Pequenas Mentiras escrita por unalternagi


Capítulo 5
Quinta coisa: o que eu dou não é devolvido


Notas iniciais do capítulo

Oie

Só para darmos um caminho para certos personagens...

Espero que gostem.



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Quinta coisa: o que eu dou não é devolvido

As feições de Jasper mudavam a cada dia. Ele parecia mais sádico, se assemelhava mais a alguém que poderia realmente ter feito algo contra Alice e, sua falta de palavras irritava os advogados que eram contratados, ainda mais do que aos que estavam esperando para condená-lo por algo.

A mulher misteriosa apareceu algumas vezes durante a semana em que ele esteve na penitenciária da Austrália, mas um pedido foi feito para transferência. Jasper soube da notícia e assentiu, contentado, sabendo que demoraram a fazer aquilo, mas imaginou que nos Estados Unidos estaria menos vulnerável a conhecidos que vinham tentando saber mais sobre o mistério do Havaí – como começaram a chamar o desaparecimento de Alice.

Jasper estava deitado em sua cela, mordendo os próprios lábios em descontentamento enquanto lembrava-se do café da manhã que tomou com a noiva, o último que dividiram. A última vez que ele a viu sem interferências, sem confusões ou tristeza.

Se lembrou de que ela comeu todo o bacon quando ele foi fazer sua higiene matinal, lembrou de brincar de começar uma briga e agora aquilo parecia tão tolo, queria tê-la beijado com mais calma, deixaria ela comer tudo o que estava na bandeja, a levaria até o spa, talvez passaria o dia lá com ela. Nenhum mar poderia ser tão interessante quanto a companhia dela, por que ele pensou que seria?

—Tem uma visita – um guarda falou rudemente, batendo o bastão contra a cela dele.

Ao menos aquele “conforto” ele tinha, uma cela particular.

Sempre eram os advogados ou a mulher misteriosa. Jasper a apelidou de Ava, ele achava aquele um nome bem comum e a mulher poderia facilmente ter aquele nome. A pose de alto suficiência faria uma boa combinação com o nome que ele tinha escolhido.

Se levantou quando o guarda se mostrou impaciente, de costas ele foi algemado e então a cela foi aberta e o guarda o levou, sem muito tato, até a sala deprimente onde os presos recebiam visitantes.

O diretor do presídio havia barrado muitas visitas quando soube sobre a fama de Jasper, mas todas as pessoas que poderiam arrancar algo dele eram liberadas a pedido insistente dos advogados. Dos pais de Jasper até grandes amigos de infância, ninguém realmente o fizera falar. Até mesmo Carmen tentou.

Eleazar odiou a ideia, mas contentou-se em se manter longe daquilo. A única coisa que queria era sua filha de volta e Jasper era um empecilho, então Eleazar usava uma tática ofensiva forte, juntamente com os advogados e a lei, para fazer Jasper pagar pelo sumiço de sua garotinha.

Jasper foi andando, imaginando os milhares de pessoas que poderiam ter sido chamadas dessa vez, a transferência seria algo muito sério, então deveria ser alguém muito bom. Sua mente trabalharia mil anos, mas nunca esperaria a pessoa que estava sentada, parecendo ansiosa na cadeira.

—Maria? – falou ainda meio chocado.

—Meu amor – ela suspirou.

O guarda prendeu Jasper à mesa e Jasper pensou que aquela era realmente uma boa tática, talvez a única que o faria ficar e falar com Maria, mas estava realmente curioso com o que Maria poderia querer dizer.

—Não me chame assim – o surfista falou frio.

—É costume – ela falou sem graça – Jazz, vim quando pude. Que loucura é essa que dizem? Eu o conheço, sei que não atentaria contra a vida de ninguém, eu sei disso.

—Maria...

—Por favor, me deixe falar – ela suplicou, segurando as mãos deles por cima da mesa e Jasper ficou desconfortável – Preciso que tome sua coragem e conte o que aconteceu na viagem, para onde Alice foi, o que de fato está acontecendo, sabe que...

—De nada. Eu não sei de nada, Maria – Jasper falou rapidamente – Estou fazendo o que tenho que fazer – explicou sendo o mais sincero que podia.

A verdade é que Maria não era uma má pessoa, apenas escolheu o caminho errado ao se apaixonar tão perdidamente por Jasper quando ele, claramente, sentia o mesmo, mas por Alice.

—Não a deixe estragar sua vida – Maria chorou – Jazz, você acabou de ganhar um grande torneio, sua carreira estaria deslanchando.

