Diego sabia que seria quase impossível vencer Monastário usando a canhota, mas naquele momento aquela era sua única alternativa e ele partiria para o tudo ou nada.

Quando Monastário correu novamente em sua direção e as espadas voltaram a tilintar, o Capitão percebeu que a batalha ainda não estava ganha como imaginava, pois apesar de Diego não ser tão bom com o braço esquerdo quanto era com o direito, ele ainda era o melhor espadachim com quem o Capitão já tinha tido a oportunidade de duelar.

Seus ataques não eram mais tão rápidos como antes, mas ele ainda era extremamente habilidoso. Num movimento certeiro, Diego conseguiu fazer outro corte no braço de Monastário, dessa vez no direito, mas infelizmente não foi o suficiente para detê-lo e ele continuou atacando e atacando.

Os dois estavam bastante cansados, pois já tinham duelado pela praça toda e agora estavam de volta à frente ao palanque dos condenados. Diego pôde ver novamente seu pai e Bernardo, que permaneciam sentados na beirada.

Don Alejandro, por ainda estar bastante debilitado, não se sentiu em condições de acompanhar os duelistas pelo lugar como gostaria, mas parecia estar bem e isso animou um pouco seu filho. No entanto, o rapaz sentia suas forças o abandonando conforme o sangue se esvaía pelo ferimento profundo no ombro.

A disputa estava cada vez mais difícil para ambos e para Diego a situação parecia estar ainda pior, mas num momento de quase rendição, ele ouviu uma voz vinda do meio da multidão que renovou suas forças.

— Vamos, Diego, eu sei que você consegue vencer esse miserável! Nós acreditamos em você! – dizia a voz conhecida, que chegava ao seus ouvidos, junto com o apoio de toda a população. Era Lupita quem gritava e o incentivava sem medo.

A voz da moça colocou um sorriso no rosto de Diego e lhe trouxe um novo fôlego, impulsionando-o para continuar o duelo.

Os dois duelistas voltaram a trocar golpes e as espadas se cruzaram e deslizaram até ambos os oponentes estarem frente a frente, a apenas alguns centímetros de distância. Agora a batalha se resumia a uma disputa de forças que Diego, infelizmente, não estava conseguindo manter.

— Agora eu acho que quem deve se render é você, Sr. Zorro. – disse Monastário, certo de que a vitória era apenas uma questão de pouquíssimo tempo - Eu sei que você não vai aguentar muito mais, mas quando eu te derrotar, não vou te matar. Pelo menos, não agora. Primeiro, você vai ser humilhado em praça pública, depois será obrigado a ver o ilustríssimo Don Alejandro ser enforcado bem aqui nessa praça por traição. Em seguida, será a vez da doce Lupita e de Don Miguel. Mas não pense que pararei por aí, porque ainda tem mais. É lógico que eu sei que aquele seu criado mudo é muito mais do que apenas seu criado, ele é seu cúmplice, então ele também se juntará a todos os outros na forca. Só aí você vai ter permissão para morrer. E o que vai acontecer com o seu povo? Isso eu deixo a encargo da sua imaginação, mas garanto que vai ser pior do que tudo o que você conseguir imaginar. Esse será um dia memorável!

As palavras de Monastário irritaram Diego profundamente, porque ele sabia que o Capitão teria o prazer de realizar exatamente tudo o que estava ameaçando, portanto, perder não era uma opção. Então ele reuniu as forças que ainda tinha e conseguiu empurrar seu adversário para longe. Monastário se desequilibrou e foi obrigado a dar vários passos para trás, mas não caiu porque se apoiou em um dos soldados que acompanhava a disputa.

— Vamos lá, Diego! Acabe com ele!  Viva, Zorro! – gritou Lupita novamente, agora já conseguindo chegar mais perto dos dois.

— Que saber de uma coisa, Zorro? – disse Monastário - Acho que mudei de ideia. Vamos ter um enforcamento a menos.

Assim que disse isso, houve um forte estampido e depois um grande silêncio.