de estudo. Do que pesquisei, serviço militar é um diferencial na NASA, principalmente para quem ser piloto (que é a função que enxergo para o Rocket).
Feedback é sempre apreciado! :D
Prox. cap.: Steve Rogers!



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