—Ela está desaparecida ainda, não teria como isso acontecer – ele falou simplesmente, o que era a verdade – Fiquei um tempo solto, Maria, já perdi muitos patrocinadores e, nem sei ao certo se ainda me importo com isso – finalizou.

—Mas uma prisão federal, nos Estados Unidos – ela falou com medo – Jasper, entenda que isso é muito sério, as coisas que podem acontecer...

Jasper fechou o rosto, não queria mais conversar e Maria entendeu aquilo. Conhecia-o realmente muito bem, aquele Jasper frio ela conhecia como ninguém. Suspirou e voltou a apertar a mão dele, demandando a atenção que lhe foi entregue.

—Eu te amo, podemos dar a volta por cima se você dividir o que aconteceu, se me falar eu posso...

—Maria – Jasper suspirou tentando tirar as mãos da dela, ela entendeu o recado, repousando suas mãos em seu colo – Preciso que entenda que “nós” não existe, nunca existiu. Ficamos juntos e transamos, saímos e nos divertimos, mas nunca passaria disso. Preciso ser sincero, o problema não foi eu, nem você, fomos nós. Você não me mudaria, porque por ninguém eu sentiria o que Alice me fez sentir, tinha que ser ela e eu sei que você também tem essa pessoa, ele pode ter passado milhares de vezes por você, mas você se manteve cega presa em mim, isso é nocivo, não quero isso.

Maria arregalou os olhos com tudo o que era dito. Ele não gritava, não estava bravo com ela, muito pelo contrário, parecia simplesmente querer explicar algo complicado e ela sentiu como se tivesse cinco anos de idade e Jasper fosse um adulto a repreendendo.

—Sempre fui honesto com você, e isso não vai mudar agora. Eu preciso que me deixe em paz, que esqueça que um dia amou a mim. Estou preso, não vou sair daqui se Alice nunca aparecer e nem quero viver no mundo que ela não exista, mas preciso que você entenda. Porque não aguento mais te prender, nem quero isso, eu nunca quis – o surfista falou.

Sentiu que era aquilo o que eles precisavam, ele e Maria precisavam de um fechamento que ele nunca a entregou e se sentiu mal por ser cruel com aquela garota que, claramente, gostava tanto dele. Não era justo com ele nem com ela, principalmente com ela.

—Você é nova, eu estou fadado.

—Não diga isso.

—É a verdade e quero que você diga isso a si mesma, sempre que pensar em voltar para mim.

Ela chorou copiosamente e Jasper suspirou, segurou as mãos dela que agora descansavam em união na mesa que os separava.

—Você é uma excelente pessoa, sabe disso, vai procurar uma coisa recíproca. Você não deveria lutar espaço na vida de ninguém. Quem disponibiliza espaços que tem que salvar uma cadeira para você. Entende o que eu digo?

Parecia irreal que aquela conversa acontecia. Tanto para Maria quanto para Jasper, não parecia correto que só naquele ponto, naquele lugar, com tudo o que tinha acontecido e ainda estava para acontecer, naquele momento o romance teria seu final. Tão depressivo e cinza quanto à sala em que o final acontecia.

—Por que está fazendo isso?

—Eu demorei demais para fazê-lo, na verdade, fui egoísta mergulhado em minha própria felicidade, mas Alice me fez entender que, mesmo que o relacionamento seja apenas de uma parte, é minha responsabilidade emocional também e eu sinto muito por ter sido tão displicente com você – Jasper falou, novamente a honestidade transbordando do homem que Maria amava.

A visita de Maria foi noticiada como a última visita que Jasper recebeu naquele presídio, um prato cheio para as revistas de fofocas que abusaram das imagens de Maria chorando ao sair do presídio.

Claro, ela não tinha sido a última, mas ninguém conhecia Ava.

—Preciso que confie nisso, continue quieto – ela falou na última conversa que tiveram naquele continente.

—Queria que me deixasse a par desse plano.

—Se der certo, confie, você não vai querer saber – ela falou séria e ele engoliu seco, a espinha gelou.

Jasper não soube dela pelos próximos dias e, logo na próxima semana, ele chegou em Virgínia.

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Em Cima do Muro


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Notas finais do capítulo

Esclarecimentos: sim, Ava é a Bella.

Pois muito bem, a nova fanfic postada vai juntar todas as tribos, eu acho. Ainda não tenho nada pronto, estou escrevendo conforme vou postando, espero que entendam que é uma história muito complexa, mas está ganhando forma e eu estou satisfeita. São short-fics então não penso que terão muitos capítulos a mais, mas espero que estejam acompanhando o rodar das histórias.

Vejo vocês na outra?

Um beijão