"De manhã, um atentado ocorreu na França. Dois homens encapuzados implantaram uma bomba na Avenida Champs-Élysées, 200 pessoas morreram e mais 50 ficaram feridas", a correspondente falava apressada ao meio dia, como se quisesse sair logo do local do crime. 

Não tive reação, simplesmente não sabia o que dizer. 

Era tudo tão estranho, aconteceu como eu havia visto, como eu havia pensado. 

Peguei minha bicicleta para tomar ar, e de quebra, ir até a faculdade, aproveitando o começo da tarde para pesquisar na biblioteca algum livro (e quem sabe, descobrir o que estava acontecendo ou terminar o trabalho de latim II). 

Ignis correu atrás de mim, miando em desespero, mancava com a pata dianteira. 

"Você está doente?", falei, "tenho que te levar ao veterinário". 

Coloquei ele naquela caixa de gatos, segurei firme e fui andando. Minha casa fica muito afastada de pontos de ônibus, metrôs ou transporte, por conta disso, ando pelo menos um cinco quilômetros para chegar até uma avenida. 

O único ponto positivo disso, é aquela trilha com aquela floresta. É meu espaço de paz. Normalmente, vou até lá sozinha, e me sento abaixo de um cedro para ler, respirar e tomar um sol.

Quando chego a avenida, já estou cansada. 

Atravesso a rua, após olhar para os dois lados e não enxergar nenhum carro. 

O pensamento volta, como se gostasse de me ver sofrer: "Eu vou morrer". 

Jogo ele para longe. "Não tem nenhum carro na rua", rebato. 

"Eu vou morrer", volta, com mais certeza. 

Não consigo falar, meu corpo treme, mas insisto em caminhar. 

Sinto a pancada antes de pensar em qualquer outra coisa. 

A caixa de Ignis voou de minha mão, aterrissando a alguns metros ao lado. 

Meu rosto bate no chão, e meu estômago dói, sangrando.