Ao ser arremessado, minhas vidas passam pelos meus olhos. 

Me lembro de quando era homenageado como um Deus no Egito, me lembro daquele dono ridículo que me abandonou na neve em Estocolmo na terceira vida, para eu morrer. Recordo de todos os ratos que matei, para sorver seu delicioso alimento, dos meus abrigos e de minhas famílias. 

Acima de tudo, recordo-me dela: a suprema sacerdotisa Pítia, que agora ocupa o corpo dessa menina, de forma reencarnada. 

Estamos ligados. 

Eu fui seu gato em, pelo menos, metade de minhas sete vidas até então.

Seus olhos embranquecem quando ela entra em um transe profundo, seus músculos se retesam, e ela tem aquela chama. 

Aquilo que me atrai para perto dela todas as vezes, um poder de sabedoria que a faz entender tudo que acontece,  que aconteceu ou acontecerá.

Delfos será sempre nossa casa.