A Volta da Raposa escrita por Claen


Capítulo 47
O Duelo




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Monastário enfim decidiu parar de representar e deixou seu ódio, que era maior do que tudo, assumir de uma vez. Ele empurrou bruscamente Don Alejandro, que ainda estava muito fraco e acabou caindo, mas logo foi amparado por Bernardo, que estava ali como prometido para seu patrão. Enquanto os dois ainda se levantavam, o duelo teve seu início.

No instante em que as espadas dos dois duelistas se tocaram, as dúvidas que ainda existiam nas cabeças dos moradores a respeito da verdadeira identidade de Zorro, começaram a desaparecer.

Com o povoado todo como testemunha, os dois se puseram em guarda e suas lâminas começaram a tilintar. Monastário atacava com fúria e Zorro, inicialmente, apenas se defendia e ia cada vez mais para trás, ficando a apenas um passo de cair do palanque, mas logo em seguida começou a contra-atacar.

Cada ataque se seguia de uma passada longa à frente e, em pouco tempo, foi Monastário quem se viu encurralado entre o muro do quartel e a ponta da espada de Zorro, que quase tocava seu rosto. Mas o Capitão era um combatente experiente e habilidoso, e com o auxílio de um dos pés, empurrou seu oponente, que se desequilibrou e voltou à beira do palanque.

Zorro conseguiu recuperar o equilíbrio e sorriu ao ver que realmente tinha um rival a altura. Ele percebeu que ambos precisavam de mais espaço para terem um duelo decente e então pulou para a praça, em meio a multidão.

— Vejo que o senhor está bem disposto hoje, Capitão Monastário. Venha! – chamou-o para a praça - Acho que teremos mais espaço para brincar aqui em baixo!

Monastário rapidamente atendeu ao pedido. Ele saltou e logo correu em direção ao centro da praça, onde Zorro se encontrava. Imediatamente um círculo se abriu em meio a multidão, que seguia acompanhando os dois para onde quer que a luta os levasse. Ninguém mais duvidava que, apesar de todas as improbabilidades, o bon vivant Diego de La Vega, era mesmo o fora da lei Zorro e todos torciam incondicionalmente para ele.

Zorro enrolou sua capa no braço esquerdo, como costumava fazer, e continuou atacando enquanto Monastário se defendia. Em meio à troca de estocadas, ele conseguiu acertar o rosto do Capitão com o punho de sua espada, fazendo com que um filete de sangue escorresse do canto de seus lábios. Mas isso não o abalou, muito pelo contrário, fez apenas com que sua gana de lutar aumentasse ainda mais.

Ele limpou parte do sangue que descia pelo queixo com as costas da mão, manchando sua luva branca. Assim que fez isso, olhou para a luva e sorriu, depois passou a língua no canto da boca para retirar o restante do sangue que ainda continuava lá.

Imediatamente ele voltou a atacar e dessa vez com mais ímpeto. Rapidamente trocou vários golpes com Diego até conseguir fazer um pequeno corte em seu braço esquerdo.

Apesar de estar disposto a continuar a peleja, Diego começou a se preocupar, pois a dor que sentia em seu ombro, ainda não completamente recuperado do ferimento à bala, tinha aumentado bastante e vinha deixando a luta mais complicada a cada minuto.

Monastário parecia ter percebido que Zorro apresentava sinais de não estar cem por cento recuperado e decidiu se aproveitar da situação. Ele passou a atacar com mais velocidade e força, buscando cansar seu oponente, contudo, essa não era uma tarefa fácil, pois ele próprio começava a se cansar também.

Sem se abater, Diego se defendia bravamente e era empurrado pelo apoio da população que lhe dava forças para continuar. Ele voltou a atacar o Capitão, que precisou recuar sem ver onde pisava e acabou caindo depois de tropeçar em uma pedra. A queda fez com que ele deixasse a espada escapar de sua mão e fosse parar há alguns centímetros de distância. Ele foi rápido e conseguiu recuperá-la, mas não rápido o bastante, pois quando estava pronto para tentar atacar novamente, mesmo ainda caído, sentiu a lâmina fria de seu adversário tocando sua garganta e ficou imóvel.

— E então, Capitão, o que me diz? O senhor se rende e promete não voltar nunca mais ao povoado de Los Angeles e deixar todas essas pessoas em paz para sempre? – perguntou Zorro em voz alta, recebendo total apoio da população que gritava e também perguntava.

Os olhos de Monastário faiscavam de raiva e ele não tinha a mínima intenção de se render. Seu único objetivo naquele duelo era matar seu inimigo, não importando como. Para tanto, ele se aproveitou de um segundo de distração de Zorro e num ataque covarde, pegou um punhado de terra do chão e jogou no rosto de Diego, que foi obrigado a recuar.

Com a visão completamente turva e os olhos lacrimejando, Diego não pôde ver o ataque que se seguiu, ele apenas sentiu uma dor lancinante que o desequilibrou e o jogou para cima das pessoas que estavam mais próximas.

Elas o seguraram e perceberam que, num movimento muito rápido, Monastário tinha conseguido atravessar sua espada no ombro já ferido de Diego. O soldado aproveitou para girar a lâmina antes de puxá-la de volta, para causar o maior dano possível no adversário.  O rapaz não tinha como saber se o soldado tinha tido a sorte de conseguir acertar exatamente no mesmo local do ferimento anterior, mas a dor que sentia era muito grande, assim como o sangramento.

Diego respirou fundo e com a ajuda das pessoas tentou voltar para o combate, mas o Capitão não lhe deu tempo para recuperar sua força ou sua visão, e voltou a atacar. No entanto, dessa vez não teve a mesma sorte. Muitos moradores se interpuseram entre ele e o Zorro ferido.

— Saiam da minha frente, seus vermes! – gritava enfurecido, enquanto empurrava homens e mulheres que tentavam proteger seu corajoso defensor.

— Saiam! Saiam!

Eles não conseguiram proteger Zorro como queriam, mas pelo menos lhe deram algum tempo para recuperar a visão. O sangue escorria por seu braço, e ele viu que não seria mais possível continuar usando a mão direita. Enquanto o temível Capitão se aproximava, ele passou a empunhar a espada com a mão esquerda.

— Não me faça rir, De La Vega! – gargalhava maldosamente o Capitão – Você acha que vai conseguir me vencer usando a mão esquerda, sendo que com a direita mal conseguiu me arranhar?

— Bom, só há um modo de descobrirmos. Venha, Capitão!

— Com prazer!


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